quarta-feira, 30 de junho de 2010

Uma Certa Elegância

Li recentemente um livro excelente chamado " A elegância do ouriço", de Muriel Barbery, que conta a história de uma zeladora de um prédio sofisticado de Paris. Ela, com sua aparência simples e exercendo um trabalho depreciado, era na verdade, mais culta e perspicaz do que a maioria dos esnobes moradores do edifício ao qual servia.
Mas, como temia perder o emprego caso demonstrasse sua erudição, oferecia aos patrões a ignorância que dela esperavam, para que todos os condôminos ficassem tranquilos__ cada um no seu papel.
A personagem não só tinha uma mente elegante, como possuía também a elegância de não ostentá-la.
O tema tão inusitado e ao mesmo tempo atualíssimo me prendeu totalmente, levando-me em seu desenrolar a tecer muitas reflexões sobre a elegância perdida_ ou como diz muito bem Chico Buarque: no país da delicadeza perdida.
Assustadoramente, creio que perdemos ou pelo menos rareamos as duas categorias.
Onde encontramos elegância de gestos, de falas, de atitudes;a elegância da cordialidade, do acolhimento,da recusa de algo, da oferta de outro...?
Sim, ainda é possível encontrarmos toda a lista , mas em um número cada vez menor de pessoas.Isso é lamentável.
Pois, convoco então, todos e todas que se dispuserem a cerrar fileiras que venham em defesa da "busca da elegância escondida"; porque perdê-la seria muitíssimo devastador.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Cuidando da Vida

"... Com o objetivo de aproximar uma mulher da natureza da vida-morte-vida, peça-lhe que cuide de um jardim.
Seja ele psíquico, seja ele de terra, de estrume, de flor...O jardim é um vínculo concreto com a vida e a morte. Seria mesmo possível dizer que existe uma "religião dos jardins",pois eles nos ensinam profundas lições espirituais e psicológicas.
Qualquer coisa que possa acontecer a um jardim, pode acontecer conosco, à nossa alma, à nossa psiquê: 
excesso de água, falta de água, pragas, calor demasiado, frio cortante, tempestades, enchentes, invasões, milagres, belezas, florescimentos,ressecamentos, reverdecimentos, bençãos, curas...

O jardim é uma prática meditativa, uma oração pessoal, uma pausa no tempo a dizer a hora de alguma coisa nascer ou morrer.
No jardim, podemos ver chegar a hora de desfrutar e a hora de partir!"
                                     Clarissa Èstes







quarta-feira, 23 de junho de 2010

As Mãos e seu Simbolismo

Em hebraico, a mão é simbolizada pela letra Y(Yod), que significa Javeh(Yod hé vav hé), divino. A palavra mão está ligada ao conhecimento. Tocar a mão, apertar a mão, é se apresentar, é firmar um conhecimento.
Na tradição terapeutica, existe a prática da imposição das mãos. Através das mãos comunicamos nossa energia, nosso coração. Mas também através das nossas mãos, podemos comunicar algo maior que nós e que não nos pertence. Na nossa mão há a mão da vida. È interessante sentir, ás vezes, esta presença em nossas mãos.
Em determinadas práticas orientais, trabalha-se muito com mudras, que são gestos rituais das mãos e dos dedos. Fazendo as mãos dançarem podemos curar, apaziguar, confortar, apoiar, abraçar, acarinhar,pois, é verdade que a ponta dos nossos dedos está ligada ao cérebro e este ao coração. 


Há um elo entre entre as mãos e o cérebro sabido desde a antiguidade. Quando temos as mãos ocupadas em um trabalho de caracter manual e assim temos algo em criação em nossas mãos, nosso mental, nossa psique se acalma. Vemos com olhos d'alma aqueles momentos de pura abstração. È um verdadeiro auto-encontro prazeiroso e revelador.

Os portais da meditação se abrem quando focamos o poder contido em nossas mãos.Fomos conduzidos por mãos, acarinhados também. Já fomos tomados pelas mãos e tomamos outras entre as nossas. Fomos tocados por mãos bondosas e outras apaixonadas.Fomos parte de mutirão de mãos ou de apenas pares delas. A certeza das "Mãos de Deus" a nos guiar pelos caminhos da vida, conforta-nos e nos dá força a cada passo.
Essa universal simbologia traz a história humana desde os primórdios da existência,  como vetora de todas as criações conhecidas.

"Não existe, senão um só templo no universo, e é o Corpo do Homem.( )
...Curvar-se diante do homem é um ato de reverência diante desta Revelação da Carne.
Tocamos o céu quando colocamos nossas mãos num corpo humano."
                                                                                      Novalis






segunda-feira, 21 de junho de 2010

"Certas Coisas"

Miguel,
Você é atento. Me olha como se me conhecesse desde sempre. Você me eternece e ao fazê-lo leva de súbito toda prudência e me rendo completamente feliz ao teu gesto de existência. Amo-te desde muito, meu anjo!

...Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer
Tudo o que cala, fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te amo com paixão...
Eu te amo calada
como quem ouve uma sinfonia
 de silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo
somos feitos de silêncio e som
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
A vida é mesmo assim
dia e noite, não e sim...
                                                       Lulu Santos

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A bem-aventurança

“Bem-aventurados aqueles que sabem e cuja sabedoria está isenta de enganos e superstições.
  Bem-aventurados aqueles que transmitem o que sabem de forma amável, sincera e verdadeira.
  Bem-aventurados aqueles cuja conduta é pacífica, honesta e pura.
  Bem-aventurados aqueles que ganham a vida sem prejudicar ou por em perigo a vida de qualquer ser vivo.
  Bem-aventurados os pacíficos, que se despem da má vontade, orgulho e jactância, e em seu lugar situam o amor, a piedade e a compaixão.
  Bem-aventurados aqueles que dirigem seus melhores esforços no sentido da auto-educação e da auto-disciplina.
  Bem-aventurados sem limites aqueles que, por estes meios, se encontram livres das limitações do egoísmo.
  E, finalmente, bem-aventurados aqueles que desfrutam prazer na contemplação do que é profundo e realmente verdadeiro neste mundo e na nossa vida nele.”
                                                                                                   Mestre Confúcio

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Agora sim...SOU Avó!

Nasceu o bebê mais lindo do planeta__ Miguel__3560kg e 51cms de fofura e bochechas rosadas.
Felicidade total. Festa de bençãos,Fonte de amor!
Salve Miguel, lindão da vovó!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Força das Palavras


Em suas formas, a palavra expande forças incontidas na expressão de sua criação. Sejam faladas, escritas, desenhadas(como as chinesas e semelhantes) a vida se ressalta na força delas. O humano, o divino,o fato, o físico,toda a grandeza transparece em sua existência.Existem várias manisfestações à sua origem, cada povo e cultura canta em odes, melodias, versos e prosas o dom da palavra.Desde tempos imemoriais a palavra é divina,portadora de saberes,de poder. Os egípcios legavam a seus escribas reverências de nobreza na corte faraônica, assim como muitos outros povos da antiguidade reconheciam a suprema benesse da palavra.
Em tempos idos ,limiar da Idade Média na Irlanda contam-se nas odes as proezas de um rei vencedor que ao retornar às suas terras conclamou imediatamente o poeta  e disse-lhe:

___ As proezas mais ilustres perdem o brilho se não forem cunhadas em palavras. Quero que cantes minha vitória e em meu louvor. Julgas -te capaz de realizar essa empresa, que tornará imortais a nós dois?
___ Sim, Rei___ disse o poeta. ___ Eu sou o Ollan. Durante doze invernos cursei as disciplinas da métrica. Sei de cor as trezentas fábulas que são a base da verdadeira poesia. Os ciclos de Uslter e de Munster estão nas cordas de minha harpa. As leis autorizam-me a ser pródigo nas palavras mais arcaicas do idioma de nossos ancestrais e nas mais completas metáforas. Domino a escrita secreta que defende nossa arte do indis creto exame do vulgo. Posso celebrar os amores, os roubos de gado, as navegações, as guerras. Conheço a linguagem mitológica de todas as casas reais da Irlanda. Adestrei-me na sátira ,sei manejar a espada. Só espero saber agradecer a dádiva de que me fazes!
E assim dizendo ,curvou-se o poeta ante seu Rei que cingindo-lhe com a espada,deferiu-lhe a honraria de escrever em prosa e versos as nobres conquistas realizadas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Todos  os dias Kublai Kan,último rei da dinastia Mogul,subia no alto da muralha da sua fortaleza para encontrar-se com o vento.
O vento vinha de longe e tinha o mundo todo para contar.Kublai-Kan nunca tinha saído da sua fortaleza não conhecia o mundo. Ouvia as palavras do vento e aprendia.
__ A Terra é redonda e fácil,disse o vento. Ando sempre em frente,e passo pelo lugar de onde saí. Dei tantas voltas na Terra, que ela está enovelada no meu sopro.
Kublai-Kan achou bonito ir e voltar sen nunca se perder.
Um dia o vento chegou mais frio,vindo das montanhas.
___ Fui pentear a neve,gelou o vento ao pé do ouvido do rei. A neve é pesada e macia. Debaixo do seu silêncio as sementes se aprontam para a primavera. Só flores brancas furam a neve. Só passos brancos marcam a neve. Na neve mora o Rei do Sono.


Kublai-Kan teve desejo de neve. Então prendeu fios de prata na Lua e a empinou contra o vento. Do alto,espelho do frio a Lua trouxe a neve para Kublai-Kan.E um sono tranquilo.
Todos os dias o vento contava seus caminhos no alto da muralha.
Todos os dias os longos cabelos do rei deitavam-se no vento e recolhiam seus sons, como uma harpa.
O vento contou o deserto.
___O deserto, disse com língua quente,é lento como o trigal. E como o trigal me obedece. Ele também se curva debaixo da minha mão. Mas seus grãos não são doces como os do trigo.São de areia. E com areia não se faz o pão. As gotas do deserto chamam-se "tâmaras".
Kublai-Kan quis suar com a doçura das tâmaras. Então prendeu fios de ouro nos raios do Sol e o empinou contra o vento. Do alto, o calor derramou-se no reino de Kublai-Kan amadurecendo os frutos. E o rei bebeu o suco nas mãos em concha.
No alto da muralha gasta de sempre receber o vento,o mundo punha-se aos pés do rei.E no tempo chegou o dia em que o vento beijou de sal a boca de Kublai-Kan trazendo-lhe o mar.
___ O mar é maior que o deserto e mais profundo que a neve,cantou o vento. O mar é verde como os campos,mas seu capim cresce nas profundezas e ninguém vê o gado que nele pasta. O mar chama os homens e canta. Sua voz tem nome de sereia.
Ouviu Kublai-Kan o chamado da sereia na voz do vento? Ninguém sabe.
Dizem os pastores da planície que o viram prender as cordas de linho nas pontas da grande pipa de seda. Depois ergueu a pipa contra o vento e, abandonando com os pés o alto da muralha da sua fortaleza, deixou-se levar pela corda branca, último rei Mogul, longe no céu, lá onde ele tinge de mar.
Marina Colassanti
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Você já ouviu o vento que veio de longe?E as coisas que ele tem para contar,já ouviu?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Fábulas do Tempo

As fábulas são parte constituinte da história humana.Em diferentes roupagens contam-nos sobre os fatos e atos da humanidade desde a invenção de códigos linguísticos. Permanecem incólumes através dos tempos vestindo com perfeição cada nova invenção das artes e das letras. Com o cinema não foi diferente e até hoje nos encanta com  lendas e fábulas de toda sorte e temas.São suspiros e emoções protagonizados pelos mocinhos e vilões da telona. Se nos detivermos contando quais as obras que mais nos marcaram, tenho certeza de que encheríamos uma folha com a listagem. Eu já começaria com "E o vento levou", passando por Candelabro Italiano,seguido de Love Story, Romeu e Julieta, O feitiço de Áquila e continuando até onde me lembrasse.Mas, num nicho de tempo entre ontem e hoje, pude ter o prazer de rever "A casa do Lago" e novamente me alimentei de encantamento com essa mista lenda mágico-moderna; onde o tempo permite caprichosamente que dois jovens venham a se enamorar através de trocas de cartas numa caixa postal além do tempo físico.Pura e bela fantasia.Enche a alma de docilidade,enfeita o dia de sonhos bons. E já nesta semana entra em cartaz mais uma lírica poesia do tempo"Cartas para Julieta", encenada em Verona e tendo a Toscana como fundo tbm,a heroína visita uma casa que teria sido supostamente a residência da própria Julieta e onde mulheres do mundo inteiro que por lá passam deixam ,no muro, cartas em que desabafam frustações amorosas e pedem conselhos românticos. Na minha opinião: Imperdível!Sexta-feira estarei lá na fila do cinema.Quero acumular belezas n'alma!

domingo, 6 de junho de 2010

Visual Novo

Todas estas lindezas que agora aparecem nesse blog eu agradeço à  minha amiga, Emília. Além de todos os compromissos ainda tem gestos de carinho como esses, raros nos dias atuais.Com gentileza e amor,sempre me consultando sobre meus gostos, ela faz mágicas como a que vemos aqui. Confesso que sou um tantão atolada nesse universo e fico com medo de fazer "sujeira" e não saber consertar depois, mas contando sempre com minha web-anja salvadora, as arrumações no blog terminan por estarem essa beleza.
Visual novo, de muito bom gosto e prontinho pra eu mostrar por aqui infinitos fractais d'alma.
Obrigada amiga Emília. Bjos no teu doce coração!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Fim do Sofisma

Pura pretensão gramatical particular,mas nova e real condição de referência.Já podemos usar a palavra"coração" com toda propriedade de que dispomos ao entoná-la, escrevê-la, registrá-la em prosa e verso nos mais diferentes confins das histórias reais e/ou imaginárias.
Fomos redimidos por descobertas científicas publicadas esse ano, dando como certa a descoberta de células cardíacas semelhantes ás células do hipotálamo cerebral responsáveis pela produção e distribuição de hormônios relativos as emoções.
Sábios milenares já dispunham dessa informação e usaram-na largamente através de séculos em odes aos feitos e males do coração.
Agora,comprovadamente, meu coração bate em ritmo feliz!

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Guardador de Rebanhos




" O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
È aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
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Alberto Caieiro
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