(*)
Quando o engenho humano criou um objeto capaz de, a um simples giro, abrir ou fechar passagens, alçou mais um degrau do progresso criativo da humanidade. Registros constam que chaves e respectivas fechaduras datam do antigo Egito há mais de 4000 anos, sem provocar nenhum alarde exposto no cinema ou na televisão(rs).
Nas asas da velha oralidade correu de Menphis à Tebas a notícia da engenhoca que dava segurança às casas e seus moradores. Daí, para adentrar nos palácios com seus tesouros inigualáveis, foi um pulo inovador e histórico.
Correram os séculos e a chave foi sendo aprimorada, adornada, elaborada para uma eficiência cada vez maior em seu uso, contudo, em vias paralelas acontecia surpreendente atribuição ao objeto, que creio eu, não tinha afigurado nos propósitos do inventor: como adjetivo das emoções.
Abriu-se um campo farto nominativo para os escritores, poetas, românticos de todas as épocas a utilizarem uma chave figurativa em suas intenções. A chave abria versos para destrancar corações fechados. Abria portais de mundos mágicos. Abria tramas detetivescas. Abria sonhos, histórias, canções, segredos bem guardados.
Uma porta que contivesse uma fechadura art-noveau era tida como obra de arte podendo até figurar em exposição, o que seria de agrado de alguns apreciadores; noto, atualmente, serem poucos os que percebem a importância deste invento, até o dia em que esquecem a chave de casa no escritório ou a chave do carro dentro dele, neste caso só o chaveiro salva a situação.
A chave é tão milenar quantos as pirâmides e, como elas, continua a causar assombros em todas as idades, sim, pois, desde os primeiros conhecimentos na língua e na linguagem é preciso que cada aprendente descubra a " chave da leitura" para abrir as associações na formação das palavras e adentrar no mundo da leitura e da escrita com propriedade.
Como utensílio ou como aporte artístico, antiga ou moderna, a chave atravessa os primórdios da nossa história avançando os séculos reinventada, mas, essencialmente preservada na originalidade para a qual foi atribuída: abrir e fechar passagens.
(*)- pinterest/devianart