Ao meio da manhã ecoou pela areia o grito estridente dum berrante.Era isso mesmo, um berrante legítimo, daqueles que vemos nos filmes e nos documentários sobre os boiadeiros em suas lidas com o gado, mas não estou nem perto de tais regiões então, o que faz um som destes à beira-mar? Com mais uns passos a frente descobri o tocador de pé no calçadão em frente ao mar tocando seu berrante a plenos pulmões inflados pela euforia da paisagem.A cada soprada no instrumento ele tomava fôlego sorrindo pro imenso azul do cenário.Sorri também, discretamente.Percebi o entusiasmo daquele vaqueiro turista desfrutando a vista e o lugar e, achei muito interessante a maneira que ele usou para expressar sua alegria tocando seu berrante, objeto próprio e familiar.Ele estava feliz e não escondia isso, ao contrário, declarava aos quatro ventos o quanto era maravilhoso aquele momento que vivia.Lembrei-me nesse instante dum trecho dito/escrito por Quintana:"...Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável[...]", como o toque do berrante à beira-mar.
Tudo o que vivemos imprime em nós uma marca, nos transfere de um lugar para outro, de um tempo agora para um antes ou depois, nos resgata, nos renova ( quando deixamos), nos desfolha, nos revela e algumas vezes nos traduz, porém em cada uma permanece os sentimentos florescidos nela que rebrilharam durante o acontecido e também após, muito após e, o mais incrível é que estas marcas podem ser avivadas por uma palavra, uma música, um aroma, um som...como o grito dum berrante na praia.
"Vai boiadeiro que a noite já vem,
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem[...]"
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Imagem: terra.com
Que lindo ,momento presenciaste na beira da praia e quão autêntico foi esse vaqueiro;. Pensei em mim na beira da praia que só faço admirar e agradecer e depois que volto, só fico a sonhar com o retorno,rs bjs, chica e tudo de bom!
ResponderExcluirOi Calu, fico imaginando a cena, parece surreal…
ResponderExcluirCada um é feliz à sua maneira.
Bjs
adorei o post, Calu! Imagina que felicidade dessa pessoa ♥
ResponderExcluirbeijos
Muito bonito, não só a autenticidade do boiadeiro, mas também o fechamento que você deu ao texto "Tudo o que vivemos imprime em nós uma marca". Verdade.
ResponderExcluirO mar exerce um fascínio...
bjs.
Boa noite, Calu
ResponderExcluirBelíssima cena que eu adoraria presenciar, o êxtase diante do belo e sua manifestação da maneira mais intensa que se sabe. Ser livre de se expressar a seu grado. Tão bom. Feliz, ele. Feliz, você.
Bj amigo
Calu, querida, então foram dois presentes lindos hoje, a praia com céu azul e este vaqueiro tocador perdido por estas bandas oceânicas! Que legal, gostaria de ter visto isto!
ResponderExcluirPara alguém do interior, ver o mar é mesmo uma enorme alegria, deve ser isso, ele deve ter ficado tão emocionado que a forma que teve de demonstrar esta alegria, foi tocando seu berrante.
Pra ser feliz basta pouco, esta é a mais pura verdade.
beijos cariocas
Oi Calu,
ResponderExcluirComo eu gostaria de ter presenciado isto! A emoção, o entusiasmo diante da grandeza do mar só conseguiram ser traduzidos no toque potente do berrante. Fico aqui imaginando a "conversa" do som das ondas do mar com o produzido pelo berranteiro. Deve ter sido uma alegria só!
Bjs.
Calu querida,
ResponderExcluirEu acho tão bonito o som do berrante rs...
Aqui em SP, só o som de buzinas e palavrões credo rs....
bjokas =)
O som de berrante é muito legal. Eu já tentei tocar, mas não obtive muito sucesso, risos. Deve ter sido algo maravilhoso. Obrigada pela sua visita. Beijinhos.
ResponderExcluirMuito legal, isso
ResponderExcluirGostaria de ter presenciado também, Calu
Obrigada pela sua visitinha e gentil comentário
Fique bem, querida
Beijinhos de
Verena e Bichinhos
Oi, Calu! Imagino as sensações que o tocar do berrante em um lugar improvável e inesperado deve ter provocado. Seu texto casa muito bem com o meu, indicarei como leitura complementar... trata da essência que carregamos e sempre merece respeitos. das memórias de vida impressas na alma que são lindas quando as deixamos florescer assim, espontaneamente. Um abraço!
ResponderExcluirQue linda imagem nos relatou e transportou em poesia. bjs querida.
ResponderExcluirBem Calu, meu tio tinha um e cresci com esse instrumento do boideiro, assim como o trem apita levando gente pelas estradas, assim apita o boiadeiro tocando gado! Aqui, no dia de São José, o coral canta as músicas próprias da missa, mas com viola, som sertanejo puro e o berrante junto! Eu me arrepio inteirinha. Mas imaginá-lo de frente para o mar... muito interessante.Momento inusitado esse! Abraços!
ResponderExcluirO inusitado berrante na praia. O inusitado sempre nos chama a atenção. Li o texto da Bia e vim aqui completar a leitura. Perfeitos!
ResponderExcluirUma bela semana pra vc!
Beijos
Ele chamava os peixes? Muito maluca essa situação e deve ter sido diferente presenciar! bjs,
ResponderExcluirNossa, deve ter sido um momento muito peculiar e engraçado. Mas tb serviu pra reflexão. Bacana. bj
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