terça-feira, 26 de abril de 2011

Medo de Voar


" Foi com medo de avião, que eu segurei pela primeira vez a tua mão"... dizia Belchior na canção que encheu os cantos de minha casa lá pelos anos setenta.
Até então eu só tinha ouvido falar de medo de voar através das conversas acontecidas em família.Não tinha ainda experimentado um medo desta magnitude. Meus medos estavam atrelados às descobertas cotidianas, pequenas ousadias que não arriscavam a sensação de estar segura.

Lembro a 1ª vez que fui sozinha para o colégio. Tinha 14 anos.Se tal acontecesse hoje, seria motivo de chacota total. Mas, naquela época, lá fui eu, muito compenetrada, atenta à rua, aos movimentos das pessoas passando e com coração aos pulos, mas com passos firmes,decididos, atravessando os cinco quarteirões que distanciavam minha casa do colégio. Uma baita aventura, creiam!

Não é preciso viver aventuras radicais para ter a sensação do medo, do perigo e da vitória.
Nascemos sendo desafiados a superar nossos medos, a desvendar espaços desconhecidos, mistérios  e enigmas que só mudam de características à medida que crescemos, mas permanecem assustadores.

E falando nos medos, trago aqui um trechinho dum texto de Milton Hatoum:

..."Nos braços do prefeito eu entrei no Condor.[ ]O prefeito, que sabia pilotar, disse ao dono do Condor que ia dar uma volta comigo. Além da falta de ar, comecei a sentir medo. Nunca viajara de avião, e agora estava num aviãozinho que parecia um sapo metálico.Tremia de medo, e, com medo e falta de ar, sentado na cabina, fechei os olhos...minha primeira aventura: voar com falta de ar aos dez anos de idade.[ ]
Aos poucos, fui me acostumando com aquela idéia louca de voar. Estava nervoso, mas no ar. Era um milagre...e também uma alegria, pois navegando no espaço, não sei por quê, comecei a respirar melhor.[ ]
Quase morri de medo nas asas do Condor. Voei, voei muito alto, mas a verdade é que renasci..."


De pequenos, mas ousados passos, fizemos nossa história até aqui cientes de que outros mais serão necessários nesta incrível jornada chamada Vida!

" No fundo sabemos que o outro lado de todo medo é a liberdade!"
Marilyn Fergusson

6 comentários:

  1. Lindo mana. Sabemos que o novo sempre nos assusta, nos da medo, mas é através deste novo que alcançamos a liberdade e crescemos. Paz!

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  2. "No fundo sabemos que o outro lado de todo medo é a liberdade!"

    transpondo barreiras é que conhecemos a nossa vitória...

    Calu, belíssimo texto!
    Tua sensilibidade sempre em encanta!
    teu cantinho renova a alma...

    Um beijo, minha querida!

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  3. Oi, Calu
    Já li há muito tempo um livro da Marilyn Fergusson e o que ela disse sobre a liberdade é a mais verdadeira verdade... rsrsrs... Lindo o texto, Calu, amei!
    Amanhã estarei me mudando de apartamento. Será um pouco corrido mas devo ficar desplugada uns dois dias e como tb não irei ao trabalho talvez a gente se torne a falar lá pela sexta-feira.
    Super obrigada pelo carinho a mim dispensado esses dias lá no Amadeirado.
    Volto já, não se esqueça de mim...rsrs... Beijos com muito carinho!

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  4. Pois é,Rô, o novo traz a dúvida e a resposta no mesmo pacote.
    Bjo grande.

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  5. Sam querida,
    nossas trocas nos alimentam o espírito e renovam nossa crença no impossível.
    Bjo grande.

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  6. Lena, fiquei curiosa acerca do livro, vou procurar lê-lo.
    Boa sorte com tua mudança. Ufa, é um trabalhão.
    Estarei sempre por perto.
    Bjo grande.

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!