segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Lá onde canta o sabiá








Minha filha me mandou um foto sua segurando um copo de guaraná numa mão e um pão de queijo na outra, tudo isso acompanhado dum sorrisão com a legenda:" Isto aqui vale ouro!" Depois que soltei o riso, liguei pra ela que me contou toda animada sobre o seu achado.Na cidade em que mora, está acontecendo dentro duma galeria comercial para produtos alimentícios, uma pequena feirinha internacional e dentre os stands figura um do Brasil.Coqueluche total. O local fica tão cheio que é preciso ter paciência pra ser atendido, mas ela disse que ficaria ali o dia inteiro se fosse preciso só pra não perder a oportunidade de saborear umas delicinhas da terrinha. 

Nós que vamos e voltamos, felizes e saltitantes, quando nos vemos fora do país queremos mais é curtir todos os sabores locais num grande e feérico tour gastronômico, isto quando o tempo de estada permite e se não permitir todos os nossos desejos, ao menos alguns serão realizados.

Completamente diferente ocorre com quem mora fora de sua terra natal.Apesar das inevitáveis comparações sobre os costumes e as posturas na terra adotada, ainda mais se ela for no chamado mundo desenvolvido, acontecem as primeiras descobertas, a imersão no idioma, a adaptação à nova realidade e os encantamentos culturais que preenchem os dias ocupando o novo(a) residente.Quando tudo que era estrangeiro torna-se familiar, o espaço do desconhecido já totalmente reconhecido, sobra o tempo da saudade; dos entes queridos ( que sempre esteve presente), das coisas e gostos familiares que estavam adormecidos e aí, acordam! 

O novo não perde seu interesse, mas o antigo se faz presente atrás de cada detalhe e, como não há jeito de esgotar a saudade sempre que ela aperta, vai-se conformando no envolvimento dos dias, no trabalho, na lida diária, planejando as férias na terrinha.É assim, com minha filha e acredito com todo mundo que vive fora do país por longo tempo.Não tem como não sentir saudades das coisas familiares, dos gostos, dos cheiros, dos hábitos.Um mês antes dela chegar, nos falamos constantemente, porque a cada hora ela lembra duma coisa que quer comer, ou duma peça que quer assistir...e a lista é longa e nem sempre cumprida à risca, mas euforicamente esperada.


Dizem que o melhor da festa é esperar por ela, e minha filha faz isso toda vez que vem pra casa.Chega tão animada, que nem se incomoda com todos os descompassos da cidade, todos os problemas que vivenciamos dia-a-dia.Comentamos, apontamos nossas frustrações diante do desgoverno brasileiro, ela ouve, participa, opina, mas não perde o entusiasmo por seu país de origem. Esperança? Saudade? Tudo junto e misturado bem ao espírito brasileiro e, claro, regado a petiscos tradicionais.

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Imagem: pinterest

15 comentários:

  1. ue legal,Calu! O meu filho quando chega aqui também adora Guaraná. Mas ele compra por lá num lugar específico.Até as rapaduras cinsegue!rs beijos,chica e linda semana!

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  2. Já morei fora de Natal muitas vezes e era horrível ,pois como bem disse no texto ,sentia falta de coisas simples, do barulho da casa dos meus avós etc.Imagine mora fora do pais!Bom mesmo é nossa terrinha.
    beijão e tenha uma semana de paz

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  3. Minha Querida.
    Estou passando para desejar uma feliz e abençoada semana beijos no seu doce coração.

    Evanir.

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  4. Caluuuuuu!
    Ah se eu fosse ela entraria também na fila, fosse qualquer tamanho, mas o prazer de comer um pão de queijo e tomar o nosso famoso guaranazinho, é realmente indescritível, ainda mais vendo a beleza de Paris. Ah Paris!
    beijos cariocas



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  5. A imagem por si, já é fantastica e inspiradora Calu. Posso imaginar o que bem descreve.Ja senti estas emoções em outra terra e reforço o que bem traduziu, onde o novo não sobrepõe o velho que bem viveu e que fica enraizado.
    Como bom mineiro falar de pão de queijo já me deixa com agua na boca, mas nem por isso deixo de de me agradar com o acarajé,abará,kkk.
    Uma linda semana Calu com as alegria e encantamentos que lhe faz escritora.
    Meu carinhoso abraço amiga.

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  6. Olá!Boa tarde
    Calu
    que relato lindinho... sua filha...isso aqui vale ouro.
    ...a vida vai tecendo laços e tudo que tece são pedaços do vir-a-ser que se transforma em ser. Assim, a saudade faz morada em nosso coração.Estórias e Histórias, lembranças e marcas de nossas vidas ficam expostas na mesa regada com guaraná e um toque do pão de queijo .Nesses encontros , mesmo com a realidade atual cercada de desatinos e mazelas, ainda assim a saudade aumenta, pois pequenos detalhes e sabores que estavam adormecidos e acordam, nos fazem não perder o entusiasmo por nossas origens e à cantar as saudades da terra natal, que sentiu, sente e carrega consigo pelo mundo afora...
    Obrigado pelo carinho de sempre
    Bela semana
    Beijos

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  7. Olá Calu!
    Sem duvida: "o melhor da festa é esperar por ela" e visitar qualquer terra estrangeira é bem diferente de morar nela.

    Abração
    Jan

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  8. Pátria mãe! Muito raro alguém não amar a mãe. Nossa pátria é nossa mãe. Taí ver tanta alegria nela. Deus a abençoe! Beijos Calu!

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  9. Calu, estou gostando do seu jeito de escrever... Uma maneira que aprecio...
    Ah, sei o que é isso, nossa comidinha brasileira é gostosa demais! Meus filhos qdo estão fora e vão voltar fazem uma lista de pedidos... Também qdo vou ao NE (sou nordestina, mas estou aqui há 34 anos, desde que casei), desejo provar tudo que gosto tanto: tapioca, pé de moleque, cuscuz...

    Uma semana abençoada p você! Qdo puder, conheça o meu outro blog: cirandadefrases.blogspot.com

    Abraços

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  10. Cara mia Calu...........!

    mi fai comosso ieri pomerrigio ho ricevuto il pacco. quante amore che mi dai dal Brasile.
    ti mando email un grande affetto fortissimo
    un bacio

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  11. Oi Calu
    Que texto gostoso e sensível! Tenho certeza que vc deve sentir muita saudades de sua filha, e ela de vc. E o que vc escreveu é muito verdadeiro. Quando passei só alguns dias na Argentina já senti falta do nosso bom e velho arroz e feijão kkkk, lá eles só comem batata fritas "papas" com carne.
    Tem um selinho para vc no blog, caso vc o queira aceitá-lo, senão, é claro que a amizade continua.
    Bjos.

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  12. Não deve ser fácil viver "lá fora", né, Calu? Mas quando tem que ser, o jeito é mesmo se adaptar. A sobrinha do marido mora na Alemanha, há 21 anos e quando vem, também é aquela lista de desejos gastronômicos. E como ela cozinha bem, gosta de preparar o que quer. Vira uma farra, quando ela está aqui.
    Viver longe do país de origem é difícil, ainda mais quando os laços familiares ficaram pra trás. É um constante sentimento de perdas e de conquistas.
    E a gente tem tanto pão de queijo e guaraná por aqui que até enjoa. rs
    (Calu, por um descuido meu, deletei todos os comentários do meu post e na hora de recuperá-los, lá nos arquivos, em vez de "colar" o seu, deletei-o sumariamente. Desculpe-me, nem sei explicar o que fiz, estou sem entender até agora!)
    Beijo!

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  13. Calu, querida, olá!
    Venho retribuir sua doce visita e, que maravilha, encontro um blog inteligente e delicioso de se ler!
    Com toda certeza, estarei sempre por aqui, afinal, imagina que perderei a oportunidade de lê-la novamente?!
    Bjs e seja sempre bem vinda ao Meu Doce Lar!!!
    Seguindo vc - com alegria!!!

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  14. Calu! Adorei este post, cada parágrafo. Lembrei de mim e da minha mãe! O novo se torna familiar. Os aprendizados se misturam, se acrescentam... E a saudade sempre se apresenta! Bjs.

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  15. Muito legal essa história!Quando se está longe do país,deve mesmo bater saudade de um montão de coisas!...rss...morri de rir do jeito da sua filha!Pão de queijo e guaraná é tudo de bom,com certeza!bjs,

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!