segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Belo Vôo dos Flamingos


" O mundo não é o que existe, mas o que acontece."
Dito de Tizangara ( Mia Couto) 
---------------------------------------------------- 
Antes tarde do que nunca, viajei neste outubro entre as almofadas do sofá, a rede, e a cadeira de balanço, num ir e vir cheio de curiosidade constante, mas interrompida mais vezes do que eu gostaria.
Foi uma viagem planejada já há algum tempo, porém adiada sem que eu saiba dizer bem o porquê, talvez eu  ainda não estivesse pronta para passear pelo incrível universo de Mia Couto,o que se deu nesse mês findo no então :O Último Voo do Flamingo, na imaginária e mística Tizangara, lugar de realidade e ficção, mistério, suspense, magia, vida e morte em tempo coabitado.
A linguagem característica, as desconstruções, os provérbios, todo um conjunto na narrativa única do autor, me apanharam num laço irresistível de assombro e interesse.A cada capítulo o foco se alterna entre os personagens que se mostram às luzes da estória protagonizando-a a seu tempo,como: a prostituta Ana Deusqueira, a velha-moça Temporina, o italiano Massimo Risi,o administrador da vila Estevão Jonas, o tradutor-narrador que assim prefacia: 

"Fui eu que transcrevi,em português visível, as falas que daqui se seguem.Hoje são vozes que não escuto senão no sangue, como se a sua lembrança me surgisse não da memória, mas do fundo do corpo.È o preço de ter presenciado tais sucedências..."

---------------------------------------------------------- 
A obra já foi levada para o cinema em 2010, em co-produção Moçambique-Portugal.

------------------------------------------------------- 
Num pequeno trecho da entrevista dada por Mia Couto para a  revista Metáfora de setembro/2011, ele fala de como e quando Guimarães Rosa começou a influenciá-lo:

___"Depois que escrevi meu primeiro livro de contos, Vozes anoitecidas(1987).Rosa tinha feito uma espécie de recriação do português, o que me tocou muito, porque havia na época uma necessidade quase existencial dos escritores moçambicanos em se verem livres de um português que já não lhes servia, que era uma espécie de vestuário que tinha sido feito à medida de outra cultura...uma espécie de um terno fabricado com tecidos e padrões que não tinham absolutamente a ver com a realidade moçambicana..."


"Não me basta ter um sonho.
Eu quero ser um sonho."
Palavras de Ana Deusqueira

15 comentários:

  1. Olá, querida
    Permita-me ficar e vivenciar a última citação... Lindíssima!!!
    Eu também... e um sonho de paz e alegria...
    Bjm e ótima semana

    ResponderExcluir
  2. Que lindo Calú!Como sempre quando você descreve uma obra literária, dá-me uma vontade enorme de a ler. De Mia Couto conheço apenas a Varanda do Frangipane. Agora quero conhecer mais esta!
    Adorei o seu texto, viajei!
    Beijinhos

    ResponderExcluir
  3. Calu querida,

    Isto é presente de deuses. Mia Couto é paixão. Quem inventa essa realidade: "vozes que não escuto senão no sangue", "Não me basta ter um sonho.
    Eu quero ser um sonho."? Maravilhosa sua apresentação de Mia Couto. Obrigada! Não li o Último voo do flamingo. Mas não tardarei.
    Girassóis nos seus dias. Beijos

    ResponderExcluir
  4. Mia Couto nos encanta com suas obras.Esse livro e filme devem ser ótimos.Que teu dia seja também lindo! beijos,chica(tudo andando bem, Graças!!)

    ResponderExcluir
  5. Boa dica, tá anotado!

    Bom dia, beijossss

    ResponderExcluir
  6. Minha doce e amada Calu, parece ser ótimo o livro, valeu a dica ;)

    bjokitas recheadas de carinho!!!!!

    ResponderExcluir
  7. Querida Calu,
    nunca li nada de Mia Couto e desconhecia a versão cinema do "Último vôo dos flamingos".

    Mas sabe um paralelo interessante que eu achei?
    Mia Couto é Português, nascido e criado na Beira até à idade de 16 anos mudou-se para a Cidade de Maputo (capital de Moçambique - África).

    Engraçado que os flamingos são aves do sul da Europa, bastante vistas em estuários de rios portugueses como o Tejo, por exemplo. Quando chega o Inverno estas aves migram, voam até ao norte de África regressando na Primavera seguinte.

    Ao que parece Mia Couto migrou quase até ao sul de África, e lá se tornou Escritor Moçambicano. Terá sido esse seu último vôo de flamingo?
    Beijinhos fractais.
    Rute

    ResponderExcluir
  8. Também quero ser um sonho, mas realizável.
    Calu um xero grande pra você.

    ResponderExcluir
  9. OI, Calu!

    Sou fãzoca de Mia Couto, desde que ouvi falar nele, pela primeira vez, quando fiz meu blog e coloquei lá o "Pensador".
    Creio que quando ele se refere a Guimarães Rosa, ele diz isto:

    "O mar foi ontem
    o que o idioma pode ser hoje,
    basta vencer alguns Adamastores."

    E não é??

    Essa sua sugestão é riquíssima, parabéns! Aplaudo vcs dois!!!

    Beij\0/

    * Calu, há dias estou querendo te dizer uma coisa: fiz um acróstico com Fractais (acho que em 2009) e, se eu o encontrar nos meus guardados, vou oferecê-lo a você, aceita??

    ResponderExcluir
  10. Bom dia Calu, sempre ótimas dicas de leituras e filmes, assim fico conhecendo um pouquinho mais desse mundo das letras.
    Que seu dia seja leve e tranquilo, para que possamos emanar boas energias áqueles que já se foram.
    Beijos em teu coração!

    ResponderExcluir
  11. Bom dia,Calu!!

    Ah!!Que maravilha de sintonia minha querida!!!Este livro ainda não li(anotei,agora!!), mas escrevi um conto inspirada num conto do Mia Couto- do livro O Fio das Missangas, amo a maneira poética com que ele escreve. A poesia, a musicalidade esta na forma como ele constrói as histórias(isso minha opinião de leitora)o que dá um toque especial a leitura!
    Ler Mia Couto, é assombrar-se, surpreender-se,emocionar-se,e apaixonar-se em cada página!!!
    Adorei teu post!!!
    Vou ver se acho o livro hoje!!!Vou na feira do Livro de Porto Alegre!!!(amo a feira!)
    Beijos!!

    ResponderExcluir
  12. Calu,
    Gostei tanto de ler isso.
    Um beijo, com carinho
    Denise

    ResponderExcluir
  13. Calu,que maravilhosa obra!Vc escreve como ninguem,eu adoro te visitar!Bjs,

    ResponderExcluir
  14. Oi Calu,
    Conheço pouco de Mia Couto, mas o pouco que conheço, me encanta... e a saber ter tido inspiração em Guimarães Rosa...
    Fiquei com vontade de ler o livro e ver o filme.
    Beijocas.

    ResponderExcluir
  15. Calu, assim como a Anne, eu também amo de paixão vir ler você, amiga!!
    Voltei pra dizer que já está pronto o Scrap que fiz pra você, com o acróstico que te dei de presente. Vem ver, está em meu blog:

    http://botoesmadreperola.blogspot.com

    Beij\0/

    ResponderExcluir

Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!