Aquela ruazinha

Uma palavra/um conto, projeto proposto pela Norma, em seu: pensandoemfamilia.com

Aparência

 Estava bem difícil para Nini, puxar a pequena mala pelos paralelepípedos da ruazinha estreita. Olhando para a numeração nas portas, procurava o número 70. Havia reservado a casa pela internet por três meses, período de duração do curso que se inscrevera.

Enquanto seguia pelo calçamento ia observando as moradias. Quase todas lhe pareciam mal conservadas.Umas duas estavam descascadas e com tijolos á mostra em algumas áreas da fachada.

Chegou defronte á sua nova moradia.Com visível desgaste na pintura e dobradiças rangentes na porta da entrada, conservava um interior asseado e amplo. Ainda bem, pensou! 

Transcorreram os dias na rotina da sua agenda, só finalizando quando a noite já ia a bons passos. O primeiro final de semana foi dedicado a conhecer os arredores. Viu outras ruazinhas parecidas, com casinhas semelhantes e mais bem cuidadas, tendo floreiras nas janelas, pintura recente, calçamento alinhado e onde, havia moradores mais simpáticos e sorridentes.

Ao final de um mês, decidiu-se  que começaria uma campanha para melhorar a aparência daquela ruazinha. Não se importava com o engajamento, faria acontecer e pronto.

Comprou latas de tinta amarelo-canário,uns cinco vasinhos de icsórias coloridas, um sino de vento feito em macramê e deu início á maquiagem de embelezamento. 

A princípio, só ela passava os finais de semana na faina da reforma, raspando a tinta velha, arrumando o reboco, trocando as dobradiças, envernizando a velha porta e a janela... Sem se preocupar com o ritmo que empreendia, ia vendo a cada semana seus avanços realizados. Quando finalmente fixou a floreira com os vasinhos na janela frontal, deu dois passos para trás para apreciar seus feitos e quase pisou no pé do vizinho que estava chegando ali. Ele sorriu para ela e a parabenizou.Disse que ele e mais quatro já iniciariam também a reforma das fachadas de suas casas.

Nini, lamentou quando o período da sua estada chegou ao fim, mas trazia nos olhos o orgulho de ter motivado o embelezamento daquela, agora linda, ruazinha. 

BC- botando a cabeça pra funcionar- Mudança

Brincando com a Chica em dose dupla

 

Em meio a neblina

cobrindo o entardecer

um pássaro vigilante

parece a tudo, ver.

Se está a espera de outro,

 se apenas a vista aprecia,

o certo é que se faz imóvel

bem ao alto da sua vigia. 

Como parte daquela hora,

observa o findar do dia,

levando em seu trinado

os sons da tarde que caía. 

É, de fato, um arauto

a propagar a mudança,

avisando tempo seguinte

onde a noite faz chegança.

Com a tráfila certa, faz-se pasta apetitosa. 

BC - um escritor me inspira/ Escolhas

 Projeto: "Um escritor me inspira." 

Interação proposta pela Norma ( pensandoemfamilia.com)

"Antes de partir, podemos achar que a desistência é opção segura. [...] Mas, desistir é renunciar a chance de partir. A chance de descobrir que a vida pode ser muito diferente do que ela é." 

Tamara Klink, in: O Atlântico em solitário.

Escolhas

E um dia acontece a mudança

que era apenas vislumbrada

 só em intervalos, sem notas,

sem preparos, sem nada.

Veio como um vento novo,

soprou e soprou insistente,

assentou-se na sala de estar,

marcando lugar presente.

Mudança, reviravolta, partida;

como sabê-la se não vivenciada?

Qual melhor escolha se faria?

Qual decisão seria acertada?

Não, já sem tempo de antemão,

É tudo pr'agora, depois, não.

Dar o passo, mudar o rumo, 

arriscar o novo, desafiar o então... 

Ir para poder saber, ir para conhecer.

Ir, e abrir-se ás novas cheganças.

Ir no sopro dos ventos novidadeiros.

Navegando a velocidade da esperança.

Feliz Dia, Amigos!

Nestes 15 anos de Blogosfera, foram inúmeras as inspirações ofertadas pelos amigos e amigas aqui reunidos em laços de amizades festejadas e irmanadas ao longo dos anos.

Com muito afeto, celebro com vocês, o dia do Amigo, desejando que estejamos reunidos nessa roda alegre e interativa por muitos e muitos anos.

Como bem definiu a Chica: Vocês são colo-abraço-carinho!

Sob o céu de Porto Alegre

 Sob os céus de Porto Alegre, cor, luz e frio, fazem combinação bem ajustada para proveito dos dias.

As camélias se mostram coroladas, enfeitam o passeio dando beleza e admiração aos olhares.

Pimentinhas em penca despertam o paladar dos apreciadores de seus frutos.

Centenária, majestosa, impávida e elegante; profunda conhecedora da paisagem. 

Muitas flores, muitas cores, muita vida!

Em Quintana, artesão da poesia habitada nos pampas gaúchos, visitei, me encantei, sorri e me emocionei. 

Nesse sul,que me é tão familiar,

redesenho cada contorno do olhar,

 revejo as vistas, revejo meu andar

pelos ares que as cores pintam,

 pelos prados, pelos jardins, pelos gostos

que muito ressaltam meu paladar...

pelas gentes em seu falar entoado, 

marco, identidade, tradição,

traços, heranças, semelhanças,

registros reconhecidos, emblemas

gravados na cuia do chimarrão. 

Tons de festa

Neste fim de semana fiquei imersa nas modas de viola, novas e antigas. Aprendi umas que desconhecia. Cantei outras guardadas nas boas lembranças de muitas festas juninas.

Meses sem "r" e recheados de festejos, junho e julho, fazem a diferença no calendário. Amo de paixão tudo que envolve essa tradição. Quero participar sempre que possível e aproveitar cada momento.

As músicas tradicionais nunca faltam no repertório dos artistas, que nos levam a lugares da nossa infância, da nossa meninice, adolescência, juventude, enfim, ao encontro da nossa história feliz. 

 Aos ritmos melodiosos

navegando pelos ares

vibram acordes alegres

dançam os muitos pares. 

Nessa quadrilha festiva

onde a sanfona dá o tom,

fumegando nos aromas,

embalando a festa toda

convidando quem chega,

acendendo noite cheia:

alumia nas canções,

a saudade acordada

nos risos e nos corações.

( Solidão de amigos/ Jessé)