terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Um Feliz Ano Novo










"Impossível definir, mas vou tentar entender.Tenho uma vaga intuição.Só quem o experimenta reconhece aquele sentimento atrás do pensamento.Aquela coisa que você sabe, antes mesmo de saber[...]"
                                                                                 ( Rosiska de Oliveira)




Se não houver definição, que haja entendimento na intuição de cada amanhecer trazendo em seu rastro de luz claridade abrangente pra horas cheias, fazendo e refazendo os bons momentos,estendendo as positividades, alargando as compreensões, expandindo os agradecimentos pelo dom da vida, garantindo o respeito, a fraternidade e, dando assim grandes asas a todos os bons sonhos para que se tornem festivas realidades.


***


DESEJOS

" Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim,
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mal humor
Sábado com seu amor...

Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade...

Rir como criança
Ouvir canto de passarinho[...]

( trecho do pema Desejos, de Carlos Drumond)



Enlaçados no poema vão os meus desejos pra vcs, amigos(as) e leitores(as), de um Ano Novo repleto de venturas, saúde e paz, enfeitado por risos diários e intuições anunciadoras de felicidades constantes.


FELIZ 2015!!





sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Cultive o Natal










Por mais compromissos que tenhamos, por mais cansaços que acumulemos nesta época, ainda assim respiramos fundo e vamos renovando a cada dia a energia que da data emana; como nos anos anteriores, pano de fundo, lembranças vivas para o atual e também para os vindouros.Quantas bençãos revividas em cada sorriso emoldurado nos porta-retratos ( os que foram revelados) ou mesmo nas telinhas virtuais, bem ao alcance dos olhos e do coração. Alegria pelos presentes, saudades pelos ausentes, esperança por e para todos, próximos ou distantes e amados sempre.

Nessa vitalizante mistura do ontem e do hoje, do que fomos e somos, vamos preparando mais um Natal e com ele nutrindo nossa fé no novo, na vida. Maravilhosa promessa de recomeços melhores, de possibilidades criadoras de mais amor, mais solidariedade, mais respeito e principalmente mais paz nos corações e nas ações cotidianas possíveis em espalhar mundo afora o verdadeiro sentido do Natal, para que este, seja de fato vivido em cada dia do novo ano e dos seguintes...

Que olhemos para o dia seguinte não como data dum calendário numérico e, sim, como um conjunto evolutivo de muitas oportunidades felizes.


Um Feliz e abençoado Natal para todos(as) amigos e amigas da blogosfera!
Que o novo Ano seja fonte intensa de alegrias imensas!


*** 


" Não sei quantas almas tenho
 cada momento mudei.
Continuamente me estranho
Nunca me vi, nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma
Quem tem alma, não tem calma.
Quem vê é só o que vê, 
Quem sente não é quem é[...]"

( Pessoa/ trecho do poema:Não sei quantas almas tenho)

*** 


 Gente amiga, farei uma pequena pausa no blog durante as festas de fim de ano.Nos veremos em 2015.Até lá!

Feliz Ano Novo!


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Imagem: walpaper


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

V interação de Natal - O melhor presente








No convite feito pela amiga Rosélia, do espiritual-idade.blogspot, para esta interação de Natal está enlaçada a pergunta:Qual o meu melhor presente de Natal(?), ao que me remete a outros natais, os da infância na casa de meus avós, árvore iluminada, pacotes coloridos, curiosidade infantil despertada, rabanadas na mesa, ceia farta após a volta da missa do galo.Tradições tão significativas que repeti naturalmente quando me fiz mãe de família. Em cada detalhe da preparação da festa cabia o verdadeiro sentido do Natal, como hoje em dia e, na data assinalada, a família de hoje como a de antes, em volta da mesa, entoa a oração de agradecimento declarando numa voz o melhor presente recebido: a saúde, o bem-estar, e as bençãos contínuas a nos agraciar todos os dias.

Na soma de todos esses agradecimentos juntam-se nossos desejos de Paz, Harmonia e Amor para toda a humanidade.Querendo a cada Natal que o verdadeiro sentido deste aconteça em todos os corações humanos, em todas as culturas e credos.Que as mãos se deem num gesto sincero de compreensão e aceitação promovendo uma convivência amigável e respeitosa entre todos os povos da Terra.


Que o Natal seja vivido nos 365 dias do ano!

Um feliz e abençoado Natal para todos(as) vcs, queridos(as) amigos(as) e leitores.

Boas Festas!





Sempre haverá o Natal


Bem-vindos os jeitos,
bem-vindos os ritos,
contornos pintados, 
em gestos antigos 
que repetem ressoam,
por eras seguidas,
os passos dos homens,
em favas sabidas.
Bem-vindas as preces,
elos da aliança que 
selou as promessas
entre o céu e a Terra
nos tempos remotos
da lembrança viva
de um amor imenso
que aplacou feridas,
pulsam bem-vindas
no hoje, no agora,
tão carente quanto
antes, tão preciso
quanto já, tão
esperado como nunca, 
ansiado por ficar
para sempre em cada gesto,
para sempre em cada olhar,
porque o Natal sempre haverá.
(Calu)









quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A curiosidade que nos habita







(A.C)

Quem já passeia por aqui a algum tempo deve se lembrar da série : Adoce seu dia, que foi abruptamente interrompida sem maiores explicações; falha minha, espero que perdoável.O motivo pelo qual a pus a tiracolo para pausá-la foi o de não faltar com a devida justiça nas escolhas dos comentaristas e aí, uma coisa levou a outra que culminou na tal pausa escolhida.Aquele velho e conhecido dilema das escolhas: uma acaba por anular outras, pois então, dito e feito, mas sem muita convicção, na verdade um comichão, que de quando em vez me atenta clamando pela reativação da série e convenhamos, material é que não falta(\0/). São carregamentos de comentários preciosos, argumentativos, instigantes, estimulantes e todos os demais adjetivos que se lhes agregam a definição, me incentivando festivamente e permitindo a salutar e nutritiva interação positiva que tanto me motiva.

Foi um destes comichões que me apareceu num dos comentários da postagem de ontem, onde volto mais uma vez a falar de meu ritual matinal, já dito aqui outras vezes, que estampou na semelhança detalhes compartilhados, coincidências fortuitas e tão familiares.Assim como a Mi, do blog: coluna da Mi, gentil comentarista, apontou identidades em nossos gostos matinais demonstrando que o encontro de interesses gera aproximação, tal fato acontece também numa escala maior por pessoas com quem não temos nenhum tipo de contato pessoal ou virtual, mas que de alguma forma trouxeram uma proximidade imaginada; é o caso dos artistas, das chamadas celebridades, dos escritores,pensadores, autores, cantores... Ingenuamente nos comprazemos ao sabermos que uma pessoa que goza de nossa admiração tem este ou aquele hábito idêntico ao nosso, uma familiaridade unilateral, porém apreciada.

Quem não já se perguntou como teria sido o café da manhã de Simone de Beauvoir, qual  a rotina de trabalho de  Georgia O'Keeffe, qual o regime alimentar de Chaplin, e muitas outras pequenas divagações sobre os gostos e hábitos das pessoas que admiramos.Pois essas questões estão na crista da temática do livro: * Daily Rituals: How Artists Work (Mason Currey,2013), que aborda rotinas e hábitos de 161 mentes brilhantes e inspiradoras, dentre curtíssima biografia de escritores, compositores, filósofos, dramaturgos, cineastas e cientistas desfilam as descrições dos hábitos e manias cotidianas desse elenco de notáveis.O livro é quase um almanaque de curiosidades inusitadas, como a do filósofo Kierkegaard, que possuía uma coleção enorme de diferentes xícaras de café e fazia o seu criado escolher a mais adequada para o café da tarde.Ele nunca utilizava a mesma xícara na semana.

Uma palinha destacada no livro mostra pela fresta dos detalhes um pouco da rotina de Simone de Beauvoir( espiem só!)_




Embora a produção de suas obras ficasse sempre em primeiro lugar em sua vida, sua agenda diária girava em torno de seu relacionamento com Jean-Paul Sartre (que escrevia mastigando tablets de Corydrane, uma mistura de anfetamina e aspirina. A recomendação diária de seu médico era de 10 tablets por dia) que durou de 1929 até sua morte em 1986. Beauvoir geralmente trabalhava sozinha na parte da manhã. Juntava-se a Sartre para o almoço no apartamento dele. Passava a tarde trabalhando com ele em silêncio total. À noite participava de eventos políticos e sociais. Em seguida ia para sua casa com Sartre para tomar uísque e ouvir rádio. A rotina seguia da mesma forma no dia seguinte.
Principais obras: Todos os Homens São Mortais, O Segundo Sexo, A Força das Coisas, A Velha. 


Pros curiosos de plantão, e me incluo neste time, a publicação oferece prato farto e variado sobre as pequenas manias dos conhecidos formadores de opinião.Não descobri se já existe a versão traduzida para o português.De qualquer forma, fica a dica prum presente aos apreciadores do assunto.










* Livre expressão minha do texto lido no site: obvius.com
Ilustração: Amanda Cass







terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Imprevistos tecnológicos - Agradecimentos








Quando somos assíduas frequentadoras de lugares e frequências escolhidas com gosto qualquer mudança é logo percebida. Dez dias atrás estava eu percorrendo meus rotineiros hábitos matinais, sendo um deles o de ligar o rádio na cozinha enquanto preparo o café da manhã, tudo em meio ao abre e fecha da geladeira, põe o pão na torradeira, prepara o suco, aquece a água pro café... embalada pela gostosa seleção musical da JB- FM, estação quase permanente no dial do rádio; (ops) do som; ou seja,uma manhã normal entre melodias e gostosuras que animam corpo e alma.

Pois então, nesta passada manhã, durante os tais afazeres, ressoou pela cozinha um som estranho, acelerado, com batidas retumbantes que me despertou a atenção.Estava mesmo acontecendo este tipo de música na JB? Muito estranho!Fui conferir.Não é que o dial ( marcador) da estação estava noutra posição!Eu, heim?Quem mexeu no meu rádio( no meu queijo, até desconfio)? Coisa louca.Devolvi o dito cujo pro canal competente e voltei bem faceira pro meu café, enquanto aguardava o note carregar.

Tempo dado, fui ligar o note e ele nem deu sinal de vida.Como assim? Virei, tirei bateria, fui ler o manual, mudar de tomada e nada.O bichinho pifou, mesmo.Levei pro pronto-socorro tecnológico.Diagnóstico: placa-mãe avariada por queda brusca de energia.Pode??
Não deveria, mas pode sim.Nesta nossa realidade de serviços precários, exorbitantes e deficitários.Resuma da ópera: só hoje o doentinho voltou, mas terá de usar muletas:(

Por isso, só então pude vir aqui, no meu querido bloguinho tão abandonado nesses últimos dias, para agradecer comovida o simpático Prêmio" Xícara de Ouro" recebido através da maravilhosa interação promovida pela Patrícia Galis, do blog: cafeentreamigos, que contabilizou carinhos e gentilezas tão preciosas pra mim.


Obrigada,Patricia.
Obrigada, gente querida pelos carinhosos votos dados ao Fractais.Valeu!






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Imagem: pinterest

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vôos panorâmicos - cartografia pessoal






( Ed Fairburn)



Uma das inovações que mais curti em meu tempo de estudante foi a estratégia dum professor de geografia ao iniciar o estudo de mapas.Toda a turma esperava que fosse mais uma chatice das habituais onde ele apontaria os detalhes no mapa pendurado na parede e nos fizesse acompanhar a ponta da régua indicativa numa ladainha sobre o lugar, o relevo e coisas e tais.Para a surpresa da turma do 2º ginasial, ele nos mandou arrastar as carteiras pro fundo da sala, colocarmos nossas cadeiras em círculo alongado por todo o espaço central, para então estender o mapa no chão, bem no centro do círculo que se formou.Sentado no chão ao lado do mapa nos conduzia pelos desenhos e detalhes de cada recanto em foco, explorando a visão que acada aluno ia descobrindo, pontuando as distâncias, os contornos e o olhar que a cada um correspondia um mesmo ponto.O que era visto, como era visto, se a visão correspondia à realidade do que estava sendo visto...Nem preciso dizer que a participação foi unânime e interessada.

Nos sentíamos como fotógrafos aviadores sobrevoando os espaços geográficos e deles recebendo uma infinidade de informações que precisavam ser analisadas, discutidas, debatidas e conferidas com esmerado compromisso.Essas aulas eram altamente proveitosas e depois disso nunca mais eu olhei um mapa do mesmo jeito alienado de antes,distante e linear.Passei a ter dali em diante um olhar tão admirador pela cartografia que considero uma das manifestações artísticas de vulto e importância irrefutável e, mesmo adulta continuo nutrindo essa reverência por esta arte.Costumo folhear, de quando em vez, os livros que a retratam.Sou tão fã desta arte que quase me perdi do grupo turístico dentro do museu do Vaticano ao chegarmos nos salões dos mapas.Fiquei sem fôlego, respirando devagar com receio de perder os ricos detalhes das peças cartográficas em tapeçaria; creio ter visto Marco Pólo numa caravela(rs).

Os mapas cumprem funções para além das direções, relevos e funções geográficas.São telas reveladoras dos espaços e das gentes que neles viveram ou ainda vivem.São charadas refinadas, provocando devaneios e viagens imaginárias e também possíveis.Ao olhar-se um mapa em postura igual a ensinada pelo meu professor, numa visão quase aérea, podemos descobrir muito mais do que seria revelado pela visão frontal e linear costumeira.Experimentem fazer isso e verão pontos antes invisíveis para o mesmo olhar: o nosso.

Imaginem se fizéssemos tal experiência com um mapa pessoal, não, não é mapa astral, é visual mesmo.Pudéssemos nós sobrevoarmos nosso corpo e estudá-lo como num mapa, detalhá-lo em minúcias e melhor ainda, termos legendas para cada sentimento que se alternariam nas mais variadas cores, nos revelando, nos traduzindo e nos levando a cada dia de estudo a um aprimoramento positivo, a uma tradução mais pura e clara; o autoconhecimento ao vivo e a cores.Poderia esclarecer muitas dúvidas, facilitar muitas questões, favorecer e abrir possibilidades viáveis e reais.Seria um passeio por nosso mundo interior.Tentadora essa idéia, não?


O artista ilustrador, Ed Fairburn, apaixonado por mapas, como eu, criou um série encantadora usando tinta e lápis com sombra para criar rostos femininos expressivos em grande escala sobre mapas de rodovias, ferrovias e rios.O resultado é interessantíssimo e inovador.








" ... O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas.Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição."
( Clarice Lispector)




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Imagens: artefacto/artes





segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Novas experiências - gostos e regalos






( flor da pitangueira)


Fim da tarde de domingo passado, liguei para a netinha que atendeu ao telefone toda apressada para não perder parte do filme que assistia pela milésima vez e muito menos a degustação das pitangas que ela e a irmã devoravam em frente à televisão.
___ Tô comendo pitanga, vovó!

Foram trazidas na volta do fim de semana num hotel-fazenda no interior do estado.As duas se esbaldaram nas brincadeiras, andando de charrete, vendo tirar leite da vaca, colhendo verduras na horta, essas coisas que criança de cidade acha que" dá" em supermercado já tudo embaladinho e, como deleite final foram para o pomar colher pitangas e jabuticabas.As primeiras fizeram mais sucesso.Gosto é gosto.Eu atacaria as jabuticabas, mas elas acharam o máximo aquela frutinha avermelhada parecendo uma abóbora em miniatura( elas que disseram isso).

Cada vez mais os pais estão procurando oferecer aos filhos experiências assim, uma autêntica lição de vida natural e simples em contato direto com as origens dos alimentos, manejos e preparos, além de permitir uma aulinha básica de botânica, peraltices e gulodices à solta; as meninas souberam que as duas espécies frutíferas são genuinamente brasileiras,e que cobriam quase toda a extensão da Mata Atlântica quando ainda era considerada"mata", porque hoje em dia, lamentavelmente, está deixando de fazer jus ao nome devido ao criminoso desmatamento de que foi vítima.Os poucos sítios que ainda restam pelas regiões sudeste e sul, enchem os olhos pela exuberância de suas espécies nativas, tanto flora quanto fauna.

Fui procurar saber mais sobre a pitanga lançando mão do tio Google e descobri coisas bárbaras sobre a fruta: possui vitaminas A,C e B2, cálcio, ferro fósforo e propriedades antioxidantes (uau).Seu fruto é popularmente usado como cicatrizante e antienvelhecimento.Diante disso vou ligar pra lá novamente e pedir que deixem umas frutinhas pra mim, ora pitangas!





Pitangueira 

Termina agosto. A pitangueira flora,
A umbela verde cobre-se de alvura.
E, antes que de setembro finde a aurora,
Enrubesce a pitanga, está madura.


Da flor o fruto é de esmeralda agora.

Num topázio depois se transfigura,

E, pouco a pouco, um sol de estio o cora,
Dando a cor dos rubis à carnadura.



A pele é fina. A carne veludosa,

Vermelha como o sangue, perfumosa,

Como se humana a sua carne fosse.


Do fruto, às vezes, roxo como o espargo,

A polpa tem um travo doce amargo,

O sabor da saudade amargo e doce.

( Palmyra Wanderley/in: Caderno de Poesia)



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Imagens: portalsaofrancisco.com




quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Tempos Modernos









Ao pular da cama ao toque do despertador, os olhos mal abertos encontram  a maçaneta da porta do banheiro e na semi-escuridão alcança todos os apetrechos em cima da pia, conduz a higiene pessoal no automático e entra dentro da roupa em minutos, saindo
acelerada do quarto rumo à cozinha.

Se esta descrição lhe trouxe alguma lembrança, não é mera coincidência.Esta rotina pertence a uma entre dez mil mulheres mundo afora e não é prerrogativa das executivas, não, estes passos não se aderem apenas a profissionais de carteirinha, abrange uma população feminina que está além das estatísticas oficiais, mas dentro dos relatos similares das mulheres de ontem e de hoje.

Além da sobrecarga conhecida  e reclamada, ainda temos de conviver com as frustrações diárias impostas pelas contingências da vida moderna.Corremos atrás do relógio, ou na frente, como preferirem, como maratonistas desgovernadas.Passamos grande parte do dia, entrando e saindo de filas, vendo a hora escorrer e os compromissos gritarem em nossos ouvidos que estamos atrasadas. Desculpa, é palavrinha fácil e repetida constantemente e o pior é que acabamos por acreditar que a culpa pelos atrasos é nossa.Nos cobramos mais que ninguém, nos testamos sem piedade, esticamos nosso limite até o quase impossível e ainda nos culpamos pela imprevisibilidade.Pode isso?

Passou da hora de fazer-se uma faxina nas prioridades.Quem já fez, meus aplausos.Quem ainda não, está em tempo.Equaliza a semana, o dia, as horas e seja generosa consigo mesma destacando que mesmo a mulher-maravilha precisa dum ritmo mais suave pra combater os malfeitores e cuidar de seu bem-estar.Outro dia minha dentista me confidenciou que pela primeira vez deixou marido e os dois filhos(grandes) a chamarem insistentemente e não foi correndo atendê-los imediatamente, ao que foi questionada em coro pelos indignados por terem sido ignorados por ela, que muito calmamente lhes respondeu que estava num banho de beleza, se cuidando e que este momento era só seu por direito( Yeah!).

Temos de parar de perseguir a nota dez, um sete ou oito são excelentes e tem peso e consistência do melhor possível. Amem-se, garotas!



"Que nossas agendas ( também as interiores) nos permitam muitas vezes a plenitude do nada sorvido como um gole de champanhe, celebrando tudo."
( Lya Luft)




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Imagem: tumblr/jr



sábado, 15 de novembro de 2014

Herança Afetiva





(*)


De repente, no meio do papo nos demos conta que todas nós estávamos nos queixando das heranças genéticas:" Minha mãe sofria disso, meu pai daquilo", e o elenco de dodóis só aumentava.Uma tinha sempre algo mais dolorido que a outra; pára tudo! Apesar de haver hoje a possibilidade de sabermos mais sobre nossos gens obtendo pré-diagnósticos sobre possíveis doenças hereditárias ( vide Angelina Jolie), o assunto ainda causa controvérsias e dispara questões sobre ética que precisam ser amplamente discutidas.

Caindo na gargalhada nos demos conta que encarnávamos as "marias-das-dores" e que abusamos da injustiça ao nos lembrarmos de nossos pais só pelo lado das mazelas genéticas.Ai, meus sais, argh!Corrigindo rapidamente esta visão torta fomos engatando a marcha na conversa e nas lembranças mais que felizes da infância, quando queríamos ser igual aos pais e como os tínhamos como heróis, o que não foge muita da verdade para muitos(as) de nós.Aí alguém chamou a adolescência pra roda e unanimemente concordamos que nessa fase nos esforçamos para sermos diferentes deles, os pais, negando suas maneiras, seus hábitos, para na juventude madura redescobrirmos que não há escapatória: a gente herda pelo menos, 50% das manias de um e de outro; como nossos pais.

Uma ri solto como a mãe, muito espirituosa, outra gosta de ficar junto a natureza sempre que pode, como o pai, uma terceira aprecia vinhos, hábito aprendido em casa, outra ainda, adora fazer reformas em casa, mania do pai;a esta amiga juntei minha lembrança na mesma medida.Meu pai era o reformador.Adorava uma obrinha fosse necessária ou apenas estética.Não passava um ano em que não houvesse uma quebradeira pela casa,rs. Minha mãe até se animava em princípio, mas logo que a poeira subia ela começava a reclamar e a desfilar pela casa de vassoura e esfregão atrás dos pedreiros que fugiam dela apavorados.

Nada como o tempo para nos fazer reviver momentos antes corriqueiros e agora tão significativos, tipo este no que me vejo cortando o bico da bisnaga quentinha e deixando nele derreter a manteiga, como fazia minha mãe ou saboreando a colher de arroz novinho e fumegante como minha avó adorava, ou ainda molhando pedacinhos de pão na beiradinha do prato de sopa de feijão, igualzinho a meu pai.Tudo tão familiar, tão simples e tão particular, tudo isso que me traduz equivalente e também diferente, sou eu, são eles, somos nós: como nossos pais.


***


" A família é o primeiro toque que recebemos no coração.Ele será definitivo. Acompanhará o nosso desenvolvimento humano.Será uma marca indelével."

( Pe. Fábio de Melo)



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*Imagem: pinterest/gorgeous



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Pela rua escorre a poesia








Ecos resvalam
murmúrios nas pedras rueiras
do piso em ladeira.





Subindo e descendo
o chão encravado
nos limos do tempo.





Quem ouviu, contou
a suspensa poeira
que o salto levantou.




 Em chão de pedras ressoam mínimos e haikais.

"Na rua 
sem resistir
me chamam,
 torno a existir."

( Paulo Leminski)



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Imagens: tumblr (ml40 - ivx )




domingo, 9 de novembro de 2014

Velhos Caminhos





( Petra/ Jordânia)



Acabei de desviar os olhos dum texto sobre o imaginário dos contos de fadas e a sutil formatação que induz no inconsciente das meninas.Não de hoje, já havia atentado pro fato lidando com as expectativas das meninas e das jovens alunas no quesito: desejos de vida. Batalhei resoluta pra desmistificar as imagens incutidas de príncipes encantados, perfeitos, românticos, corajosos e protetores...blá, blá, blá, tomando os devidos cuidados pra não rasgar-lhes completamente o véu da fantasia, afinal um pouco de sonho é necessário, bem o sabemos; o que não convém é que nos deixemos viver num mundo paralelo de extrema magia que um belo dia irá nos expulsar sem dó, puxando nosso tapete e nos mostrando as asperezas do chão.Argh!

Tomando as devidas cautelas, faz um bem danado viajar por mundos mágicos, tirar férias do cotidiano e explorar alamedas ajardinadas, atravessar pontes rebuscadas, subir enormes escadarias e debruçar-se na janela duma alta torre.No meu concedido período de menina-princesa, sonhei com tudo isso, mas, minha preferência eram as longínquas terras das "mil e uma noites", voar num poderoso tapete mágico que me levasse aos confins distantes da Terra, por entre palácios de domos dourados, desertos extensos, oásis exuberantes, este era o primeiro tópico dos meus mais mágicos sonhos.Não perdia nenhum dos filmes do tema, alguns até sabia de cor e mesmo assim revia e revia.Meu livro dos mais belos contos das mil e uma noites não saía de cima da mesinha de cabeceira e foi nele, num de seus contos, que tomei conhecimento do famoso caminho da Rota da Seda.

Tal informação tomou minha imaginação sobre o que ali acontecia: as caravanas, os camelos carregados de especiarias, tecidos de pura e diáfana seda, pérolas, tapetes, porcelanas,manuscritos, códices raros...tudo muito fantástico e misterioso. Ao perguntar a uma professora se havia mesmo um caminho assim que ia da Ásia para a Europa, ela confirmou a informação e me mandou ler Marco Pólo.Aí, já viu né, minhas viagens literárias ganharam mundos inimagináveis pra mim, até então.

Agora, descubro que a China quer reativar os antigos caminhos desta Rota milenar, reavivando este corredor arenoso entre os continentes.Claro que, os novos interesses não diferem dos antigos, o comércio, as possibilidades de expansão das exportações, mas que a decisão traz uma certa nostalgia histórica, ah, isso traz; a qual também encontramos por aqui, em terras brasilis, com a reativação da Estrada Real, o caminho velho que percorre cidades e espaços cheios de história e belezas imortais.

Como seria esplêndido se as boas e mágicas histórias prevalecessem intactas e vívidas nos corações e mentes dos homens de todas as épocas.



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Imagem:tumblr-travelingmy




quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Livros por todo lado - 9ª edição do BookCrossing Blogueiro







"Sonhar não custa nada, o meu sonho é tão real, mergulhei nessa magia era tudo o que eu queria[...]";
e quero por todos os dias, por todos os tempos, fazer do mundo uma biblioteca.Quando li esta proposta, abracei-a e dela fiz bandeira sempre agitada aos ventos, acenando pra todo lado, despertando interesses e oferecendo a boa companhia da leitura.


* A ficção exercita nossa imaginação. Nós somos moldados a pensar que o que está a nossa volta é estático, que a nossa sociedade é fechada e não incita mudanças. Mas a verdade é que ao longo de toda a história, as pessoas que mudam o mundo, fazem isso ao imaginar como as coisas podem ser diferentes. Tudo o que está a nossa volta: a cadeira em que estamos sentados, o programa de televisão que assistimos, e até o sistema de transporte de uma cidade foi um dia imaginado por alguém. A leitura faz com que a nossa imaginação vá a lugares nunca antes visitados, e nos ajuda a projetar uma nova e melhor forma de viver.
( Neil Gaiman/ escritor britânico)


O frenesi viral disparado pelo BookCrossing Blogueiro nos agrega numa espiral crescente a expandir nossa motivação, embasar nossas proposições e tornar possibilidades em concretas realidades.Muitos(as) de nós já praticam a libertação de seus livros independente da data prevista na campanha,fazendo desta prática um verdadeiro hábito.Nesse ano libertei dois livros além do ofertado na 8ª edição do Bookcrossing e acho que fiz pouco, posso melhorar, e vou.

Ontem libertei o meu exemplar de: O lado bom da vida, Mathew Quick, no ônibus de meu trajeto. A história inspirou o filme que tem sido apreciado em seu estilo meio romântico- meio dramático.




Não reparem a precariedade da foto.Foi difícil acertar o foco com o balanço do ônibus e como podem ver, eu não acertei, mas consegui registrar o momento e mostrar aqui que, lá foi ele trazer boas horas a outros(as) leitores.
Mas, o post não acaba aqui não, tem mais desta semana animada.Num dos grupos que participo, ficou combinadíssimo que faremos uma reedição do bookcrossing em nosso amigo oculto deste ano.O sorteio será semana que vem.Depois conto tudo com detalhes, tá? Agora é preparar o bookcrossing kids e azeitar o movimento que não pode e não vai mais parar.



A maestrina da campanha, a Luma (Link), do Luz de Luma, explica todos os detalhes com clareza.Dê uma passadinha por lá para saber tudo direitinho.





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Trecho da música: Sonhar não custa nada, de Paulinho Mocidade
* __ trecho do artigo de Neil Gaiman, publicado no The Guardian - " Por que o nosso futuro depende de bibliotecas, da leitura e da imaginação."




segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Futuro desenhado








Compasso risca a,
  pausa do passo conjunto
 ao encontro do mar,
as mãos seguras se dão
certezas do caminhar.

Ângulo desenhado,
rumo quieto,passo certo,
mais que perto, lado a lado,
nas veredas conhecidas,
do chão imaginado.
(Eu)


*** 


Colhe o dia, porque és ele


Uns, com os olhos postos no passado
Vêem o que não vêem:outros fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
o que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto
__ a segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
é quem somos e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
 Em que vivemos, morremos. Colhe
O dia, porque és ele.
( Ricardo Reis)





Emolduro meu futuro nos desenhos dos netos.


Uma palavra dada, uma só frase formada!
Brincadeira circulada pela Chica.




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