domingo, 20 de janeiro de 2013

Desconhecimentos




Com a enciclopédia virtual de aforismos fundamentados e outros nem tanto, não se pode dizer que não tenhamos uma reserva deles para pronta utilização.Pois eu até tenho, alguns poucos, mas queridos e, também algumas expressões caras.Me descobri uma apreciadora, quase colecionadora delas.Sejam da hora ou antigas, tendo um quê instigante,isto já as torna aptas pra entrarem na minha coletânea. 

Uma das exigências que faço é a de que fluam naturalmente num papo, num texto e, deem ao uso uma coloração bacana, feito o acontecido dias atrás numa conversa descontraída com uma amiga.Papo vai, papo vem na narrativa duma roubada na qual uma conhecida caiu ao reservar uma pousada no interior do estado para uns dias de descanso e, se viu enganada.Havia visto as imagens pela internet, achou-as adequadas e firmou o chek-in."Mal sabia ela" que as imagens não correspondiam à realidade.

Me despedi depois de lamentar o desgosto da conhecida e segui com a expressão antiga na cabeça: mal sabia ela; mesmo em tempos de informações vastas e supersônicas, ainda acontecem situações assim, na qual a gente não toma conhecimento da totalidade do que vê.A expressão é antiga, porém não sumirá tão cedo.Creio isto, por ser ela a descrição dos enganos humanos em quaisquer circunstâncias, quando o que se crê não corresponde à completa realidade, tipo: amiga toda entusiasmada com o novo flerte, fazendo planos, sonhando acordada e mal sabe ela...que o Don Juan se derrama pra todas que passam; conhecido pomposo alardeando as maravilhas do novo possante que comprou e mal sabe ele...que já está sendo veiculado um recall duma peça importantíssima. 

Ninguém está livre de "mal saber de algo" no qual estejamos envolvidos e tratando-se de sentimentos então o trio das palavrinhas ronda por perto.O que não quer dizer que todo relacionamento esteja fadado a desilusão de um dos parceiros, ou que todo negócio contenha fraudes, porém,se fizermos um levantamento pessoal aparecerão muitas ocasiões nas quais mal sabíamos nós que eram estrondosos enganos.Desde tomar um remédio sem saber dos efeitos colaterais a embarcar numa canoa furada; estamos sujeitos a fazer parte do show, torcendo para que saiamos do palco sem tombos feios, como, por sorte, aconteceu comigo e com minha cunhada numas férias em Prado-BA.Chovia há uns cinco dias deixando o ar abafado e sete crianças encapetadas procurando onde gastar tanta energia.Pelas manhãs, o tempo ajudando, íamos à praia de qualquer jeito, mas com chuva forte não dava. O que fazer com as horas restantes dos dias naquela pequena aldeia de pescadores que era Prado nos anos 80.Numa certa tarde decidimos levar as crianças pra passear em Alcobaça, município vizinho. 

Nos informamos na quitanda e soubemos que havia uma estrada municipal ligando os dois municípios, era de terra, mas segundo as informações trafegável.Saímos nós, na tarde seguinte rumo a praia de Alcobaça.Logo após o limite urbano donde estávamos já começava o trecho de terra; terra(?) não, lama, a princípio controlável, mas a medida que fomos atingindo a metade do percurso o caminho era um lamaçal só. Não dirigíamos os carros, éramos conduzidas pela inércia deslizante dos pneus que nos levavam de um lado a outro do caminho feito brinquedo.Quando cruzamos com uma caminhonete que vinha em nossa direção, perguntamos sobre o restante do caminho.O motorista nos tranquilizou dizendo que aquele em que estávamos era o pior trecho e dali pra frente seria mais tranquilo. Mal sabíamos nós que a idéia de tranquilidade para os locais era diferente da nossa.Entre tensão e descontração chegamos com lama  e tudo na vila de Alcobaça e fomos tomar sorvetes, porque ninguém é de ferro.

No entanto, não só de malgrados se faz o dito. Ele pode tratar duma situação bem quista, como ao contar-se que: "eu mal sabia andar e já queria correr", "ele mal soube a escala musical e já compunha modinhas ao violão". Uma aplicação bem mais agradável pra estas três palavrinhas aparentadas, não? O que mal sabemos hoje pode ser o que bem saberemos amanhã.Importa, sim, o que faremos com este conhecimento. 
*******
Uma linda semana pra vcs! 

12 comentários:

  1. Boa noite minha linda.. passando pra deixar um beijo e te desejar uma semana incrível viu?

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  2. Oh, cara amiga, muito interessante esta enciclopédia de aforismos fundamentados!
    Você é tem mesmo veia de professora, gosta e pesquisa as coisas.
    Que doideira este passeio com as crianças hein!?
    Pois eu, mal comecei a semana, já estou querendo que chegue a sexta de novo para outro gostoso fim de semana, esse foi bom, relaxante mesmo.
    um super abraço, carioca, chuvoso e fresco.


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  3. Calu,
    Amei o texto. Muito verdade mesmo essa expressão: mal sabia... O tanto de acontecimentos que caímos e mal sabiamos!!! Mas não tem como evitar!
    Beijos
    Adriana

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  4. Oi Calu! Eu mal sabia que você podia escrever tão bem e mal sabia que, vindo aqui, encontraria um texto com uma sacada brilhante. Mal sabemos das coisas, mal entendemos delas e mal falamos. Mas as surpresas estão aí para encantar mais as arriscadas que fazemos, bem ou mal, pelas paragens da vida. Um abraço!

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  5. Calu,um texto excelente e bem escrito!Morri de rir com sua descrição da estrada de Prado a Alcobaça nos anos 80 pois tb visitei essa região na mesma época!O que mal sabemos hoje pode servir de lição pra uma próxima vez!...rss...bjs e boa semana!

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  6. Honestly..I tried to understand,but the translator works so bad
    making me more not understand ha:)LOL..sorry my Calu
    anyway.. wishing you a beautiful week.
    hugs

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  7. Que maravilha!!Te vejo dando aula.LINDO! Coberta de razão no desenrolar do texto! aDOREI! BEIJOS PRAIANOS,CHICA

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  8. Parceira, adoro o modo com que conduz os textos. E os comentários também são à altura.
    Você fez eu relembrar um ditado que minha avó diz que minha bisavó dizia que: "o se eu soubesse nunca passava na frente". Ou seja, as pessoas quando diziam "se eu soubesse..." é porque estavam diante de uma situação que não tinha como voltar atrás, afinal, se "elas soubessem", ou seguindo o rumo do seu texto "mal sabiam que...".
    Analisando, este do "se eu soubesse" seria impossível "passar na frente", afinal, trata-se de um tempo verbal que não se aplica ao presente ou futuro, porém, para as pessoas de antigamente, o ditado fazia sentido. rs.
    Uma linda semana para você também, Calu.


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  9. Com certeza ensinar é para quem tem dom e isso creio que não te faltava.

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  10. Oi Calu,me encantar ler teus escritos, ensinar é uma benção!!!
    Beijinho
    Lílian -Blog:”Duas Moças Prendadas!”
    (Tá rolando brincadeiras premiadas e sorteios lá no blog, participa!)

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  11. A gente mal sabe tanta coisa e muitas vezes chego a pensar que não sabemos nada. Como escreveu Voltaire "partiremos deste mundo tão tolos e maus quanto o encontramos na nossa chegada" :) O conhecimento é somente para nos distrair! Beijus,

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!