quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Uma imagem-um conto/fevereiro 2022


Transcorreu pelos meses do ano que passou e segue com fôlego e criatividade, a série: Uma imagem-um conto, criada pela amiga, Norma Emiliano, tendo como temas para múltiplas criações, imagens do calendário de reproduções de pinturas originais feitas por pintores com boca ou pés.  


Não deixe a esperança enferrujar-se

Havia anos restava esquecida num canto da garagem. Todos que por ali passavam a ignoravam igualmente. Suas engrenagens enferrujadas soltavam pó  laminoso no chão. Selim e guidão se desfaziam pela passagem inexorável do tempo. Ninguém lhe dava importância. Ninguém sequer lembrava-se dela que, fora tão companheira do seu dono.

Há muito se conformara com a existência vazia a que fora entregue. Nem nutria nenhuma esperança de voltar a circular pelas ruas do bairro. Achava que seu destino estava selado: o ferro-velho.

Dia houve, porém, que um garoto de cabelos de fogo, aproximou-se dela. Olhou-a de cima a baixo. Desencostou-a da parede e verificou as correntes, os pneus, todos os detalhes de sua estrutura e foi-se embora. 

"Pronto, pensou ela, chegou o dia do ferro-velho."

Passaram-se poucos dias e ela viu o garoto retornar. Trazia consigo pneus novinhos, correntes tinindo em alumínio brilhante, um selim todo forrado em azul metalizado, um guidão aerodinâmico estiloso. O cirurgião-mecânico começou a operação de renovação com empenho e cuidado, enquanto ela, sentia dos aros aos pedais, do selin aos freios, a vida reacender suas engrenagens despertando novo ânimo e novas promessas.





12 comentários:

  1. Uma bela participação que muito elogio.
    .
    Saudações poéticas.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Que lindo! Deu pra sentior o pensamento da bicicleta aliviada por não ter ido ao ferro velho e sim ganho um novo coração e garra de viver! Muito rodará ainda! beijos, chica

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  3. Fiquei muito feliz que a bike não acabou indo para ferro velho, Calu.
    Que sorte teve ela!
    Lindo e meigo o seu conto, amiga.
    Mil beijinhos
    Verena.

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  4. Um poema deveras brilhante acompanhado de uma excelente pitura... Amei :)
    -
    A força da mente não me deixará ter frio
    *
    Beijos, e um boa noite!

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  5. Boa noite serena, querida amiga Carminha!
    "Achava que seu destino estava selado: o ferro-velho."

    Assim sentiu-se a bicicleta e muitos de nós, muitas vezes, entretanto, aparece um anjo bom que nos traz uma corrente de Amor novinha e nos põe na engrenagem da vida novamente.

    "Enquanto ela, sentia dos aros aos pedais, do selin aos freios, a vida reacender suas engrenagens despertando novo ânimo e novas promessas."

    Espetacular é poder sentir-se viva!
    Seus textos são excelentes, já o sabe, mas convém ressaltar que não me canso de apreciá-los por tanta beleza numa linguagem culta e propícia. amiga.
    A-do-rei.
    Tenah um anoitecer abençoado!
    Beijinhos

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  6. Que lindo conto!Quando tudo parecia perdido, surge a luz que tudo ilumina e há o recomeçar. Grata por aderir. Bjsss

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  7. Parabéns amiga Calu,
    pela mensagem subliminar por detrás desta sua brilhante participação.
    O pensamento da Ana Jácomo veio reforçar ainda mais a sua mensagem.

    Basta haver atenção e carinho, que tudo volta a brilhar.

    Um beijinho .

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  8. Uma bela criatividade Calu.
    Uma imagem para uma realidade tão comum, o abandono de coisas que ainda podem ser uteis.
    Belo conto que chega emocionar pelo modo que deu vida à bicicleta.
    Aplausos amiga.
    Um bom fim de semana com paz e alegrias e pedaladas pela ciclovias.
    Abraços com carinho.

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  9. Ah, pelo visto conseguiu solucionar a Lista de blogs. Que bom.

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  10. Texto belíssimo com uma mensagem não menos bela.
    Abraço
    Olinda

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  11. Uma bela mensagem, não devemos perder a esperança de fazer a vida reacender, amei!
    bjss

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  12. Magnifica participação, Calu!!! Adorei! Assim como a citação final... acho que estava mesmo a precisar de a ler por estes dias tão desestruturantes...
    Grata por mais uma formidável partilha! Um beijinho grande!
    Ana

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!