quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Lembre-se do Agrião







Quem aí se lembra daquela propaganda da mãe com seu filho pequeno no supermercado, onde o garoto dava um "piti" no balcão das verduras pedindo brócolis? Por mais que nos tenha arrancado sorrisos cúmplices, lá no fundo do coração bem que gostaríamos que isso fosse uma verdade bem real;sem exageros, mas com uma boa dose de equilíbrio, como seria bom que nossas crianças gostassem duma verdurinha. Poderia ser uma só, que já estaria pra lá de bom, neh.
Pois, pasmem vocês, meu neto Miguel, gosta.Come brócolis na boa. Aceita uma couvinha e não rejeita o agrião junto com o arroz e o feijão.Ontem, mesmo, a tia preparava um macarrão ao alho e óleo pra prima.Chegou ele na cozinha e foi assuntar. Ela ofereceu o prato perfumado com uma nuvem de queijo ralado ao que ele, prontamente aceitando  lhe pediu com toda propriedade:
___ Tia, não se esqueça do agrião!

Não é sensacional????






Para saber mais

Saboroso, levemente picante, o agrião ocupa lugar de destaque na cozinha brasileira.É rico em cálcio, iodo, sais minerais, vitaminas, fosfato e, principalmente ferro. Ele merece o destaque que possui.




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domingo, 25 de setembro de 2016

Enfado prolífero









O porquê das intenções conflitantes é feito as bicadas do pequenino pica-pau no tronco em frente à janela martelando os instantes sem trégua, fazendo os ponteiros internos mexerem-se num pisca-alerta sobre sua passagem constante, fremente, precisa...notas sobre as horas medidas.

Nos olhos pregados na vidraça vejo o açoite do vento nos galhos, a marola da enxurrada pela rua e me conformo diante o fato da impossibilidade concreta; não poderei caminhar. 
Não hoje, domingo chuvoso, ventoso, cinzento.Convite ao recolhimento, às lembranças dos álbuns de fotografias, rever dias, traçar planos, ler aqui e acolá, pinçar palavras prolíferas, descansar, talvez, viajar( sempre boa opção), que por agora fica reservada em acesso sabido e próximo.

O exercício terá de esperar, ceder a vez para o estar, devanear simplesmente.





Chove
Fernando Pessoa

" Chove. Há silêncio porque a mesma chuva
não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
do que não sabe. O sentimento é cego.
Chove. Meu ser( quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...



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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Onde se perde meu olhar









Cheguei agorinha de lá de perto do meu marzão azul. Aquele que se estende em horizonte aberto a contornar ilhotas preguiçosas boiando placidamente em suas vagas.É nele que meu olhar se perde risonho. É nele que meus ares se renovam e meu espírito voeja ao sabor das suas brisas carinhosas.Sim, carinho soprado, refrescante e cantado em melodioso marulhar ritmado.

Num rasgo de fantasia, imagino-me navegando por seus ondulantes movimentos a embalar sonhos e realidades numa mesma sintonia.Mar suave, mare nostrum, mare mio, mexido por Éolo em suas brincantes estrepolias pelos quadrantes do mundo.São momentos de calar a voz do corpo e deixar que somente a da alma, fale.

No livro: "Mar sem fim", o navegador Amyr Klink declara enfático, de pé, no cais da enseada Antártica:
___ Vivo um daqueles raros momentos em que não se precisa de mais nada além do que os olhos contemplam."


São em momentos assim que se desenham as metáforas da vida. 









sábado, 3 de setembro de 2016

O Paraíso de cada um








Longe de mim, ao menos, tentar  definir o que seja mais próximo da idéia de paraíso, porém, cada um de nós a possui, com toda certeza. Idealizamos esse cenário com todas as nossas melhores tintas e macios pincéis.Adornamos, emolduramos e a guardamos em lugar de destaque, ao alcance dum estalar da mais rasa esperança. Conhecemo-la tão bem que sabemos descrever cada recanto, cada espaço, cada promessa e, depois de termos convocado sua presença, ainda que só na memória-afetiva, tornamos a reconduzi-la ao trono dos planos de vida.

Tenho comigo a impressão de que já variamos bastante de ideais a este respeito.Pra comprovar, façamos uma visitinha aos arquivos da memória risonha nas diferentes fases da vida e nos depararemos com as muitas versões já desejadas.Fomos dando retoques aqui e ali, pinceladas mais fortes, debruns mais suaves, adições novas, descartes e outras modificações, mas não desistimos de manter bem vívido esse local mágico.

Poderia descrever aqui o meu cenário paradisíaco em espaço e situação, mas, creio que o meu ideal não difira muito do da maioria de vocês. Aos 6.1, já me sinto consagradamente segura sobre isso, e me delicio ao ver em meus netinhos mais velhos o surgimento destes gostos ainda bem simples e ao mesmo tempo tão complexos, pra eles.Este lugar sonhado vai desde um colo na hora certa a um picolé saboroso num passeio alegre em família e tais, mas também pode estar num sentimento de alívio e segurança, como revelou minha netinha Valentina ontem, em meio a conversa ao redor da mesa de jantar.

Nós, os adultos falávamos sobre viagens e, em especial, ao Egito, quando virou-se ela pra mim e perguntou:___ Vovó, onde fica o Egito? Respondi, ao que em seguida, ela dispara:
___ Lá tem vacina? Eu digo que não, pros visitantes. E ela arremata:
 __ Vovó, você me leva pra la´?

Taí, mais um paraíso descoberto!





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