terça-feira, 9 de setembro de 2014

Em busca do rio perdido - lugar dos sonhos / semana colorida








Sempre me dá uma enorme lamentação quando tenho de passar por uma rua cortada pelo asfixiado filete que um dia foi um rio. Há décadas já não apresenta nem vestígios disso, ao contrário, é uma réstia lodosa que se arrasta maleficamente em direção a uma gigantesca manilha que o engole de nossas vistas, acho que dali segue pelo subsolo longe do ar, mas creio eu, perto ou pra dentro do mar.Triste realidade que vemos por séculos nas nossas cidades transbordantes de agressões à natureza em todas as suas presenças no espaço agora urbano.Além da implacável falta de cuidados com o meio-ambiente juntam-se outras faltas conhecidas: descasos do poder público, crimes ambientais de todos os tamanhos, atropelos insanos baseados em estudos que ninguém vê ou sabe se realmente existem e por aí vão estas e outras escabrosas práticas a ferirem a natureza e a decretarem consequências sérias para a vida do planeta.




Encontram-se casos assim com toda facilidade, infelizmente, mas encontram-se também iniciativas protecionistas que mostram ser possível preservar a natureza sem grandes esforços da vida urbana e melhor, interligando os espaços e promovendo uma convivência mais saudável.Li sobre um projeto muito bacana chamado "Rios e Ruas", que realiza expedições pela cidade de São Paulo para descobrir rios soterrados.A grande maioria de nossas cidades é riquíssima em cursos d'água ou rios de pequeno porte e, no caso de São Paulo, numa mesma quadra pode haver um ou mais cursos d'água canalizados, soterrados, os quais a expansão urbana desordenada soterrou ainda mais.Mas, eles continuam lá,sobreviventes.

 Diante da calamitosa situação por que passam os paulistanos e os paulistas nestes tempos de extrema estiagem,o resgate de alguns de seus próprios recursos hídricos castigados ao longo dos tempos pode trazer alguma boa iniciativa que amenize toda esta secura.O "Rios e Ruas" faz uma campanha para levar a mostra de suas pesquisas ao Parque do Ibirapuera onde milhares de pessoas terão acesso á elas e poderão influenciar sobre os resultados que poderão advir delas.

Pra que a gente não fale só da aridez reinante, foi lançado pela FTD, o livro "Entre Rios", que reúne textos de sete escritores sobre os rios de suas infâncias ou com o qual se identificam. Primeiramente dedicado na categoria de infanto-juvenil, eu tomo a liberdade de indicá-lo para todos os olhares.Como se já não bastasse a promessa de belos textos de Moacir Scliar, Domingos Pellegrini e outros autores consagrados, ainda recebe o capricho esmerado dos desenhos de Roger Mello.Por tudo e muito mais este já está na minha lista de próximas aquisições.




"Mais do que maravilhas da natureza, os rios têm tudo a ver com nossa cultura, nossa história e nosso afeto."
( Mª José Silveira - organizadora)
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Emendando nessa prosa entre rios e lembranças, a semana colorida da Anne Lieri fica aqui também registrada sob o murmúrio das águas translúcidas ( assim esperamos que sejam todas).




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Imagens gentilmente cedidas pela Cristina, do brasillestepaulista.blog (AQUI)

Fonte: blogs/estadão__Tata Amaral



13 comentários:

  1. Triste mesmo a situação dos nossos rios. E achei bem interessante esse Projeto Rio e Ruas. Tomara cheguem a alguma conclusão que traga bons frutos para SP. Tá na hora de se mexer! A hora é agora mesmo, sem mais esperar!

    E o livro citado, deve ser bom. Apenas ver o Scliar nele, é bom sinal! Tu sempre atenta e compartilhando coisas boas! bjs, chica

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  2. OLá, querida Calu
    Me fez lembrar dos rios que cruzei na infância/adolescência ao viajar pra outro Estado brasileiro e seus afluentes... Tinha várzeas, córregos... uma riqueza extinta pra muitos infanto/juvenis atuais...
    Aulas eram ilustradas pelas viagens que fazíamos e podíamos entender ao vivo e a cores toda a exuberância da natureza...
    Hoje em dia, os MCS ilustram as salas de aula e embaçam a veracidade dos fatos, muitas vezes...
    Um post bem inusitado sobre livros e uma excelente sugestão de leitura nos deu...
    Bjm fraterno

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  3. Querida Calu,
    Muito importante seu post que une à blogagem da Anne sobre livros, falar dos rios, destes que são mananciais vitais para nossas cidades tão cheias, lotadas e sofridas agora com a falta dágua que se pronuncia.
    O André Trigueiro falou sobre este tema há alguns dias, citou a 'Lei da Água: o novo Código Florestal" e que mostra como este código abre caminho para a destruição das matas ciliares e como pode afetar os rios. Cuidar bem das respectivas bacias hidrográficas, reflorestando as matas e protegendo nascentes e mananciais, principalmente os estados do sudeste, é hoje uma necessidade premente. Pra você ver como a natureza é generosa, ela se mantém, ficou lá embaixo, mesmo sendo soterrado, mas continuam vivos, os rios, as nascentes. Quem sabe precisaremos ir ao fundo do poço para enxergar nossos erros, abrir os olhares para a valorização da natureza e da vida.
    Não conheço o livro indicado, mas fiquei super curiosa também, adoro este tema.
    um grande abraço carioca

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  4. Seu texto fez-me lembrar de uma amiga blogueira que na infância tinha como companheiro de brincadeiras um rio que até lhe sussurrava poesias.
    Cresci em São Paulo, vendo os rios como verdadeiros inimigos a serem encarcerados entre paredes de concretos e de preferência sob as ruas e avenidas e assim longe dos nossos olhos... Lindo o projeto, o livro, que também já foi parar na minha lista e a semana colorida da Anne!
    Beijo.

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  5. Oi, Calu!
    Já pensei muito sobre o extermínio dos rios e já fiz até postezito. Acho que é próprio da nossa cultura dar valor somente quando perdemos. As pessoas devem pensar até mesmo nos produtos de limpeza e beleza que usam. A natureza está reclamando!
    Boa semana!!
    Beijus,

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  6. Querida Calu, já morei no Brasil numa cidade onde o rio (um lodaçal, nem tinha a dignidade para ser chamado de rio) continuava num fio quase invisível, a passar debaixo de uma espécie de ponte. Os moradores atiravam para lá todo o tipo de lixo... Muito triste assistir a isso.
    Em Portugal já existe alguma (pouca) consciência ambiental. Mas a maior parte dos rios já não possui a sua elegância bucólica de outrora. Estão todos represados em muitas barragens, por causa da produção de energia.
    Parece que os rios perderam o encanto de outrora... esperemos que esse projecto dê frutos!
    Beijinho, um doce restinho de semana
    Ruthia d'O Berlço do Mundo

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  7. Oi Calu, achei muito interessante essa iniciativa de descobrir rios soterrados em São Paulo, aqui no meu bairro há inúmeros, no meu quarteirão há várias nascentes de água e lençóis subterrâneos que se infiltram pelos prédios e até alagam as garagens..se houvesse uma maneira de aproveitar essa água seria uma maravilha.
    Sou muito ligada às águas, não sei explicar, mas onde quer que eu vá sempre encontro algum riachinho, me sinto renovada perto da água.
    Vou conferir o livro.
    Bjs

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  8. Oi Calu,
    Lendo essa beleza de post veio-me à lembrança umas palavras que acho muito apropriadas e verdadeiras e que, vez por outra, alguém posta lá no facebook. Nunca parei para copiar, simplesmente leio e penso. É mais ou menos assim: quando a última árvore se for, as últimas plantas comestíveis se forem e a água faltar, você vai ver que o dinheiro não se come. Infelizmente, acho que o ser humano ainda não tomou consciência dessa verdade. O livro que falaste, deve ser muito bom mesmo, inclusive minha neta já me falou nele algumas vezes, mas eu não li. Ainda.
    Bjs
    Marli
    http://marliborges.blogspot.com.br/

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  9. Triste é ver a natureza sendo destruída em nome da urbanização.
    As enchentes nas grandes cidade se dá por causa disto, não se respeita a natureza.
    Hj em dia em cidade grande é difícil vc ver um rio, a maioria estão canalizados, vc só descobre que tem um qdo o mau cheiro exala em épocas de muito calor ou chuvas.

    bjokas =)

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  10. Calu, ver os rios morrendo a cada dia dá mesmo uma tristeza danada e fico esperançosa quando vejo iniciativas como esta que será levada ao Parque do Ibirapuera. Deve ser um livro maravilhoso e adorei sua dica! Obrigada pela linda participação na semana colorida! bjs,

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  11. Olá, Calu!
    Grata pelo prestígio a nossos rios aqui do interior.
    Realmente as grandes cidades judiam de seus cursos d'água, abafando-os numa doentia arteriosclerose. É tão lindo ouvir o som desfatigado e sentir perfume nos respingos de um rio à solta!
    Que o projeto "Rios e Ruas" traga conscientização sobre o valor da água e sua sede de liberdade.
    O livro "Entre Rios" me despertou curiosidade, pois minha infância foi marcada pelo "Rio da Prata", que desce de Minas Gerais para São Paulo e ainda é límpido.
    Mas infelizmente também temos problemas aqui. Os eucaliptos aliados à estiagem secaram cursos d'água importantes e familiares da zona rural que nunca haviam sentido tanto uma seca, tiveram que abrir poços artesianos. Em minha viagem ao sul de Minas, muita seca encontrei, muita costela de rio à mostra, muita represa agonizante. questão urgente e preocupante esta...

    Bjs reflexivos

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  12. Já faz tempo que os homens conscientes e sábios mencionam as mudanças sofridas pela natureza , assim como seus tristes efeitos sobre nossas vidas. Mas continuamos a usufruir seus frutos como se eterna. Não sobreviveremos sem a água e a situação que São Paulo enfrenta tende a se expandir. Costumávamos ver as reportagens sobre o nordeste como se aquela realidade estivesse muito longe de nós. Confesso que tenho receio de ela abraçar o mundo. Nada se faz e o realizado é tão somente paliativo. Costume de nossos governantes. Entendo que nos cabe grande parte dessa responsabilidade. E se continuasse escrevendo, Calu, cansaria você (rss).
    O livro que sugeriu me pareceu interessante. Até anotei para não me esquecer.. Bjs.

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  13. Olá Calu, adorei ler este seu excelente artigo, focando um tema que me diz muito também!
    Esses rios asfixiados pela construção tornam-se até "perigosos" pois quando acontece as grandes chuvas, acabam por saltar do leito e provocar grandes inundações! Aqui alguns até são desviados dos seus trajectos!
    Tudo isto devido à falta de respeito do Homem pela natureza, que com eles visíveis se tornaria muito mais equilibrada!
    Que bom esse projecto para localizar os rios em São Paulo, que com os devidos arranjos paisagísticos ajudará que a cidade fique ainda mais linda!
    O livro deve ser muito interessante, pois todos nós temos um rio que nos marcou na infância!
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Ailime

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!