Retrato em luar
Meus olhos ficam neste parque,
Minhas mãos no musgo dos muros,
para o que um dia vier buscar-me,
entre pensamentos futuros.
Não quero pronunciar teu nome,
que a voz é o apelido do vento,
e os graus da esfera me consomem
toda, no mais simples momento.
São mais duráveis, as heras , as malvas
que a minha face deste instante.
Mas posso deixá-la em palavras,
gravadas num tempo constante.
Nunca tive os olhos tão claros
e o sorriso em tanta loucura.
Sinto-me toda igual às árvores:
solitária, perfeita e pura.
Aqui estão meus olhos nas flores,
meus braços ao longo dos ramos:
e, no vago rumor das fontes,
uma voz de amor que sonhamos.
Cecília Meireles
Descanso meus olhos ávidos
refrescados pelo orvalho
contido nas ramas das flores,
alado nas asas dos pássaros.
Alongo a delicadeza
destes prados em muitos verdes,
sorvo a brisa perfumada,
refaço-me em natureza.
Os instantes se confundem
nas cores que a tudo abrangem.
Deixo-me ficar muda,
falo a voz dos montes.
Aqui, onde murmúrios d'alma
se fazem ouvir mansamente,
crio claro relicário
nessa luz que me revela.
(Eu)
Aplausos querida poetisa, Calu
ResponderExcluirBeijinhos
Verena.
Consegues duetar maravilhosamente e Cecília deve te aplaudir e se orgulhar!
ResponderExcluirFicou lindo,Calu!
beijos, ótimo fds! chica
Gostei muito deste momento poético... Obrigada.
ResponderExcluirContinuação de um verão agradável e inspirado.
Um abraço afetuoso .
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💐
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