terça-feira, 5 de maio de 2015

Vida eterna para estórias maravilhosas





( Maxfield Parrisch- A Bela Adormecida)



O cinema e a televisão redescobriram a roda reinventando o farto manancial dos contos de fadas. Digo reinventando, mas esta não é a expressão mais adequada, pois muitos dos contos que nos chegaram em criança e nos acompanham no imaginário adulto, não correspondem aos verdadeiros escritos captados pelos folcloristas europeus, como Andersen e os irmãos Grimm, que hoje são até protagonistas de séries americanas. A fonte parece inesgotável.Quem, deste lado do mundo não teve sua infância povoada por princesas, príncipes, dragões e feiticeiras? Uma população que nunca se afastou realmente da nossa percepção de mundo, só trocou a roupagem, alguns adereços e foi rebatizada de acordo com os arquétipos modernos.
Assisti Malévola e gostei do enfoque dado, salvo exageros.Vou pra Bela Adormecida com expectativas de novidades.Veremos!Considero a criação da animação Shrek um marco importante na trajetória das releituras dos contos de fadas.Rompeu paradigmas inovando olhares.Enquanto na ativa, o filme era cativo da minha lista para o ano letivo e sempre fonte de grandes debates.Não importa o número de anos que tenhamos, de alguma maneira os contos de fadas permanecem presentes, seja no imaginário ou na distração pela telinha/telona, ou ainda na revisitação proporcionada pelas novas gerações, como no meu caso, contando e recontando os preferidos dos netinhos(as); incansáveis na repetição dos escolhidos.Tenho, por vezes até sonhado com casas de madeira e lobos na floresta...

Ilustrando mais segue abaixo trecho dum texto da Dra Nise da Silveira sobre o tema, clareando-o com maior eficiência e fundamento.


Os contos de fada, do mesmo modo que os sonhos, são representações de acontecimentos psíquicos. Mas, enquanto os sonhos apresentam-se sobrecarregados de fatores de natureza pessoal, os contos de fada encenam os dramas da alma com materiais pertencentes em comum a todos os homens. Eles nos revelam esses dramas na sua rude ossatura, despojados dos múltiplos acessórios individuais que entram na composição dos sonhos.
Os contos de fada têm origem nas camadas profundas do inconsciente, comuns à psique de todos os humanos. Pertencem ao mundo arquetípico. Por isto seus temas reaparecem de maneira tão evidente e pura nos contos de países os mais distantes, em épocas as mais diferentes, com um mínimo de variações. Este é o motivo porque os contos de fada interessam à psicologia analítica.
Pesquisadores modernos decifraram contos, velhos de 4.000 anos, gravados pelos babilônios, hititas, cananeus, e mesmo alguns afirmam haver encontrado vestígios de certos temas, ainda hoje preservados em estórias, que remontam a 25.000 anos antes de Cristo.
Os homens sempre gostaram de estórias maravilhosas. Não só as crianças, mas também os adultos. É salutar ouvir a narração de contos de fada e ler velhos mitos. “Mitos e contos de fada, diz Jung, dão expressão a processos inconscientes e sua narração provoca a revitalização desses processos, reestabelecendo assim a conexão entre consciente e inconsciente”.
Não se trata de acreditar nos feitos heróicos e nos encantamentos que as estórias descrevem. Essas coisas não são verdades objetivas mas, sim, são verdades subjetivas narradas na linguagem dos símbolos. Estórias e mitos não passarão através do crivo das exigências racionais, evidentemente. Contudo isso não impede que atinjam outras faixas para além do consciente. Obscuramente o homem pressentirá que ali se espelham acontecimentos em desdobramento no seu próprio e mais profundo íntimo. São essas ressonâncias que fazem o eterno fascínio dos contos de fada.



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Fonte: grupo papeando.wordexpress


13 comentários:

  1. Eu amo os contos de fadas, e a sua essência cheia de conflitos psicológicos e mistérios.
    Não importa o tempo eles permanecem e encantam sempre

    bjokas =)

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  2. Oiiii Calu, eu adoro estas novas leituras que estão sendo feitas dos contos de fada, acho que tem mais haver com a nossa época atual, eu amei Malévola, quero ver Cinderela agora! Bjosss

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  3. Essas estórias, esses contos de fadas fazem sonhar e só por isso já se justifica sua existência! Tudo que ajuda a isso, faz bem, ainda que saibamos que a realidade é diversa! bjs, chica

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  4. Contos de fadas são histórias que tem poderes #fato
    Educativas, pedagógicas, psicológicas, culturais, atemporais.

    Tanto mimimi hj em dia, tão pouco exploradas
    Já fiz muitos posts com essa temática, adoro
    Vou fazer novos ;)

    Põe contos de fadas lá na busca e sempre recomendo a quem gosta do tema o livro Pedagogia do amor.

    Bjs meus e três palmas para salvar uma fada!

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  5. Oi, Calu!
    Hoje mesmo eu li uma versão mais tradicional de Chapeuzinho Vermelho em que o caçador mata o lobo e como sempre, foi só decepção.
    Primeiramente porque crianças de seis anos (ainda na fase simbólica) gostam de histórias repetidas - mas repetidas igualzinho.
    Em segundo lugar, muitos ficaram com pena do "animalzinho", que só queria matar a fome.
    Quando eu era criança no meio rural, jamais vi o lobo MAU por esta ótica modernista e engajada. É que andávamos sozinhos por aqueles ermos e tudo podia nos acontecer de verdade...

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  6. Oi, Calu!
    Nise da Silveira interpreta com maestria a psicologia de Jung e sua concepção do Inconsciente Coletivo, das heranças comuns a toda humanidade e arquetipos presentes nos contos de fadas, religiões, mitos... ou qualquer manifestação da cultura coletiva.
    Quando eu era criança, ouvia mais as lendas brasileiras do que os contos de fadas. Também histórias de assombração... As crianças eram manipuladas pelo medo e você tinha que obedecer senão algo de ruim podia acontecer.
    Malévola parece ser um conto de fadas revisado para adultos, não? Assisti para entender a tal metáfora sobre o estupro. Aliás, as atrizes de Hollywood estão se engalfinhando pelos papéis nas novas edições que a Disney estará produzindo.
    Estou pensando com meus botões que teremos que resguardar as versões antigas dos contos de fadas.
    Beijus,

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  7. Oi Calu,

    Bom, sou suspeita para falar, mas acho contos de fada demais...
    Agora não gosto muito dessa onda de releituras de contos de fadas, como no caso de Malévola, acho que é uma tentativa de banalização do mal. Como se o mal sempre tivesse uma justificativa. Ele simplesmente existe.

    Um filme bem legal que faz uma releitura do conto da Branca de Neve, é o Espelho, Espelho Meu, com a Júlia Roberts (que está demais no papel da madrasta). Fiz um post com uma pequena análise lá no blog já faz tempo. Se ainda não assistiu, vale à pena.

    Um outro filme que está chamando a atenção é o Cinderela, pelo fato de terem escolhido uma atriz que não é tão bonita para o papel, tem um rosto bem comum. Tirando um pouco as meninas daquela idealização de beleza irreal. Como se só sendo deslumbrantemente linda elas tivessem chance de serem amadas. Interessante.
    Bjs querida e boa semana

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  8. OI CALU!
    OS CONTOS DE FADAS, VEM SE ADAPTANDO AOS TEMPOS E COM AS NOVAS LEITURAS, CONTINUAMOS A NOS ENCANTAR COM ELES.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  9. Calu e amigas, eu também sou amante dessas estorinhas e ainda hoje procuro assistir a todos elas que o cinema reeditou em sua grandiosidade. Desde Malévola à Cinderela, todas, apresentam sempre sugestões de ensino, carinho e mensagens edificantes.
    Como bem disse a Chica, sabemos que são sonhos, mas tudo que ajuda a isso, faz bem.
    um grande beijo carioca



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  10. E agora com o nascimento do bebê real, uma princesa, nào estamos vivendo, ainda que um pouco distantes um conto de fadas? Talvez isso explique a euforia pra bandas de lá!
    Beijo!

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  11. Oi Calu
    Tenho gostado das releituras dos contos, principalmente em relação a Cinderela. Malévola ainda não assisti. Tenho apreciado as aventuras da Frozen.
    O material dos contos são bem significativos para os estudiosos do inconsciente coletivo.
    Podemos ver nos cinemas um grande público de adultos interessados nas mensagens que considero boas, principalmente para a vida humana que tem sido tão árida.bjs

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  12. Na verdade, os originais de Grimm, Andersen, etc, eram ainda mais dramáticos do que as versões que nos contaram em crianças. Acho que se foram tornando cada vez mais "cor-de-rosa". Ainda não assisti às recentes versões cinematográficas (e com um rapaz em casa, dificilmente acontecerá) mas acho importante deixar espaço para essa fantasia existir na infância.
    Partilhei novamente o vídeo do Pedrinho consigo, no Google+, espero que consiga ver.
    Beijinhos e um doce fim-de-semana
    Ruthia d'O Berço do Mundo

    P.S. Também gosto muito do Shrek. O burro é a minha personagem favorita

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  13. Cresci com contos de fadas, devorava as enciclopédias como Reino Encantado e outras. Eram contadas pelo método tradicional, não sei se gostaria de ler uma nova versão. Guardo aqueles sonhos, daquela maneira e naquela idade que li. Perfeito o comentário da Chica. Mas é válido versões novas, pois tenho a impressão de que os nenês nascem com Smartphone na mão... E não largam!
    Beijo, Calu!

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