quinta-feira, 28 de maio de 2015

O Tempo e o Lenço




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Mês passado o filho mais novo me pôs doida a procurar seu primeiro passaporte que foi tirado aos nove anos de idade, vejam vocês.Desfolhei pastas de documentos, carteiras antigas, gavetas e caixas, até que o encontrei bonitinho dentro duma necessaire lá no fundinho da prateleira.Pronto, tarefa encomendada, tarefa feita.Só que não acabou por aí.O passaporte dele estava junto com outros da família, o meu inclusive, todos de 1989. Os pequenos e as pequenas tão lindinhos nas fotos.Ah saudade danada!Lá estávamos nós perfiladinhos pra foto oficial tão manjada e logo aí, nessa esquina do pensamento me dei conta de que vestia a camisa pólo verde com uma bandana laranja arrematada em nó na gola, a cor do uniforme do dia.É, uniforme sim, das professoras.

Por aquela época havíamos( nós,as professoras) decidido padronizar as vestimentas no trabalho e assim evitar o estrago nas roupas na lida com tintas, hidrocores e tais.Resolvemos estipular as camisas-pólo como uniforme, sendo uma cor para cada dia da semana.Se bem me lembro a sequência a partir da segunda-feira, era: vermelha, verde, azul, amarela e branca fechando o ciclo semanal.Como sempre gostei duns acessórios,rotineiramente complementei a indumentária com lencinhos em nózinhos charmosos, pequenos colares e coisas parecidas.Muito antes das bandanas chegarem na moda por aqui eu já usava meus lencinhos em detalhes nas roupas que permitiam esse enfeite.Era praxe, na verdade ainda o é pra mim.

Vi pela aí nas revistas de moda que o lenço é o novo colar.Jovens tolinhas,tcs,tcs... eu e muitas mulheres já assim os usávamos tempos atrás e também em atuais. Por essas e outras já resgatei-os da gaveta, dei-lhes uma boa lavada e lá ficam eles a secar no sol gostoso que tem feito por aqui.Agora o clima permite que eles voltem à cena e vou  usar e abusar dos lencinhos, écharpes e cachecóis, um charme que curto muito.Seja no pescoço, no colo, na cabeça, na cintura pra cima ou pra baixo, os lenços dão um toque especial no visual.

Fuxicando daqui e dali achei um artigo interessante no badulaki.wordpress.com, com curiosidades sobre a história desse versátil acessório.




__Dizem que a rainha Nefertiti foi a primeira mulher na história a usar um lenço na cabeça em 1350 a.C. O tipo de lenço que a misteriosa rainha do Egito usava era conhecido como “khat”.
– Na China, em 230 a.C no reinado do imperador Cheng os lenços eram utilizados para identificar funcionários do imperador e guerreiros.
– Na Roma antiga os lenços de linhos surgiram para proteger as pessoas do frio e sua evolução natural foi o cachecol.
– Lenços também eram usados para limpar o suor e estavam sempre ao alcance das mãos.
– Em 1261 d.C a dança do ventre, dançada no Egito, trazia o lenço como acessório para a dança e para o figurino da dançarina, que amarrava o lenço na cintura como uma saia.
– Portuguesas e espanholas demarcavam seus looks com lenços bordados na cabeça e caídos no ombro enquanto franceses usavam o lenço amarrado no pescoço.
– No século VXIII as portuguesas bordavam lenços para seus amados para serem usados como sinal de compromisso e nos anos 70 eles voltaram a ser usados como uma forma de comunicação, onde a cor escolhida e o bolso onde o lenço era usado sinalizavam os interesses das pessoas para se relacionar.
– O ciganos usavam e ainda usam lenços na cabeça e amarrados no corpo.
Dizem que a Rainha Vitória da Inglaterra e a princesa Elena Meshcherskaya da Rússia foram duas das responsáveis por ajudar a popularizar o lenço como acessório entre o ano de 1837 e 1843.


Digo eu, que de lá pra cá o lencinho e suas diversificações não deixaram mais o cenário dos acessórios mais requisitados pelas mulheres de todo mundo.Tem modelos pra todos os gostos e ocasiões é só escolher o seu e correr pro abraço.


( As Divas do cinema e seus lenços charmosos)




( E ei-la de volta por aqui, nossa Pequena Notável com seu brejeiro turbante)




E vc, como faz suas criações com os lencinhos?Conta aí!

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Imagens: badulaki.wordpress
blogsoufina.blogspot






domingo, 24 de maio de 2015

Retalhos duma memória desconhecida








Fui tomada por uma sensação desconhecida, ali, frente à televisão assistindo a um episódio duma série de documentários sobre a musicalidade brasileira belamente apresentados em sequência histórica de acordo com os muitos gêneros originários da música brasileira.Em particular, o episódio a que me refiro detalha o cenário da música brasileira no pós-guerra, idos de 1948 a 1955 tendo como foco a trajetória da Pequena Notável, Carmen Miranda.Apesar da filmografia não trazer muita nitidez nas cenas,ainda assim não compromete de todo a visibilidade dos acontecimentos.Rola o rolo e o tempo passa saltitante de fato em fato musicado por cada época e seus artistas/cantores nos palcos famosos da cidade.

A narrativa segue entremeando os cenários e configurando a vida nacional em muitos pontos de vista a pincelarem o desenho das épocas.Como sou declaradamente apaixonada por essas viagens ilustradas nos tempos, o programa me conduz sem esforço por aqueles dias buliçosos, pela cidade fervilhante de novidades, os passeios públicos, as avenidas movimentadas daquela que já demonstrava sua vocação metropolitana.Os modismos, costumes, roupas, burburinhos, notícias, preocupações por aqui e lá por fora também, tudo encenado num fundo musical alegre e faceiro pela nossa Carmen Miranda que tem sua trajetória artística e pessoal contada nesse recorte.

Eis que chega o período do final: morre a Pequena Notável em solo americano e seu corpo é transladado para o Rio de Janeiro.Corte de cena.Nova cena.O cortejo fúnebre seguindo pelo aterro do Flamengo, as pessoas acompanhando o carro dos bombeiros e o cinegrafista mostrando cada detalhe do acontecimento, inserindo o dia acontecido, um sábado de agosto ensolarado, afagado pela brisa marinha a farfalhar os ramos das árvores, os lenços saudosos, os semblantes tristes...Assim entretida vi com espanto o dia em que nasci, aquele 15 de agosto de 1955 transcorrer na telinha em preto e branco, mas tão colorido aos olhos meus; coisa inédita pra alguém de minha geração sem nenhuma parafernália cinematográfica existente.Pude unir os relatos familiares ao agora visual e fundir numa só cena aquela manhã que me trouxe à luz.Pronto, a primeira página de minhas memórias está iniciada.


Imagens da época

(Cassino da Urca)


(Carmen Miranda)





Imagens: royalrio.net
pilha.vrc-puc.com





sexta-feira, 22 de maio de 2015

BC- Eu Amo Blogs/ Amigos Virtuais








 Aos 40 minutos do segundo tempo, correndo pra alcançar a jogada certeira lançada pela Ana Paula em seu: doladodeforadocoração.blogspot, torço pra não esgotar o tempo regulamentar dessa blogagem coletiva, roda em ciranda a cantar as opiniões, os sentires, os amuos e prazeres do blogar.

Até um verbo foi criado em função dessa arte, sim, eu a vejo dessa forma: a arte de blogar, interagir, trocar essa enorme gama de fatos, atos, sentimentos, interesses, vida a rodar por aqui e acolá.E como tudo que vibra, tange as cordas do viver, faz verso em sintonia, dedilha cordas da canção compartilhada e ecoada pelas páginas de cada blog  atingindo em cheio muitos corações amigáveis, muitos olhares solidários, muitos risos partilhados e até algumas tristezas fazem parte desse universo virtual que nem esperava ser um dia tão real.Rimos e choramos através das palavras ditas/escritas e em solidário sentir nos unimos nesse espaço, trocamos receitas, conselhos, dicas, conversas soltas curtas e compridas, fotos, imagens divididas.

Sei que há mais desse mundo espalhado ao infinito, porém o meu pedacinho partilhado, nesse cantinho particular da blogosfera é rico de carinhos e sorrisos, encontros sempre alvissareiros, muitas trocas maravilhosas, papos inesquecíveis, comentários preciosos que dariam margem a um outro blog só pra eles, tantos dias cheios de cor e alegrias repetidas que me acrescentam vida ao caminhar.

Amo blogar!

Obrigada a todos vcs, amigos(as) e leitores(as) por todos esses anos de convívio!







terça-feira, 19 de maio de 2015

Ponte de muitas travessias









Percebo-me Ponte.Solícita,segura,possível. Facilito o encontro do presente com os muitos passados.Brilho ao sol de cada amanhecer destacada na paisagem dos caminhos. Vou aonde outros passos já pisaram e deleito-me nesta vivência. Percorro lugares mágicos, passagens estreitas, espaços naturais e construídos, com a mesma curiosidade dos primeiros.
Sou caminhante, andarilha,viajante,bandeirante...Sou PONTE!




Foi em maio de 2010 que fiz essa declaração e postei-a aqui nesse meu pedacinho da web, estreando bem de mansinho o Fractais, que acabou de completar cinco anos de vida;essa mesma que celebro cheia de alegria renovada a cada troca, cada carinho recebido, por todas as amizades cultivadas durante todos esses anos.

Obrigada a todos(as) vcs que me dão o privilégio de suas visitas e comentários.








sábado, 16 de maio de 2015

Com a cabeça nas nuvens/ Brincando com a Chica





Não há quem não sinta-se tocado por belos instantes da natureza.Eu sou altamente influenciada pelas cores dos dias.Um amanhecer resplandecente, um azul infinto, um céu novelado de algodões brancos, um mar sereno ou encrespado, o verde em seus tons, cores das flores, detalhes e adornos, tudo me fala, me cala fundo n'alma.
Fechando essa semana tão movimentada por sustos e  também por satisfações expressas, junto-me à brincadeira da querida Chica, na proposta em seu blog :chicabrincadepoesia; "Botando a cabeça pra funcionar", onde nos convida a devanear pelos detalhes encantadores da imagem abaixo.Olhar, respirar e inspirar-se!






Amplitude azulada que em matizes clareia o dia,
descortina em meu olhar
a grandeza do natural acontecer.
Vida abrangente do ser.


A inspiração na natureza remonta milênios, seja ela por sentimentos ou por exemplos de funcionalidade e capacidades.Para não fugir a regra, os humanos observaram, e repetiram muitos fenômenos naturais, dentre eles, as cores.Na busca por reproduzir as maravilhas da natureza muitas tentativas e falhas foram cometidas, mas sucessos também tiveram( têm) lugar na história da humanidade.Um desses episódios diz respeito à descoberta da cor azul( sua reprodução artificial).

Um pequeno resumo feito no site: brasilescola, por Rainer Sousa ( graduado em História) dá pinceladas desta aventura.Vale a pena acompanhar.


A Origem do Azul

As cores são um elemento cotidiano, capaz de revelar muitos aspectos de uma mesma cultura. Frequentemente, vemos que uma pigmentação é associada a um certo estado de espírito. Nas línguas anglo-saxônicas, “estar azul” significa entregar-se à tristeza. Para nós brasileiros, em contrapartida, o azul é utilizado para toda situação em que fatos acontecem conforme o esperado. Em várias outras culturas, a cor da roupa pode ser um instrumento capaz de repassar um amplo número de informações.

Quando falamos aqui da “origem do azul”, não temos condições de falar sobre a exata data em que essa cor foi inventada. Na verdade, os diferentes povos espalhados pelo mundo empregavam técnicas, plantas, óleos e outras substâncias para a obtenção deste mesmo tom. Há cinco mil anos, os egípcios usavam uma pedra semipreciosa (lápis lazuli) para fabricar tal coloração. Em contrapartida, os romanos, não acostumados com a cor, faziam questão de associá-la aos olhos claros dos bárbaros.No período medieval, o vermelho, o preto e o branco eram ostensivamente utilizados para a construção de iluminuras e outros tipos de telas. O uso do vermelho nas roupas indicava a condição de nobreza de um indivíduo. Os camponeses e pessoas com menos condições financeiras faziam o uso de tecidos azuis. Para se obter a cor, era promovida a extração de um pigmento chamado “ísatis” ou “pastel-de-tintureiro”.Nessa época, os artesãos deixavam a planta fermentando com a urina humana. Algum tempo depois, alguns observaram que a adição de álcool poderia acelerar a reação. Com isso, vários artesãos se embebedavam com a desculpa de que tinham de tingir um tecido de azul. Ao longo do tempo, essa prática fez com que os alemães associassem a embriaguez com a expressão “ficar azul”.

No contexto das grandes navegações, os europeus conheceram o pigmento índigo indiano, obtido com o uso de uma planta oriental. Antes disso, os europeus tinham grandes dificuldades para produzir tintas azuis, já que a escassez de pedras de lápis lazuli era tremenda. Visando à proteção de seus interesses comerciais, muitos mercadores dessa época instituíram a proibição da comercialização de tecidos azuis que não fossem fabricados a partir da ísatis.

No século XVIII, uma experiência com a oxidação de ferro acabou oferecendo acidentalmente o pigmento azul-da-prússia. Do ponto de vista econômico, a descoberta veio a baratear os processos de tingimento e a própria fabricação das tintas empregadas na fabricação de quadros e telas. Vivendo já o contexto da Revolução Industrial, vemos que o desenvolvimento da química proporcionou a fabricação de vários tons e cores manipulados artificialmente. Incluindo o azul!







segunda-feira, 11 de maio de 2015

A Magia da Arte







Aqui parada, vassoura na mão, avaliando quantas são as manchas vermelhas e azuis pelo quintal.Há umas pequenas pintas, outras maiores que quase desenham um mosaico, resquícios do dia de pintura ao ar livre. Dois cavaletes, dois estojos de tintas e pincéis fizeram a alegria da meninada por aqui.Todo mundo se dedicou a sua obra de arte.Compenetrados, olhar determinado os dois pequenos artistas, neto e neta, davam pinceladas vigorosas na tela resistente aos arroubos dos pequenos.Nós, os grandes, com a desculpa de querermos ajudar íamos dando pitacos, sugestões de cores, de modelos;" faz um passarinho, uma árvore, o céu..." mas, os dois irredutíveis abstraíam qualquer som e tingiam as telas de azuis e vermelhos,hora fortes, hora suaves, revelando, creio eu, suas imagens inconscientes.Nisso, as manchas de tinta respingavam pra todo lado, neles, no chão e em quem mais ousasse se aproximar.Era momento de criação, respeitem, pareciam comunicar.Sentamo-nos a uma distância segura e ficamos apreciando nossos dois projetos de artistas surrealistas dando expansão a seus dotes.Agora, é pegar o removedor e tratar de limpar os resquícios do dia!


Atualmente, há tantas formas novas e lindas de expressões artísticas a causar assombros e maravilhas, descortinando mundos antes impensáveis, abrindo espaços e possibilidades surpreendentes.Considero toda forma de arte um portal mágico.


Num texto da revista, Obvious, a colunista Bianca Ferreira, faz um convite simpático, em meio ao tema sobre Salvador Dalí.Destaquei apenas o referido:


Seja mais. Sinta mais. Respire. Somos humanos cheios de cores, cheios de dores, cheios de amores. Vamos nos entregar aos desejos e aos sonhos. Vamos aceitar nossos defeitos, vamos aceitar-nos uns aos outros. Vamos dar uma trégua à nossa imperfeição e deixá-la fazer parte de nós. Vamos viver!



Nesse imenso universo, há também as poesias visuais que agregam essas duas intensas manifestações artísticas.Até prova em contrário, O Ovo, do grego Simias de Rodes, seria o primeiro poema visual conhecido três séculos antes de Cristo.


A imagem abaixo é só um exemplo das infinitas expressões desta forma de arte.



(caligrama3.com)




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sábado, 9 de maio de 2015

Dia das mães








Corações maternos a mil, nessa semana festiva, descontando os apelos consumistas, o imaginário coletivo se agiganta com a data do Dia das Mães.Motivo de celebrações, de saudades, de gratidão estendida, de reconhecimento, de dedicação e carinhos pras mães, as de fato e as de direito.Mães naturais e escolhidas.Mães-avós, mães -tias, mães-irmãs, figuras centrais no eixo da vida.
 Muitas demonstrações se alternam por ocasião da data, mas há casos de filhos que somente nessa data assim procedem considerando a festividade como compromisso social, verdadeira lástima pras suas mães e pra quem presencia tais posturas.
Todas nós sentimos intuitivamente que cada filho é um dom especial que acalentamos em eterna amorosidade e sejam grandes ou pequenos, as emoções são presentes e permanentes.Sendo avó de pequenas e queridas pessoinhas, tenho vivenciado momentos únicos ao lado da filha e das noras nas datas comemorativas.É tão intensa a emoção que nos toma ao assistirmos aqueles pingos de gente amada cantando homenagens ensaiadas na escolinha pra apresentação nessas datas, que haja lencinhos de papel pra atender a todas as choronas derretidas.Duas gerações emocionadas ante cenas conhecidas e, sempre novas: filhos homenageando suas mães!
Haja coração!

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Pras amigas e leitoras deixo o meu abraço festivo pela data deste 10 de Maio, desejando-lhes que as alegrias se multipliquem por todos os dias do ano.


FELIZ DIA DAS MÃES!





terça-feira, 5 de maio de 2015

Vida eterna para estórias maravilhosas





( Maxfield Parrisch- A Bela Adormecida)



O cinema e a televisão redescobriram a roda reinventando o farto manancial dos contos de fadas. Digo reinventando, mas esta não é a expressão mais adequada, pois muitos dos contos que nos chegaram em criança e nos acompanham no imaginário adulto, não correspondem aos verdadeiros escritos captados pelos folcloristas europeus, como Andersen e os irmãos Grimm, que hoje são até protagonistas de séries americanas. A fonte parece inesgotável.Quem, deste lado do mundo não teve sua infância povoada por princesas, príncipes, dragões e feiticeiras? Uma população que nunca se afastou realmente da nossa percepção de mundo, só trocou a roupagem, alguns adereços e foi rebatizada de acordo com os arquétipos modernos.
Assisti Malévola e gostei do enfoque dado, salvo exageros.Vou pra Bela Adormecida com expectativas de novidades.Veremos!Considero a criação da animação Shrek um marco importante na trajetória das releituras dos contos de fadas.Rompeu paradigmas inovando olhares.Enquanto na ativa, o filme era cativo da minha lista para o ano letivo e sempre fonte de grandes debates.Não importa o número de anos que tenhamos, de alguma maneira os contos de fadas permanecem presentes, seja no imaginário ou na distração pela telinha/telona, ou ainda na revisitação proporcionada pelas novas gerações, como no meu caso, contando e recontando os preferidos dos netinhos(as); incansáveis na repetição dos escolhidos.Tenho, por vezes até sonhado com casas de madeira e lobos na floresta...

Ilustrando mais segue abaixo trecho dum texto da Dra Nise da Silveira sobre o tema, clareando-o com maior eficiência e fundamento.


Os contos de fada, do mesmo modo que os sonhos, são representações de acontecimentos psíquicos. Mas, enquanto os sonhos apresentam-se sobrecarregados de fatores de natureza pessoal, os contos de fada encenam os dramas da alma com materiais pertencentes em comum a todos os homens. Eles nos revelam esses dramas na sua rude ossatura, despojados dos múltiplos acessórios individuais que entram na composição dos sonhos.
Os contos de fada têm origem nas camadas profundas do inconsciente, comuns à psique de todos os humanos. Pertencem ao mundo arquetípico. Por isto seus temas reaparecem de maneira tão evidente e pura nos contos de países os mais distantes, em épocas as mais diferentes, com um mínimo de variações. Este é o motivo porque os contos de fada interessam à psicologia analítica.
Pesquisadores modernos decifraram contos, velhos de 4.000 anos, gravados pelos babilônios, hititas, cananeus, e mesmo alguns afirmam haver encontrado vestígios de certos temas, ainda hoje preservados em estórias, que remontam a 25.000 anos antes de Cristo.
Os homens sempre gostaram de estórias maravilhosas. Não só as crianças, mas também os adultos. É salutar ouvir a narração de contos de fada e ler velhos mitos. “Mitos e contos de fada, diz Jung, dão expressão a processos inconscientes e sua narração provoca a revitalização desses processos, reestabelecendo assim a conexão entre consciente e inconsciente”.
Não se trata de acreditar nos feitos heróicos e nos encantamentos que as estórias descrevem. Essas coisas não são verdades objetivas mas, sim, são verdades subjetivas narradas na linguagem dos símbolos. Estórias e mitos não passarão através do crivo das exigências racionais, evidentemente. Contudo isso não impede que atinjam outras faixas para além do consciente. Obscuramente o homem pressentirá que ali se espelham acontecimentos em desdobramento no seu próprio e mais profundo íntimo. São essas ressonâncias que fazem o eterno fascínio dos contos de fada.



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Fonte: grupo papeando.wordexpress