quinta-feira, 3 de julho de 2014

E por falar em ...







Saber a dosagem adequada em cada situação educacional, seja ela em família ou na escola sempre trará uma pitada de dúvida, já que em ambos os casos não podemos contar com as mágicas medidas-padrão dosadoras justinhas para as porções a serem usadas, nos resta então lançarmos mão dos conhecimentos testados, das opiniões embasadas e do nosso sabido e necessário bom-senso para nos guiar nessas trilhas.

E enquanto vamos nós, adultos usando lentes para ajudar o olhar tendo com isso certo conforto nas decisões sobre qual a melhor atitude para mediar a educação/postura/instrução dos nossos pequenos,um "mas" (como sempre há um)  aparece alertando que é preciso estar atento às nossas expectativas com relação a eles, os pequenos.Não é raro vermos o quanto os pais colocam seus sonhos sobre os ombros dos filhos sem ao menos perceberem que é um peso extremado para pessoas tão pequenas e que não são uma extensão de suas vidas e sim outras vidas exclusivas, interdependentes ainda, porém, distintas e merecedoras desta característica.

Com as exigências do mundo moderno, muitos paradigmas foram quebrados e com isso passaram-se anos em ajustes da melhor dosagem do tempo para a família e para as atividades extra-classe das crianças, embora as engrenagens ainda necessitem azeitamentos sutis e personalizados, os arranhões nos ponteiros do bom-senso acontecem aqui e ali provocando conflitos e dúvidas: com quantos anos a criança deve começar o letramento(?), quando poderá ser apresentada a outra língua (?), quando poderá iniciar atividades esportivas mais intensas(?), quando poderá iniciar o aprendizado dum instrumento musical(?)... Agora, pergunto eu: quando sobrará tempo para que ela seja a criança que é?

Há uma passagem bem a propósito no filme " Presente de Grego", quando a Diane Keaton se vê mãe da noite pro dia e toda atrapalhada estréia seu primeiro passeio na pracinha e é assediada pelas outras mães locais que a interrogam sobre o nível de escolaridade da bebê, em qual creche ela está matriculada, qual língua ela já balbucia, qual atividade física pratica e outras bizarrices do gênero.Claro que a cena desperta risadas nossas, porém, na verdade retrata uma realidade cada vez mais frequente nos últimos 40 anos: a incompreensível competição a que os pais submetem os filhos desde pequenos.Criança tem o direito de ser criança!

Foi nessa roda de boas conversas que no domingo passado eu e minha nora trocávamos figurinhas e também a leitura de um texto bárbaro sobre o assunto, onde é levantada a questão sobre o que deve saber( aprender) uma criança de quatro anos; leitura imprescindível ( Aqui) .Vale super a pena!

Toda contribuição em prol da vida bem vivida das crianças e jovens sempre foi necessidade primeira nas sociedades estabelecidas e, ainda mais nos dias de hoje ao vermos tantas tragédias infligidas às crianças em zonas de conflitos hediondos( Síria, Iraque, Nigéria...), vítimas inocentes duma realidade infame que as arrasta para a morte múltipla dos sonhos e da existência.




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Referência: justrealmons.com
imagem: guiainfantil.com

12 comentários:

  1. Que legal ver essa abordagem aqui,Calu! Vemos cada coisa, cada preocupação e não me digam que é apenas pensando no bem estar da criança;

    Tantas vezes tenho visto que é para não fiicar "atrás" das outras mães. Assim, pagam o mais caro curso de inglês(nem sempre o melhor),natação, judô, capoeira e tantas coisinhas mais.

    Afinal o fulaninho, filho da Maricota também faz e o filhinho não pode perder nada.

    Assim, fico olhando de longe e pensando como tu: Mas essas crianças não brincam? Não podem ser crianças?

    Se numa festa infantil( outra coisa que virou um cerimonial, vejo por vezes as crianças mudando de roupa na hora do bolo, na hora de despedir-se, etc...mas sujar-se; lambuzar as bochechas com os docinhos, deixar cair o suco na roupa??? Isso é um verdadeiro caos e faz mães abandonarem a festa!


    Para tudo há que ter o bom senso, o equilíbrio. Não ser Maria vai com as outras. ver o que nossas crianças querem e dentro disso, partir à luta! beijos,falei demais,rs chica

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  2. Amei o texto Calu! Reflete o que penso. Os pais querem inserir seus filhos num sistema, querem que se destaquem a todo custo e que realizem o que os próprios pais não realizaram. É peso demais para os ombros dos pequenos!
    O maior aprendizado da vida é saber amar a si próprio e aos outros.
    O que mais vejo no consultório são pessoas bem sucedidas, com mil e um talentos e habilidades, mas que não sabem amar e nem viver…estão constantemente sentindo um vazio que nada preenche.
    As crianças precisam de tempo de ócio, para sonhar acordadas, devanear, imaginar, esse alimento precioso da alma que não tem preço.
    Bjs e bom final de semana

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  3. oi Calu

    Nos tempos de hj é tão complicado viver e criar filhos.

    bjokas =)

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  4. Ah Calu, fui ler o texto que indicou e é adorável, tão simples o que uma criança verdadeiramente precisa! Adorei!
    Se post complementou muito bem o que escreveu anteriormente, pois há que se observar se não estamos dando tanta parafernália eletrônica aos filhos e oferecendo quase nada em tempo e atenção. Na primeira infância, o que os filhos mais precisam é da nossa presença para dar-lhes confiança, segurança e noites tranquilas.
    um abraço grande carioca.


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  5. Poder pintar o céu de laranja... é essa liberdade que nossas crianças precisam!
    Bj

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  6. Oi Calu
    Você aborda uma realidade bem presente na vida dos nossos pequenos . Como é importante ser criança e o quanto esta fase da vida é significativa para a saúde mental do adulto. Coincidentemente, eu trago no meu post um lado amargo das consequências desta etapa. bjs.

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  7. Calu,como professora sempre acalmei os pais já na primeira reunião,dizendo que não pretendia alfabetizar porque esse processo acontece por toda vida. Depende do interesse e maturidade de cada criança e eu não iria forçar uma situação nunca.Talvez por ser assim espontaneo sempre tive bons indices finais de crianças lendo ao final do ano na pré escola,mas sempre acredito que a brincadeira é o mais importante. E assim criei minha filha tb e ela fala ingles fluente, sabe nadar e é uma leitora voraz sem eu nunca ter forçado.Amei o seu texto e tb o que indicou: é isso aí! bjs,

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  8. Oi, Calu, como vai?
    Ler seu texto me fez pensar o quanto temos há algum tempo discutido sobre idades, aprendizados, competências a serem desenvolvidas nas crianças, sem atentar para o tempo que tem para serem crianças, o tempo que tem para se sentirem amadas (sem superproteção) pelos pais, o tempo para conviver e aprender a respeitar limites.
    Conhecimento é importante, mas o desenvolvimento saudável do ser humano depende de várias vertentes bem desenvolvidas. Um abraço!

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  9. Os pais deveriam se preocupar mais em dar uma boa educação no convívio com outros, em impor limites de poder, de dever, de obrigação, de respeito, enfim, atitudes básicas que estão em desuso. Lamentável jogar nas costas da criança esperando que ela salve sua infeliz vida... Um dia ela descobrirá que não precisava nada disso e sentirá falta do colo de mãe, de avó, de tia... de correr descalço, de se sujar, de se lambuzar com pirulito, de machucar o joelho, de arrancar o tampão do dedão jogando bola com os amigos... tão esquecidos hoje em dia...
    Mais um excelente texto, Calu!
    Beijos!

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  10. Calu que texto consciente, adorei, criança tem que ser criança e só e nós respeitarmos as suas escolhas, não podá-las, pais devem amparar não tirar-lhes a liberdade, bjos

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  11. Muitos pais perderam a noção do que é ser criança como se eles nunca foram!!!
    Sou professora e vejo isso!!!
    Hoje estava lendo algo relacionado a este assunto "como as crianças da Holanda são felizes" e achei a leitura super interessante!!!
    Bjsssssss
    Allê Monteiro

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  12. Oi Calu! Como está?
    Seu texto é brilhante e reflexivo e deveria ser de ciência de todos os pais. Sou professor de Filosofia no Ensino Médio e percebo que os jovens de hoje pouco se dão em acumular conhecimento e isto é o reflexo de uma sociedade que não tem muitas expectativas para seus filhos, que pouco ou nada se preocupa com o destino dessa juventude. Lamentável. Sabemos também que não há manual de instrução para os pais, mas eles deveriam ter um mínimo de conhecimento e bom-senso para lidar com suas crianças, conter e fortalecer seus limites (respeito a si e aos outros) e possibilitar-lhes situações de aprendizagem para a vida adulta e independente (brincadeiras construtivas e instrutivas, acesso ao saber acumulado pela humanidade, participação em construções coletivas - música, dança e artes no geral - e outros). Mas, nossa sociedade, conformada e alienada em vários sentidos, apenas transmite apreensão, estresse, imbecilidade, violência e mais alienação.
    Sabemos que há muitas ilhas: famílias maravilhosas, que cuidam e educam seus filhos com louvor, que geram expectativas e contribuem para que eles busquem sabedoria para tomar suas decisões de forma consciente.
    Um abraço!

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!