Aprendemos nos bancos escolares que toda pesquisa confiável deveria respeitar dois passos essenciais, sendo: o primeiro a inserção e por segundo o distanciamento.Primeiro conhecer bem para depois analisar e detalhar o conhecido.Eu adotei tal conselho, mesmo que ele não seja regra oficial.Pra mim, ele atende bem as minhas observações e vivências.Acho mesmo que é preciso conhecer o melhor possível sobre algo ou alguém antes de formar uma opinião acabada sobre ambos; o que vale para nós próprios.Na famosa busca do autoconhecimento nos são oferecidas muitas opções, receitas, dicas testadas, ensinamentos de toda ordem, mas se não estivermos de fato envolvidos em nos decifrarmos realmente, tudo isto será apenas uma desculpa para nossa consciência incomodada.
O quanto conseguimos nos distanciarmos de nós mesmos a ponto de fazermos uma diagnose verdadeira sobre nossas reações e sentimentos frente à vida e, com imparcialidade? É bem possível que sejamos sim, capazes disso na maioria das vezes, não em todas, porém, quem atingiu este grau de autoconhecimento? Poucos, creio eu, e confesso sem medo que não me incluo nesse seleto grupo, o que não invalida minha admiração por esses(as) perseverantes.Considero bem difícil colocarmos razão e emoção em prateleiras distintas para fácil acesso duma e doutra na ocasião propícia.O que é mais provável de acontecer é que no ardor do momento a gente erre a mão, troque os estoques, embaralhe uma e outra e acabe sem conseguir distinguir qual foi a escolhida naquele momento.
O quanto conseguimos nos distanciarmos de nós mesmos a ponto de fazermos uma diagnose verdadeira sobre nossas reações e sentimentos frente à vida e, com imparcialidade? É bem possível que sejamos sim, capazes disso na maioria das vezes, não em todas, porém, quem atingiu este grau de autoconhecimento? Poucos, creio eu, e confesso sem medo que não me incluo nesse seleto grupo, o que não invalida minha admiração por esses(as) perseverantes.Considero bem difícil colocarmos razão e emoção em prateleiras distintas para fácil acesso duma e doutra na ocasião propícia.O que é mais provável de acontecer é que no ardor do momento a gente erre a mão, troque os estoques, embaralhe uma e outra e acabe sem conseguir distinguir qual foi a escolhida naquele momento.
E, quando estava com minha admiração em alta, tomei conhecimento sobre o caminho de Santiago.Com grande curiosidade passei a acompanhar as muitas entrevistas e narrativas de quem o percorreu e do ganho pessoal que obteve com a experiência. Acalentei durante jovens anos o desejo de realizar a aventura da descoberta de mim mesma sem a maquiagem da necessidade, aquela que nos força a tomarmos certas atitudes que nos desagradam, porém que são necessárias em certas situações inescapáveis. Nada que comprometa nosso caráter, mas que com certeza, arranha nossa sensibilidade.Enfim, creio que muitos de nós já passaram por exigências assim, onde o bem de todos se sobrepõem às nossas preferências.Achava por isso, que uma experiência mística de tal magnitude iria me fortalecer, dando-me maior autoconhecimento e mais claridade sobre minhas próprias escolhas.
Achava. Deixei de achar há muito tempo.Os diferentes estágios da vida, os altos e baixos desta montanha-russa que percorremos diariamente me aguçou o olhar, me fez pôr força nas mãos ao segurar com firmeza as barras de apoio do carrinho nos trilhos que sobem e descem em movimentos inesperados... a idade ajudou tudo isso(?); bem capaz, porém descobri que podia fazer meu caminho de Santiago aqui onde estava, em horas propícias do roteiro diário pela cidade ou arredores, que o caminho do autoconhecimento é iniciativa de cada um que se permite percorrê-lo e independe do local geográfico que se encontre.
O importante, a meu ver, é saber ( e eu o sei) que "ele" é de fato infinito, pois nunca estará completamente percorrido, sempre haverá uma picada aqui, uma vertente acolá a serem também desbravadas, porque se assim não o forem, não o conheceremos de todo.
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(Meu filho e minha neta)
"... E ao final de nossas longas explorações,
chegaremos finalmente ao lugar de onde partimos
e o conheceremos então pela primeira vez[...]"
( T.S.Eliot/trecho citado por Rubem Alves in: Variações do Prazer)
Calu,fico tão entusiamada ao te ler, pois smepre estás mais e mais inspirada e trazes somente verdades! Não sei também se é a idade, mas estás certa. Não precisamos nos deslocar para o caminho de Santiago. Temos tanto, tanto e tanto a trilhar por aqui. Até mesmo a família nos faz trilhar muito e aprender e nos surpreender! Qua sabamos trilhar bem,sem cansar! beijos,tudo de bom, lindo ADVENTO e dezembro! chica ( linda foto!)
ResponderExcluirCalu, Não canso de repetir que sou admiradora confessa de seus textos sempre tão carregados de discernimento e ao mesmo tempo, doçura.
ResponderExcluirDeixe-me contar que ainda à pouco eu pensava em meus estudos, desse jeito: "estou agora (quase aos 40) investindo no conhecimento por um motivo muito simples, quero fortalecer a razão. Sempre achei que estudar era difícil. Hoje sei que é mais fácil se entregar aos estudos do que viver de emoção".
Nos últimos anos tenho treinado bastante essa capacidade do distanciamento para a análise dos fatos/sentimentos/experiencias. As coisas ficam tão mais claras e acomodadas depois disso...
E o risco? O que bem citou. A vista turvada pelas emoções pode levar a um distanciamento errôneo, pautado na confusão dos sentimentos disfarçadas de razão.
E assim vamos trilhando esse caminho de Santiago que temos pela frente todos os dias, quando acordamos.
Um abraço, obrigada por esse presente de texto!
Calu, você sempre nos apresenta textos lindos e sublimes!...
ResponderExcluirCaminhar é um desafio vida afora... Precisamos do Todo-Poderoso para não perdermos o rumo e os lances preciosos do percurso!...
Linda Foto!
Um grande carinho... Beijos
Calu, também não sei responder se é a idade que nos traz o caminho de Santiago para as ruas de nosso bairro.
ResponderExcluirDespir-nos perante nós mesmos e enxergar com imparcialidade não é tão simples, eu acho, mas bem possível com esforço e perseverança.
Texto lindo! Beijo
Querida Calu, ler você é sempre uma satisfação, nos leva a refletir sobre tantos temas interessantes e que todos já pensamos ou vivenciamos.
ResponderExcluirPois eu também acalentei este sonho de percorrer o tal caminho de Santiago um dia, mas fui esquecendo aos poucos, acho que porque descobri que podemos fazer este caminho dentro de nós mesmos ou naqueles a que temos acesso. Na verdade, podemos caminhar pela praça da esquina e refletir sobre a vida e, como bem disse a Chica, com nossos familiares e amigos, tanto temos a trocar e a aprender. E, eu, cara amiga, tenho ainda um longo aprendizado pela frente, e até gosto da ideia. rsss
um beijão carioca e ótima semaninha!"
Penso exatamente igual: não será noutro lugar que se dará o grande encontro, o tão esperado: conosco. É aqui, trilhando nosso dia a dia, pensando, agindo, modificando atos. Transformando nosso pensar. E sem ilusões e fugas.
ResponderExcluirÓtimo texto! Parabéns a você.
Beijosss.
Excelente texto que mostra o mais significativo em relação ao autoconhecimento, disposição de caminhar dentro de si mesmo, explorando os diversos olhares que se aproximam e se distanciam de acordo com os momentos vividos, Confrontar e poder transformar.
ResponderExcluirbjs.
Calu,como vc tb já acalentei esse sonho do caminho de Santiago,mas tb hoje penso diferente. Podemos encontrar tudo aonde estivermos,dentro de nós! Muito lindo e significativo seu texto.Eu adorei! bjs,
ResponderExcluirQuerida Calu,
ResponderExcluirAssim como a Chica, aprendo muito com os meus filhos,sempre
Estou conseguindo me modificar e ver as coisas com outros olhos
Aprendí que não devo esperar que alguém construa uma vida boa para mim; isto eu devo fazer por mim mesma
Gostei demais do seu texto
Te desejo uma linda semana
Fique bem, querida
Um beijinho carinhoso de
Verena e Bichinhos
Que lindo texto! E estou de acordo, a idade mostra-nos tanta coisa, faz-nos ver tudo tão mais nítido...
ResponderExcluirBeijos
Lita
Calu
ResponderExcluirPercorro o meu Caminho de Santiago quase que diariamente. Aprendi a observar e absorver o que é essencial a vida. Esse cantinho aqui é mais uma estrada que quero percorrer, pois nela encontrei sementes de paz. Bjks
Bravo, bravíssimo, uma abordagem sincera e magnífica. Sabedoria pura. Engraçado Calu, acho que é a idade mesmo que nos modifica. Também eu, passei por esses estágios referentes ao trajeto de Compostella. E ano passado meu marido me convidou para fazermos o tal caminho e eu não quis. Decididamente não quero mais. E por quê? Exatamente por isso, porque deixei de achar importante esse tipo de roteiro para a finalidade anunciada. Há algum tempo descobri que podia fazer meu próprio caminho de autoconhecimento. Meu "Santiago", aqui onde eu estava, no meu tempo, nas minhas horas, pois o caminho do autoconhecimento é iniciativa particular, única e subjetiva. E não depende do local geográfico e nem de roteiros externos pré-programados. Os gregos já sabiam disso: “conhece-te a ti mesmo” estava bem ali, na entrada do Oráculo e não aconselhava ninguém a seguir este ou aquele trajeto. Bejos. Marli
ResponderExcluirOi, Calu!
ResponderExcluirO melhor caminho é para dentro de nós e, infelizmente, só o fazemos em momentos de infelicidade.
A idade não ajuda muito, até porque existem pessoas "de idade" que não amadurecem (rs*) - É preciso um pouco de solidão para amadurecer.
Sobre o "Caminho de Santiago", muitos fazem sem que possuir ou saber o sentido do que é peregrinar. Não sei se porque o verbo remete a pobreza, alguns brasileiros não gostam de falar que foram peregrinar.
Em Campos do Jordão, onde metade da minha família mora, passa um caminho de peregrinação que começa em Tambaú (SP), cidade onde viveu o Padre Donizetti, e passa por várias cidades de São Paulo e do sul de Minas para chegar a Aparecida do Norte - em torno de 400km - É chamado "Caminho da Fé" e também conheço o "Caminho da Luz", que tem certa de 200km e começa em Tombos (MG) e termina no Pico da Bandeira. Conheci muitos peregrinos que deixaram o dinheiro e a vida confortável de lado para fazerem o caminho com uma mochila nas costas, um bom tênis e um celular (emergência) - durante o percurso você encontra outros peregrinos e muitos fazem amizade, marcam novas peregrinações e nas cidades em que passam, as pessoas das comunidades abrem suas portas para recebê-los. A minha irmã tem uma casa que cede para quem passa pelo caminho - ela oferece a cama com roupa limpinha, um bom jantar e o café da manhã, mas tem que portar uma carteirinha de peregrino... ninguém sai andando à esmo! Tem que ter preparação física e espiritual antes. Muitas vezes você passa dias caminhando sem encontrar ninguém, apenas olhando a natureza e ouvindo seu barulho. Acho que é bem diferente de andar pelas ruas do bairro. Passar dias na clausura pode surtir melhor efeito, no caso! :)
Calu (sempre que escrevo seu nome, lembro da música)... Bora peregrinar?
Beijus,