terça-feira, 17 de maio de 2011

Mudanças e Andanças

Arte de Flávio Lima

Por aqui a chuva cai.Cada pancadão forte que parece cachoeira celeste.Entre uma estiagem e outra o sol se espreme entre nuvens cinzentas, mas não reina por muito tempo. Ares outonais!
Em meio a sol e chuva, uma vizinha está de mudança.Ouço o vaivém dos carregadores na faina de tirar a mobília, os pertences, a história feita de objetos da família.
Mudança é sempre um trabalhão pra todos os envolvidos.A promessa de novidades anima a cansativa rotina de tirar tudo de seu antigo lugar e recolocar no novo que espera plácido sua ocupação.
Dentre as mudanças de casa que fiz, lembro de uma especialmente marcante. Foi em Brasília. Mudei-me do lago Norte de volta para a Asa Sul em fins de junho com um barrigão de 8 meses e meio de gravidez do quarto filho e levando minha escadinha ( de 6 anos, 4 anos e 2 anos) pela mão, começo já na semana marcada a encaixotar as coisas pequenas.
Tira daqui, guarda de lá, embrulha de cá, pede caixa no mercado, pede ajuda dos pequenos...quando meu marido chega e diz para parar tudo aquilo.
__Mas como?___ pergunto eu.È muita coisa pra encaixotar!
___ Fica tranquila___ responde.A mudança que contratei cuidará de tudo. Você não vai fazer nada!
Parei meio descrente, mas aceitei a informação.
Chegou o dia D!



E a cena logo se montou no entra e sai daquela gente toda pela casa afora.Assisti a rapidez que os carregadores acondicionavam tudo em enormes caixas de madeira com divisórias para as diferentes coisas que abrigavam.
Levou um dia inteiro.Lá pelas 17h, trancamos a porta da casa vazia e rumamos para o novo endereço.
Mal entramos no apartamento, fomos seguindo pelo exército de formigões trazendo nosso pertences.
Primeiro montaram as camas, depois trouxeram as mesas, em seguida vieram com as caixas e aí, entrei em estado de topor.Os carregadores abriam as caixas e derramavam seu conteúdo em cima das camas, das mesas, do chão, esvaziando tudo ao mesmo tempo, nem me dando chance de dizer para onde ia tal conteúdo, pois quando eu conseguia direcionar um, outros três já estavam descobertos nos lugares mais inusitados.
Isso durou mais ou menos 1h e logo fechei a porta atrás do último homem.Ao que me voltei desolada para aquela área de guerra que parecia um armazém de entulhos.Tinha panelas, frigideiras, talheres misturados com lençóis, produtos de higiene e limpeza, brinquedos das crianças...Tive vontade de chorar e, fiz questão de nem olhar pra meu marido quando me disse calmamente:
___ Logo, logo, vc arruma tudo isso. Não se preocupe!

Como ele está vivo e gozando de boa saúde até hoje, vcs sabem que eu me CONTIVE!!!!

12 comentários:

  1. rssssssssss...muito legal e pude me ver nessa mudança com a escadinha ( em 5 anos tive os 4 filhos)e que bom que o maridão sobreviveu,srsr


    Eles são de uma caaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalma,não é?

    Adorei ler!beijos,chica

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  2. KKKKKKKKKKKKKKK ai Calu, tua estória está impagável! Boa demais! hehehe Fiquei imaginando a casa toda entulhada de objetos dos mais diferentes tipos espalhados por todos os cantos...que vontade de matar os "formigões" e mais o maridão junto!
    E vc ainda com barrigão já quase tendo o filho....hehe...esses causos são bons só depois que já se passaram há muito tempo, né? beijão,

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  3. rsrs... pois é Calu, depois os homens ainda dizem que são eles que ficam com trabalho pesado!
    Há que se ter mesmo muita paciência mesmo com essas criaturas, se não provocamos a extinção da espécie!rsrs

    Um beijo, querida.
    Ótima crônica!

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  4. Oi Calu,
    Mudança é horrível (sob este aspecto), a gente fica sem rumo, porque sobra mesmo é pra gente (rsss).
    E maridos... "Melhor não tê-los! / Mas se não os temos / Como sabê-lo? / Se não os temos / Que de consulta / Quanto silêncio / Como os queremos!" ... e por aí vai (rssss). Plagiando Vinicius.
    Bjs.

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  5. Querida Calu!
    Lendo você fui fazendo idéia do que rolou nesta mudança. Você foi bem realista e deu-me até nervoso pensar como é horrível ficar no meio de tanta coisa fora do lugar e o pior, sobra pra gente arrumar tudo depois.
    Ufa! Eu não gosto de mudanças, embora goste de mudar de lugar, entende? Mas, organizar tudo em caixas e depois nos lugares certos é coisa que me deixa atordoada só de pensar em começar.
    um super beijo carioca


    (Ahhhh, obrigada pelo oferecimento do livro, mas quando vejo o filme, perco a vontade de ler o livro).

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  6. Detesto mudanças!
    Mas tem uma coisa boa, sempre diminuimos a tralha a cada recomeço num espaço diferente :)
    Bjs,
    Rute

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  7. È isso aí , Chica, somos altamente férteis, em filhos e histórias.
    Bjo.

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  8. Com certeza, Glorinha, só mesmo depois de longo tempo passado é que dá pra rir do acontecido.
    Um bjo, amiga.

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  9. Olha, Sam, eles que se cuidem, pois já estão à beira de provocar sua própria extinção. Haja paciência!!!!
    Um bjo querida.

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  10. Gostei do plágio, Estela...então para sabê-los, vamos a eles, né? Que remédio!!!!
    Um bjo, amiga.

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  11. A preferência por mudar de lugar, sem desentocar as coisas, acho que é unânime, Betinha.Mas, é preciso quebrar os ovos pra se fazer o omelete, então, vamos lá...
    Ainda acredito que ganharei na loteria pra poder descartar a segunda fase da brincadeira, rsrs.
    Um bjo, amiga

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  12. Comprovada a tua tese, Rute.È fato.
    Mas logo em seguida, nos vemos a juntar outras no lugar das que se foram. Arre, que coisa doida!
    Um bjo.

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!