quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Água e Vento


De repente veio o vento, 
logo atrás, nuvens cinzentas 
e a chuva desceu em cortina,
cobrindo o dia num véu.
Lá longe passavam ondas,
contornos pela colina
branqueavam todo o céu.

Corri  então lá fora 
e prendi-a no varal, 
para que o céu nunca esqueça 
de sua melhor roupagem,
aquela que traz o azul
pra dentro do meu quintal.

Calu

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quanto Tempo o Tempo tem?


O que você tem feito do seu tempo de vida?
Será que ele não tem escorrido pelos seus dedos
pelo desperdício das reclamações fúteis,
pelos gastos excessivos com o supérfluo?
Será que você tem tempo
para as coisas que realmente importam?
Você tem tempo pra você?

Não deixe os minutos se amontoarem
porque eles viram horas e horas somam-se,
e formam um dia, e dias se multiplicam,
e acabam virando anos, e quando você vê,
Dezembro chegou, e mais um ano terminou.

Pare de "matar" o tempo com bobagens.
Com gente que não vale um pensamento sequer...
Descubra o que realmente te faz feliz
e lute para "conquistar tempo" para viver.
Viver com conforto não significa luxo,
nem vida abastada.
Basta paz interior.

Quem segue com paz, conquista.
Quem conquista se alegra,
e quem se alegra, modifica situações,
transforma o mundo com um sorriso.
E o tempo responde com mais dias de vida,
e vida com abundância.
Valorize o tempo, cada minuto é direito seu,
use-o com sabedoria.

Paulo Roberto Gaefke


domingo, 28 de agosto de 2011

Trago o Vermelho para Colorir


Nem bleu, nem blanche, Rouge!
Tive na semana passada uma inusitada experiência dentro da mais pura rotina, um exame de imagem para a circulação.
Cheguei ao local apressada , em cima da hora, mesmo tendo tomado a precaução de sair mais cedo de casa, mas esqueci-me do caótico trânsito de Niterói. Então, com a respiração compassada me apresentei na recepção e aguardei ser chamada.
Enquanto esperava que meus batimentos se regularizassem fui me dando conta que há muito meu fôlego não é mais o mesmo, pudera! São cinquenta e seis anos de ritmo diuturno( ainda bem), sem muitos cuidados.E não era por este motivo a minha ida aquela clínica.
Tomo algumas precauções banais com o coração, tipo, praticar exercícios, comer com pouca gordura e essas outras receitinhas simples, mas segundo a opinião pública, confiáveis.
Poi é, estava lá eu, na sala de espera, quando fui chamada ao consultório para realização do exame.O médico me fez perguntas de praxe e começou o exame.A mente divagando sobre todas as coisas a fazer naquele dia, foi subitamente tragada pelo som que vinha daquela máquina robótica num fragor que enchia a sala.
Era a minha circulação acontecendo.Meu sangue percorrendo meu corpo. A essência da minha vida ali, aos meus ouvidos...Tive um choque de realidade como se todas as idades que tive se fundissem em imagens aceleradas num trailler.Eu e meu corpo num encontro absoluto.
Razão e emoção se alternavam na consciência daquele fluxo.
Banalidade, dirão alguns. Medo, dirão outros.Constatação, digo eu, para além da poesia, para além da consciência, para dentro de mim, um encontro necessário e marcante.
Episódio que pede uma paráfrase, como um marcador de páginas que nos permite retomá-las sempre que quisermos:

"... Hoje, não! Hoje eu não quero nada que me tire o privilégio de sentir a textura densa da vida. Nada que me faça perder a oportunidade de me perdoar pelas minhas próprias mazelas. Porque hoje o meu desejo é simples: Quero a paz lá fora para me encontrar aqui dentro."
( Érica Gaião) 


Em vermelho ilumino o espaço através das pinturas de Jia Lu.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Saudades...de Clarice e minhas também


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades…
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei…
Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser…
Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro…
Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser…
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!
Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!
Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!
Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.
Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências…
Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,
Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que…
não sei onde…
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi…
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês…
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados…
para contar dinheiro… fazer amor…
declarar sentimentos fortes…
seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples
“I miss you”
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades…
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência… 

Clarice Lispector


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Já...


"Já plantei feijão no algodão, caí literalmente de um cavalo e tive a frustrada experiência de tentar pegar um porquinho na mão... 
Já contei uma piada sem graça, já me vesti de palhaça. 
Já brinquei de bete-ombro e quebrei uma vidraça. 
Já liguei de madrugada para pedir perdão.
 Já dormi sentada, já acampei na casa de uma amiga, já perdi a paciência e estremeci em uma turbulência. 
Já dancei frevo na chuva, já fui roubada, perdi o ônibus e também, já passei por uma grande decepção. 
Já cheguei em casa de madrugada, segurando o salto alto na mão. 
Já dei gargalhadas de doer a barriga, já chorei 2 dias inteiros sem conseguir parar, também já fiz alguém sorrir e alguém chorar.
 Já fiz amizades que irão durar pra sempre e também conheci pessoas que da minha vida estão ausentes. 
Já sentei num banco de praça para ler, já tentei me esconder, já tentei fugir do “bicho papão”. 
Já fiz regime , já passei em concursos e fiz pós graduação.
 Já acampei no meio do mato, já tirei o sapato para dançar porque estava com um calo no dedão. 
Já fiz cremes caseiros pra colocar no cabelo, já fiquei de pijama o dia inteiro. 
Já fui jogadora de vôlei e gandula de futsal =). 
Já pintei paredes e carreguei tijolos; pintei telas e tentei tocar violão. 
Já tirei foto com gente famosa, já levei um “não”.
 Já fiz curso de datilografia, já me cadastrei no blogger, já criei um Orkut, já estou na era digital."


Joseane Piechnicki 
---------------------------------------------- 
Qualquer semelhança com a prosa não é mera-coincidência.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

sábado, 20 de agosto de 2011

Vamos Brincar?


" Tô presa meu bem, tô presa
Tô presa por um condão
Me solta, meu bem ,
Me solta, me solta o coração"


"Fui à Espanha,
Buscar o meu chapéu,
Azul e branco
da cor daquele céu..."
---------------------------------------- 
" Assim são as imagens poéticas: elas têm o poder de ir lá no fundo da alma onde moram os esquecimentos.E, quando um desses esquecimentos acorda, a gente sente um estremeção no corpo. È isso que faz a poesia. Ela cata pedaços perdidos de nós.
Pois isso está acontecendo comigo agora.Estou sendo visitado por uma imagem emissária do meu passado.Ela me aparece,e eu me comovo.Se me comovo,é porque eu me pareço com ela(...)"
Rubem Alves 
-------------------------------------- 
Quanta poesia havia em nossas delicadas cantigas de roda, que entoávamos em meio às ingênuas brincadeiras de infância. Histórias herdadas da oralidade folclórica criativa de muitos povos. Melodiosas imagens que enfeitavam nosso universo infantil.
Ao ver o trabalho dessa artista plástica, Amanda Cass, voltei a esse tempo das rodas no recreio do colégio. Fantasia, ternura, pureza, amor e delicadeza são características de sua obra a qual pretendo conhecer mais e melhor, pois como poesia ilustrada;"...ela cata pedaços perdidos de nós." 


Hoje é domingo
pé de cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Chifra a gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo! 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Aprendizados

Arte de Lilymoon 

..."Como eterna aprendiz, eu me atrapalho incontáveis vezes com os exercícios que me são propostos na sala de aula de cada dia, esse é um aprendizado bastante difícil. Atrapalhada, mas com disposição para aprender, a cada experiência eu renovo a ideia de que o melhor presente que podemos dar para a nossa vida e para outras é estarmos presentes o máximo que conseguirmos em cada instante. Sinceramente presentes. Amorosamente presentes. É sermos presentes para nós mesmos e uns para os outros com o coração." 
Ana Jácomo

------------------------------- 
Obrigada pelas mensagens lindas que recebi pela ocasião do meu aniversário.
Vcs , amigas, foram presentes e se presentificaram em cada palavra generosa. E eu, fui presenteada!
Um beijo,
Calu

domingo, 14 de agosto de 2011

BCFV_ Melhor Idade

"Sou mulher como outra qualquer
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades!"
Cora Coralina 

O momento é para falar no futuro, ao menos em planos, projeções, desejos.Mas, seria tarefa impossível se não houvesse tido um passado, muitos passados, esses que delinearam os traços dos caminhos e que desenharam a figura que hoje quase me constituí completamente.
Tenho algumas certezas e muitas promessas para a fase que se avizinha trazendo no título  bons augúrios__ A Melhor Idade.
Lugar sonhado, onde se encontram esperanças semeadas, confianças alcançadas, segurança garantida, amores verdadeiros, sabedoria cotidiana, saúde  e tranquilidade rotineiras.Será?



Não tenho a resposta afirmativa, mas carrego a certeza da busca e do empenho no plantio.
Eu,mais que ninguém, nos últimos dias descobri que trazer certezas amarradas só nos fazem ter trabalho em desatar os nós e, ao aprendermos na vivência de cada dia as lições inesperadas ganhamos a sabedoria procurada.


Por isso e por tudo o mais quero poder enxergar o mundo pelas muitas ópticas possíveis.
Fazer cada dia melhor em cada hora.Ter ao alcance de meus braços os amores eternos de minha vida, as amizades queridas, as ações acertivas e as atitudes benéficas.Ser mais uma das possibilidades de alegria no mundo.
E, para garantir que toda essa lista se realize, vou assoprar com força todas as velinhas desse dia 15/08, confirmando a benção da vida que me foi presenteada há 56 anos atrás, na data de hoje.
Gostaria de poder contar com a presença querida de vcs, gente amiga da blogosfera, para degustarmos uma deliciosa fatia de bolo.
Mas, como nada é impossível... quem sabe um dia???
Portanto, sintam-se convidadíssimos(as)!



Enquanto isso, cantem comigo:


Força Estranha




Eu vi um menino correndo
eu vi o tempo brincando ao redor
do caminho daquele menino,
eu pus os meus pés no riacho.
E acho que nunca os tirei.
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou.
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.


Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.


Eu vi muitos cabelos brancos na fonte do artista
o tempo não pára no entanto ele nunca envelhece.
Aquele que conhece o jogo, o jogo das coisas que são.
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão.
Eu vi muitos homens brigando. Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta,
e a coisa mais certa de todas as coisas.
Não vale um caminho sob o sol.
E o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol.


Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha...


Mil bjinhos,
Calu


Composição de Caetano Veloso

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Clareamento


Então os anos passam e você entende que boa parte de tudo que sonhou não vai acontecer. A maturidade te obriga a pagar contas, ter emprego fixo e garantir o fundo de garantia para uma velhice tranquila. Aos poucos, a bagagem dos sonhos começa a pesar e decidimos ir abandonando as vontades pelo caminho. 

Mudamos nossas atitudes e nos conformamos com o que a vida nos reservou. Alguns sentam e lamentam, outros relaxam e continuam querendo. Eu faço parte da segunda categoria. Posso adormecer um sonho, mas vira e mexe vou até ele e mostro que ainda estou aqui. Outras vezes finjo que esqueci da sua existência, mas o amarro bem perto pra ele não fugir. 

Muitos sonhos vão sobrevoar nossa vida e aqui do chão parecerão impossíveis de serem alcançados. Mas eu não desisto e estendo meu braço. Além disso, os obstáculos do cotidiano vão cortar as asas do nosso pensamento fazendo muito do que queremos tornar-se impossível.

 É verdade, pode ser que eu de fato não consiga chegar até eles, mas a confiança já faz de mim uma pessoa bem melhor.

Fernanda Ganoa


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Por Uma Vida Melhor - Teia Ambiental


Continuando nosso "passeio" pelas terras de Goiás, não poderia deixar de mencionar a pamonha, iguaria feita do sumo(bagaço) do milho ralado e que é uma delícia muito apreciada.Dá um pouquinho de trabalho, mas compensa tudo em sabor.Assim como muitas outras delícias doces e salgadas que são feitas de cascas e bagaços de frutas e legumes.Contrariando paradigmas antigos, é preciso provar para acreditar nas maravilhosas possibilidades do consumo consciente dos alimentos sem nenhuma perda de valor nutricional.
Há variadas receitas ensinando o passo a passo sem maiores dificuldades.Indico, em especial, os blogs das amigas Rute_ publicarparapartilhar.blogspot.com e  Lina_ aromadecafe.blogspot.com, que dão dicas imperdíveis.

Os tempos atuais exigem uma postura mais consciente de ser e estar no mundo.Não que seja fácil abrir-se mão de hábitos e confortos já cimentados em nosso dia-a-dia, mas podemos tentar, mesmo que numa atitude pequena, porém, efetiva.

Não jogue fora as sobras
  • Aprenda a reciclar as sobras de alimentos: do feijão, faça sopa. Com arroz, cenouras cozidas, carne assada ou o que restou da bacalhoada prepare deliciosos bolinhos. Frutas azedas ou maduras demais viram compotas, geléias e recheios para bolo.
Faça o alimento durar mais
  • Verduras e legumes podem ser congelados pelo processo de branqueamento: mergulhe os vegetais em água fervente, espere que a água volte a ferver, retire do fogo e mergulhe imediatamente esses vegetais em uma vasilha de água gelada. Não confunda o branqueamento com preparação definitiva. O vegetal branqueado não está pronto, mas apenas protegido para ser guardado por mais tempo.
Prefira produtos regionais
  • Dê preferência às comidas típicas e aos ingredientes de sua região, pois estará ajudando a reduzir os custos de transporte para que um produto de outra região chegue até você e evitar as perdas causadas pela manipulação dos alimentos.
Escolha com os olhos
  • Na hora de comprar frutas, verduras e legumes, escolha com os olhos. Tocar os alimentos reduz a sua vida útil. Pegue o alimento somente depois de decidir o que vai levar. Assim, o produto será preservado por mais tempo. 
A tentativa é o movimento inicial para a realização permanente.
Tente, invente, faça diferente!

domingo, 7 de agosto de 2011

Passeando em Goiás Velho


Contei que estou em meio a muitas arrumações.Novo ciclo de vida e de espaços.Nesse mexe e revira, aproveitei e reorganizei meus próprios guardados;aqueles do baú.E, lá embaixo estavam os muitos álbuns de fotos, a nossa vida retratada desde sempre.Abri um, e me deparei com as fotos do carnaval em Goiás Velho, nos idos de 1987. A turminha mais graúda e arteira posando para a câmera do papai.Paisagens, ruas, igreja,passeios típicos duma cidade colonial do interior mas, com preciosidades distintas: a poetisa-mor, Cora Coralina, e as doceiras inigualáveis.
Foi nessa ocasião que provei pela 1ª vez o doce de limão cristalizado; dos deuses!Inesquecível!Comprovei que o velho ditado popular tem lá suas razões; é possível fazer dum limão uma limonada, mais que isso,fazer doces maravilhosos como esses. 



Arrematando esse post de gostosas saudades, busquei em Aninha, dulcíssima Cora, trechos de sua  poesia; 


Cora Coralina__ Quem é você?

..."Sendo eu mais doméstica do que intelectual,
não escrevo jamais de forma 
consciente e racionada,e sim
impelida por um impulso incontrolável.
Sendo assim, tenho a 
consciência de ser autêntica.

... Sou mais doceira e cozinheira 
do que escritora, sendo a culinária
(no meu modo de pensar)
a mais nobre de todas as Artes;
objetiva, concreta, jamais abstrata.
A que está ligada à vida e
à saúde humana..."
----------------------------------------- 
Um doce domingo p/ vcs!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Òi nóis aqui tra vez

Arte de Cécile Vallée 

Quem é de meu tempo há de se lembrar desse jingle duma propaganda que dizia mais ou menos assim:
" Se ocês pensam que nóis fumo imbora,
nóis enganamo ocês,
fingimo que fumo, mar voutermo,
òi nóis aqui tra vêz!"

Tirei da gavetinha das memórias inúteis essa daí, que nos últimos dias não me tem saído da cabeça.Como brincadeira que faz do uso incorreto da língua, mote para um recado divertido, a modinha caiu como uma luva( olha eu usando ditados de novo), para titular meus novos dias de um novo tempo que começou.
Quando guardei no baú, livros infantis, cartõezinhos de comemorações, adesivos, fitilhos, durex colorido(vá que se precise...) e otras coisitas más, achando que este ciclo de minha vida havia se encerrado até data futura, sou surpreendida por uma batida na porta. Vou abrir e encontro a garotinha de oito anos faceira e sorridente, trazida pelas mãos de meu filho e minha nora , dizendo:
___ Tia, nós agora vamos morar com você!
Escancarei a porta, um sorriso, meus braços e, feliz recebi de volta ao ninho esses três amores que logo serão quatro,em minha casa, em minha vida.
Há uma semana que arrumamos, desarrumamos, montamos,desmontamos e os espaços vão ganhando novos usos e donos.Os espaços e as horas, sim, pois, minha agenda antes folgada, está estreitinha por conta dos deveres de casa, estudos dirigidos, passeios de bicicleta no calçadão, hora do banho, almoço e colégio, ufa!
Vou hoje mesmo desentulhar meu baú. Os fitilhos,com certeza serão necessários.
E cantando Chico, que retrata melhor esse fundo musical, registro:

"...Roda mundo, roda gigante,
roda moinho, roda pião,
O tempo rodou num instante,
nas voltas do meu coração!"

Imagem:Borboleta-Azul.blogspot.com

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Uma Imagem


Viagem no espelho

Espelho, espelho meu
Diga a verdade
Quem sou eu?
Se às vezes me estilhaço
Se às vezes viro mil
Se quero mudar o mundo
Se quero mudar o rosto
Se tenho sempre na boca
Um gosto de água e de céu
Se às vezes sou tão só
Quando me viro do avesso
Se às vezes anoiteço
Em plena luz do sol
Ou então amanheço
Com vontade de voar
Espelho, espelho meu
Diga a verdade, quem sou eu?

Roseana  Murray


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Possíveis Encontros


Num minuto oportuno a gravidade os aproximou.Um desses momentos casuais ou coincidentes em que o instante sela o destino.Com o puxão dado no varal lá se foi o companheiro que dividia com ela a tarefa de segurar pelos ombros a camisa branca de colarinho, mas na pressa , ela conseguira segurar-se com toda a força que possuía e acabara ficando na corda.
Agora, um duplo impulso contando com a dona gravidade outra vez, camarada e, num empuxo que a fez deslizar varal abaixo, molhado pela chuva fina que começara há poucos instantes atrás, teve facilitada sua aproximação.
Assim, bem pertinho dele não conseguia evitar o rubor e toda vermelho-rosáceo tentou disfarçar a tremedeira que as molas desobedientes lhe impunham.
Ele, pomposo em seu verde-néon, fingia que nem a via ali, tão próxima, tão emocionada. E distraído olhava a paisagem do alto onde estava.
E ela, vendo seu sonho tornar-se realidade, mal se continha no lugar.Como esperara esse momento.Lado a lado com ele, seu amado verdinho brilhante,como o chamava carinhosamente.Não,que fosse essa a única vez que tal fato acontecia. Outras tantas havia conseguido chegar bem perto, mas a confusão do cesto era tamanha que julgava que ele nem a percebera.
Finalmente, a oportunidade se dera.Seu dia chegara e melhor que a encomenda. A sorte lhe sorria e ela saberia aproveitá-la. Achegou-se a ele ajudada pela chuva e pelo vento que começava a soprar e muito casualmente lhe falou:
___ Chuvinha fria , não é? Acho que só juntinhos conseguiremos nos firmar.


Calu