(Abaporu - Tarsila do Amaral)
Nascemos com elevada auto-estima que só tende a aumentar durante a primeira infância com os cuidados e atenções que recebemos( ou deveríamos) dos nossos pais e familiares.Na evolução de nossa vivência social, vamos escorregando com certas rasteiras que o meio produz, no caso: a escola, a turma da rua, e outros adultos que sem muita cerimônia, nos dão choques de realidades, algumas vezes injustos, estremecedores dos nossos antigos alicerces de certezas.E, seguimos nós, ajeitando daqui e dali as condutas impostas pelo círculo o qual pertencemos, procurando nos enquadrar nos conceitos de normalidade que jogam em cima da gente.Bem verdade é, que nem sempre todo mundo segue a cartilha dominante e desde cedo já se coloca em determinada oposição.Outros, só com a chegada da adolescência vão redefinindo seus olhares e redesenhando suas posturas frente as regras ditas normais.
Mas, o que é normal pra uns o é para todos?Não, né! Isto nem está em discussão, está sim em processo de estudo.Pois é, a tal velha conhecida normalidade de ser e agir no mundo;"... a gente espera do mundo e o mundo espera de nós[...]"(1). Muita coisa mudou desde a geração de nossos pais, a nossa, a de nossos filhos e netos( quem os tem).Costumes, posturas, culturas, valorizações, ih, uma infinidade que renderia um livro sobre o assunto.De muitas delas temos plena consciência e adoção.De outras, ainda mantemos afastamento por medo do desconhecido, algo que pode ser facilmente suplantado jogando-se fora certos estigmas (velhacos) herdados.
Segundo alguns psicólogos, há um grau de patologia no excesso de normalidade e anormalidade também.Beco sem saída? Nem tanto.Pensadores gabaritados explicam o conceito de normose ( a doença de ser normal/2)como: " o fenômeno caracterizado por um desequilíbrio crônico e predominante no contexto social vigente".Muita calma nesta hora. Um dos tópicos em estudos gira sobre os pólos da normalidade ou o que podemos chamar de teatros do convencimento.O que convencionou-se chamar de normal, assim é de fato e, porquê?
Passando de escolhas pessoais que só dizem respeito a cada indivíduo nelas instalados, a situações sociais que envolvem a vida dos cidadãos. Muitos dos aspectos considerados normais por séculos, tiveram, em dado momento histórico, seu julgamento por júri popular recebendo absolvição ou condenação e provocando quebras de paradigmas blindados.O que era comum no circo romano, hoje causa rejeição e revolta.Portanto, por mais que o meio imponha certas regras cabe a cada adulto-pensante, avaliar se a postura pretendida é certa, normal ou normalizada pelo conjunto das idéias dominantes.
A postura de manada deve ser questionada desde a infância, no caso com cuidado e carinho, mas questionada.Ouvir-se que: "__fulano fez, eu vou fazer também"; voz corrente em sala de aula que não pode e nem deve ser ignorada, mas ouvida com atenção e jamais ser motivo para incentivar as diferenças ou excluir as pessoas, mas sim, favorecer o debate das opiniões, fomentando as reflexões sobre o assunto que tenha vindo a provocar tais reclamações. Talvez, esta seja uma das posturas de professores, mentores, pais e familiares, que ajudem a formar uma consciência-ético-crítica que falará mais alto em situações da vida adulta de cada pessoa sob esta orientação e poderá ser a diferença pontual dela aceitar ou não, propinas, maracutaias, corrupções, barganhas escusas, uso do alheio(público) como próprio e outras situações parecidas.
É válido todo esforço feito em prol das mudanças significativas destes expedientes rotineiros tidos como normais tipo o tal jeitinho brasileiro(argh!),que afinal, na lógica de muitos ressoa como aceito ou seja: se todo mundo faz(roubos, negociatas,desvios de verbas, abusos e jeitinhos escusos),porque não ? Porque não é normal enganar, roubar,prejudicar...
É válido todo esforço feito em prol das mudanças significativas destes expedientes rotineiros tidos como normais tipo o tal jeitinho brasileiro(argh!),que afinal, na lógica de muitos ressoa como aceito ou seja: se todo mundo faz(roubos, negociatas,desvios de verbas, abusos e jeitinhos escusos),porque não ? Porque não é normal enganar, roubar,prejudicar...
Como um pouco de música embala boas horas, termino deixando um trechinho da música: "Somos quem podemos ser", dos Engenheiros do Hawaii:
"... Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão.
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum[...]"
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Referências: 1_ Trecho da música: Paciência, de Lenine
2_ A doença de ser normal(artigo da Superinteressante/julho)
Referências: 1_ Trecho da música: Paciência, de Lenine
2_ A doença de ser normal(artigo da Superinteressante/julho)
Gostei muito da matéria, Calu
ResponderExcluirFalta de educação, respeito, e amor estão cada vez mais "normais"
Pena!
Linda semana
Beijinhos de
Verena e Bichinhos
Infelizmente estamos na cultura da banalização e os meios de comunicação maximizam isto.
ResponderExcluirCriar senso crítico através da educação, papel da família e das escolas, principalmente, assim penso.
bjs
Olá, querida Calu
ResponderExcluirMe lembrei da música: Ser diferente é normal!
Remo contra a maré e me canso muito por isso mas não dá pra voltar atrás... outro caminho não me dá Vida...
Estou sempre na contramão e desgastada mas com a consciência reta... é o que conta, amiga...
Um post MUITO bem escrito, parabéns!!!
Bjm de paz e bem
Primoroso texto, Calu!
ResponderExcluirCertíssima quando nos faz refletir se é normal continuarmos aceitando tudo isso que sabemos há tempos que não é normal.
O momento atual em que estamos podendo falar e ler sobre tanta falta de ética nos meios institucionais e que urgem, carecem, imploram uma atitude, não dá pra continuar fazendo cara de paisagem ou com medo de um passado que deixou marcas nas almas e que talvez por isso, faz as pessoas ainda ficarem apáticas aos tantos erros apresentados.
Precisamos continuar este processo de adesão aos que se manifestaram nas ruas, mesmo que não possamos estar lá presentes, mas se temos esta ferramenta tão poderosa nas mãos, podemos e devemos alertar estas 'anormalidades' e participar deste novo tempo com os mais jovens. Eu, você e alguns outros, não podemos levar balas de borracha ou respirar gás, mas podemos ajudar replicando, mostrando os erros daqui e dali, usando a Internet como nossa grande arma.
Eu sou da época de cantar o hino nacional de pé na minha escola e não em campos de futebol. E, tem mais, coerência, no meu conceito, é ética.
grande abraço carioca
Nunca devemos tomar a cor do lugar em que vivemos eu penso assim, deixar a boa educação, gentilezas e etc, desaparecerem só pq outros não praticam mais...adorei a reflexão!!!
ResponderExcluirOlá Calu
ResponderExcluirEu ri alto da sua Fulaninha aprendendo bateria, pois eu cheguei a gravar o fulaninho aqui tocando bateria ou tentando, mas certas coisas não vale a pena se estressar, um dia da caça outro do caçador. Não posso falar muito porque minha Gabi quer uma guitarra, quem sabe eles montam uma banda...rsrsrs
Seu texto faz a gente refletir mesmo, na parte do normal ou anormal, eu ainda me assusto com algumas situações e não vejo que seja normal apesar de um monte de gente me chamar de careta, ainda prego dentro de minha coisa certas atitudes que minhas filhas devem ter, digo a elas que a educação não cai de moda. Quando chegarmos a concordar em tudo viraremos robozinhos sem vontade própria.
Eu acho que você sabe mais do que eu, por ser pedagoga, que não esta fácil trabalhar pela educação, sendo que o respeito para com os educadores esta cada vez mais escasso. Os conceitos não são mais os mesmos e tudo esta tomando um rumo descontrolado.
Obrigada pelo carinho da visita. Beijos.
Oi, Calu, seu texto é sério e importante. Quando jovem sofri muito com as comparações e isso me tornou autoexigente demais, como se nunca pudesse errar...até hoje me pergunto sobre esse conceito de normalidade. Quem impôs um padrão de normalidade? E até que ponto ele pode ou não fazer um indivíduo feliz? Belas divagações...um abraço!
ResponderExcluirLindo texto e sinceramente vemos coisas consideradas normais e aceitas, como absolutamente anormais, falta de educação.
ResponderExcluirMas, cada um, cada qual. Fico com o anormal nesses casos...beijos praianos,chica
Cara Calu,
ResponderExcluirmi piace sempre come scrivi. giorno di oggi chi defende l'infansia dei bambini?,nessuno. purtroppo.
mi mancha tanto costume sociale anticha dove ci sono valore della vita e famiglia, costume sociale piu decente,
rispetto.
purtroppo mondo moderno ha tolto tutto rimasto niente...solo aspettare la decadenza piu profondo del'umanita.
un abbraccio forte,
scusa...ho un po difficolta diseguire blog questo momento. lamia pancia gia grandissima, non riesco davanti pc piu di 10' anche mi fa fatica di caminare credo che mi capisci questo dolore ;)
mancha 2 mesi e 2 settimana arriverà ............
un abbraccio forte cara
Oi minha linda..
ResponderExcluirÉ tão estranho olharmos as coisas hoje em dia e notarmos que tantas coisas ficaram absurdamente normais aos olhos da sociedade né?
Triste..
E aí fica o pensamento..
"Onde isso tudo vai parar"
Calu.. simplesmente amo seus textos.. e sua visão aos mais variados assuntos..
Já disse e não me canso de dizer.. sou sua fã srrs
Beijinhos e uma sexta-feira super linda viu?
E não é que estamos mesmo em sintonia!
ResponderExcluirDeus me livre de sofrer de Normose :)
Beijo.
Rute