quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Os sorrisos que recebemos



 No exato momento que vemos esses sorrisos cativantes, sentimos a forma mais instantânea de empatia, aquela que brota da imagem agradável aos olhos e correspondente às emoções. Feito assim, costumamos prosseguir em outros interesses que estejam na pauta do dia.

Dificilmente, paramos pra reconhecermos aquele frágil instante onde emoção e satisfação formaram um elo, mesmo que frugal, mesmo que empático. Damos mais ênfase nas definições oficiais do vocábulo, do que na sua real existência em nós; isto necessita de um olhar mais pausado.

Tida como uma capacidade, e o é, a empatia é decantada em termos abrangentes sufocando certas particularidades onde também se encontra. O sentir com entendimento é pra mim, a maneira mais verdadeira do efeito da empatia em co-habitação da solidariedade, da correspondência nas relações pessoais, do reflexo expresso para além do ver, sendo residente no sentir e agir.

A empatia nasceu conosco desde o ventre materno. Acredito que somos testemunhas dos momentos de tensão ou de paz revelados nos batimentos cardíacos de nossas mães, embora nem sonhássemos em compreender o que aquilo significava, mas compreendíamos o que emanava.

Mais que uma emoção intrínseca, a empatia é uma escolha que traça em cor viva melhores possibilidades para a humanidade. 

Que a empatia seja como lentes de um poderoso binóculo.



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Séries preferidas



Tenho uma queda explícita por séries e filmes com temática histórica e, mais ainda, se contiver enredo sobre outras culturas/ povos.  Ando, pois, me presenteando com séries coreanas( netflix) deste painel. Estou encantada com as tramas muito bem desenvolvidas, fotografias requintadas e deslumbrantes, roteiro bem mesclado nas porções de romance, suspense, conflito e filosofia budista/confucionista.

A delicadeza no trato romanceado é de tamanha sutileza entre os protagonistas que devolve ao público um enlevo desaparecido da cinematografia ocidental. O amor é retratado numa aura tão romântica, por excelência, que chega a ser comovente. Toda produção prima por realismo histórico cheio de expressões e cuidados típicos da cultura coreana imperial. Há cenas de uma beleza estética avassaladora que suspende o fôlego da assistência; no meu caso, muitas vezes, voltei a cena pra observar todos os detalhes. 

Terminei ontem de assistir: Saimdang,Light's Diary e me encontro envolta naquele universo apaixonante da protagonista que viveu no século XVI do reino de Joseon( Coréia). Foi pintora, calígrafa, poetisa, exímia bordadeira e mãe de 7 filhos; erudita dedicada. A imagem acima é reprodução de um de seus famosos quadros:Chochungdo. Até hoje é reverenciada em seu país. 

Ela foi a personalidade escolhida para estampar a nota de 50 mil wons, lançada em 2009 na Coréia do Sul.


( Parque em Seul/ Saimdang-foto flickr e koreapost)




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Ah, o mar


" Sempre que fito o mar" 

( Gilka Machado


Sempre que fito o mar

tenho a ilusão de achar-me diante

 de um silêncio profundo,

onde vozes lutassem por gritar

por lhe fugirem do invisível fundo.


Diante do mar, eu fico triste

nessa mudez de quem assiste

reproduções do próprio dissabor;

diante do mar, eu sou um mar,

a outro de apor e a se indeterminar.


O mar é sempre monotonia na calmaria

ou na tempestade.

Fujo de ti, ó mar, que estrondas

porque a tristeza que me invade

tem a continuidade das tuas ondas.


Mas, te amo, ó mar, porque minh'alma

e a tua, são bem iguais;

ambas profundamente sensíveis

e, amplas e espelhantes, pois,

nelas o ambiente atua

apenas superficialmente...
 



sábado, 6 de fevereiro de 2021

Cada canto, um lugar


Em cada casa, um estar,
Em cada cômodo, um fazer,
Em cada canto, um lugar. 

" Arrume a casa todos dias...Mas, arrume um jeito de viver nela."



CASA ARRUMADA

( Carlos Drummond Andrade) 

Casa arrumada é assim: um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.

Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não centro cirúrgico, um cenário de novela. Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas… Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida…

Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha. Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na cara que é casa sem festa. E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.

Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde. Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto…

Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda. A que está sempre pronta pros amigos, filhos… Netos, pros vizinhos… E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.

Arrume a casa todos os dias… Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo para viver nela… E reconhecer nela o seu lugar.

 


*Imagens;1_ casaabril/pinterest
2- By/me


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Tempo bem gasto


 Esse tempo que atravessamos nos ensinou a ressignificarmos  as horas. Aprendemos tanto sobre nós mesmos que, por vezes, até nos surpreendemos com o reflexo no espelho, não apenas pela aparência, como também, pela essência. Passamos anos ligados(as) no automático na maioria das horas dos dias que transcorreriam em responsabilidades e compromissos. 

O ano passado nos sacudiu, nos revelou camadas de preferências e agitações que nos habitavam. Nos pôs frente a nós nos ensinando novos passos antigos. 

Refizemos alguns hábitos, não só por gosto, mas por necessidade e buscamos adaptá-los à urgência do momento. Tomando distância para ampliar o foco, vemos que conseguimos uma certa vitória sobre algumas circunstâncias que, embora transformadas, não foram de todo eliminadas; marco de conquista resiliente frente ao cenário. Um VIVA a isso! 


Fazer coisas fora da agenda 
( Augusto Cury)

" Fazer coisas fora da agenda é fazer coisas inesperadas, romper a rotina, quebrar a mesmice. É nutrir sua história com aventura. É ser um caminhante nas trajetórias do próprio ser. É gastar tempo com aquilo que lhe dá lucro emocional e não financeiro. É ter um caso de amor com a vida.
Fazer coisas fora da agenda é o frescor de uma vida excelente. Se você desprezar essa lei psicológica, você se internará num asilo emocional."