domingo, 9 de novembro de 2014

Velhos Caminhos





( Petra/ Jordânia)



Acabei de desviar os olhos dum texto sobre o imaginário dos contos de fadas e a sutil formatação que induz no inconsciente das meninas.Não de hoje, já havia atentado pro fato lidando com as expectativas das meninas e das jovens alunas no quesito: desejos de vida. Batalhei resoluta pra desmistificar as imagens incutidas de príncipes encantados, perfeitos, românticos, corajosos e protetores...blá, blá, blá, tomando os devidos cuidados pra não rasgar-lhes completamente o véu da fantasia, afinal um pouco de sonho é necessário, bem o sabemos; o que não convém é que nos deixemos viver num mundo paralelo de extrema magia que um belo dia irá nos expulsar sem dó, puxando nosso tapete e nos mostrando as asperezas do chão.Argh!

Tomando as devidas cautelas, faz um bem danado viajar por mundos mágicos, tirar férias do cotidiano e explorar alamedas ajardinadas, atravessar pontes rebuscadas, subir enormes escadarias e debruçar-se na janela duma alta torre.No meu concedido período de menina-princesa, sonhei com tudo isso, mas, minha preferência eram as longínquas terras das "mil e uma noites", voar num poderoso tapete mágico que me levasse aos confins distantes da Terra, por entre palácios de domos dourados, desertos extensos, oásis exuberantes, este era o primeiro tópico dos meus mais mágicos sonhos.Não perdia nenhum dos filmes do tema, alguns até sabia de cor e mesmo assim revia e revia.Meu livro dos mais belos contos das mil e uma noites não saía de cima da mesinha de cabeceira e foi nele, num de seus contos, que tomei conhecimento do famoso caminho da Rota da Seda.

Tal informação tomou minha imaginação sobre o que ali acontecia: as caravanas, os camelos carregados de especiarias, tecidos de pura e diáfana seda, pérolas, tapetes, porcelanas,manuscritos, códices raros...tudo muito fantástico e misterioso. Ao perguntar a uma professora se havia mesmo um caminho assim que ia da Ásia para a Europa, ela confirmou a informação e me mandou ler Marco Pólo.Aí, já viu né, minhas viagens literárias ganharam mundos inimagináveis pra mim, até então.

Agora, descubro que a China quer reativar os antigos caminhos desta Rota milenar, reavivando este corredor arenoso entre os continentes.Claro que, os novos interesses não diferem dos antigos, o comércio, as possibilidades de expansão das exportações, mas que a decisão traz uma certa nostalgia histórica, ah, isso traz; a qual também encontramos por aqui, em terras brasilis, com a reativação da Estrada Real, o caminho velho que percorre cidades e espaços cheios de história e belezas imortais.

Como seria esplêndido se as boas e mágicas histórias prevalecessem intactas e vívidas nos corações e mentes dos homens de todas as épocas.



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Imagem:tumblr-travelingmy




11 comentários:

  1. Eu também me vejo frequentemente com o trabalho de desconstruir aqui e ali sonhos de princesas, mas o faço com cuidado, porque caminhar pelos sonhos das crianças não é algo a fazer sem melindres. E a parte isso, me identifiquei tanto com esse texto. Eu também fui e sou apaixonada pela mundo das 1001 noites, pelos tapetes mágicos, paisagens desérticas, gênios, califas e vizis! Sempre digo e repito que queria ser Sindbad, o marujo desbravando os sete mares!

    E bate mesmo uma nostalgia de um tempo que a gente não viveu em realidade, mas viveu em sonho, saber que essa antiga rota vai ser reavivada... E a nostalgia é dupla, porque lembrei do dia que estive na Estrada Real e senti vontade de viajar novamente... de pisar nesse caminho de novo...

    Cheros Calu!

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  2. Calu, eu também fico esperta com os contos de fadas. No momento de reflexão, trago para a realidade deles: os primos e namoradas, os pais, o prefeito (rei)... Felizes para sempre sem escovas dentárias?
    Aos treze anos eu trabalhava 55 horas semanais num açougue de frangos e salgateria, estudava à noite e não havia mais espaço para sonhos.
    Meu primeiro filme na TV, aos 12 anos, foi "Renô e Sherazade", na casa de uns vizinhos rurais, pois não tínhamos o aparelho. Perambulou muito tem em meus pensamentos, até que comecei a trabalhar na cidade e frequentar cinema. Devido ao filme, esta região também é mágica para mim até hoje.

    Beijão retrospectivo

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  3. Que lindo e tu sempre com a sensatez. Realmente mostrar os caminhos para os mais novos, mas desmistificando tantas fantasias que existiam... Conservar a magia, o sonho, mas com o pé preparado para fugir se o que não agrada aparecer...

    Lindo te ler e seria mesmo bom se assim fosse, como falas ao final! bjs, linda semana,chica

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  4. Oi Calu,
    Interessante o teu olhar para as princesas de contos de fadas, concordo que os tempos mudaram, as meninas não são mais donzelas adormecidas à espera de um beijo, querem muito mais da vida…
    Adorei saber de suas fantasias sobre a rota da seda, também viajei muito com os diários de Marco Polo.
    Bjs querida e ótima semana

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  5. Calu, me lembro qdo lia tais livros e particularmente não gostava. Acho que príncipes nunca me chamaram a atenção. Mas os detalhes descritos nos castelos, os perigos, as florestas, isso sim, me encantava.
    Ainda não li Marco Polo, mas já está na minha listinha de futuras leituras.
    Agora, sonhar um pouco é bom, leva nossa imaginação a lugares fabulosos, mas que os príncipes ou sapos ou reis e rainhas não sejam tão inatingíveis assim.... rsrs
    Beijos, boa semana!

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  6. Os castelos suntuosos dos meus sonhos de menino.
    Uma bela partilha desta informação Calu, vou pesquisar sobre.
    No imaginário traçar e reviver um mundo lindo de fantasias.
    Uma linda semana a voce.
    Meu abraço de paz e luz.
    Bju no coração.

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  7. Calu fantástica esta tua crônica eu adorei, sabe de criança e adolescência vivia num mundo que não existia, acreditava que na vida tudo terminaria bem como nos contos que lia, claro caí do cavalo, a vida logo me ensinou que nem tudo é o que parece. Mas eu adoraria poder sempre ler os contos cheios de magia, nossa eu viajo neles, bjos Luconi

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  8. É verdade! Se pudéssemos unir na vida os nossos ideais, nossos sonhos acalentados, nossos lugares mágicos, seria muito melhor de se tocar em frente!
    Não sabia desta ideia da China, e achei genial, embora saibamos que tudo que se faz no hoje em dia, é por dinheiro e consumo. No entanto, este país milenar, tem me surpreendido até melhor do que nosso próprio. Encontrei neste final de semana com uma amiga que esteve lá, há poucos dias, foi junto com o filho de 10 anos e o marido, viram coisas lindas, revividas em memória daquele povo, através da arte, de monumentos e esculturas que contam sua história para que não se perca, para que não esqueçam. A China, ao que parece, irá nos impressionar ainda muito ainda!
    E eu, vou ficar de olho nas possibilidades de viagens, cuidando da saúde para fazer mais e mais, pois não há coisa melhor na vida, do que viajar. adoro!
    um beijinho carioca


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  9. Há sonhos e sonhos. Alguns nos fazem bem, como as viagens que os livros nos proporcionam. Podem incentivar um espírito aventureiro e uma busca incessante de conhecimento, bem prazerosa. Outros, fundados em falsas premissas, alimentam ilusões que o tempo arranca sem piedade e que, por isso mesmo, há que serem desmistificados. Muito boa sua postagem. Bjs.

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  10. Querida Calu, o nosso tempo de fantasia foi muito semelhante. Nunca sonhei com um príncipe encantado que tornasse a minha vida maravilhosa, mas com uma aventura sem fim em terras distantes. Pensando bem, acho que ainda não saí completamente dessa fase de sonho... e vou conquistando esse projecto de vida aos poucos. Em breve mais uma aventura, com o pequeno explorador claro!
    Muitos beijinhos
    Ruthia d'O Berço do Mundo

    P.S. Saiba que indiquei o Fractais da Calu como um dos melhores blogs de 2014, na 3ª edição da Xícara de Ouro da Patrícia Galis

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  11. Muito bom este tempo, mas não fantasiei assim. Acho que o príncipe encantado me fisgou, rs,rs,

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!