Li recentemente um livro excelente chamado " A elegância do ouriço", de Muriel Barbery, que conta a história de uma zeladora de um prédio sofisticado de Paris. Ela, com sua aparência simples e exercendo um trabalho depreciado, era na verdade, mais culta e perspicaz do que a maioria dos esnobes moradores do edifício ao qual servia.
Mas, como temia perder o emprego caso demonstrasse sua erudição, oferecia aos patrões a ignorância que dela esperavam, para que todos os condôminos ficassem tranquilos__ cada um no seu papel.
A personagem não só tinha uma mente elegante, como possuía também a elegância de não ostentá-la.
O tema tão inusitado e ao mesmo tempo atualíssimo me prendeu totalmente, levando-me em seu desenrolar a tecer muitas reflexões sobre a elegância perdida_ ou como diz muito bem Chico Buarque: no país da delicadeza perdida.
Assustadoramente, creio que perdemos ou pelo menos rareamos as duas categorias.
Onde encontramos elegância de gestos, de falas, de atitudes;a elegância da cordialidade, do acolhimento,da recusa de algo, da oferta de outro...?
Sim, ainda é possível encontrarmos toda a lista , mas em um número cada vez menor de pessoas.Isso é lamentável.
Pois, convoco então, todos e todas que se dispuserem a cerrar fileiras que venham em defesa da "busca da elegância escondida"; porque perdê-la seria muitíssimo devastador.