" As memórias e as emoções andam juntas.Emoções intensas fazem lembrar melhor."
( Ivan Izquierdo)
Desconfio que sou uma guardadora de memórias, a exemplo de Pessoa e seus rebanhos.Continuo indo meio à margem de algumas mídias, meio lá, meio cá. Por vezes banhando os pés na marola rasa, por outras pisando na relva familiar. Uso prudência como escudo para receios ao novíssimo, ao espetaculoso e, não tangencio certos costumes.Aprecio, pratico e pronto.
Já tenho um respeitável acervo de fotos dos netos e netas reveladas e devidamente organizada em álbuns tradicionalíssimos, dos quais tenho até ciúme. Bem avarenta, eu. Mas, tenho salvo-conduto, pois se pudessem ver a cara de satisfação cobiçosa do povo grande da família ante as fotos que tenho, me dariam razão pra tal avareza.É um tal de "ohs" suspirados, " veja esta foto linda", "esta eu não conhecia", que meu alerta amarelo pisca enlouquecido e me faz repetir como vitrola pra vinil:
__ São lindas, mas são minhas. Se quiserem cópia, façam a lista que apronto pra vcs.
Se souberem aproveitar minha generosidade limitada(rs), muito bem, pois é só o que conseguirão neste departamento.Meus álbuns são meu museu particular, guardam e contam nossas histórias de momentos únicos e felizes.Isso, pra mim é motivo mais que suficiente pra cuidar e resguardar essas memórias queridas.
Velha chácara
A casa era por aqui…
Onde? Procuro-a e não acho.
Ouço uma voz que esqueci:
É a voz deste mesmo riacho.
Ah quanto tempo passou!
(Foram mais de cinqüenta anos.)
Tantos que a morte levou!
(E a vida… nos desenganos…)
A usura fez tábua rasa
Da velha chácara triste:
Não existe mais a casa…
- Mas o menino ainda existe.
Manuel Bandeira