domingo, 30 de junho de 2013

Projeto - Uma Imagem / 140 caracteres - 13ª edição








Amanheceu ali, sintonizando a música que titulou a noite passada: Oh,oh, cupido, vê se deixa em paz, meu coração... Estúpido Cupido!

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Minha participação no projeto do parceiro escritor, Christian Louis, dos escritoslisergicos.blogspot.com (link no selinho do projeto). 
Venha você também!

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Um alegre domingo p/vcs!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Conhecimento traz mudança




Prato preferencial dos últimos dias: "política ao sugo", aquela que tem aguçado o paladar dos brasileiros estando presente nas refeições diárias.Olha que máximo!O brasileiro está degustando política em generosas colheradas saboreadas com vagar, com prazer. A hora é perfeita como pano de fundo para o ensino às nossas crianças em idade escolar e aos adolescentes,alguns rudimentos gerais sobre a política; o que é / o que representa na vida de cada cidadão.

Em um post mais antigo me referi à necessidade de não demonizarmos a política e sabermos diferenciá-la por suas ações e por seus agentes. Maus políticos não retratam a verdeira essência desta ciência e nós temos vários e contundentes exemplos disto. Creio ser por esse motivo que a minha geração e a logo seguinte, apesar de viver sob um regime autoritário, também não recebeu nenhum incentivo para conhecer um pouco sobre política e o que ela representa.

Assunto praticamente inexistente lá em casa,só vinha à mesa quando era por referência a algo negativo ou proibido.No colégio tínhamos aula de Moral e Cívica, que o nome define bem.Uma chatíssima sequência de regras ufanistas completamente divorciadas duma visão política real. Abominada pelos alunos, os 45 minutos da duração da aula eram contabilizados pelos olhinhos pregados nos relógios de pulso.Crescemos com a impressão errada sobre o que é política e como deve ser exercida.

O que não aconteceu em outras searas que vinham de uma tradição política elitista/imperialista, preocupadas em perpetuação de seus fazeres. Cuidaram de preparar seus filhos e correligionários como herdeiros de suas práticas.O cenário que daí se estendeu por mais de um século, conhecemos muito bem, até a pouco, porque a história que está emergindo das ruas é capaz de novas releituras.

Se haverá uma mudança conforme os reclames da população, não sei!Não há garantias totais, mas que haverão mudanças, ah,isto já está ocorrendo.E quer um momento mais propício que este para começarmos a despertar nas novas gerações o interesse pela política e todas as suas ramificações? Sem imposições, mas num convite ao conhecimento dos fatos que vêm ocorrendo e por quê? Aguçar a curiosidade sobre toda esta movimentação,suas causas, suas possíveis consequências.Trazer o debate para a sala da família, para a sala de aula, para o piquenique de fim de semana.Deixar que as crianças e jovens reflitam e demonstrem se querem ou não saber mais.Inseri-los no contexto nacional como co-partícipes da história que hora se faz.

Espalhar boas sementes sobre esta ciência humana necessária para uma sociedade bem organizada e torcer para que a juventude futura tenha uma prática política embasada nos conhecimentos sabendo debater sobre todos os assuntos que digam respeito às suas vidas cidadãs e, aqueles que optarem por exercer um cargo público o façam com valores morais fortalecidos e ideais íntegros.Empunhar hoje a bandeira por uma educação abrangente, formadora de pessoas competentes em todas as esferas do conhecimento e também da sociedade a qual pertencem é um clamor genuíno e necessário.

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" Vem vamos embora
que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer[...]"

(Pra não dizer que não falei das flores/Geraldo Vandré)

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terça-feira, 25 de junho de 2013

Uma Imagem / 140 caracteres - 12ª edição








Minhas lágrimas escorrem misturadas às do céu.Rogo que se tornem fertilidade para o chão que piso! 

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Minha participação no Projeto: Uma imagem / 140 caracteres, do escritor e blogueiro Christian Louis, dos escritoslisergicos.blogspot.com ( link no selinho da barra lateral).Participe também!

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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Alumiando o foco






Se sombras se infiltram
mascarando o olhar,
se véus descem
nublando o pensar,
se a fumaça dos dias
recobre o ar;
sinta o vento,
alado cantar,
sopro e alento
clareza focada
que revela, 
no seu passar
tudo o  que 
importa 
alumiar.  


(Calu) 
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"...porque todo esforço de entendimento é também ação política."

(Luiz Eduardo Soares - antropólogo/cientista política/escritor brasileiro)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

BC Musical - Música de Protesto - a voz das ruas

(ponte Rio-Niterói, ontem) 

A primeira conquista tem de ser comemorada, mas não pode ser motivo para acomodação, ainda há muito o que se mobilizar para novas e consistentes mudanças em benefício do respeito à cidadania.A voz das ruas falou alto, foi ouvida e respeitada, e isto é mais um marco da história do país que aqui se faz, porém, é interessante que agora se organizem comissões representativas em cada cidade para debaterem e redigirem um documento que contenha os desejos legítimos do povo frente aos descalabros que temos vivido e com embasamento justo rumarem para Brasília apresentando-se no Congresso Nacional para integrarem comissões participativas das decisões nos rumos que queremos para a nação brasileira.Só uma ampla reforma nos Códigos:Penal e Civil entre outros, garantirá a extinção de abusos legalizados que nos assombram há décadas. 

Brava Gente Brasileira, meus aplausos! \0/
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Hoje, a Dani Moreno propôs a BC: Música de Protesto, o que não poderia ser mais a propósito deste momento, então fui lá atrás, no tempo dos festivais da canção, trazer pra vcs, os mais jovens, a canção de Edu Lobo e Capinam, que com lirismo intenso fala de um tempo marcado pelo silêncio, " de um canto calado sem ponteio", do tempo da repressão à sociedade civil que, embora não seja o atual, traz um recorte para a reflexão sobre a importância de nos fazermos ouvir, com ordem e legitimidade.

Ponteio  

Era um, era dois,era cem,
Era o mundo chegando e ninguém
Que soubesse que eu sou violeiro
Que me desse amor ou dinheiro...

Era um, era dois, era cem
Vieram pra me perguntar:
"Ô você de onde vai.
 de onde vem,
Diga logo o que tem pra contar" 

Parado no meio do mundo
Senti chegar meu momento
Olhei pro mundo e nem via
nem sombra, nem sol,
nem vento...

Quem me dera agora
eu tivesse a viola 
pra cantar... Ponteio!

Era um dia, era claro quase meio
Era um canto calado sem ponteio
Violência, viola, violeiro,
era morte redor;
mundo inteiro. 

Era um dia, era claro, quase meio
Tinha um que jurou me quebrar
Mas não lembro de dor
Nem receio 
Só sabia das ondas do mar... 

Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar 
Se eu tomo a viola, Ponteio 
Meu canto não posso parar,
Não!

Era um, era dois, era cem
Era um dia, era claro quase meio
Encerrar meu cantar já convém 
Prometendo um novo Ponteio 
Certo dia que sei por inteiro
Eu espero não vá demorar 
Esse dia estou certo que vem 
Digo logo o que vim prá buscar
Correndo no meio do mundo
Não deixo a viola de lado 
Vou ver o tempo mudado
E um novo lugar pra cantar





segunda-feira, 17 de junho de 2013

A rua é do Povo









Pra quem, como eu, fez panelaço e manifestações de protesto pacífico nas Diretas Já, pros jovens como as minhas filhas Cara-Pintadas, manifestantes de suas balizadas opiniões e justas reivindicações, a seu tempo e também hoje, perante este prolongado, até demais estado de violação permanente dos direitos básicos da população brasileira, do achincalhe diário a que somos submetidos pela inépcia e pelo descaso das autoridades públicas, pelo assalto contínuo dos ganhos do nosso trabalho, pela constante ausência de justiça e respeito ao cidadão, é que ponho a boca no mundo a repetir as palavras de ordem que emanam desta passeata oportuna, justa e democrática que nos últimos dias vem mostrando seu repúdio aos descalabros que só tem se avolumado ao longo das últimas décadas. 

Quem julgou que o povo estava acarneirado, hoje se espanta ao ver que apesar da demora, a juventude acordou e cheia de vigor e de razões para buscar um futuro digno e respeitado.Nem a repressão brutal os calou.O movimento se faz cada vez mais forte e presente unindo todas as gerações neste protesto veemente contra todos os absurdos acontecidos e prometidos. A pátria hoje,não calça apenas chuteiras, calça também as botas da indignação.Fora abutres da nação!Fora baderneiros infiltrados, a vilania de vcs não vai parar a manifestação pacífica!

Avante povo brasileiro! 

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Imagens: educadores-diadia
1folha.uol
oglobo/online

domingo, 16 de junho de 2013

Projeto Uma Imagem / 140 caracteres - 11ª edição







Fala sem som, canto sem melodia;emoções transparentes no gesto largo e amoroso dum abraço.Imprescindível! 

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Minha participação na 11ª edição do Projeto promovido pelo parceiro, Christian Louis dos  escritoslisergicos.blogspot.com ( link no selinho da barra lateral).
Confira os participantes e venha participar também! 

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sábado, 15 de junho de 2013

Onde está a Felicidade ?







Lendo o post da amiga, Beth Lilás(link), do supremamaegaia.blogspot, na série: "Vou de táxi -VI", o depoimento, quase uma entrevista, do taxista que na corrida com a gentil passageira, dispôs-se a contar sobre sua vida, seus sonhos e conquistas revelando-se um ser humano digno de reverência num mundo onde os valores materiais, os apelos ao ter bem maiores do que ao ser, são maioria, encontrar-se com pessoas íntegras e fiéis aos seus princípios é mesmo um contentamento.

E foi esta inspiração que me fez lembrar dum episódio que vivemos numas férias em Olivença, praia das Alagoas. A família toda curtindo um mês de julho bacaninha em 1988, sol gostoso, água morninha, e gulodices de estalar a língua, dia após dia de puro entretenimento.Meus garotos com a idade de 10 e 8 anos respectivamente se esbaldavam desde que o dia amanhecia até a noite quando eu tocava o toque de recolher(rsrs).As meninas, com um pé, quase dois na adolescência, já  não se interessavam por brincadeiras infantis e curtiam ouvir suas músicas, caminhar pela areia...típico interesse da fase, enquanto isso, os garotos logo fizeram amizade com a meninada local e todo dia jogavam futebol na areia, mas longe dos banhistas, claro.

O meu caçula sempre foi bom de bola, ao menos assim ouvíamos dos adultos(pais) entendidos e ele de fato fazia diferença no time que jogasse. Vejam vocês, que desde os tempos da educação infantil no colégio, ele e mais cinco amiguinhos de turma formaram um time imbatível que se manteve junto até a 7ª série do fundamental II.Eles eram muito requisitados e representaram o colégio em muitas competições inter-colegiais do DF.

Bom, voltando a cena da praia, já no dia seguinte a meninada do lugar nos esperava todas as manhãs, a nós não, ao meu craque, que tomava café todo apressado pra ir correndo jogar futebol. O clima de camaradagem era total.Muito papo, boas convivências e tal.Num destes dias, estava meu marido tomando seu aperitivo e conversando com o dono da barraquinha da praia que entre filosofias futebolísticas e elogios ao meu caçula ( o que deixava o pai todo sorridente), lhe contou sobre a vida de um seu sobrinho.Um craque da bola desde garoto.Fazia milagres com a redondinha.Jogava na praia, em pequenos campeonatos na cidade e em outras vizinhanças.Numa destas foi descoberto por olheiros que o levaram pra Salvador.Como ainda não tinha dezoito feitos, o pai o acompanhou e dava todo incentivo pra que ele seguisse carreira, porém ele dizia que o futebol era sua distração, mas o que queria mesmo era ser caminhoneiro.Dirigir um daqueles caminhões enormes pelas estradas.Ninguém na família levava muito em conta este arroubo juvenil, achando que logo ele se efetivaria no clube e com o dom que possuía seria uma celebridade no país do futebol.

Passaram-se dois anos, o jovem já conhecido em todo estado, encantava o público na Fonte Nova e também os olheiros do resto do país que começavam a disputar seu passe. Disse o tio, que fizeram ofertas tentadoras, em cifras, a ele.Aceitou uma, mas com a condição de que seu contrato fosse de apenas um ano.Veio para o Rio vestindo a camisa de um grande time.Cumpriu seu contrato com brilhantismo e ao fim de um ano, despediu-se do clube, retornou a sua cidade, comprou uma casa para os pais e um baita caminhão.Saiu estrada a fora vivendo seu sonho realizado,todo satisfeito.

Não é estória e sim, história de fato, de pessoas que não se deixam encantar pela mosca azul e carregam em si a certeza de que seus sonhos, sejam simples ou ousados, lhes bastam pra uma vida plena e íntegra. A isto eu chamo,felicidade!
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Bom fim de semana pra vcs! 
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Imagem: hiperativo.com(menino+futebol)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Cartas para Julieta - BC Escritos Lisérgicos Dia dos Namorados





São Fidélis, 12 de setembro de 1899

Cara Julieta,

aproveito o tempo que minha mãe e minhas irmãs estão lá na sala ocupadas comprando fitas e adornos recém chegados da capital trazidos pelo mascate, e com isso me dando este tempinho de liberdade aqui no quarto; nem quero imaginar se uma das minhas irmãs souber que te escrevo, vai infernizar os meus dias com chacotas inconvenientes.
Elas nem desconfiam dos meus sentimentos por Inácio e prefiro que assim continuem.Tomo o maior cuidado em levantar-me antes delas e correr para a lateral do muro do quintal que contorna a esquina da travessa e recolher a florzinha ali deixada por ele, todas as manhãs.Trago-a junto ao peito até o alpendre aonde perco uns minutos sonhando com ele, com meu Inácio.
Já te contei na carta passada da primeira flor que ele me ofertou, lembra-se? Mesmo que sim, te recordarei. Foi na quermesse do mês passado.Caminhava ao lado de minha família por entre as barraquinhas,parando de quando em vez pra provar umas delícias oferecidas quando senti um leve roçar na minha mão e antes que eu pudesse ter qualquer reação senti apenas o deslocar do vento em minhas saias em sua passagem por mim ao deixar a pequena flor entre meus dedos.Disfarcei o acontecido deslizando a flor pra dentro de minha bolsinha rendada.
Desde então, meus livros estão com as páginas abarrotadas de pétalas das mais variadas cores e cada uma delas me fazendo sonhar acordada.Fico imaginando quando chegará o dia em que finalmente ele oficializará nosso compromisso.Sendo a filha mais nova estou desobrigada de contrair um matrimônio rentável em títulos e vantagens para o bom nome da família, e isto me alivia enormemente, pois posso cultivar meus sentimentos pelo eleito do meu coração. Pessoalmente, acho estes costumes muitíssimo dolorosos, você bem o sabe, não é? Sofreu esta desdita. Embora, nós hoje estejamos a quatro meses da virada do novo século, o XX, alguns costumes continuam tão arraigados como em teu tempo, no século XVI. Uma discrepância!
Levo comigo uma enorme dúvida, Julieta e peço-lhe que me aconselhe quanto a melhor atitude nesse caso.Apesar do apreço que ele demonstra por mim através de sorrisos e cumprimentos e destas mimosas florzinhas que vez por outra, veem acompanhadas dum pequenino cartão com versos de poetas renomados, ele não se aproxima.Os mimos com os quais me presenteia me dão confiança em seus sentimentos. Ao lê-los minha alma flutua, meus pés ganham asas e meu coração dispara.Procuro disfarçar minha emoção perante minha mãe e irmãs, pois receio a reação delas diante da corte de Inácio, um belo rapaz, mas sem fortuna ou título nobiliárquico que o valha.Trabalha como contador para o alcaide e é muito elogiado por este.Mora com a mãe, numa casa simples perto da linha férrea e todos os dias se desloca num velocycle emprestado pelo pároco.
Você viveu um amor proibido e sabe todas as dificuldades que se interpõem entre os apaixonados, no entanto, se crerem em seus sentimentos a tudo enfrentarão e é nesta convicção que me debruço colocando todas as minhas esperanças na realização deste amor, mas ao mesmo tempo, não sei se minhas crenças são correspondidas com sinceridade ou se apenas sou vista como uma brincadeira, uma conquista fugaz, mera distração de horas tediosas.
Tomadas por essas angústias é que brotaram as linhas desta carta a ti endereçada, Julieta, embora ela nunca chegue as tuas mãos, guardo sinceros anseios de que outras "Julietas" possam me orientar  apaziguando meu coração sofrido.Selo e posto-a endereçada a ti, para a cidade de Verona, Itália.
Despeço-me esperançosa e grata por tua atenção.
Atenciosamente,
Maria Cecília



(óleo sobre tela/Gabriel Gerhartz - EUA)
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Este conto é a minha participação na BC promovida pelo parceiro Christian Louis, dos escritoslisergicos.blogspot, movimentando a data na blogosfera.Participe também!
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terça-feira, 11 de junho de 2013

Gostosuras no inverno - BC do café entre amigos.com



 A Patrícia Galis nos convidou a falarmos sobre gostosuras no inverno.Dias friinhos, daqueles que convidam ao ninho, a degustações deliciosas, a intimismo e a viagens pessoais, são os deleites do inverno por aqui, quando acontece, sim, porque em nossos trópicos nem toda a estação é tão típica quanto na região sul, mas tem dias que o frio fica um período, passa uma chuvinha e depois torna a dar espaço pra dias claros de sol ameno ( um presente).

Neste tempinho vai muito bem: 


 Capuccinos e chazinhos aromáticos


Hum, chocolates!  


Filmes  e séries na TV 


Livros, livros, livros... 
e um cobertorzinho de orelha pra ficar perfeito.  


(Gramado)

Se a ocasião permitir um passeio pelas belezas da estação, não dá pra recusar.

Bom outono-invernal pra vcs! 

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Imagens: minhas/pinterest/hildist

domingo, 9 de junho de 2013

Gesto Antigo







Via o gesto corriqueiro
como mais um, igual
na passagem dos dias
em rotina matinal.
Ela abria a gaveta
e tirava do repouso
 antiga toalha rendada
enfeite d'outras vidas,
histórias bordadas
feitas e  repetidas
no gesto, na festa,
na lida, em tempo
do celebrar o já
com a beleza do antes
na promessa do estar.
Vestimenta conhecida
marco do hoje ;
enfeita e acolhe,
em suas nervuras
perfeitas, o riso,
movimentos, gostos,
revelações escorridas
no tecido, presas nas 
pontuações. E, ela,
a jovem mulher
olhava a repetição
deste rito gestual
de toda preparação.
 Herança ancestral,
devida continuação,
certo sentimento,
prenhe motivação,
 aumenta os pontos
que novas vidas
 darão ao linho
rendado e branco
de antiga geração.

(Calu)
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Uma das minhas mais queridas heranças são duas toalhas e duas colchas crochetadas/ bordadas pela minha avó paterna. Em dias de comemorações elas, as toalhas(uma ou outra), saem da gaveta na semana anterior para serem lavadas e quaradas, ficando prontinhas para vestirem a mesa. Ao repetir este gesto antigo me sinto todas as mulheres da família, sou eu e sou muitas neste simples ato de pôr a mesa; simbolismo dum carinho que jamais se perderá.


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sábado, 8 de junho de 2013

Projeto - Uma Imagem / 140 caracteres - 10ª edição







 Por que fui me esquecer do "alcoômetro"? A manhã seguinte não perdoa! 

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Minha participação no Projeto do parceiro Christian Louis, dos escritoslisergicos.blogspot.com(link no selinho da barra lateral). Confira as participações!


Um ótimo  fim de semana pra vcs!:)

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Cais Inventados - educação musical





Uma coisa puxa outra, e assim vamos trançando muitos temas interessantes pela blogosfera.Desde a semana passada ( já falei, mas repetirei) que a inspiração e a música deram-se as mãos e saíram saltitantes por muitos dos blogs que participaram das BCs que as trouxeram em cena e a motivação correu solta. A saudade da música que escolhi para a BC da Dani Moreno, fez o CD do Simon and Garfunkel quase criar bolhas(rsrs) daí, logo em seguida veio a proposta de escolher uma música iniciada com a letra de nosso nome.Embora seja tão convidativa quanto as demais, eu não me inscrevi porque o assunto me leva a outros, então para não confundir as estações, irei apenas me referir ao acontecimento desta BC que já está ressoante.Confira por lá.

Como minha eleita eu escolhi Cais,na voz de Milton Nascimento:

" Para quem quer se soltar,
invento cais, invento mais que a solidão me dá
invento lua nova a clarear,
invento amor e sei a dor de me lançar[...]" 

Letra e melodia, a meu ver, são duma força esperançosa reconfortante. Despertam, em mim, a confiança em crer na realização de bons propósitos, nas possibilidades concretas de mudanças positivas, sejam elas pessoais ou sociais.Me lembram a coragem, a disposição e a ousadia de que tantos e tantas se munem para fazerem diferença frente aos empecilhos do caminho. Vendo hoje um programa sobre o projeto Neojibá, em Salvador, onde o maestro Ricardo Castro, criador e fundador, ensina juntamente com muitos professores e monitores, música clássica aos alunos dos ciclos básicos; é a integração social através da prática orquestral,tive mais uma confirmação sobre como a Educação é base da cidadania.

Ancestral é o conhecimento que fundamenta os benefícios do aprendizado musical e todas as possibilidades de crescimento e interação multidisciplinar que ele propicia.Na mesma esteira melódica existe aqui na cidade a orquestra da Grota do Surucucu, que originou-se na mesma semente da de Salvador e hoje faz parte do calendário cultural de Niterói.Todos nós possuímos uma inteligência musical que bem trabalhada nos faz seres mais completos emocionalmente.Pois, é exatamente com esta visão e empenho que muitos musicistas estão provendo a meninada de régua e compasso, ou melhor, sopro-arco-teclas...formando jovens músicos componentes de orquestras gabaritadas.

Num dos colégios que lecionei havia aula de música e muitos alunos se dedicavam com interesse.No fim do ano letivo a grande maioria já tocava modinhas em flauta vertical.
Não é segredo que movimentos como esses me entusiasmam. É educando multiplamente as novas gerações que poderemos ajudar na composição duma sociedade futura mais ética e equilibrada do que esta que aí vemos.Há oásis no deserto!

" Para quem quer me seguir,
eu quero mais, tenho o caminho
do que sempre quis,
e um saveiro pronto pra partir...
Invento o cais e,
sei a vez de me lançar[...]" 


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Vale a pena conferir os links! 

Imagens: portalnicc

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Havia uma roseira no meio do caminho






Pressenti que você vinha
ouvi teus passos no chão
fiz meu melhor colorido
arrumei cada botão.
Fui contando os instantes 
que te aproximavam de mim
na espera de teu assombro
ao revelar-me assim:
rosada, catita, vaidosa,
debruada em muitos rosas,
debruçada entre colunas
generosas em suas formas
que permitem os olhares
de quem sente a beleza
de quem quer delicadeza.
Mas, não tive o momento
pelo qual me preparei
você passou como o vento
distante, alheio,ligeiro,
passos duros, olhos fixos
não sei em qual visão;
nem sei se chegou a ver
que eu te ofereci cores,
adornos de nascença,
retratos de família,
generosa  intenção
de alegrar-te o dia,
 de trazer-te emoção.
Pena, você não ter
apreciado e, na pressa
perdido o que poderia
ter sido momento
de celebração!

(Calu) 

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Na semana passada pipocaram BCs ultra interessantes das quais participei e que me trouxeram lembranças tão boas, tão caras, potencializando a valorização que nutro por momentos ricos de dádivas de toda sorte, feito este aí fotografado acima.Parece que a roseirinha está cumprimentando quem passa. À mim, ela com certeza, o fez e com isso aumentou meu sorriso neste dia.Um presente-surpresa que alegra a vida. É importante que saibamos receber o que de bom nos ofertam. Aproveitem as belezas do caminho e não percam as satisfações :)
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"Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas.E me encantei."
Manoel de Barros



segunda-feira, 3 de junho de 2013

O DIREITO A LER



Já fui surpreendida por muitas situações inesperadas num dia comum em meio a afazeres rotineiros, daqueles que ficamos ligados no automático e vamos assoviando e chupando cana a um só tempo; no agora com a cabeça meia hora adiante.A última foi anteontem, no supermercado.Lista memorizada, saí percorrendo as prateleiras que precisava numa perfomance invejável a uma corredora de obstáculos.Tudo escolhido, fui pro caixa. Passa, passa, passa: produto e preços.Aí teve um que acusou produto não cadastrado.A funcionária chamou um dos jovens empacotadores e pediu-lhe que fosse verificar o preço.Tempo passando e os olhares feios pra mim iam aumentando e nada do garoto voltar.Já estava desistindo do produto quando ele chegou no caixa dizendo que não havia encontrado a prateleira.A moça reclamou e ia chamando o gerente quando a impedi pedindo que deixasse para lá, afinal não era nada de tão importante que não pudesse ser substituído. Enquanto segui o ritmo da leitora de preços, a funcionária do caixa ao lado se esticou falando bem perto de mim: __" Ele não sabe ler, dona."

Me senti a poeira da estrada.Como é que não saquei isto logo? Envolvida com minhas tarefas não parei pra observar o próximo; um jovem como tantos outros que foram meus alunos e em situação tão adversa à deles.Me aproximei, perguntei seu nome sob o olhar severo do gerente por eu estar atrapalhando o andamento do serviço, ele mal me respondeu.Resolvi não me estender muito pra não prejudicá-lo no trabalho, mas perguntei-lhe se frequentava a escola ao que me respondeu com um movimento negativo da cabeça.Falei-lhe quase ao ouvido:
__ Não importa agora o que te fez desistir da escola, importa é que a escola não desistiu de vc.Existe o programa da EJA, à noite, para alunos trabalhadores feito vc. Me prometa que irá na escola mais próxima de sua casa se informar.

Ele fez que sim com a cabeça.Pode ter sido por querer se livrar de mim, mas espero sinceramente que não tenha sido isto.Trabalhei por apenas um ano na EJA e guardo preciosas recordações desse tempo que convivi com adultos analfabetos sedentos do aprendizado da leitura e da escrita.Pessoas, algumas mais velhas que eu, sorvendo cada etapa das aulas, dispostas em cada atividade, participantes em todos os projetos. Uma gratificante experiência para todo professor(a) mediar a aprendizagem de quem quer aprender.Isto é o nirvana.

Hoje é um dia importante para a Educação brasileira, marca os 50 anos do projeto de alfabetização criado por Paulo Freire:" de pé no chão também se aprende a ler",também conhecido como as 40 horas de Angicos, que quatro meses depois de sua implementação o país tinha menos 300 analfabetos.O projeto rompia com os conceitos de alfabetização da época baseando-se nas experiências de vida das pessoas como temas recorrentes nas lições de leitura e escrita incentivando  com isso o espírito crítico, a leitura de mundo, a valorização da cultura local. As palavras geradoras compunham as famílias das palavras que iam se avolumando no decorrer do processo dando significado e ressignificando o estudo a cada etapa.

Um método que é válido até hoje, dentro e fora do país, ressoa o trabalho deste educador icônico, um dos brasileiros mais estudados no exterior que nos deixou um legado marcante e inesquecível. No Brasil fala-se pouco de Paulo Freire que foi preso e exilado na época da ditadura por ter sido considerado subversivo; absurdos da nossa história recente.Enquanto isto, lá fora, as grandes universidades americanas e européias lembram na sala de aula a importância de Paulo Freire.

Hoje sim, eu considero um dia que merecia ser feriado nacional.Um dia para ficar marcado no calendário do país como data histórica e realizadora do respeito e da valorização do povo brasileiro.


Prof. Paulo Freire
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Imagens: portalnoal.com

sábado, 1 de junho de 2013

Projeto - Uma imagem / 140 caracteres - 9ª edição






Não teve coragem de pôr em prática o que a mágoa lhe impunha.Ao revê-las todo o sentido que retratavam gritou sua essência! 

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Minha participação desta semana na 9ª edição do Projeto promovido pelo parceiro Christian Louis, dos: escritoslisergicos.blogspot( link no selo na barra lateral).As duas últimas edições  tiveram novas participações. Bem-vindas!
Venha vc também!
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Um luminoso fim de semana pra vcs!