sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Corpo - nascedouro das múltiplas consciências





( A. L )


Quando nos idos iniciais dos anos 90, nos chegou em mãos a proposta da inserção dos estudos de ética e filosofia na planilha curricular nacional, causou certo rebuliço no corpo docente/equipe técnica. Nada de espantoso, apenas a preocupação sobre os detalhamentos que deveriam ser focados nestas disciplinas para que as mesmas fossem apreendidas por toda a escola.

Optamos por começar a partir do "despertar da consciência corporal" de cada um. Seu corpo físico como um campo de estudo não apenas anatômico, e sim um campo extenso onde mil acontecimentos se alternam entre o ser e o sentir, dando forma e moldura a cada indivíduo.

Fomos atrás de publicações que nos ajudassem nessa nova e tão importante caminhada na formação-cidadã dos alunos(as), com as devidas preocupações sobre as abordagens e suas inúmeras transdisciplinaridades conjugando sentidos coerentes para todos: alunos/ família/escola. Importava e ainda importa, a meu ver, que as linguagens seja entendidas e assumidas por todos os que delas façam uso e que isto aconteça com propriedade, afinal, tudo  o que nos significa torna-se pessoal, portanto, natural em nós.

Dentre outros aspectos, destaco aqui, só para ilustrar, um daqueles que nortearam( ou sulearam) o planejamento inicial esta listagem abaixo dando uma pequena amostra da Educação baseada na Ética:


_ Não cometer danos: a si mesmo, aos outros, ao ambiente
_ Veracidade
_ Cuidado e compaixão
_ Limpeza
_Vida simples ( ou a essência da vida)
_ Solidariedade
_ Diálogo
_Amor Universal 
_ Respeito à vida ( sem restrições) 


Embora pareça muito linear e um tanto utópica, a lista acima é de fácil compreensão e torna possível cada prática no dia-a-dia da sala de aula e demais espaços da escola e também da vida familiar, fazendo dos alunos(as) multiplicadores de atitudes básicas, valorizadoras duma vida mais plena e mais cidadã.Qualquer semelhança com nossas próprias diretrizes de vida, aprendidas na infância e ensinadas às nossas proles, não é mera coincidência, é Consciência Universalizada que ainda resiste bravamente através dos tempos.



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Alguns ilustrados pensadores


" O corpo é o inconsciente visível!"
( Wilhelm Reich)


"O homem é o seu próprio livro de estudo.Basta ir virando as páginas até encontrar o Autor."
( Jean-Yves Leloup) 



" O ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados,mas é antes de tudo, aprender a se desenvolver e aprender a continuar a se desenvolver depois da escola."
( Jean Piaget)

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Imagem: ilustração de Artur Lidov, em 1962, para a extinta revista Life Magazine.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Viagem telúrica por páginas presenteadas




Ando muito empolgada com o lindo presente que ganhei de uma amiga neste mês do meu aniversário, um livro de receitas da terra Potiguar: " Arte e rituais do fazer, do servir e do comer no Rio Grande do Norte", publicado pelo Senac.Uma obra primorosa sobre aspectos da cultura do estado com destaques que vão além da gastronomia, levando o leitor(a) através das belas fotografias, a viajar em suas ricas páginas.





" Entre a beleza das dunas litorâneas e a força telúrica do agreste nordestino, vive um povo de histórias e costumes singulares: o povo norte-rio-grandense ou povo potiguar, como preferem alguns[...]

A partir desta trecho segue a introdução nos convidando a passear, desfrutar das maravilhosas vivências locais, uma verdadeira imersão neste quinhão brasileiro repleto de encantamentos.Pra mim, que imperdoavelmente ainda não fui constatar ao vivo todas estas delícias, o livro me veio como uma passagem premiada para uma estada cinco estrelas nestas belas paragens. 





Reunindo acepipes, artes e histórias locais, a publicação ressalta a importância de um de seus filhos diletos, Luís Câmara Cascudo, pesquisador das raízes étnicas do Brasil, responsável pelo  Dicionário do Folclore Brasileiro, uma obra de referência nacional.




" Para saber fazer comida é preciso viver um longo e complexo processo que não é apenas o cumprimento de uma receita ou o uso de equipamentos culinários... O caminho é muito mais longo e generoso,pois os serviços à mesa integram-se ao tipo de comida, a técnica empregada, a estética de cada prato, todos aliados aos desejos de comer, de conviver, de realizar rituais de comensalidade, de celebrar temperos, cheiros, formas e, finalmente sabores[...]" 




" Devem ser potiguares, como diziam os portugueses, derivado de potiguara, papa-camarões, apelido de uma nação dos Tupis do nordeste."
( Hans Staden)



" Se a comida será consumida na casa, na rua, no restaurante, na banca do mercado, na feira, no botequim, na barraquinha enfeitada de bandeirinhas, de gambiarras, de folhas de coqueiro, cada local já indica os diferentes rituais de servir, mostrando como será melhor comer.

A cada página que folheio mais curiosidades interessantes aparecem e me atraem como ímãs me deixando com uma vontade comprida de conhecer e provar cada receita, claro que não darei conta de fazer muitas delas por falta de ingredientes específicos,só que isso não vai me desanimar, tenho muitos meses pela frente pra ir me aperfeiçoando e experienciando novos sabores.

E pra concluir com chave-de-ouro, recebo o " auxílio luxuoso" duma dileta filha da terra potiguar, a poetisa Yasmine Lemos( link), nossa conhecida amiga, que gentilmente nos brinda com uma terna e inspirada criação poética sobre uma das mais famosas feiras de Natal: a feira do Alecrim.




AGRIDOCE – Feira do Alecrim de Natal  - RN

Criança no meio – fio

Fruta melando a boca
Anjo chupando manga
Mãos devorando as fibras
Cão lambendo doce
Cena agridoce
(YL)

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Deu pra sentir daqui o gosto e os aromas destas frutas suculentas.
Muito obrigada Yasmine por este carinho agridoce.




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domingo, 24 de agosto de 2014

Poesia Orbital





Em tempos de escuta clandestina e também escancarada, fotos e selfies, big-brothers e tudo o mais que rola acima do chão e abaixo das nuvens ( e dentro delas) nem o espaço escapa incólume desta onda viral.São foguetes, sondas, telescópios, artefatos observadores, captadores dos sinais da última fronteira: o espaço sideral.
Já enviamos diversas provas de nossa existência e ficamos à procura das provas de existências alheias.Produziu-se um lixão espacial gigantesco, mas nem isso desanima novos experimentos, feito o lançamento da sonda Maven, em novembro do ano passado, com a missão específica de estudar a atmosfera de Marte, analisar e descobrir como foi a sua evolução nos últimos milhares de anos e assim reconstituir a história do Planeta Vermelho.





Mesmo sem ser tripulada, esta sonda leva em si uma delicado testemunho nosso, expressão de sensibilidade e quem sabe arauto de boas intenções; ela tem um "haicai" do brasileiro Donny Correia acoplado ao foguete.


" Matriz rubra do além
Onde o nada vive, dizem
Agora venha à vida." 


O haicai é a forma de poesia mais praticada hoje em dia, no Brasil e agora também no espaço.Que seja anunciadora do belo, do bom, do terno que ainda reside n'alma humana.Já imaginaram se ao invés de chuva de meteoros choverem singelos e encantadores haicais? 


Cálida rosa orbital,
grafa em delicadeza,
proclames poéticos.
(Eu)







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Imagem e fonte: tecmundo.com.br

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Divinas Delicadezas / Interação Fraterna







Em mais uma Interação Fraterna, a Rosélia, realiza no seu idade-espiritual.com(link), uma roda animada acerca dum tema cálido e permanente: Delicadezas de Deus.


"Quando as plantas florescem na primavera, ali os homens escrevem os seus nomes. Mas quando as plantas florescem no inverno, ali se escreve o nome do Grande Mistério…”
Rubem Alves







Mesmo que pouco ou nenhum olhar lhe dê o devido valor, ainda assim ela lá está, a divina delicadeza, generoso presente.


São muitas e múltiplas,
ao alcance do olhar,
a um passo ou dois,
 a um simples tocar,
um sentir, provar,
permitir e sonhar...
são todas e uma,
 estão além do contar,
abaixo do céu,
acima do mar,
pra cá e por ali,
em todo lugar.
(Eu)





"No mistério do Sem-Fim
equilibra-se um planeta.
E no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o Sem fim,
a asa de uma borboleta."
(Cecília Meireles)






"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves 
são as únicas que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
um folhear dum livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia, o próprio vento...
(Mário Quintana)


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Parabéns Rosélia pela data festiva!


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Conversando sobre a família / BC comemorativa








O convite feito pela Norma, do "pensando em familia.com" para participar da festa de comemoração pelos 5 anos de existência do blog, foi a de que postássemos abordagens escolhidas sobre o tema que dá nome ao site: Família.

Como é de meu feitio buscar nos contos e fábulas uma ponte para algumas questões cotidianas, fui na fonte, porque afinal, as histórias clássicas servem bem como espelho refletor para muitas delas e, uma das que mais me chama a atenção é a do "Patinho Feio".Em todo o contexto prevalece a ideia do estranho no ninho, do diferente, do excluído, mas também há neste cenário a ideia do desigual, alguém que não se assemelha aos demais, portanto não pode fazer parte do grupo no qual se encontra, mesmo que este grupo seja identificado como uma família, no caso, a dos patos.

Publicada pela primeira vez em 1845, a história mostra com detalhamento a visão cristalizada por séculos e, que confinou o conceito de família a uma série de regras pré-estabelecidas por controles sociais rígidos sem levar em consideração os sentimentos, a afeição.O ser incomum ao meio era afastado, inferiorizado em sua diferença aos demais.Os laços seriam consanguíneos e somente assim, entre seus iguais se daria a nomeação a um grupo familiar.A racionalidade dominante desprezava qualquer outra forma de agrupamento familiar, desconhecendo e até segregando quem tivesse o topete de desobedecer as ditas regras sociais.

Para pertencer a uma família teria de ser semelhante aos membros que a compunham, qualquer outra circunstância era inaceitável gerando desprezo e isolamento social,ou de todo o grupo ou do "patinho feio" em questão. O inaceitável era exilado sem chance de defesa e pior condenado em sua inocência,a sua simples e natural existência.A fantasia da perfeição familiar era levada às últimas consequências, não importando os esforços feitos para sua realização.E assim o eram.

A cultura da semelhança acima de tudo forçava as pessoas mais ousadas a se refugiarem em estereótipos absurdos ou simplesmente a abandonarem suas famílias de origem por não conseguirem se enquadrar conforme mandava o figurino; ditado velhusco, porém, apropriado.Sim, porque era com bases em moldes rígidos, frígidos e vestais que muitas famílias penduravam em seus brasões de lata a rejeição a tudo que não estivesse condizente com o desenho exigido.

Ser/fazer parte duma família extrapola aparência, vai muito além do fazer bonito, do acertar sempre,da perfeição a qualquer custo, esta é uma visão ultrapassada, ainda bem que assim o é, porém, serviu de lição para muitas famílias refletirem sobre a importância de cada pessoa e do grupo familiar como um todo, com suas discrepâncias, suas idiossincrasias e tudo o mais que mistura neste conjunto o amor-maior, o respeito mútuo, o cuidado, o apoio e a união que lhe confere com louvor a nomeação de Família.






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Imagens: tumblr(doga)
agnelo.com

domingo, 17 de agosto de 2014

Só pra admirar a leveza que há









A leveza nos gestos, nos atos, religa n'alma a candura do ser!




" Contemplar o belo é fazer das pequenas coisas um espetáculo aos nossos olhos. 
É dialogar com os amigos, elogiar as pessoas, amar os desafios da vida.É admirar as crianças, ouvir as histórias dos idosos.
É descobrir as coisas lindas e ocultas que nos rodeiam.È admirar as nuvens, o canto dos pássaros, o baile das folhas sob a orquestra do vento.É perceber além das imagens e das palavras [...]"
(Augusto Cury)




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Imagem: tumblr(weza)

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Jambeiro, árvore e casa, uma história entrelaçada





(Solar do Jambeiro- aquarela/Joaquim Fonseca 2012)


No meio do papo descontraído do domingo passado, minha neta emprestada reclamou do tour pelas paragens históricas da cidade que a professora de geografia realizou com a turma na semana anterior.Primeiro, dizendo que já conhecia grande parte dos lugares que visitou, depois concluiu que o local menos interessante foi um casarão meio velho que haviam visitado, onde só o jardim valia a pena ser visto. Escarafunchando sobre os detalhes descobri que o tal casarão era o Solar do Jambeiro,luxuoso palacete em estilo neoclássico  construído em 1872 pelo comerciante português, Bento Joaquim Alves Pereira que fez questão de respeitar as tendências arquitetônicas da burguesia de meados do século XIX.Aproveitando o esplêndido espaço do terreno arborizado, o casarão se sobressai, porém completamente integrado à paisagem do lugar, dando a impressão de que sempre esteve naturalmente ali.Dentre o vasto arvoredo se destaca a árvore frondosa que acabou por nomear todo o conjunto: o jambeiro.




Depois deste meu palavrório, ela quis rever o lugar, partimos então pra web e fomos passeando pelas imagens e pela história da hoje instituição cultural da cidade.Após ter servido como residência até o ano de 1993, o casarão foi tombado pelo patrimônio municipal sendo restaurado e devolvido à cidade como espaço de inúmeras atividades culturais, exposições artísticas, apresentações de música e dança e outras similares.





Toda entendida do alto de seus 11 anos,Aninha começou a apontar as diferenças dos detalhes das construções mais antigas com as atuais.Achou que os janelões davam mais luz aos ambientes, que o piso de madeira era trabalhoso ( e como!), que os móveis eram muito escuros e as portas enormes, mas o que achou mais interessante foi a fachada de azulejos, um material que deveria estar apenas nas áreas internas, tipo cozinha e banheiros.Pronto, outra deixa pra gente buscar informações sobre a arte da azulejaria.
Navegamos em dois sites que ajudaram a sanar a curiosidade aparecida e retomamos a conversa sobre a importância da preservação da arquitetura histórica e como através dela conseguimos saber tanto sobre épocas antigas.Achei que depois de tudo isso a menina olharia com mais carinho para os locais e prédios que representam a história, bem possível, porém, ela logo em seguida ao meu discurso, disparou:
__ A tia Tati tem um vestido com estampas de azulejos!




___Tem sim,verdade verdadeira, eu disse, os azulejos estão na moda, desde as cerâmicas até as roupas; ao que ela animada falou:__ Vou falar com a professora que eu quero saber mais sobre tudo isso!
Desnecessário dizer aqui que eu torço pra que a professora embarque neste interesse e faça disso um big-projeto pedagógico.Vai dar o que falar!



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Imagens: culturaniteroi.com.br
chic.uol.com.br

sábado, 9 de agosto de 2014

Uma pitada do fabuloso no dia-a-dia









"Fabulário" é o título sugestivo da exposição que está acontecendo no MAC até 24 deste mês.O artista Osvaldo Carvalho apresenta uma série de telas de grandes formatos onde convida o espectador a refletir sobre o emaranhado de situações que permeiam a vida das pessoas, seja de forma feliz, harmoniosa ou, com uma obscuridade que todos lutam para manter longe dos olhos.



(divulgação MAC)


A definição acima é da equipe de divulgação do próprio museu e na minha opinião casa bem com o título; leva a pensar comprido, pelo menos a mim, sim.Sou simpatizante dos universos lúdicos recheados de simbologias que mesclam os universos imaginários e reais numa linguagem única, porém instigante.

Emaranhados, entranhados, tecidos, quaisquer que sejam os sinônimos eles nos levam a traduzi-los como reflexos das situações cotidianas e, a festejar quando assim o forem, porque podemos também ser enredados em situações fora da rotina e que se apresentem bem desagradáveis, para dizer o mínimo.Então,o que mais queremos é voltar para velha, boa e conhecida rotina, aquela da qual sabemos o script, na maioria das vezes.

Embora tenhamos completa noção de que não controlamos tudo, ainda assim nos enganamos diariamente achando o contrário e vamos caminhando lindas, leves e soltas com essa certeza a tiracolo, normal, ou, perdoável para os dias que vemos pintados em telas que desprezam qualquer ludicidade e nos impactam com cenas e cores sombrias.

Penso que a obscuridade que nos toma não passa pela definição de indiferença e sim pela busca da esperança adormecida, que vamos numa tentativa hercúlea resgatando dos escombros das tragédias humanas.

Fica a dica para os locais, os visitantes, pais e filhos apreciarem a exposição e se "fabularem".



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Um Feliz Dia dos Pais para todos os papais amigos e visitantes.





quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A novidade que veio dar na praia








Ao meio da manhã ecoou pela areia o grito estridente dum berrante.Era isso mesmo, um berrante legítimo, daqueles que vemos nos filmes e nos documentários sobre os boiadeiros em suas lidas com o gado, mas não estou nem perto de tais regiões então, o que faz um som destes à beira-mar? Com mais uns passos a frente descobri o tocador de pé no calçadão em frente ao mar tocando seu berrante a plenos pulmões inflados pela euforia da paisagem.A cada soprada no instrumento ele tomava fôlego sorrindo pro imenso azul do cenário.Sorri também, discretamente.Percebi o entusiasmo daquele vaqueiro turista desfrutando a vista e o lugar e, achei muito interessante a maneira que ele usou para expressar sua alegria tocando seu berrante, objeto próprio e familiar.Ele estava feliz e não escondia isso, ao contrário, declarava aos quatro ventos o quanto era maravilhoso aquele momento que vivia.Lembrei-me nesse instante dum trecho dito/escrito por Quintana:"...Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável[...]", como o toque do berrante à beira-mar.

Tudo o que vivemos imprime em nós uma marca, nos transfere de um lugar para outro, de um tempo agora para um antes ou depois, nos resgata, nos renova ( quando deixamos), nos desfolha, nos revela e algumas vezes nos traduz, porém em cada uma permanece os sentimentos florescidos nela que rebrilharam durante o acontecido e também após, muito após e, o mais incrível é que estas marcas podem ser avivadas por uma palavra, uma música, um aroma, um som...como o grito dum berrante na praia.



"Vai boiadeiro que a noite já vem,
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem[...]"



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Imagem: terra.com

domingo, 3 de agosto de 2014

Diálogo











"__ Em que posso ajudá-la?
__ Não preciso de ajuda. Vim só olhar-te de perto!"


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Ainda que se desconheça o outro, um olhar mais de perto pode operar boas descobertas.


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O Constante Diálogo


"Há tantos diálogos,
Diálogo com o ser amado
o semelhante
o diferente
o indiferente
o oposto
o adversário
o surdo-mudo
o possesso
o irracional
o vegetal
 o mineral 
o inominado.

Diálogo consigo mesmo,
com a noite
os astros
os mortos
as ideias
os sonhos
o passado
o mais que futuro.

Escolhe teu diálogo
e tua melhor palavra
ou teu melhor silêncio.
Mesmo no silêncio e com
o silêncio, dialogamos.

(Carlos Drummond)




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