quarta-feira, 24 de julho de 2013

Assim é como lhe parece ?






O lembrar e o esquecer são parte constituintes da memória humana em qualquer idade.Por vezes lembramos o que gostaríamos de esquecer e esquecemos o que queríamos lembrar, sendo a segunda premissa bem mais frequente que a primeira.Só que nossa mente nos prega mais peças do que percebemos.Com a correria do dia-a-dia a gente liga o piloto automático e toca em frente o hoje já pensando no amanhã e nestas frestas do tempo deixamo-nos envolver em ilusões pré-fabricadas.Nada contra aproveitarmos uns ideais rocambolescos agrinaldados em tules rosáceos e atmosfera encantadora, mantendo porém, a certeza do que representa aquele cenário das histórias altamente açucaradas contra indicadas para diabéticos e para nós também, os bons processadores de açúcar.

Por décadas fomos audiência de modelos desenhados propositalmente como o sonho da vida perfeita, do casamento perfeito, da casa perfeita, dos filhos, dos gostos, dos costumes e outros mais, vindos na esteira feérica da TV nos trópicos; janela escancarada pra massificações de costumes estrangeiros.Claro que uma medida miscigenação é necessária para que aconteça a renovação constante dos grupos sociais e afaste o fantasma do nacionalismo obtuso e perigoso, porém, uma pitada de critério sobre o que vale ou não a pena adotar, cabe bem nesta mistura.

Somos educados por inúmeros agentes, desde o ambiente familiar/escolar ao meio-ambiente próximo e ao distante também.Tudo que nos rodeia nos educa para o bem ou para o mal de nós próprios e da sociedade em que vivemos.Espaços físicos, instituições, cidades, espaços públicos e privados e todas as manifestações artísticas e culturais.Assim, quando inocentemente pensamos que um filme, uma propaganda, um anúncio são meramente artifícios midiáticos, vamos sendo conduzidos subliminarmente por estas mensagens que nos parecem inócuas. Esta é uma das nascentes do consumismo desenfreado; o incentivo enganoso que leva a gastos muitas vezes desnecessários.

Este cenário se estende também a sonhos pessoais por um futuro de vida projetado.Um ideal desenhado externamente, através de imagens montadas em cinemacospe. Quem foi criança nos anos 60 deve se lembrar da série americana" Papai sabe-tudo( Father Know Best)" representando uma família modelo, sonho de toda moçoila e de jovens esposas da época.Longe de ser um malefício, afinal tratava-se da vida cotidiana duma família comum às voltas com seu cotidiano ressaltado pros bons valores e costumes.Eu e a mulherada da família, adorávamos.O que causou descompasso foi a perpetuação na mente das pessoas, em sua maioria mulheres jovens, dum ideal de relacionamento familiar que nem sempre corresponde(u) à realidade, gerando frustrações e por vezes, separações conflituosas.Uso o exemplo desta série apenas como ilustração dos muitos modelos que desde esta época povoaram o imaginário brasileiro convertendo-nos durante décadas em mímicos dum modo de vida o qual nem sempre podia ser alcançado.

Sou fã de comédias românticas de bom gosto e nem tenho porque demonizá-las, mas acho conveniente que sonhemos acordados(as) sim, mas não anestesiados(as).Que nos envolvamos nas histórias rocambolescas, nos contos de fada, nos mitos, nas ficções...vivamos intensamente e bem sonhadoramente estes momentos tendo a cabeça sobre os ombros e os pés a cautelosos centímetros do chão. 

Em estudos feitos por dois psicólogos americanos, Holmes e Johnson, revelou-se entre outros destaques, o problema da perfeição idealizada: 


[...]" enquanto que a maioria de nós sabe que a idéia de um relacionamento perfeito não é realista, alguns de nós somos mais influenciados pelas imagens mostradas na mídia do que nos damos conta[...]" 

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Imagem:filmeslink4au.com(filme:Enquanto você dormia)

7 comentários:

  1. Oi Calu, realmente, nem tudo que reluz é ouro!

    Delícia de crônica , pra ler e re(ler). Sabe, vc citou os anos 60, que saudade que deu ... Eu tb era menina nessa época e adorava o Papai sabe tudo rsrs....

    Ai Calu, essa época era tão boa pra se viver, e a gente se lambuzava das histórias rocambolescas (ameiii o neologismo)rs.

    Hoje, as comédias românticas me parecem um tanto descoloridas e usam adoçantes... talvez para não engordar nossa saudade.

    Você é demais, moça. escreve muuuito!
    beijo grande e boa noite!

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  2. Olá, querida Calu
    Depois que tive uma orientação sobre perfeccionismo e perfeição, tudo melhorou para mim... clareou... esclareceu-me de obstáculos ao meu crescimento...
    Vivo para a perfeição (crescimento diário, ascese) e não para o perfeccionismo...
    Tudo fica mais fácil e mais longe da ilusão... Estou num processo dinamizado e livre para optar pelo meu bem maior...
    Assim vejo as cosias ao meu redor também... tudo fica leve, "relativizado"!!!
    Sem estresse de nenhuma ordem além do inevitável...
    Bjm de paz e bem

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  3. Olá!Boa noite
    Calu, que texto brilhante...
    ....em tempos hipermodernos, nos quais reina o paradoxo do "elogio da moderação e da cultura do excesso" a idealização do perfeito cada vez mais, ganham visibilidade e são tratados enquanto mercadoria a ser vendida pela indústria midiática. A publicidade, não raro, dá a impressão de que a perfeição,o bem-estar e felicidade, está ao alcance de todos, desde que seguidas as devidas prescrições.Essa idéia de perfeição acaba sendo vendida pelo mercado, cada vez mais. As pessoas querem ser perfeitas fisicamente e algumas até intelectualmente também, esquecendo-se que uma pessoa nunca irá saber de todas as coisas e deve estar sempre aberta a novos aprendizados. Por isso , penso que é preciso ter a noção exata daquilo que lhe diz respeito, para não assumir assuntos que fogem ao seu domínio, que vão além das suas responsabilidades, para não sofrer insatisfação nas suas expectativas.O sentido da vida é melhoria contínua... Somos diferentes, imperfeitos, originais, únicos. Não podemos desperdiçar essa grande oportunidade que é a vida! Porque sendo consciente e consistente sempre, você pode não chegar à perfeição, mas alçará vôos muito altos!

    Obrigado pelo carinho
    Bela quinta feira
    Beijos

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  4. Calu,

    Você abordou um assunto muito interessante. Em boa parte de minha vida, tentei ser perfeita em tudo. Com isso, perdi coisas belas da vida.
    Continuo tentando ser uma pessoa melhora a cada dia, mas sem cobranças de perfeccionismo.
    Falando o mundo moderno; esse me assusta.
    Um lindo dia! Beijos

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  5. Saber nossos limites e imperfeições é preciso.Não devemos idealizae tanto e sim viver o melhor possível! bjs praianos,chica

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  6. Uma excelente abordagem sobre as influências que sofremos e das expectativas irreais criadas que afastam a possibilidade da construção de relacionamentos mais harmoniosos e quem sabe duradouros.

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  7. Primeiro, parabéns vovó! Soube hoje pela manhã que tinha agora este novo dia para comemorar. Você é uma avó nota 10!
    E que beleza de texto para se refletir, para observar o que tantos signos e mensagens subliminares inseridas em filmes, novelas, textos, tantos outros, vão entrando nas mentes e fazendo as cabeças.
    Tenho um amiga que ama tanto o seriado da bruxinha que faz de sua vida doméstica uma homenagem diária aquele filme que ela vê até hoje, não importa se já viu mais de 5 ou 10 vezes, mas é o lema dela, ser uma dona de casa perfeita como aquela bruxinha da década de 60. Podemos nem perceber, mas certas mensagens ficam em nosso cérebro para sempre e se projetam num futuro real.
    O bom é quando pelo menos as pessoas se baseiam em filmes como aqueles que passavam bons exemplos, mas a gente já sabe o que acontece hoje em dia quando uma novelinha vagabunda, feita por mentes insanas, interage com as famílias dentro de suas casas.
    E o frio tá gostoso, só não tô gostando da chuva! Mas, o feriadão carioca foi uma boa para nós que já passeamos um bocado e amanhã estaremos em casa na serra para receber compadres para um fondue. Sobe também, vem!
    beijoquinhas cariocas


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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!