sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Céu Particular









Podermos, de vez em quando, repousar o olhar e o coração em remansos que nos confortam, é grata colheita num dia inesperado.Repito muito uma citação do mestre Rubem Alves, que diz: "__ Sempre que posso levo meus olhos para passear". E eu procuro ao máximo seguir esses e outros ensinamentos deste admirável pensador/educador a quem eu tive o privilégio, tempos atrás, de ouvir em pessoa num seminário da área.Inesquecível!

De olhos pregados no céu de anteontem, onde se desenhou um esplêndido arco-íris no final da tarde mesclada de luz,calor e ventos, me extasiei com o espetáculo.Corri para fotografar as cores, as vozes que brotavam entre as nuvens sortidas de claridade, porém, minha péssima habilidade nesta arte da fotografia ou talvez a agitação emotiva em não perder nenhum detalhe, deixou todas as fotos fora de foco.Fiquei na maior dúvida se as postaria, só que pesei a escolha, se não o fizesse, vcs não poderiam nem imaginar o caleidoscópio que aqui se formou.Pronto, resolvi trazer os desfocados registros pedindo desculpas pelas distorções, mas querendo que todos(as) se detenham e descansem nas luzes coloridas pintadas num céu particular.


Olhem só as cores, tá?:))







" Pastora de nuvens, fui posta a serviço
por uma campina tão desamparada
que não principia nem também termina,
e onde nunca é noite e nunca madrugada.

(Pastores da terra, vós tendes sossego,
que olhais para o sol e encontrais direção.
Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo.
Eu não.)" 

Cecília Meireles (trecho)



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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Nossa Nova Juventude






Vi num trechinho da entrevista dada por uma conhecida editora de moda, ela afirmar que quando lhe perguntam a idade, ela prontamente aumenta dois anos (rsrsrs), o que me trouxe imediatamente á lembrança, minha sogra que fazia o mesmo. Na 1ª vez que saímos juntas ao encontrar uma conhecida que emendou num papo inevitável de filhos e netos e parentada puxando ao final da frase a pergunta crucial de com quantos anos ela estava, ouviu elegantemente a afirmação duma numeração maior que a real; seguiu-se logo a declaração esperada:__ "Mas, você está muito bem para sua idade!"

E após as despedidas simpáticas fui logo lhe perguntando porque havia aumentado a idade e ela bem faceira me responde: __ "Pra ouvir esses elogios, minha filha". Olhem só que saída bem bolada, simples e eficiente, com alto grau de sucesso, uma singela massagem no ego,o que vamos combinar faz um bem danado. Foi-se o tempo que a mulherada com mais de 30 enganava a idade.É voz corrente que os 50 são os novos trinta e eu quero mais é me enturmar sem neuras nesse time antenado, ativo, buscando o bem-viver e a valorização do que realmente importa na vida.Chegar e passar dos cinquenta é um marco e tanto mesmo para o século XXI.A princípio causa um certo desconforto; meio século... para em seguida baixar uma certeza das conquistas realizadas e do tempo que agora se merece aproveitar ( ao menos deveríamos ) que parece um renascimento, e é. 

O visual  não é mais aquele velho conhecido, mas o espírito ganha asas sem precisar de vitaminas e, como isso é energético.Nosso olhar se aprimora pra vida na mesma proporção que as lentes dos óculos aumentam de grau.O que será motivo pra comprarmos armações moderninhas e desfilarmos por aí.Abusamos da capacidade de encantamento e soltamos o riso com vontade.Se a insônia resolve fazer uma visitinha não nos pega mais de surpresa, vamos navegar na web e o relógio fica esquecido.Treinamos o desapego diariamente, seja dos objetos, seja dos infortúnios.Não queremos mais perder tempo com besteiras, muito menos com mudanças de planos de última hora.Estamos sempre prontas para qualquer clima, chova ou faça sol. Se os problemas não são graves, então não são problemas, este é nosso lema.Nós cinquentonas e tais, somos agora muito melhores do que já fomos, imaginem só quando formos centenárias (rsrsrsrs)! 



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Achei a imagem ultra inspiradora.O reinventar-se a cada dia!




Imagem II: Cartum de Ana Von Reuber, premiadíssima cartunista argentina, representante da FECO ( federação das organizações de cartunistas).Promove um projeto de criação do Museu do Cartum, com doação de seu acervo pessoal. 

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sábado, 23 de novembro de 2013

Passos e Descompassos









Se formos perguntados hoje sobre nossos medos mais básicos saberemos listar uns três ou quatro de imediato; daqueles que estão bem na superfície da percepção, mas os outros mais arraigados, estes só tornam a revelar-se diante de situações que nos constrangem verdadeiramente, tipo um fracasso.Como temos medo de fracassar no que quer que seja.Fomos todos(as) criados para o sucesso e a simples possibilidade do inverso nos aterroriza a ponto de nos abalar emocionalmente.

Quem, no tempo de escola, não sentiu-se intimidado ao ser chamado(a) ao quadro pela professora.Poderia estar preparadíssimo para resolver a questão proposta, mas que sentiu um friozinho na barriga, ah, isso sentiu.O medo de errar acaba por paralisar nossas certezas e pode até nos desarticular a ponto de ficarmos em dúvida sobre o que conhecemos.Em minha época ginasial havia prova oral de todas as matérias sociais e muitas colegas passavam mal de fato na hora do exame.Eu sempre fui tagarela e quando chamada, ligava a torneira e só parava quando chegava ao ponto final da questão perguntada, porém, meu coração ficava saltitando na garganta o tempo todo.

Ao longo de minha experiência profissional fui desenvolvendo melhor minha atenção pra este fato e percebendo os(as) alunos que se melindravam ante uma apresentação ou mesmo uma prova escrita. Fui modificando certas praxes em sala de aula.Comecei tirando o tal cabeçalho formal das provas escritas e para descontrair promovia concursos de grupos de tarefas ao quadro, onde eles se agrupavam como preferiam e se engajavam na atividade.Bom, estas e outras estratégias direcionadas, acredito que abreviaram para muitos(as) o terror de expor seu "erro", que já começa por ser inadequado desde a palavra que o nomeia, pois em aprendizagem não há erro, há tentativas de acertos, umas são bem sucedidas,outras precisam ser refeitas em novas tentativas.Martelei muito esta minha tese nos ouvidos das crianças e jovens, meus alunos(as), crendo firmemente que ao acreditarmos que podemos cometer enganos na busca do conhecimento, estamos nos fortalecendo para a assertividade em nossas escolhas na vida.

Vejo adultos tão preocupados em não cometerem nenhum pequeno engano de qualquer natureza, que demonstram sofrimento real quando isto ocorre.Não faço aqui apologia aos erros/falhas de caráter ou de outras espécies abomináveis, ressalto especialmente os reveses que podem acometer qualquer ser humano.Ninguém falha premeditadamente, pelo menos, eu assim penso.Todo mundo quer acertar em suas escolhas e ações na vida, principalmente nos campos social e profissional.Ninguém quer acreditar que possa falhar e isto acaba por ser nocivo para o equilíbrio emocional de cada um.Quantos casos de enfarto são verificados após um fracasso pessoal ou profissional? A gente somatiza ( a maioria de nós) e, diante dum tombo doído, muitas da vezes, ficamos acocorados no chão com receio de levantarmos e encontrarmos um dedo em riste nos apontando:__Eu te avisei!

Isto dói tanto quanto o acontecido e não resolve nada, pior, só faz com que nos sintamos uns fracassados, o que para milhares de pessoas é avassalador e paralisante; o que na minha visão é o mais trágico disso tudo.O fracasso deve ser visto como aprendizado.Esmiuçado e não esquecido.Detalhado e compreendido para que seja reordenado em cada etapa do processo e que venha a estabelecer os fundamentos dos desacertos para que com clareza e empenho transforme-se em futuros acertos.Se os cientistas de toda as épocas tivessem desistido ao primeiro fracasso em suas pesquisas não teríamos hoje os avanços que dispomos nas áreas de medicina e tecnologia, só pra citar algumas.

Fácil não é, assumirmos que não somos tão incríveis como gostaríamos e que não só damos passos certos, mas na crença de que somos capazes de corrigir as rotas e buscar acertar em nossas escolhas, nos reveste da força motivadora da criação; a resiliência.



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Imagem: freepick

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tímida comemoração









Vila Real da Praia Grande,foi o nome dado as terras do lado de cá da baía da Guanabara no iniciozinho do período colonial.De vila já não tem nem a sombra faz tempo.De real, nem uma joinha da coroa perdida num buraquinho das calçadas, mas de praias grandes, ah, essas ainda resistem aos séculos de poluição por serem crentes em cada promessa eleitoreira de melhorias e cuidados, tch,tch,tch, princesinhas iludidas.

Não foi sempre assim, não.Nem aqui, nem em nenhum outro lugar do mundo.Tudo começou com a natureza exuberante que cada um recebeu.Dádiva emoldurada que acabou sendo sentença de castigos e descuidos ao longo dos séculos, porém se não fossem estas mesmas dádivas ela, a Vila Real, não teria atingido a categoria de cidade.Prêmio ou castigo? Difícil escolha.Estar próxima á primeira capital federal ajudou ou prejudicou? Bom, se eu dirigir o foco pros dias atuais, vou cair num choro convulso.Ai meus sais!

Hoje aconteceu uma reunião das autoridades locais e estaduais firmando um acordo de implemento na segurança da cidade, que esteve nestes últimos quatro anos entregue á própria sorte ou azar;quem mandou estar doutro lado da ponte, via expressa fácil de todas as mazelas do outro extremo.O país inteiro sabe que o choque de ordem no Rio afugentou toda a bandidagem pra cá e pros municípios vizinhos. No jornal de sábado vieram elencados os rankings da alta criminalidade que assola os niteroienses nestes dois últimos anos destacadamente.

Como, perguntou eu, não me agarrar ao antigamente quando nas noite de verão eu pulava amarelinha com as amiguinhas na calçada,enquanto meus pais e avós tomavam a fresca? Quando saía-se á rua com tranquilidade nos afazeres sem maiores preocupações com os pertences.Quando usava-se o transporte coletivo sem sufoco e podia-se planejar os horários do dia com um mínimo de folga para o cumprimento dos compromissos.Quando desfrutávamos da praia com descontração e proveito sem medo de arrastões.Quando trafegávamos de carro com as janelas abertas...quando, quando quando!Há bastante tempo atrás.

Mas, ainda temos alguns( poucos) motivos de comemoração nestes 440 anos, afinal as praias grandes reavivam em nós a esperança em melhores anos pra esta cidade das "Águas Escondidas".










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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A Casa da Gente











Por mais definições feitas sobre a casa da gente, não se esgotará nem em outros tantos zilhões de anos, o tema. A casa pra mim é um elemento quase natural.Consegue se inserir em diversas categorias que se ampliam para além dum simples abrigo, indo se mesclar às vidas que habitam(ram) seus espaços.A casa da gente tem obviamente nossas preferências, mas não só, ela acaba por agregar um pouco de cada um que ali está ou esteve.Os cheiros, os objetos, as cores, a mobília, a disposição dos espaços, tudo,tudo nos reflete, e ás vezes nos revela mais do que gostaríamos.

Dificilmente nos esquecemos das casas que já habitamos.Da casa da infância, senão de toda ela, de algumas particularidades que continuam vivas em nós.Detalhes, que hoje nos são caras e queridas lembranças pintadas através das emoções.Da casa que erguemos em nossos sonhos e vimos materializar-se na nossa frente quase que como num passe de mágica;mesmo que essa mágica tenha custado muito suor,esforço e dedicação( o que acontece na maioria das vezes), ao girarmos a maçaneta da porta e entrarmos no espaço-lar, o mundo fica do lado de fora e tudo o que desejamos é nos aninharmos em seu interior aconchegante.Grande útero que de novo nos cabe e no qual podemos intervir a nosso gosto, e donde podemos ir e vir sempre que desejarmos.Isso é natureza rearrumada.Releitura ampliada em cada ângulo pensado, em cada chão sob o teto.

A casa da gente é um tudo entendido em pedacinhos que desenham o mosaico das nossas vidas.Ela tem nome, tipo: a casa da mamãe ou a casa de antigamente ou a casa da rua estreita... Foi sendo juntado em suas paredes nossos risos, algumas lágrimas, nossos planos, certos receios, muitas esperanças ( estas fazem parte da iluminação), amuos, sensações, emoções, delicadezas, por vezes até rudezas, ousadias e bastante temperanças ornadas na força construtiva do amor.

A casa da gente: lugar onde se faz vida! 



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Foi em vistas de céus de lá e de cá que me veio a incontida vontade de falar sobre a casa da gente.Foi lá, nos "Céus e Palavras" (link) da amiga Chica, que as belas conexões aconteceram. 





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1ª Imagem:pinterest(sunkemon)

sábado, 16 de novembro de 2013

Série do Fractais - Adoce seu Dia - comentários inspiradores










Hoje o doce do dia veio comprovar uma sabedoria antiga: " que bons sentimentos atraem outros iguais"; sensibilidades enlaçadas,pois assim foi por aqui.Numa edição passada da série muitos comentários adocicados trouxeram mais sabor aos meus dias. Fiz uni-duni-tê e a escolhida foi a Marli Borges / Blog da Marli.blogspot.com ( link) que nos brinda com doçura e firmeza dando aquela crocância apreciada. 





"Queridas, Calu e Beth!! Adorei o post, e é a mais pura verdade o que vocês falaram. Entendo muito bem essa diferença entre o desalento e o sorriso. E também sou totalmente avessa a presunções. Na verdade, aqui nesse mundo, somos tudo e nada somos! Todos nós, no mesmo barco. Fico boba de ver como as pessoas se deixam manipular por sentimentos escusos. Assim como vocês, eu também, antes de qualquer juízo, procuro encontrar a luz que as pessoas irradiam. De certa forma é o exercício da caridade que praticamos entre as pessoas." 


( comentário feito no post da série: adoce seu dia, VII edição)



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Um adocicado final de semana pra todos(as)!:)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sorriso Fácil








Nada como uma sala de espera lotada pra pormos em dia uns atrasinhos anotados, tipo: uma leitura ou uma boa conversa, ainda mais se sentarmos ao lado de alguém simpático e tagarela feito a gente.E ontem não foi diferente, lá estava eu bonitinha, esperando a minha vez de fazer o exame de mamografia tendo ao meu lado uma sorridente senhora que puxou assunto assim que me  sentei.

E, na primeira frase dita veio logo a reclamação do calorão que fazia: 42 graus com sensação de quase 50" ;ninguém merece.Daí começamos as duas a contabilizarmos todas as agruras duma canícula como a que baixou sobre a cidade deixando todo mundo com um ar desanimado suspirando por uma brisa que não deu o ar da graça.Contei à ela que só havia saído porque o exame estava marcado há um mês e eu tinha levado um puxão de orelha da minha médica por ter demorado tanto este ano em fazer meu checkup anual, então, como não queria levar outro e nem arriscar que perdendo esta data a próxima vaga só acontecesse em 2014, lá estava eu, resmungando contra o calor senegalês, mas firme no compromisso.

Assunto vai, assunto vem e num piscar de olhos já estávamos as duas com os celulares em mãos mostrando as famigeradas fotos dos netos.Era uma sequência de: "__Ai, que gracinha/muito fofos/uns amores/bem lindos..."Eu acho que quem não os tem deve se munir de uma boa dose de paciência com as amigas avós-corujas ou sair de fininho antes que elas, sempre empolgadas, comecem a dedilhar o álbum virtual dos netos, que nunca é pequeno(rs); só eu tenho mais de 80 fotos deles, porém quero registrar aqui que minha amiga Beth Lilás, tem a maior boa vontade e disposição em ver cada foto nova que eu recebo.Verdade!E,creio que esse costume não tem retorno.

Os aparelhinhos provocaram muita coisa boa e ruim, mas na conta das primeiras eu coloco esses arquivos de fotos que fazem a alegria de gente como eu que adora mostrar as poses e travessuras da turminha miúda, tipo a minha, que acaba de ganhar mais um (a) integrante...thanran:___ Vem aí mais um(a) netinho(a).Miguel vai ganhar um irmãozinho ou irmãzinha no ano que vem(\0/);êba! Formou-se um quarteto da pesada e a família está rindo aos borbotões com mais esta felicidade e eu que não perco tempo já recomecei a preparar novo enxoval de bebê:))

Depois de receber os parabéns da colega, lá fui toda serelepe pra sala de exame.



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Imagem:walldesk(tumblr)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Colorindo a semana - BC da Anne









Te recomendo
chegar bem perto
ouvir o que dizem
as claras pétalas
 recém despertas;
sorrir junto à elas
provar o orvalho
molhando a pele
deixar nos poros
o luzir matinal,
que reveste o dia,
 faíscas brincantes
bailado elegante,
vontade de dançar...



(Calu)
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Começo a semana com essas recomendações coloridas motivadas na série promovida pela Anne Lieri (link).




Uma semana cheia de cores alegres pra vcs!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

7ª Edição desta aventura envolvente, o BookCrossing









Cá estamos nós em mais uma empolgante edição do Book Crossing Blogueiro.Desde que vejo os banners lá na Luma ( link) a promotora deste movimento bacana na blogosfera, já vou olhando daqui e dali, escolhendo qual livro irei libertar desta vez.O escolhido foi uma coletânea de contos de autores consagrados: "A Linguagem dos Animais/ed: Boa Companhia", pura inspiração no Prêmio Nobel de Literatura deste ano concedido à escritora canadense Alice Munro, aclamada por seu estilo de narrativas breves e contemporâneas afinadas na clareza e no realismo psicológico ( definição do site G1).









Como está acontecendo o recadastramento eleitoral aqui na cidade, aproveitei o ensejo e lá fui com o exemplar participante para o ginásio de esportes cumprir com meu direito cívico já sabendo que iria enfrentar uma bela fila; ora, que ocasião melhor que esta para libertar um livro? Pois então, dito e feito, o que não faltava por lá era gente.Depois de ter tirado aquela foto pra documento que deprime qualquer um(a), peguei meu documento renovado e saí pro pátio procurando um lugarzinho maneiro pra esquecer meu livro.Escolhi o banquinho de pedra ao redor do jardinzinho próximo à uma das entradas.Tirei a foto sob olhares surpresos e saí rapidinho pra não encabular quem se animasse a pegá-lo. O engraçado é que mesmo não sendo caloura nesta campanha sempre fico com o coração disparado na hora "H".
Me sinto fazendo uma boa peraltice,rsrs... 





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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O que pode cair do céu










Achei muita graça da charge do Miguel Paiva hoje no jornal "O Globo", o que afinal é o foco esperado neste tipo de linguagem, porém há uma favorável combinação de fatores, como: o dia chuvoso , as preocupações modernas do personagem e as memórias a que me remetem todo o conjunto.O gatão de meia-idade segura um guarda-chuva debaixo duma nuvem virtual e declara:  "__Já pensou se a nuvem resolve chover todos os meus dados armazenados?" 

Não faz tanto tempo assim que quase todas as áreas profissionais lidavam(lidam) com enorme quantidade de anotações, relatórios, planilhas,artigos, teses e outros, registrados em velhas e conhecidas resmas de papel de toda ordem.Os(as) mais organizados costumavam manter até um arquivo particular para acesso rápido e seguro de suas escritas, fossem essas de caráter profissional ou pessoal. Valia e ainda valem as pastinhas- arquivo, caixas elaboradas, amarradinhos de toda sorte ou mesmo pilhas balouçantes sobre qualquer móvel que lhes dê uma brecha.Os desorganizados viviam(vivem) em meio a um caos estabelecido e quando são questionados soltam a réplica conhecida:" Eu me acho na minha bagunça"; só ele(a) mesmo!

A quantidade de papéis soltos, encadernados,catalogados ainda é sugestiva embora possamos contar com nossos arquivos no PC, creio que nem todo mundo confia cegamente nesta ferramenta.Quantos de nós já arrancaram os cabelos ao perderem seus trabalhos/artigos ou o que seja que havia sido guardado em fascículos enumerados duma obra de volume? Vixe, tem é gente que passou(passa) por tal aperto.Aí bate uma dúvida: "E se eu tivesse impresso tudo, agora teria como resgatar o que se perdeu na nuvem passageira."Pois é, fica-se fabulando sobre o leite derramado e querendo um milagre tecnológico à mão.Só que reveses não acontecem apenas por aqui.

A história oficial registra milhares de documentos perdidos nas brumas do tempo, agora, reencontrados.O que estará pensando Napoleão em seu mausoléu acerca de seu valioso testamento recém encontrado?Um documento que seria valioso somente pra ele e os seus, mas que o tempo se encarregou de elevá-lo à categoria de rara e cara preciosidade, indo a leilão.E os escritores distraídos que ao carregarem seus manuscritos de um lado para o outro perdem folhas ao vento e só dão pela falta muito tempo depois.Tem uma cena na comédia romântica Simplesmente Amor, onde um escritor compenetrado em sua inspiração, datilografa seu romance á beira dum lago quando uma moça ao vir lhe trazer um chá desprende as folhas de cima da mesa que saem feito borboletas em vôo e pousam nas águas plácidas diante do desesperado autor.

Caso semelhante aconteceu com uma colega do curso de francês.Numa viagem no mês de maio á Provence, ela e o marido alugaram um carro para o fácil deslocamento entre as cidades da região.Toda entusiasmada com os passeios, resolveu fazer um diário de viagem em francês e seguia anotando e opinando sobre tudo o que via e vivia.Ao chegarem na terceira etapa do itinerário numa das cidadezinhas típicas, deixaram o carro aberto e saíram pelos arredores.Não deu outra coisa.Ao retornarem não encontraram mais o diário, o saco de roupas para lavar e nem a necessaire dela; ao que nos contou chorosa: "__ Nem me preocupei com as roupas e cosméticos, mas o que meu doeu foi terem levado meu diário.Devem estar rindo até hoje dos meus erros de francês!" 

Hoje a gente tem de torcer pra que do céu caia apenas água, rsrsrsrsrss!




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Imagem: weheartit(rain) 
Obs: não consegui trazer a referida charge pra cá ( ...novidade,rsrs)

domingo, 3 de novembro de 2013

Um dia de novidades










Elas, as duas meninas iam assim debruçadas na larga janela da barca, olhinhos fechados pela força da brisa marinha , sorrisos escancarados e soltos na aventura esperada, soltando gritinhos de alegria a cada surpresa das ondas, ora a espuma branquinha, ora dois ou três golfinhos vindo lhes cumprimentar, banhadas pelo sol de julho, riam as duas meninas, felizes.

Mal contida fora a euforia das duas meninas naquele dia.Feito passarinhos agitados corriam de um lado pro outro da casa escolhendo a roupa, os enfeites dos cabelos, disputando quem entraria no banho primeiro, numa tagarelice que ensurdecia a mãe, que em vão tentava arrumá-las para o almoço combinado com a avó delas.

Saíram as três de mãos dadas, a mãe e as filhas.Chegaram á estação das barcas num horário de movimento menor e com olhinhos arregalados diante de tanta novidade enchiam a mãe de tantos porquês pipocados feito milho em gordura quente.Riram nervosas ao movimento do pier sob os pés e queriam saber se estava tudo normal ao que um sorriso tranquilo da mãe respondeu sem palavras.

No embarque, ao se verem naquela embarcação enorme, saíram em disparada entrando e saindo pelas fileiras de cadeiras, procurando a que tivesse a maior janela, queriam estar juntinhas em cada descoberta."Por que os marinheiros circundavam a barca? Por que ainda não saímos do pier? Por que a barca está apitando? Por que há esses pacotinhos debaixo de cada cadeira"... O entusiasmo atropelava as palavras de uma e de outra e a mãe se esforçava para explicar cada detalhe da travessia.Tudo era novidade para as duas meninas, que recebiam olhares sorridentes dos demais passageiros ao redor vendo-lhes encantadas com um trajeto corriqueiro para os trabalhadores das cidades no entorno da baía da Guanabara.

O assombro estampou seus rostinhos quando um avião veio agigantando sua cor prateada num vôo quase rasante sobre a barca ao preparar seu pouso no aeroporto Santos Dumont, levando as duas boquiabertas meninas a recuaram da janela para o colo da mãe em busca de abrigo, sem porém, perderem o espetáculo inusitado.As emoções daquele dia foram contadas e recontadas durante todo o restante do ano como uma façanha inédita.


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O que as minhas meninas não sabiam e muito menos eu, era que o transporte aquaviário na baía da Guanabara entre as cidades de Niterói e Rio de Janeiro foi implementado desde 1835 com barcas a vapor que faziam a travessia regularmente " configurando uma inicial relação entre a população da capital do Império e as povoações das bandas-d'além.Possuindo três barcas com capacidade para 250 passageiros que trafegavam de hora em hora nesse percurso[...]" ( Noronha Santos, 1934) 





( barca Itaipu - 1º aerobarco - fins da década de 50) 



Prefiro não acrescentar aqui todas as mazelas que se avolumaram ao longo do século passado e do atual nos serviços prestados à população das duas cidades pelas diferentes empresas administradoras, deixando com vcs  apenas a visão lúdica de minhas filhas ao realizarem pela 1ª vez um passeio no transporte aquaviário pela baía da Guanabara, no ano de 1984.


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Outra boa novidade acompanhando o título do post foi um cafezinho com sabor de alegria,tomado num encontro semana passada com duas blogueiras queridas: a Rosélia( idade-espiritual.blogspot) e a Jô Turqueza ( turquezzavariedade.blogspot)

Adorei tuuuudo, meninas! 






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Fonte

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Dentro de nós, um mar









Faltam apenas dez páginas para eu chegar ao final do romance que me enlaçou nestes últimos quinze dias, no final das contas a ziquizira me prendeu em casa me possibilitando mergulhar profundamente nas leituras; coisa boa!Este romance me caiu em mãos ao meio dum passeio semanal na livraria.Como nunca havia lido nada desta autora portuguesa, resolvi trazê-lo para aumentar a pilha dos "esperantes da vez" e me surpreendi com os rumos dados à trama bem tecida entre as personagens ambientadas na atualidade, vivendo as exigências e as angústias da vida moderna em contraponto às emoções.

Controlei minha curiosidade em saber qual será a decisão de Rosa, frente aquele amor egoísta que a deixa refém dum sentimento mesquinho, em segundo plano na vida do homem que a mantém enredada na paixão e disso tira proveito desmedido sem o mínimo respeito aos sentimentos dela.Usa-a como e quando lhe provém, atraindo-a e afastando-a conforme suas vontades sem no entanto permitir que ela corte estes laços sufocantes que os mantém amantes há anos.

Em meio a muitas idas e vindas, pergunta-se como pode uma mulher moderna, independente, artista, deixar-se subtrair desse jeito rendendo-se a um amor nocivo que lhe nega o direito de ser e viver plenamente? Quantas "Rosas" ainda existem, iludidas por promessas vãs, por paixões-minuto unilaterais que alimentam vazios n'alma? Quantas mulheres se deixam cegar pelo cenário que criam e vendam-se para a realidade que grita à sua volta inutilmente? Quantas permitem que seus sentimentos sejam vilipendiados consecutivamente e não conseguem mudar este estado aviltante?

São muitas, bem o sabemos, mas nem por isso aceita-se que tal situação seja apenas fruto de más escolhas.Ao meu ver, outros fundamentos da história de vida acabam por influenciar tais atitudes destrutivas, mas não irreversíveis e, quando "a personagem" roda a baiana, sacode a poeira e dá a volta por cima, a gente vibra, bate palmas e festeja como se tratasse duma parente, amiga, irmã de quem gostamos muito.

Há inúmeros exemplos de casos assim, pela literatura, filmografia e afins.Ontem mesmo, relaxando em frente á televisão revi pela enésima vez a comediazinha romântica: "O amor não tira férias", onde uma publicitária inglesa vive uma paixão dessas e como não suporta mais o conflito pessoal, sai de férias para Los Angeles, onde a distância e novos amigos lhe favorecem a reflexão sobre tudo, libertando-a; e eu embora sabendo o desfecho, vibro com esta cena, como espero fazer com Rosa no desfecho do livro.Em breve saberei se vou festejar ou lamentar, mas com certeza já celebro o romance de Inês Pedrosa," Dentro de ti, ver o mar."  




" Rosa percebeu que o resto da sua vida seria isto: acomodar-se à agenda de Gabriel, preencher os espaços em branco da sua vida.Com se tivesse uma folha excel muito organizada onde tudo se encaixava: os filhos, a família, a livraria, e ela___ a diversão controlada, uma espécie de montanha-russa que lhe assegurava a quota da loucura, o toque de sal que lhe faltava[...]" 








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