Ela era um brotinho tímido semi-pendente na rama menorzinha do caule. As pessoas nem a percebiam. Só tinham olhos pra exibida estufada bem assentada na ponta mais alta da folhagem. Ela não se importava. Tinha certeza que seria muito mais bela que aquela metida lá de cima.
Abriram suas pétalas quase que simultaneamente. A primeira farfalhava à passagem de qualquer brisa mais forte, enquanto ela meio escondida pelas folhas verdinhas ficava protegida das intempéries e da sanha dos predadores.
Foi curta a vida glamorosa da dona do caule. Teve seus dias de brilho, mas, rapidamente perdeu o viço, embaçou as pétalas que amarelavam da ponta para a corola mudando a textura antes sedosa em palha quebradiça.
Ela viu cada fase acontecida com a primeira e decidiu que com ela seria diferente. Guardaria em si toda força que lhe coubesse para renascer sempre com mais vigor. Como foi capaz de tal proeza? Ninguém nunca soube explicar, mas, era de conhecimento dos frequentadores a presença elegante dela: a magnólia maluquinha, que florescia em todas as estações naquele pequeno jardim.