terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Avistando - interação direta


Pode não parecer, mas dou valor a todas as interações criativas que rolam pela blogosfera. Sejam blogagens coletivas, rodas e cirandas, legendas para imagens e outras motivações temáticas que agregam  e estendem amizades virtuais e reais.

Nem sempre consigo participar, na verdade, só de quando em vez, mas me esforço, viu gente!Pelo que me recordo, promovi duas cirandas(eu acho) há tempos. A primeira de tema: "O que não é do meu feitio", quase me levou ao desespero( exagero meu). O bairro onde morava na época, era afastado do centro da cidade e a rede elétrica/sinal de internet, um verdadeiro caos.Pois, justo no dia da estréia, logo pela manhã a luz ficou indo e voltando e o sinal da web, foi de vez.Vendo as horas passarem, imaginando o povo participando e esperando minha presença nos links, comentários, me vi quase chorando quando tocou o telefone, era Beth Lilás, querendo saber o que havia. Aos borbotões me saiu o relato choroso sobre o que acontecia. Ela prontamente me tranquilizou e se prontificou a arrumar todo o processo da ciranda. E, não foi que, logo em seguida me liga a Chica, com a mesma preocupação e me dá a mesma ajuda, conectada com a Beth. As duas me trouxeram um alívio tamanho que não há palavras de agradecimento que lhes possa compensar. Somente ao final da tarde, quando o sinal retornou, é que pude reassumir a ciranda. 

Este é apenas um caso verídico sobre os laços estreitos que se formam por aqui. 

Levada pela brisa desses últimos dias do mês de janeiro, inspirei-me nas motivações espalhadas em nossa particular blogosfera e venho propor-lhes a brincadeira que faço com meus netinhos(as) em passeios de carro: O que meus olhinhos estão a ver?"

Traduzindo pra nossa percepção, lhes convoco a contarem da maneira que bem quiserem, sobre:    

     " O que vejo da minha janela!"

Peço-lhes que deixem sua participação nos comentários, isto, porque fiquei traumatizada(rsrsrs...).

" Falamos para transformar a ausência em presença."
( Rubem Alves)


sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Manifesto arboral




Aconteceu uma roda de conversa imprevista, daquelas que reúnem amigas de muito tempo e de pouca vista.Dez passos na mesma calçada e, voilà, abraços e risos se realizam. 

Enquanto a natural curiosidade rolava n'um papo descontraído, desenrolava-se , logo adiante, um serviço da prefeitura.  Dois funcionários da secretaria de parques e jardins empoleirados na escada gigante faziam a poda das árvores da rua.Nossa atenção voltou-se para a cena. Iam, concentrados,cortando os galhos emaranhados na rede elétrica. Até aí, tudo nos conformes, como dizia minha avó. Seguiam um ritmo apressado e mal davam por acabada a poda de uma amendoeira, já se deslocavam pra seguinte. 

A mesma percepção se deu para nós três, observadoras: a árvore ficou quase careca de um lado só. Ora, pois, não é preciso ser técnica de desbastamento pra constatar que algo está muito errado.Mesmo priorizando o desembaraço da rede elétrica, não pode deixar-se de lado a integridade da árvore. Uma poda lógica deveria equalizar toda a copa para garantir a sustentação e equilíbrio da amendoeira em caso de ventos e chuva forte. 

Nesse intervalo da conversa, uma quarta senhora se aproximou de nós, contando que haviam feito podas criminosas em outro bairro próximo muito arborizado. Mais que impressão, fica a certeza que aqueles funcionários não tinha lá muita noção do trabalho que faziam.Parecia que se divertiam ao manusear a horrenda serra elétrica.  Fato assombroso.

Li, faz tempo, que Nova York mapeou todas as suas árvores, catalogando com minúcias as espécies e os locais de existência. Começaram o mapeamento em 2015, contando com 2.300 voluntários, que junto com a equipe de NYC Parks, identificaram e catalogaram 684,5 mil árvores,analisaram o impacto ambiental e financeiro das árvores e concluíram que as quase 685 mil árvores lá existentes são capazes de reter 1 bilhão de galões de água das chuvas poupando o equivalente a $ 10,08 milhões  em reparação de danos fluviais e problemas com inundações. __Agora, o assombro é estratosférico, concordam!

As árvores constituem um eco-sistema em si próprias, além dos benefícios já sabidos que sua existência encerra, acrescenta-se a suprema necessidade de tê-las em áreas urbanas edificadas em concreto armado e sufocante. O mínimo que seria esperado dos serviços urbanísticos é eficiência e lógica no trato das áreas verdes tão cruciais na vida das cidades.



terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Correspondência



Desuso, palavra muito usada ultimamente, quase pleonasmo, consegue definir pólos extremos que vão de coisas a atos, práticas, formalidades, etiquetas, moda, gastronomia, aparelhagens, costumes e muitas outras cositas mas.

Com as etiquetas embaralhadas sorteei a que diz: cartas à mão; cartas escritas na caligrafia pessoal, nos dizeres particulares, cartas... Antes , meio mundial de estrita comunicação entre as pessoas com suas especiais variações de assuntos. Umas oficiais, outras de condolências, umas tantas de amor e seus mistérios, comunicavam infinidades, futilidades, utilidades, comunicavam: fosse por escrito em próprio punho ou em letras formais. E, o ponto final desta história todos nós sabemos. Será? 

Tenho descoberto, com muito prazer, que o ponto não foi final parágrafo, mas, simples e de quando em vez, ponto e vírgula. Ora, quem diria! Digo sim, eu, que aqui lhes conto pitorescos e recentes acontecimentos.

Não vou longe, um pulinho pra dois anos atrás.Li, em fonte segura, sobre um cidadão que passaria um mês fora do país e procurava alguém interessado em ocupar seu apartamento pelo período. Ana Martins respondeu ao chamado e assim,  mudou-se para o apartamento de Eduardo Jorge em BH. 

Ambos poetas, trocaram as primeiras mensagens de cunho prático, sobre a casa, os arredores, a vida no condomínio. Mesclavam mensagens virtuais e cartas escritas.Não sabem precisar quando as mensagens ganharam contornos metafísicos, opiniões pessoais e finalmente fizeram-se versos.Sem se aperceber começaram a escrever a quatro mãos. Correspondência vai, correspondência vem e, voilà,
nasceu o livro de poemas, Como se fosse a casa __ uma correspondência, publicado pela Relicário edições, em julho de 2016.

Em seu artigo, o jornalista, Ricardo Viel, conta que os poetas continuam a se corresponder usando das possibilidades que o tempo de antes e de agora oferecem; vai um cartão-postal, vem um livro com bilhete dentro.      __" É curioso: começamos a nos corresponder por causa de uma casa, escrevemos um livro por causa dessa correspondência, e então, passamos a nos corresponder por causa do livro" declara, Ana Martins Marques.

 Achei uma história muito inspiradora. Quantas outras similares devem existir por este mundão afora!Pra começar é só pegar papel e caneta, neh mesmo! Aqui, na família, minha filha, dinda do Miguel (1º netinho), deu início a esse movimento desde que ele alfabetizou-se; ela lhe escreve uma vez ao mês e faz questão de receber resposta via manuscrita e pelos correios.

___Então, animados(as)?? 




sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

" E la nave va"



O mês alonga seu início. O verão o segue alternando os dias de chuva e de sol mais ameno, o quê me causa alívio. Não suporto os verões causticantes daqui da minha região. Verão bom é do nordeste, ventoso e vibrante. Férias gerais. Tudo se faz em passos mais lentos, em horas mais compridas, em dias preguiçosos e, nós, bem o merecemos que assim se transcorram os primeiros meses de cada ano. 

Creio que este ritmo anda se estendendo, ganhando adeptos em outras partes do mundo e fazendo escola, como se diz. Uma languidez branda, sem exageros ou distorções mas, que dá ao corpo e à alma um tempo necessário, tempo de recomeços, tempo de revisões pra balanço, tempo de rearrumação da vida. Se isto acontece em ambientes agradáveis, melhor o é, pois o lazer renova o ser.

Em tempo de preguiça moderada e proveito das boas horas, corpo e mente se adunam, se recompõem e recarregam energias pro ano oficial que já se instalou.E, com esse amarradinho enfeitado de aromas suaves, ungüento, bálsamo, conforto e aconchego pra meu espírito, desenho os dias deste mês em horas mais calmas e germinadoras de nutrientes importantes. 

 [...]" E me salva, como me salvam a chuva nas folhas diante da minha janela, o vento quando caminho ao sol, o olhar de quem me ama, a mão do amigo e, de certo, todo este pungente impulso da vida..." 
( Lia Luft)


Com um largo sorriso e a alma alegre, deixo aqui meus profundos agradecimentos a todos vcs, amigas e amigos desta nossa particular e animada Blogosfera, que tanto contribui para o fortalecimento de laços de amizade e respeito, por abraçarem de maneira tão gentil meu singelo projeto: o Passarinho-Viajor. Sem o carinho de vcs, nada teria acontecido. Sou infinitamente grata por tudo e por todos que este espaço me proporcionou.Muito Obrigada, gente querida!


Nosso Verdinho deve ter adotado o ritmo que o mês desperta e resolveu dar umas passeadinhas pelas belas ilhas ultramarinas portuguesas antes de atravessar o Atlântico. Logo, logo, ele estará pousando em terra-brasilis para mais uma deliciosa aventura.
Aguardemos!




sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Desvarios Permitidos


( foto by Tica)

Uma das imagens que me chamou atenção na meninice ao assistir pela primeira vez em filme-animado" Um Conto de Natal ou O fantasma do Scrooge" foi a figura fantasmagórica do Espírito do Tempo que detém o poder de viajar através do passado e do presente e ainda visitar o futuro. Um poder que me fascinou e fascina até hoje. A revisitação e, por que não, a possibilidade de redesenhar o passado, a qual não me parece tão absurda assim, abre portas antes trancadas por pesadas chaves. Fantasia em alto grau? Febre da Selva? Será?

Descansando as asas da magia, recosto em almofadas de nuvens fofas e me deixo levar por tais perspectivas nesse alvorecer do novo calendário. Me acompanhe, convido-te. 

Se uma readaptação decretada omitiu dez dias do calendário juliano para fazer caber a nova organização gregoriana dos dias e meses do ano solar, que dura em média 365 dias (em média), 5 horas, 49 minutos e 12 segundos com datas em variáveis marcadas, penso que pouco importa as variantes dos ponteiros no dia 31 de dezembro. O que vai sempre constar é o limite estabelecido e aceito de que este é o último dia do Ano e limiar do Novo que se posta bem ali, depois das doze badaladas dos ponteiros suíços( pra caber exatidão).

Então, por que não podemos viajar entre as horas e minutos da nossa própria história e resgatarmos o imutável, mesmo que seja dentro das melhores intenções de quebra de paradigmas, de renovação e aprendizado? Nada que reverbere culpa ou desalento, mas que exalte em nós a capacidade resiliente e motivadora, transcendendo tempo e espaço, redesenhando atitudes, colorindo sonhos, emoldurando lembranças.

Pra cada um que sinta ser possível colocar em novas telas o que de melhor viveu, sinta-se pertencente à tribo dos atemporais, portadores do espírito do Tempo para o antes , o agora e o depois. Força criadora de novas realidades para reforço dos alicerces que baseiam uma sociedade mais justa e solidária.

Sonhemos juntos!