( Petra/ Jordânia)
Acabei de desviar os olhos dum texto sobre o imaginário dos contos de fadas e a sutil formatação que induz no inconsciente das meninas.Não de hoje, já havia atentado pro fato lidando com as expectativas das meninas e das jovens alunas no quesito: desejos de vida. Batalhei resoluta pra desmistificar as imagens incutidas de príncipes encantados, perfeitos, românticos, corajosos e protetores...blá, blá, blá, tomando os devidos cuidados pra não rasgar-lhes completamente o véu da fantasia, afinal um pouco de sonho é necessário, bem o sabemos; o que não convém é que nos deixemos viver num mundo paralelo de extrema magia que um belo dia irá nos expulsar sem dó, puxando nosso tapete e nos mostrando as asperezas do chão.Argh!
Tomando as devidas cautelas, faz um bem danado viajar por mundos mágicos, tirar férias do cotidiano e explorar alamedas ajardinadas, atravessar pontes rebuscadas, subir enormes escadarias e debruçar-se na janela duma alta torre.No meu concedido período de menina-princesa, sonhei com tudo isso, mas, minha preferência eram as longínquas terras das "mil e uma noites", voar num poderoso tapete mágico que me levasse aos confins distantes da Terra, por entre palácios de domos dourados, desertos extensos, oásis exuberantes, este era o primeiro tópico dos meus mais mágicos sonhos.Não perdia nenhum dos filmes do tema, alguns até sabia de cor e mesmo assim revia e revia.Meu livro dos mais belos contos das mil e uma noites não saía de cima da mesinha de cabeceira e foi nele, num de seus contos, que tomei conhecimento do famoso caminho da Rota da Seda.
Tal informação tomou minha imaginação sobre o que ali acontecia: as caravanas, os camelos carregados de especiarias, tecidos de pura e diáfana seda, pérolas, tapetes, porcelanas,manuscritos, códices raros...tudo muito fantástico e misterioso. Ao perguntar a uma professora se havia mesmo um caminho assim que ia da Ásia para a Europa, ela confirmou a informação e me mandou ler Marco Pólo.Aí, já viu né, minhas viagens literárias ganharam mundos inimagináveis pra mim, até então.
Agora, descubro que a China quer reativar os antigos caminhos desta Rota milenar, reavivando este corredor arenoso entre os continentes.Claro que, os novos interesses não diferem dos antigos, o comércio, as possibilidades de expansão das exportações, mas que a decisão traz uma certa nostalgia histórica, ah, isso traz; a qual também encontramos por aqui, em terras brasilis, com a reativação da Estrada Real, o caminho velho que percorre cidades e espaços cheios de história e belezas imortais.
Como seria esplêndido se as boas e mágicas histórias prevalecessem intactas e vívidas nos corações e mentes dos homens de todas as épocas.
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Imagem:tumblr-travelingmy