Não faz tanto tempo assim...

Numa conversinha particular com minha netinha Valentina( 1 mês e 26 dias), eu combinava de sairmos ao parquinho para tirarmos uns retratos.Quando fui logo interrompida por alguém, me situando no tempo do agora ao me lembrar que não se diz mais retrato, e sim foto.Palavras recentes, expressões novas que apenas mudam o nomear de coisas renovadas, mas permanentes em sua existência.

Daí, estiquei a conversa, contando pra ela que eu, sua avó, vivi um tempo em que foto era retrato, ônibus era lotação,sandálias eram alpargatas e usava-se no colégio o calçado vulcabrás.Um tempo onde o respeito aos mais velhos era sagrado,a cortesia uma constante, a juventude idealista.A palavra empenhada era honra, o compromisso levado a sério, o conhecimento era muito almejado, até porque muitas pessoas não tinham esse privilégio.O trânsito menos caótico e mais humano, respeitava os pedestres e as leis que o regiam.As calçadas eram para as pessoas utilizarem e não os carros.A vizinhança formava uma grande família.As festas populares ocorriam em meio a uma alegria respeitosa, pelo menos aos que assim se condiziam.


A solidariedade era praxe.As comemorações,festivas,sem serem invasivas aos demais.A maioria sabia de seus direitos, mas também de seus deveres.Havia uns descompassos, pois não há sociedade sem mácula, mas nada que se compare a insegurança de hoje em dia, ao desprezo pela vida humana, ao descaso dos poderes públicos em todos os seus fétidos escalões,ao endeusamento duma juventude fútil, a adoração ao consumo, a inversão dos valores sociais,o descarte impune de pessoas e coisas.Enfim, haverá tempo de conversarmos mais profundamente sobre isso,mas por enquanto, lhe digo que este tempo que vivi não é tão distante assim,minha netinha, era um tempo onde as pessoas eram mais simples, porém mais felizes.


Beijinhos amada da vovó.