quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Memória do Corpo

" Alguns já disseram que o corpo não mente. Mais que isso, ele conta muitas histórias e em cada uma delas há um sentido a descobrir. Como o significado dos acontecimentos, das doenças ou do prazer que anima algumas de suas partes. O corpo é nossa memória mais arcaica. Nele, nada é esquecido. Cada acontecimento vivido,particularmente na primeira infância deixam no corpo sua marca profunda. O corpo em sua inteireza lembra-nos que somos uma unidade coletiva.Os Terapeutas de Alexandria,já cuidavam do corpo, do psiquismo e também do ser espiritual.
Trata-se, pois, de escutar cada uma das partes do nosso corpo, do ponto de vista físico, psicológico e espiritual e buscarmos a saúde plena."
                                              Jean-Yves Leloup
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Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma,
A vida não pára.
Enquanto o tempo acelera
E pede pressa
Eu me recuso
E faço hora
Vou na valsa.
A vida é tão rara!!!
(Paciência__ Lenine)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Sorriso Etrusco

Fui surpreendida por outra data de julho_ o dia dos avós.Como sou estreante na categoria , já me interessei pelo assunto e quase de imediato recordei-me de um livro lido no final do ano passado, e que muito me comoveu.
Trata-se do romance" O Sorriso Etrusco",de José Luis Sampedro.Com uma escrita poética, o autor nos convida a conhecer a vida de Salvatore Rosconne, um  setentão calabrês típico, profundamente atávico à sua história. Rude de modos, mas aristocrático de alma.Guerreiro partigiano da 2ª Guerra Mundial, ferrenho defensor de suas convicções e que se vê arrastado para a grande Milão afim de tratar-se da sua"rusca"; um câncer que  lhe corroe as entranhas_ como diz.
Entre os dissabores do choque cultural e da difícil convivência com o filho e a nora,encontra alento em seu netinho de 13 meses em sua descoberta do mundo. Na alegria dessa convivência vai permeando seus dias entre assombros e dissabores com"... os jeitos modernos e estranhos dessa gente milanesa."
E nesse entremeio de vivências, ele descobre o amor de uma mulher que o faz sorrir novamente devolvendo-lhe a alegria de viver.
È através do olhar de Hortência que Salvatore redescobre a vida, e nos transporta com ele por todos os meandros de uma existência pulsante.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dia de Esponja

Há tempos/dias que já ao levantarmos da cama sentimo-nos porosas.Sabemos que é dia de esponja!
O simples ato de abrir a janela e receber o calor do sol já denuncia nosso estado de pele, de alma. Absorvente.
O que pode significar sensações agradáveis de pertencimento àquela luminosidade,àquele dia colorido que começa a adentrar por nossos olhos, fazendo-nos mais atentas aos arredores de nós próprias.
Nesses tempos/dias temos a nítida certeza de integração, parte constituinte e parte total de nosso corpo, cabeça,mãos, pés, pele e mais, redescobrimos também o estar e o devir a nossa volta.
Degustamos mais as palavras ouvidas e pela natureza com que se professam, rimos ou choramos mais ao seu pronunciamento.
Reverberamos ao canto do bem-te-vi, ao som da música apreciada, ao desenlace da cena da heroína do filme, ao toque em objetos prenhes de recordações,à leitura de um poema de Cecília e...a lista continuaria infindável.
Esta linguagem do corpo, que tanto encanta quanto acabrunha é síntese de nossa natureza femina(fêmea/feminina) da qual descendemos desde a mater essencial. Em alusão a esse tempo/dia definiu Clarissa Estés,antropóloga e psicóloga, numa narrativa contundente. Disse ela:
"...__ O corpo é um ser multilíngue. Ele fala através da cor e da temperatura, do rubor do reconhecimento, do brilho do amor, das cinzas da dor,do calor da excitação,da frieza da falta de convicção[...]
O corpo se lembra,os ossos se lembram, as articulações se lembram. Até mesmo o dedo mínimo se lembra...
Como uma esponja cheia de água, em qualquer lugar que a carne seja pressionada, torcida ou mesmo tocada com leveza, pode jorrar dali uma Recordação!"

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dia do Amigo

Embora a data esteja marcada no calendário, não é somente esse fato que nos lembra as amigas.
Amigas de longa data, de data próxima,de tempos idos, dos atuais;mas sempre amigas queridas!
Recebam , pois, meu abraço carinhoso!
Tragam consigo a certeza de minha alegria por tê-las fazendo parte de meus dias, que se tornam mais significativos com a presença de vocês.
Muito obrigada, amigas, por vcs existirem!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Lua Secreta

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolias
eu, interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser tua...
E quando chega este dia
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Poema Natural

Abro os olhos, não vi nada
Fecho os olhos, já vi tudo.
O meu mundo é muito grande
E tudo que penso acontece.
Aquela nuvem lá em cima?
Eu estou lá,
ela sou eu.
Ontem com aquele calor
Eu subi, me condensei
E, se o calor aumentar, choverá e cairei.
Abro os ollhos, vejo um mar,
Fecho os olhos e já sei.

Aquela alga boiando, á procura de uma pedra?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
Cansei do fundo do mar, subi, me desamparei.
Quando a maré baixar, na areia secarei,
Mais tarde em pó tornarei.
Abro os olhos novamente
E vejo a grande montanha,
Fecho os olhos e comento:
Aquela pedra dormindo, parada
dentro do tempo.
Recebendo sol e chuva,
desmanchando-se ao vento?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
                                                                                      Adalgisa Nery

sexta-feira, 9 de julho de 2010

" Os Poemas"

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não tem pouso
nem porto,
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava
em ti...
                                                 Mário Quintana

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Em volta do fogo

Tempo de festas juninas/julinas.Muita dança, tradições,ajuntamento ao redor do fogo.
Marco civilizatório, elemento místico: o fogo_ a fogueira.
Dos pré-históricos até os dias de hoje ainda se faz presente de uma ou de outra maneira sempre exercendo suas múltiplas funções: aquecer, aproximar, provocar encantamento, sinalizar e poeticamente reunir.
Em volta do fogo, era onde nossos ancestrais contavam estórias e a história se fazia presente e passado num só momento. Ensinamentos, conselhos, combinações, deliberações, casamentos, nascimentos, sepultamentos. A vida girava à volta de seu calor e luz.
Em volta do fogo o dia findava, a noite chegava cheia de mistérios e causos de encantamentos,feitiços, crenças e festas. Em volta do fogo as tradições se perpetuavam e as alianças se fortaleciam ou se rompiam tendo a chama por testemunha.
A vida moderna foi segregando este costume, mas não o extinguiu,pois sempre haverá uma fogueira para aqueles que apreciam contar o mundo através do crepitar de suas labaredas.
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Perto do fogo, como faziam os hippies,
Perto do fogo, como na idade média,
Eu quero ficar bem perto do fogo, fogo, fogo...
Cazuza