È começo de ano letivo em muitas das nossas cidades.As ruas fervilham novamente de estudantes, pais, professores no ir e vir da semana, na curiosidade de mais um começo; quem será a nova professora?
A realidade variada das escolas apresenta todo um planejamento para o ano que se inicia cercado de bons objetivos e premissas.
Pendores à parte, me pergunto: será suficiente para a garantia de um médio( para não dizer regular) aproveitamento dos alunos?
Como professora, afirmo que não é o bastante, embora seja altamente necessário o preparo e comprometimento dos profissionais e da instituição, mas reafirmo__ não é o bastante.
Dentre muitos fatores estão, os já badalados, empenho, vontade e participação.Muito conhecidos em minha época estudantil e agora veneráveis peças dum museu imaterial nacional.
Sabemos o que concorreu para este status quo, mas o que concorrerá para sua transformação?
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A crise que estamos esquecendo
Lya Luft
"Todos os indivíduos, não importa a conta bancária,
profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra
crise: a do desrespeito geral que provoca violência física
ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito"
O tema do momento é a crise financeira global. Eu aqui falo de outra, que atinge a todos nós, mas especialmente jovens e crianças: a violência contra professores e a grosseria no convívio em casa. Duas pontas da nossa sociedade se unem para produzir isso: falta de autoridade amorosa dos pais (e professores) e péssimo exemplo de autoridades e figuras públicas.
Pais não sabem como resolver a má-criação dos pequenos e a insolência dos maiores. Crianças xingam os adultos, chutam a babá, a psicóloga, a pediatra. Adolescentes chegam de tromba junto do carro em que os aguardam pai ou mãe: entram sem olhar aquele que nem vira o rosto para eles. Cumprimento, sorriso, beijo? Nem pensar. Como será esse convívio na intimidade? Como funciona a comunicação entre pais e filhos? Nunca será idílica, isso é normal: crescer é também contestar. Mas poderíamos mudar as regras desse jogo: junto com afeto, deveriam vir regras, punições e recompensas. Que tal um pouco de carinho e respeito, de parte a parte? Para serem respeitados, pai e mãe devem impor alguma autoridade, fundamento da segurança dos filhos neste mundo difícil, marcando seus futuros relacionamentos pessoais e profissionais. Mal-amados, mal-ensinados, jovens abrem caminho às cotoveladas e aos pontapés.
Mal pagos e pouco valorizados, professores se encolhem, permitindo abusos inimagináveis alguns anos atrás. Uma adolescente empurra a professora, que bate a cabeça na parede e sofre uma concussão. Um menininho chama a professora de "vadia", em aula. Professores levam xingações de pais e alunos, além de agressões físicas, cuspidas, facadas, empurrões. Cresce o número de mestres que desistem da profissão: pudera. Em escolas e universidades, estudantes falam alto, usam o celular, entram e saem da sala enquanto alguém trabalha para o bem desses que o tratam como um funcionário subalterno. Onde aprenderam isso, se não, em primeira instância, em casa? O que aconteceu conosco? Que trogloditas somos – e produzimos –, que maltrapilhos emocionais estamos nos tornando, como preparamos a nova geração para a vida real, que não é benevolente nem dobra sua espinha aos nossos gritos? Obviamente não é assim por toda parte, nem os pais e mestres são responsáveis por tudo isso, mas é urgente parar para pensar.
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"As vozes da educação, hoje são gemidos quase inaudíveis."