domingo, 28 de abril de 2013

Habemus Lux





Ando bem influenciada  pela passagem destes dias como vcs tem visto por aqui.Busco a luz natural feito mariposa alvoroçada pelos efeitos deste bem gratuito e abundante aqui nos trópicos.Sofremos, é verdade, de muitas mazelas sociais, de outra naturais provocadas pela desordem humana endêmica em nossa sociedade, mas temos um alento, temos luz-solar abundante, alimentícia do corpo e da alma e, não sou eu apenas que afirmo isto, basta fazer uma busca no titio Google sobre o assunto e haverá uma canseira de opções.

Quando eu tinha lá pelos meus 9/10 anos, sentia muitas dores nas pernas que meu padrinho e médico dizia serem de crescimento e pouco havia a ser feito, exceto uma medida simples que poderia ajudar: os banhos de luz,isso mesmo, como no sucesso musical do anos 60, Banho de Lua, na voz da Celi Campelo, só que eu tomei banho de luz infravermelha que renova células musculares e alivia dores. Hoje com mais estudos a respeito há muitos outros usos pra este miraculoso recurso da luz artificial que foi composta a partir do que observou um astrônomo inglês em 1800.De lá pra cá, inúmeros avanços tem acontecido no campo medicinal em tratamentos utilizando as muitas faces da luz, natural e artificial.

Já foi comprovado que a falta da luz/luminosidade solar acabrunha nossas células, provoca melancolia,e outros males do corpo e da mente.Os povos do norte que passam por longos e rigorosos invernos com pouca incidência de luz sabem bem disto e sofrem com estas circunstâncias.Os antigos faziam celebrações à primavera e ao verão,não à-tôa, e sim por pura necessidade, vai que as tais estações se sentissem desprezadas pelos humanos e não quisessem voltar no ano seguinte, nem pensar!Era um risco que não poderiam correr. Há uma lenda bonita sobre os girassóis voltarem-se sempre para o sol e, como toda lenda deve ter seu fundo de verdade nesta sabedoria nata da flor.

Enquanto o verão nos aquece além do que gostaríamos, as demais estações do ano nos acalantam com seus dias luminosos, mesmo no inverno mais sentido de algumas regiões.Desnecessário discorrer aqui sobre os benefícios da luz solar na medida certa e com proteção adequada, até porque não é minha intenção apontar detalhes médicos e nem sou capacitada pra isto.O que me ressalta aos olhos é a influência percebida no humor das pessoas, pra falar o mínimo, neste dias de alta luminosidade e clima ameno, que se destacam em semblantes mais alegres como os das duas funcionárias da limpeza pública daqui da rua.Uma estava no começo a outra mais perto do meio e se falavam sorrindo:
___ Olha que dia está fazendo!
____ É, hoje está perfeito.

Se mesmo em meio ao trabalho cansativo, as pessoas estão sentindo na pele e n'alma os benefícios da natureza luminosa, não se pode duvidar que um das primeiras palavras  criadoras , seja :
 " Faça-se a Luz!" 

****** 
Imagem:pinterest(magicalnature)

sábado, 27 de abril de 2013

Uma Imagem / 140 Caracteres





Ainda com os olhos turvados, sentiu-se atraída pela luz filtrada e aproximou-se dela no afã de renovar-se. 

****** 
Minha participação no projeto do parceiro Christian Louis, dos escritos lisérgicos.blogspot ( link na barra lateral).Participe também! 


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Luz Azul






..." Céu azul
que venha até
onde os pés
tocam a terra
e a terra inspira
e exala seus azuis[...]" 
------- 
 Venham comigo e vejam o outono de ontem que deu um show de azuis em tal luminosidade que transpassou os sentidos, grudou na pele, estampou sorrisos em todas as bocas que se entreabriram diante do espetáculo das cores e das luzes naturais bondosamente dispostas ao alcance dum olhar admirado.

"Nunca morrer assim, num dia assim[...]" disse Bilac em seu verso. Maravilhar-se com a vida e suas belezas para viver sempre assim, em permanente encantamento, digo eu, pois, mesmo que hajam nuvens, elas não tomam o azul por completo.

[...] Luz do sol
que a folha traga e traduz
 Em ver de novo
Em folha, em graça,
em vida, em força,
em luz [...]"

******
Trechos da música: Luz do Sol, de Caetano Veloso

terça-feira, 23 de abril de 2013

Festa Literária na Blogosfera - BC "O meu autor favorito" / Lançamentos




Cá está abril fervilhando de novidades e de antiguidades também, fazendo uma baita festa literária por toda blogosfera.Eita, coisa boa sô! São lançamentos, resenhas, bookcrossing, e agora uma BC arrematando o furor literário que toma conta do mês e das mentes.A idéia é da Alê Lemos, do blog: entrelivrosesonhosdaale.blogspot.com (Aqui), que convida a contarmos sobre o nosso autor(a) favorito, assim no singular, porém, estou em cócegas pra usar um pluralzinho mínimo que seja, porque vocês hão de convir que do alto dos meus 5.7 tenho uma bela lista de favoritos(as) em destaque especial, e pinçar somente um(a) me parece um desrespeito aos demais, como também seria um desrespeito a vocês se agora eu dedilhasse a minha lista de preferidos, um a um, ai(!),vocês não merecem, portanto vou ser focada na proposta, prometo.
Pulando a adolescência agitada por viagens em tapetes voadores, cortes européias, mistérios londrinos, cheguei ao fim dela sendo obrigada pela professora de língua portuguesa a resenhar o capítulo dum"certo capitão Rodrigo", da obra de Érico Veríssimo: O tempo e o Vento.Nunca havia lido nenhuma obra deste autor e reclamei muito em ter de deixar de lado, ao menos temporariamente, meus preferidos, mas tarefa dada tinha de ser cumprida, e foi, mas através desta atividade pouco recomendada ( sabe-se hoje), fui sendo fisgada pela história, pelo estilo do autor e, fui toda serelepe devorar os três tomos de O Continente, que estavam,desde que me entendo por gente, na estante da sala lá de casa compondo a obra completa. 
Eu já era apaixonada por romances com fundamentos históricos, para o que a obra de Érico Veríssimo fornece alimento constante.Viajei pelos pampas, assisti com o coração apertado as muitas pelejas, bravuras, traições, paixões e a coragem das mulheres emblemáticas, como Ana Terra, Bibiana e outras que conduzem a trama com garra e sensibilidade presentes em alternâncias perfeitas.Foi esta a obra que marcou em mim uma mudança de ritmo de valsa, para o vaneirão(rs). 
Como não resisto a um plural, serei concisa em lhes contar que o "E" maiúsculo tornou pouco tempo depois a me seduzir irremediavelmente para outro universo, o do século XIX lisboeta, onde as etiquetas rígidas ditavam regras sociais, redimiam ou penalizavam os personagens da sociedade portuguesa descrita com mestria por Eça de Queiroz, cronista mordaz de seu tempo, romancista maravilhoso, fotógrafo realista duma época. Impossível não citá-lo,e assim desenho em arabescos a letra "E" do primeiro nome de meus dois autores preferidos: Érico e Eça


***** 
Há mais deleite neste abril outonal de céu claro e luz intensa que ressalta dois lançamentos literários:
A estréia de Ana Paula Amaral, do blog: doladodeforadocoração.blogspot (Aqui) com o título" Crônicas Gris", 

e a novíssima 2ª  Antologia Literária Escritos Lisérgicos / Dois Anos,( link na lateral) organizada pelo parceiro-escritor, Christian Louis, que nos presenteia com mais esta alegria.
É ou não é um mês de festa?


Vale a pena fazer uma visita  aos blogs citados e saber mais sobre toda esta festa literária blogística. 
----------------
Quero agradecer muito pelo 2º selinho de incentivo à leitura presenteado pela Sandra Portugal, do blog: projetandopessoas.blogspot.com.Obrigada de coração!

sábado, 20 de abril de 2013

Uma Imagem / 140 Caracteres





Seguindo as migalhas de luz deixadas após tua passagem, cresce em mim a esperança do encontro!

***** 
E cá estamos reiniciando este projeto bacana do parceiro Christian Louis, dos: escritoslisérgicos.blogspot.com (aqui).Uma imagem/140 caracteres.
Participe!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

6º Bookcrossing Blogueiro ( edição 2013) - participando da aventura

 


" A literatura ajuda-nos não a nos conformarmos com o horror que o mundo tem, mas sim a sonharmos com a beleza que o mundo pode ter."
M.Vargas Lhosa 
-----------------
Embarcada em mais esta edição do Bookcrossing promovido pela Luma,do luzdelumayesparty( aqui), venho pensando na minha escolha há umas duas semanas estando entre dois títulos.Ontem bati o martelo e resolvi qual seria o liberto da vez.A opção recaiu sobre: A casa que amei, Tatiana Rosnay. Comprei este livro ano passado.Na época eu estava bem indignada com a expansão imobiliária amoral que se abate sobre a cidade.Propaguei minha revolta aos quatro ventos dos espaços físicos e virtuais daqui, pois foi justamente em meio a esta militância que meus olhos se deram sobre  este livro, seu título e capa me atraíram.Li a orelha onde há a seguinte apresentação: "Paris.1860.Centenas de casas estão sendo demolidas, bairro inteiros reduzidos a pó[...]"; foi o suficiente para não deixá-lo na prateleira.Em uma escrita fluida através das cartas de uma viúva, desenrola-se a história de bairros parisienses e de seus moradores transcrita em pormenores reveladores de um tempo e seus costumes. 

..." Essas pessoas jamais saberiam o que é perder uma casa amada.Eu me senti afundar de tristeza, meus olhos marejaram.e mais uma vez cresceu em mim o ódio pelo prefeito, um ódio tão forte, tão poderoso, que se não fosse pelo braço firme de Gilbert, teria caído dura de cara na neve[...]" 

Mais de um século depois, as pessoas ainda estão sujeitas a perderem suas moradias por inaceitáveis motivos.Desde remodelações urbanas a tragédias naturais, descasos do poder público, e outras causas inconcebíveis em qualquer época.
------------ 

A  Aventura  

Saí no dia de hoje acompanhada do meu exemplar à procura donde iria libertar o meu escolhido.Fui parar no shopping para dar uma olhada em geladeiras;pois é, a minha pifou, ai, ai! Não tinha a intenção de realizar a aventura por lá, mas quando sai da loja dei de frente com uma mulher franzina, trabalhadora da equipe de limpeza, terceirizada provavelmente, que esfregava o chão da porta da loja com vigor enquanto os passantes ultrapassavam-na completamente absortos em seus umbigos, sem ao menos dirigir-lhe um olhar, um cumprimento.Esta situação é bem mais comum do que deveria.Bem, mas voltando ao meu momento de inspiração, foi ali que me aproximei dela e perguntei se gostava de ler.Ela me disse que sim.Que lia muito a Bíblia. Então falei-lhe sobre o livro que eu queria dar-lhe, explicando sobre o movimento do "livro-liberto".Ela me ouviu, sorriu e disse que gostaria sim, de lê-lo. Pronto, realizamos a aventura do bookcrossing ao vivo e em mãos.Tomara que ela goste da leitura e dê continuidade ao movimento. 



*******


quarta-feira, 17 de abril de 2013

BC- às quartas - Te Contei? Experiências e Oportunidades





O motivo de hoje na série BC promovida pela Etienne, do blog: EdeEtienne.blogspot (aqui), é o de apontarmos: Quais as 3 melhores experiências ou oportunidades que vc teve com o Blog? Começo somando as duas opções, pois, o blog me foi dado de presente por uma amiga virtual de longa data.Tive em maio de 2010 a grata surpresa de recebê-lo e me vi assim, da noite para o dia com uma página minha na net. Oh, céus!

A partir dali,tomei como objetivo principal fazer daqui um espaço de boas palavras, mensagens positivas, reflexões acerca de nós e do mundo, compartilhando o positivo, apontando o que não tanto, mas sempre buscando focar os bons feitos e as boas perspectivas da vida.Lá venho cá, desde então, se é que vcs me entendem(rs), e só tenho tido ótimas experiências somadas às benéficas oportunidades de interações queridas com as muitas pessoas que conheci através da blogosfera.Isto, pra mim, é o que realmente me motiva a cada dia por aqui : encontrar-me com toda essa gente querida, compartilhar tantas coisas interessantes, trocar opiniões, conviver com gente amiga ( assim considero) com as quais tenho proximidade e uma via de mão dupla bastante fértil.Criou-se, ao menos para mim, uma rede intensa de bons relacionamentos, de ótimas sintonias que vão para além da oficialidade do blog.Nestes quase três anos de blogosfera, fiz amizades especiais pelas quais tenho grande apreço e mantenho uma comunicação frequente e salutar.

Fui me descobrindo "escrivinhadora" e deixando que transcorresse pelas teclas minhas opiniões, minhas descobertas, meus sentimentos, minhas lembranças e com isso recebido retornos altamente motivadores que me incentivam dia-a-dia a ser mais um elo desta tecida rede benfeitora.

Agradeço a todos e todas que por aqui passam deixando carinhos, dicas, observações relevantes e acrescentando mais brilho aos meus dias.Agradeço também à Etienne por promover blogagens que entrelaçam nossas linhas formando uma bela trama.
*****

domingo, 14 de abril de 2013

A canção de cada um - Dia do Aniversário





Uma das muitas coisas boas que nos chegam pela web, são além das interações positivas, os conhecimentos ampliados sobre vários assuntos, outras culturas, belos lugares, movimentos sociais significativos e mais, e mais...Quando estava eu na ativa,ajudei a desenvolver nas turmas o projeto "Da cor da Cultura", que envolve as muitas áreas do conhecimento e traz ilustrações interessantíssimas,impressas e digitais, dentre elas um filme em animação chamado: Kiriku e a Feiticeira(1998), que conta uma lenda africana e suas vivências. Nele descobri a tradição das canções para os recém-nascidos e por aqui, na blogosfera, li mais tópicos sobre este poético costume das mulheres comporem uma canção especial para aquele(a) ser recém chegado ao mundo.

As canções nos embalam desde o nascimento, mas, em nosso mundo ocidental, reproduzimos o repertório que herdamos de nossas mães, de nossas avós e elas das mães delas, sucessivamente.Raríssimas vezes soube de alguém que tivesse ganho ao nascer, uma música só pra si, o que a meu ver é uma honra imortal.E, assim fomos nós, mães daqui e de lá, embalando nossos pequenos e nossas pequenas com as canções de ninar que aprendemos através do carinho que recebemos e que passamos a doar aos filhos(as).

Particularmente cantei muito(rs) afinal são quatro ouvintes; às vezes estavam atentos, às vezes avessos, mas eram os meus queridos(as) ouvintes de: "Vamos maninha, vamos / Dona baratinha / Nana Neném" e muitas outras.Cantarolava, assobiava, murmurava todas elas, sem no entanto,jamais ter composto uma especial para cada um deles e delas.Diferente do pai, que é mestre em paródias e paráfrases, criativo compositor doméstico, inventava musiquinhas, trovinhas e outras do gênero em brincadeiras com a turminha.

Há uma trovinha folclórica antiga, que o pai, usando de licença poética, declamava pra nossa Tica desde pequenina e ao ficar mais grandinha, já com compreensão dos versos, sorria vaidosa com o festejo recebido.Nesta terça próxima, dia 16/04, ela completa mais um ano de vida abençoada e, daqui deixo escrita a sua trovinha já imaginando o seu sorriso ao lê-la : 

" Em certa tarde ditosa
com calma,jeito e cautela
eu plantei a Tatiana
no centro duma panela.
Cresceu uma roseira bela.
Da janela da cozinha
contemplava a roseirinha
em seu primeiro botão,
nisso veio um furacão:
A panelinha quebrou-se,
o pé de rosa arrasou-se,
 e Tica caiu no chão." 
-------- 
Filha amada, 
que todos os teus sorrisos dados a cada vez que ouvida a trovinha, sejam infinitamente multiplicados em teus dias.Parabéns! Saúde e venturas permanentes! Te amamos muito!
Mamãe:)
******

Imagem: floresmontealto.com.br

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A Flor de cada Manhã




Os sorrisos, a ternura, 
todo amor, toda candura, 
são as flores engalanadas 
pelos galhos oferecidas 
ao sol das manhãs.
Como belos presentes, 
elas salpicam 
os dias de cor,
tornam caminhos
mais festivos,
trazem brilho 
aos olhares,
motivando
o que outrora foi
 nublado e hoje
 pode ser
clareador!
(Calu) 
****** 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Matrículas abertas para pais




Estamos repletos de urgências cotidianas, daquelas que não são bem urgentes, mas sim, iminentes,com rima e tudo e também com a marca à neon de destaque no mural do dia.Típica anotação de espaço escolar e que está presente em nossas costumeiras listagens.À elas eu acrescento em letras garrafais uma convocação com averbação de lei: 
 "Todos os pais e responsáveis ( salvo sabidas exceções) de crianças e adolescentes nascidos nas últimas duas décadas, deverão matricular-se numa Escola para Pais mais próxima de casa ou do trabalho, no prazo máximo de 15 dias, sendo seu comparecimento e aproveitamento  condicionado ao salário mensal de cada um dos referidos." 

Noves fora,certo exagero meu, ainda assim, haverá um grande contingente de candidatos aos bancos desta escola tão necessária nos tempos atuais.Houve um enorme crescimento educacional nos níveis mais altos da escala instrutiva.Pós-graduação, mestrado e doutoramento são hoje em dia, níveis altamente populosos dentro das diferentes instituições de ensino de todas as áreas.Ótimo!Que assim continue e só aumente cada vez mais, porém, na mesma proporção que muitas pessoas se categorizam profissionalmente, também se incapacitam como pais, formadores/orientadores dos seres humanos sob seus cuidados. 

O afã do prover está disparado na corrida das prioridades cotidianas e como uma cobertura plástica transparente que deixa passar a luz de planos futuros, ao mesmo tempo, camufla as necessidades presentes deixando-as abaixo da linha de percepção e com isto desculpa-se uma malcriação de um filho, uma rispidez de outro, más posturas em casa e na escola, desprezo pelos demais, escárnio de disciplina básica, desvalorização do conhecimento...mas, tudo isso é "desculpável", só não se pode deixá-lo(s) em situação de desconforto frente aos colegas e à turma e para isso trabalha-se como robôs para garantir-se o jeans, o tênis e o que mais há de marca estrangeira, a última geração dos aparelhos tecnológicos, festinhas e prêmios semanais; ao quê mesmo? 

Os filhos precisam de pais ( já disse isso aqui outras vezes), pois, amigos eles encontrarão na vida escolar e social.Pais que saibam colocar limites com firmeza e amor, que façam dele(a) um cidadão com valores e princípios sadios frente à vida e à sociedade, crescendo numa relação de convívio respeitoso para si e para os demais com os quais convive, que lhe deem segurança, conforto, proteção sem fazê-lo crer-se um ser especial diferente e melhor que os demais e sim, mais um ser que poderá fazer uma especial diferença no mundo.

É mais que preciso que alguns pais e mães que se achem perdidos frente aos desafios de educar seus filhos, procurem, dialogar com a escola, com profissionais da área, com outros pais que poderão acrescentar luzes nas direções assertivas e principalmente que percebam que são espelhos na vida dos filhos e filhas sabendo que a orientação oral é fundamental, mas que o exemplo dado é crucial.
***** 
Imagem:charge de Emanuel Chaunu

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Esta rua era minha


Morei durante toda adolescência numa rua sem saída.Parecia uma vila, mas as casas eram diferentes em sua arquitetura, o que para nós, a moçada do lugar, não tinha qualquer importância.Éramos uma turminha grande  e bagunceira.A rua era nossa, de fato;nosso palco, nosso ginásio, nosso salão de festas, nossa estrada de tijolos dourados.Nas férias, os dias rolavam de arteirices em arteirices.Fazíamos teatrinhos pra criançada se divertir. Pura desculpa, o que nós, as mocinhas queríamos, era poder ter licença das mães para nos maquiarmos e calçarmos os saltos delas. Tinha dias que resolvíamos brincar de restaurante e deixávamos as mães loucas com nossas surrupiadas de ingredientes da cozinha pra fazermos invenções de doces mirabolantes que os pequenos eram obrigados a comer e ai deles se não... Todo fim de tarde rolavam as partidas de queimada ou vôlei ou pique-bandeira,com todo mundo participando, pequenos e grandinhos, o que sempre produzia alguns ralados em uns e outros. Ao final havia farta distribuição de limonada geladinha pra geral.
Hora da janta.Todo mundo pra casa. Noitinha de verão, roupinha arrumada, vitrolinha e LPs rodando Beatles, Stevie Wonder, Mamas and Papas, e estava formado o bailinho de garagem, mas só até as 22h, decreto dos pais e não havia discussão.
A rua era sem saída, mas só no físico, porque na existência era caminho direto pras estrelas. 
***** 

Nossa rua dormia pouco
mal continha a saudade
dos risos, da torcida,
dos passos, correrias,
gritos de alegria,
tons vibrantes, 
sons bailados, 
e boa energia,
de todos os
sonhos dourados.

Não há sono que se
 achegue e consiga
acomodar, uma rua
tão amada, vivida
 por sua gente 
 por cada traçado,
por cada espaço,
 início, meio e final,
casa alta,casa baixa,
bate-papo de varal. 

Desconfio que à noite
ela fazia um acordo
com os ares do luar
pedia como favor
 não se estendessem
por tempo maior
 do povo descansar,e
 tão logo visse o dia
 fosse pro outro lado
deixando a vida voltar. 



(Calu) 
***** 

Imagem: minha ( rua de Praga)


terça-feira, 2 de abril de 2013

BC - 2ª Antologia Literária Escritos Lisérgicos - Dois Anos




Oi Tatá,
estou aqui na cozinha te escrevendo enquanto a vó Lita descasca as laranjas da terra pro doce.A cozinha tá muito cheirosa, só você vendo; e por falar nisso, quando é que você vem? Estou com muitas saudades de ti, minha irmã. A vó Lita está igual  à vó Tota, não consegue andar muito, os joelhos não deixam e eu não quero ficar pedindo todo o tempo que ela me leve aí pra te ver, mas que a saudade é grande, lá isso é. Bem que as vós poderiam morar mais próximas, né? Fico aqui matutando como é que papai e mamãe se conheceram morando tão longe um do outro? Vá saber, mas o que a vó Lita conta é que foi amor à primeira vista.Esta é outra coisa de que me pergunto.Eu vejo gente, bicho e não fico apaixonada.Se bem que não sei ao certo o que é ficar apaixonada. Pergunto pra vó e ela diz que eu saberei no tempo certo.Vá lá! Me conformo em ficar imaginando como foi o namoro dos nossos pais. 
Mexo no álbum de fotos, paro numa onde eles aparecem sentados na grama perto do riacho fazendo um piquenique. Lembra desta? Os dois sorridentes que só. Mamãe com um vestido xadrez todo rodado parecia uma flor sentada ao lado do papai estendido na toalha com a mão apoiando a cabeça, posando pra foto.Depois tem aquela do noivado, aqui na sala da vó, todo mundo em volta da mesa do bolo e o papai colocando a aliança no dedo da mamãe. Aí, pula já pra uma do casamento. A entrada da mamãe de noiva de braço dado com o vô, todos os dois sérios, mas desconfio que por motivos diferentes. Acho que o vô, por querer parecer fortão no dia do casamento da única filha e a mamãe pra segurar o choro naquela emoção toda. Nas páginas seguintes tem mais umas deles na viagem de lua-de-mel pra capital e depois somos nós, pequenininhas, no colo da mamãe, uma em cada braço dela.Você era mais careca que eu e hoje tem mais cabelo.Que injustiça, isso!
Tem foto nossa por páginas e páginas.A gente mamando, engatinhando, fazendo birra, comendo papinha, ih, um monte.Eu sempre fui a mais alta de nós duas.Lembra daquela vez que você quis me ajudar a sair do cercadinho e me deu uma cambalhota? Eu não lembro, mas a vó Lita diz que foi assim.Fiquei com um galo na testa. E quando estávamos com seis anos e o primo Ciro foi nos ensinar a andar de bicicleta? Nossa! Tomamos tantos tombos e ralações que até hoje tenho umas marcas nas pernas.Você também, né?
A gente brincava muito.Era tão bom.O quintal era nosso mundo e a gente aproveitava cada pedacinho dele. As brincadeiras só paravam quando mamãe chamava pro almoço, pro lanche... e à noitinha, já de banho tomado, esperávamos papai chegar pro jantar.A família toda reunida.
Tão diferente de hoje, né? Cada uma de nós de um lado da cidade.Eu com a vó Lita, você com a vó Tota e a distância que separa as duas casas, separa nós duas também. As vós fazem de tudo pra gente, eu sei, mas nada fica bom demais sem você por perto, Tatá.Ontem eu achei a foto feita pra missa de mamãe e papai dentro dum livro de receitas da vó.Quando ela me viu com a foto nas mãos, pediu que eu guardasse de volta aonde achei.Desviou o olhar e foi pra dentro da cozinha resmungando alguma coisa, mas sei que estava disfarçando o choro na minha frente.Eu também faço isso ás vezes, pra não deixá-la triste, mas a gente sabe que nunca irá esquecê-los, que nosso amor por eles é eterno ( vi no dicionário: quer dizer que não acaba nunca).Já se passaram dois anos e eu ainda não acredito muito que tudo foi verdade.Estou sempre esperando ouvir mamãe me chamando pra entrar, pra tomar banho, pra fazer a tarefa de casa...e você? 
É uma pena que a gente não tenha ficado junto, mas a gente sabe que as vós não tem condições de criar nós duas ao mesmo tempo.Fazer o quê, né? O negócio é estudar bastante pra quando a gente crescer, voltarmos a morar juntas, mas enquanto a gente cresce, vamos dar um jeito de nos vermos mais, tá certo? 
Um abraço apertado da irmã que te ama,
Tami
***** 
Com este conto participo da BC proposta pelo Christian Louis, do: escritos lisérgicos.blogspot ( aqui).Faça uma visita e participe vc também.