Passei o último ano em vigília muda pela casa em frente.Explico: uma bela casa em frente à minha foi vendida para dar lugar a um prédio.Se pensamento bloqueante tem força, confesso que gastei o meu estoque desejando um milagre, um retrocesso na venda, um sei lá o quê que desfizesse o feito e a casa da frente retomasse seus dias de glória na rua.
O muro alto não impedia que a imaginação corresse solta adivinhando o cuidadoso jardim que se deixava exibir extra-muros.Tinhorões, coqueiros,azaléias, jasmineiros conviviam em plena harmonia pelas escarpas da entrada e emolduravam um varandão sobranceiro a oferecer-se para o deleite de quem por lá estivesse.Seus cômodos estendiam-se para todos os lados e para o alto dando a impressão duma hacienda moldada por duplos estilos arquitetônicos.Tinha presença demarcada na rua.Ponto de referência no mapa do bairro até certa manhã; quando acordei com barulho dos motores possantes de caminhões e duma escavadeira.Cheguei ao meu jardim a tempo de sentir o golpe da primeira marretada em sua bela estrutura, ferida aberta que, na sequência dos dias, alastra-se como gangrena contaminadora de seu corpo,de suas raízes/alicerces.
Do tinhorão nada resta.Os coqueiros ainda estão de pé, mas creio que será por pouco tempo.O antes caprichado jardim jaz soterrado sob um monte de escombros.Cena desoladora. Dá um aperto no peito ver-se uma história em ruínas, arrasada sob o peso da ganância imobiliária, monstro de bocarra dentada que vai transformando a cidade numa selva de pedra vertical.
A mim, resta o lamento pelo que tudo isso representa para nós moradores, para o bairro, para a natureza do lugar. Avizinham-se dias incômodos,ai,ai...
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Deu pra entender todo teu sentimento ,toda angústia! A ganância imobiliária que transforma casas e poleiros chiques dá pena e nojo! Quanto mais cresce, menos temos pra ver, mais pessoas no bairro, mais barulhos, mais trânsito, mais chatices, enfim!
ResponderExcluirPena! Eu te entendo!!! Compactuo com teu sentir! beijos,chica
Ai que pena….Sei o que é isso, meu bairro era todo de casas e nos últimos cinco anos está quase completamente verticalizado, no meu quarteirão estão construindo três edifícios!
ResponderExcluirO barulho incomoda muito, mas uma hora termina….
Muito triste, meu bairro parecia uma cidadezinha do interior, cheio de pracinhas e árvores nas ruas, os vizinhos todos se conheciam, mas agora a população aumentou muito com os prédios e quase não se conhece mais ninguém.
Bjs e boa sorte com todas essas mudanças
Calu, o seu post poderia ser transferido aqui, para minha casa.
ResponderExcluirTambém vi chegar as grandes máquinas. E na rapidez do mesmo tamanho da ganância imobiliária, a primeira torre já se encontra imponente. O mais triste ainda é uma interrogação: construíram grudados literalmente à praça da nossa rua; agora há árvores demarcadas, que corre à boca miúda serão cortadas para não fazer sombra nos apartamentos mais baixos...
Triste com você. Beijo.
Ah minha amiga...sou como você...dá uma tristeza saber que algo vivo, tanto a natureza como a porção histórica e emocional da casa são demolidas, destruídas, sendo pouco a pouco retiradas todas as marcas de que um dia, existiram e reinaram, mas que agora, nada resta...acho que sou um tanto sentimental... eu não vejo somente matéria, vejo essência, em tudo.
ResponderExcluirBeijinhos,
Valéria
Restaram as sdd e as fotos...
ResponderExcluirEu quando vejo grande construções tb fico pensando o que seria antes ali.
bjokas =)
Compartilho da sua tristeza e sinceramente, não entendo, como hoje, com tantos recursos, as construtoras não preservam as árvores ao incorporar prédios...
ResponderExcluirAqui, ao lado do escritório passamos por isso - um belo terreno com casa e lindo jardim de uma senhorinha. Ela morreu, foi vendido e a Besni comprou. Boa parte das árvores foram cortadas e boa parte do jardim se foi. Sobrou apenas uma fração ao fundo. E o episódio se repete numa nova casa do outro lado: demolida, será levantado prédio e as árvores já se foram. Dói, pois eu não teria coragem...
Abração e dias de paz.
Ai, Calu, lembrei tanto dessa música, que no passado algumas vezes me fez chorar: "Saudosa maloca"
ResponderExcluirSi o senhor não "tá" lembrado
Dá licença de "contá"
Que aqui onde agora está
Esse "edifício arto"
Era uma casa véia
Um palacete assombradado
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímo nossa maloca
Mais, um dia
Nóis nem pode se alembrá
Veio os homi c'as ferramentas
O dono mandô derrubá...
E não é isso, amiga? Dá uma tristeza na gente. Bjs. Marli
Blog da Marli
Calu:
ResponderExcluirCompartilho da sua tristeza, mas infelizmente dia-a-dia o "progresso" vem e leva casas, jardins e histórias...
É angustiante pensar que daqui algum tempo, talvez exista apenas uma selva de pedras e aí não restará a natureza e sua exuberância, para admirar...
Bjs.:
Sil
Olá Calu,
ResponderExcluirCompreendo sua desolação. Há pouco tempo duas casas foram demolidas num quarteirão à frente do meu prédio. Senti tristeza e imaginei que minha bela vista seria prejudicada. Todo dia eu chegava à janela da minha jardineira, que dá de frente para o local, pedindo a Deus que lá não fosse construído um prédio. Infelizmente, em pouco tempo subiu um prédio enorme, ofuscando a bela paisagem que eu adorava contemplar. Bem fez um meu vizinho que comprou as duas casas que ladeavam a dele para evitar que fossem vendidas para construtoras. O pior é que ele não anda bem de saúde e mora sozinho, o que leva a crer que em sua falta os herdeiros poderão dispor dos imóveis e que, fatalmente, será para construtoras. Os transtornos são imensos para os moradores vizinhos, não só pelo avanço dos prédios, mas também pelo barulho e poeira decorrentes das obras.
Talvez os coqueiros dessa casa não sejam derrubados, pois há necessidade de autorização da Prefeitura para derrubar árvores. Tomara que, pelo menos, eles sobrevivam ao massacre.
Triste, amiga, mas só nos resta mesmo o lamento.
Beijo.
É triste, desolador, mas por aqui eu tenho sofrido também, Calu, por terem construído colada à minha parede, mas o pior é que os lotes desta minha quadra são grandes e agora os donos de terreno,dividem ao meio e fazem casas geminadas e parecendo sufocantes com aqueles portões onde nada se vê! Agora vão colar na outra parede, começaram ontem! Eu gosto de ter horizontes à minha frente, acabou-se. Tristeza! Um abraço!
ResponderExcluirÉ triste ter que viver nesta selva de pedras, não?
ResponderExcluirAinda bem que aqui, em frente a minha casa, é tudo arborizado
Tive sorte de encontrar este apartamento
Te desejo um ótimo final de semana, querida
Um beijinho carinhoso de
Verena e Bichinhos.
Poxa, que bela casa não!?
ResponderExcluirUma pena o que assistimos por todos os lados ultimamente, uma sede de ganhar dinheiro, uma total falta de respeito às normas para o bom convívio urbano!
Desde que moro aqui nesta rua, já presenciei a muitas derrubadas de casas como esta, grandes, onde uma família morava e agora centenas de outras morarão em pequenos espaços de apartamentos, trazendo mais barulho, carros e dificuldades para o dia a dia. Não sei onde vamos parar, mas com certeza, não é um futuro muito promissor, né mesmo?
um beijinho carioca
Como diria Caetano: A força da grana que ergue e destrói coisas belas".
ResponderExcluirÉ lamentável esta verticalização desenfreada pela busca de espaço para mais pessoas e mais problemas reunidos.
Ver uma casa com suas historias ir a baixo é mesmo doloroso minha amiga.
Criado numa cidade de interior, com as casas com seus banquinhos na porta, volto e vejo apenas muros e prédios onde antes corria feliz pelas ruas e casas.
Há saudade e angustia em vem o que se plantou, morrer.
Um abração e que os novos dias não sejam piores, como pensamos.