Em minha habitual correria, entrei na padaria, fiz meu pedido, esperei o atendente pesá-lo,peguei o pacote e saí rumo à creche para pegar meu neto.Chegamos em casa e, às voltas com a janta, suquinho,e tudo o mais, sempre com um olho no padre e outro na missa, só fui reparar no pacote dos pãezinhos lá pelas tantas, depois que todos se foram e eu pude sentar-me para um lanchinho.Foi aí que dei com esta delicadeza estampada na embalagem de papel:
"Pão com Poesia para alimentar a alma.Deguste um pouco!"
Achei uma atitude ultra delicada deste empresário que utiliza a embalagem para oferecer agrados além de seu produto; o pão para o corpo e o pão para alma.
Sobre estes alimentos, o do corpo e o da alma, Rubem Alves tem uma perfeita descrição.
"Há dois tipos de alimentos: os alimentos que alimentam o corpo e os alimentos que alimentam a alma.
Os alimentos que alimentam o corpo, nós os representamos poeticamente pelo pão.Quem fala"pão" fala tudo o que se pode comer:"o pão nosso de cada dia dá-nos hoje...". O pão,comido com moderação, faz bem para o corpo.Em excesso,pode se transformar em peso.Gordura.Obesidade.A comida é coisa da gravidade.
A alma não se alimenta de pão.Ela se alimenta de beleza.A beleza tem o efeito oposto ao do pão:ela nos torna cada vez mais leves.Não é raro que aqueles que dela se alimentam se tornem criaturas aladas e desapareçam no azul do céu, onde moram os deuses, os anjos e os pássaros.A beleza é coisa da leveza[...]"
Rubem Alves, in:Um céu numa flor silvestre (trecho)
Imagens: foto minha/ portalsãofrancisco
Oi Calu,aqui na minha cidade tem algumas
ResponderExcluirpadarias q faz muito tempo q tem poemas
nos saquinhos de pão. Eu adoro comprar
pão nessas padarias só por isso.
Bom domingo.
Cris
Minha doce Calu, impossível não abrir um baita sorriso com esse post. Tu e Rubem Alves é de fazer o coração de melão dar pulinhos de alegria. Poesia é essencial pra mim e me deixa feliz ver gestos assim, espalhar poesia deve deixar o ar mais encantado, né?!!!
ResponderExcluirmeu beijo de carinho ;)
Olha, Calu, pra mim é a novidade mais linda! Essa pessoa tem a alma sensível para se preocupar com o alimento para a alma. Que bom! Grande abraço, amiga! Belo domingo!
ResponderExcluirRealmente, muito criativo e tocante! E um pãozinho fresco também é tudo de bom, não é mesmo? rsrsrs
ResponderExcluirBeijocas!
Genial essa idéia.Parece que o pão fica mais leve e bonito,não?Adorei! E o texto do Rubens Alves, divino, como sempre!! beijos,lindo domingo!chica
ResponderExcluirOi Calu,
ResponderExcluirdeliciei-me com seu "pão com manteiga" literário.
Magnifica ideia do empresário. Sem dúvida que precisamos alimentar o corpo e a alma.
Acho que está sendo essa a transformação do meu blog, passar das receitas que alimentam o corpo, para as "receitas" que alimentam a mente.
Senti sua falta na teia ambiental...
Beijinhos.
Rute
Rubem Alves.... sempre ótimo!
ResponderExcluirEu adoro um pão, mas modero a ingestão.... um pão quentinho, com manteiga e café... hmmmmmmmmmmmm
Parabéns a esse empresário, ele alimenta o corpo e alma de quem utiliza seu estabelecimento.
Calu, um ótimo domingo pra vc!
Oi, minha querida amiga!
ResponderExcluirOnde é essa padaria, menina? Que maravilha, né não? Coisas assim, aumentam minha fé nos homens, nessa época em que tantos a querem destruir!
E Rubem Alves, ah, Rubem Alves! Vai "desaparecer no céu onde moram deuses e anjos"!
Bjsssssssssssssssss, quérida!
Deus a abençoa!
Minha alma está alimentada e feliz! Amei!
ResponderExcluirUm grande abraço!
poesiagalvaneana.blogspot.com
Pão e Poesia
ResponderExcluirMoraes Moreira
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
Se a vida fosse trabalhar nessa oficina
fazer menino ou menina, edifício e maracá
virtude e vício, liberdade e precipício
fazer pão, fazer comício, fazer gol e namorar
Se a vida fosse o meu desejo
dar um beijo em teu sorriso, sem cansaço
e o portão do paraíso é teu abraço
quando a fábrica apitar
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
Numa paisagem entre o pão e a poesia
entre o quero e o não queria
entre a terra e o luar
não é na guerra, nem saudade nem futuro
é o amor no pé do muro sem ninguém policiar
E a faculdade de sonhar é uma poesia
que principia quando eu paro de pensar
pensar na luta desigual, na força bruta, meu amor
que te maltrata entre o almoço e o jantar
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
O lindo espaço entre a fruta e o caroço
quando explode é um alvoroço
que distrai o teu olhar
é a natureza onde eu pareço metade
da tua mesma vontade
escondida em outro olhar
Um presente para você!
poesiagalvaneana.blogspot.com
Oi Calu!
ResponderExcluirO alimento do corpo sofre influência dos preços, mas o alimento da alma não tem preço...
Meus parabéns ao "padeiro" e a vc, obrigada pelo carinho da postagem.
Abração
Jan
Oi flor!!!
ResponderExcluirEu acho tao legal essas iniciativas, sabe?
Beijos
Selma
ResponderExcluirOlá Calu,
Este empresário tem sensibilidade. Uma iniciativa louvável e super agradável.
Muito lindas as palavras de Rubem Alves.
Conheço um Pai Nosso que diz exatamente assim:...O pão nosso de cada dia nos dai hoje, o pão do corpo e da alma..." Afinal, ambos precisam estar devidamente alimentados.
Beijão e até breve.
Essa foi nota 10. Gosto quando encontro dessas surpresas.
ResponderExcluirHoje eu me reporto ao fato de que se encontrar belezas nas pequenas coisas, eu me considero uma romântica inabalável.
Poucas pessoas pensam em agradar os clientes de forma diferenciada. Por isso, quando encontramos iniciativas da natureza, as louvamos. Rubem Alves se manifesta poeticamente sobre tudo, em linguagem simples e prazerosa de se ler. Bjs.
ResponderExcluirÔ minha inspirada amiga! Que beleza de post e esta descoberta incrível da padaria em seu bairro. Tomara que isso pegue por aqui também, vou ser uma ferrenha compradora de pães nas tardes azuis.
ResponderExcluirbeijoquinhas cariocas
Oi Calu,
ResponderExcluirÉ muito agradável ler os seus post, como também esperançoso esse toque de singeleza numa sacola de pão. Faz lembrar que a vida além do pão a partilhar traz a poesia para nos aproximar. Beijoss carinhosos