Todo mistério que há no mar
será sempre motivo de busca ávida por sabê-lo, por retê-lo...
Milênios viram este desejo,
e souberam o quanto impossível é entendê-lo.
Vejo passar os barcos pelo mar,
As velas como asas do que vejo
Trazem-me um vago e íntimo desejo
De ser quem fui, sem eu saber que foi.
Por isso tudo lembra o meu ser lar,
E, porque o lembra, quanto sou me dói.
Fernando Pessoa ( poesias inéditas-1930/1935)
Por leme, o vento,
Por chão, o mar,
Por dentro, o desejo,
Por teto, o luar.
Por sobre as ondas,
em manso ficar,
beber o azul do céu,
chorar o azul do mar.