Eu não era assim, desconfiada. Quando foi que essa faceta se infiltrou na brecha aberta entre um pensamento e outro, não sei mesmo, mas, me deparei com essa borda pendente na bainha de escolhas simples e rotineiras.Fui despertando pro enxerto ao ligar pro mercado pedindo alguns produtos a domicílio; insisto na expressão.Nada contra certos anglicismos adotados, mas às vezes gosto de ser do contra.
Pois, então, fiz a listinha, peguei o telefone e fui ditando pra atendente o que precisava na ocasião, ao que em muitos ítens era interrompida por ela com ao menos três opções de marcas referentes.Claro, que eu tinha de perguntar o preço de cada uma citada e além disso, a dosagem em gramas. Verdadeira investigação pelo melhor oferecimento e, o que era uma simples lista de poucos produtos de mercado se transformou numa apurada pesquisa de produtos variados.
Levei bom tempo nesse diálogo tenso, quase uma entrevista do censo. Até cheguei a esperar que ela me perguntasse se eu tinha geladeira em casa, quantas televisões, de quantas polegadas...
Levei bom tempo nesse diálogo tenso, quase uma entrevista do censo. Até cheguei a esperar que ela me perguntasse se eu tinha geladeira em casa, quantas televisões, de quantas polegadas...
O que deveria ser uma economia de tempo, virou uma perda lamentável do mesmo.Enfim, ao chegarmos nas anotações finais, me perguntei se esta prestação de serviço não teria mais intenções interligadas, tipo: memorizarmos as marcas fortes do mercado, conhecermos novas marcas dos produtos que consumimos, sermos habilmente convencidos a mudarmos de marcas preferidas e, coisas tais.
Não é de hoje que somos induzidos, manipulados pelas diferentes mídias que agigantam suas presas sobre nossas vidas, costumes, hábitos e interesses.É só dar um Google que se acha uma variedade enorme de filmes sobre o tema.Semana passada assisti ao " O Círculo", com Emma Watson e Tom Hanks, abordando a predadora conexão ilimitada interligando de, emails a buscas, pesquisas e compras na web, o que desenha um perfil de cada usuário(a) em suas preferências e possíveis novos consumos. Assunto sabido, porém longe de estar ultrapassado. Quanto mais se torna usual e corriqueiro mais perigoso se apresenta.
Só pra confirmar a longevidade do fato, lembro da eterna Elis cantando " Comunicação":
" Só tomava chá, quase que forçado vou tomar café..."
Só pra confirmar a longevidade do fato, lembro da eterna Elis cantando " Comunicação":
" Só tomava chá, quase que forçado vou tomar café..."
(*) imagem do Mercado Livre