Todos os dias Kublai Kan,último rei da dinastia Mogul,subia no alto da muralha da sua fortaleza para encontrar-se com o vento.
O vento vinha de longe e tinha o mundo todo para contar.Kublai-Kan nunca tinha saído da sua fortaleza não conhecia o mundo. Ouvia as palavras do vento e aprendia.
__ A Terra é redonda e fácil,disse o vento. Ando sempre em frente,e passo pelo lugar de onde saí. Dei tantas voltas na Terra, que ela está enovelada no meu sopro.
Kublai-Kan achou bonito ir e voltar sen nunca se perder.
Um dia o vento chegou mais frio,vindo das montanhas.
___ Fui pentear a neve,gelou o vento ao pé do ouvido do rei. A neve é pesada e macia. Debaixo do seu silêncio as sementes se aprontam para a primavera. Só flores brancas furam a neve. Só passos brancos marcam a neve. Na neve mora o Rei do Sono.
Kublai-Kan teve desejo de neve. Então prendeu fios de prata na Lua e a empinou contra o vento. Do alto,espelho do frio a Lua trouxe a neve para Kublai-Kan.E um sono tranquilo.
Todos os dias o vento contava seus caminhos no alto da muralha.
Todos os dias os longos cabelos do rei deitavam-se no vento e recolhiam seus sons, como uma harpa.
O vento contou o deserto.
___O deserto, disse com língua quente,é lento como o trigal. E como o trigal me obedece. Ele também se curva debaixo da minha mão. Mas seus grãos não são doces como os do trigo.São de areia. E com areia não se faz o pão. As gotas do deserto chamam-se "tâmaras".
Kublai-Kan quis suar com a doçura das tâmaras. Então prendeu fios de ouro nos raios do Sol e o empinou contra o vento. Do alto, o calor derramou-se no reino de Kublai-Kan amadurecendo os frutos. E o rei bebeu o suco nas mãos em concha.
No alto da muralha gasta de sempre receber o vento,o mundo punha-se aos pés do rei.E no tempo chegou o dia em que o vento beijou de sal a boca de Kublai-Kan trazendo-lhe o mar.
___ O mar é maior que o deserto e mais profundo que a neve,cantou o vento. O mar é verde como os campos,mas seu capim cresce nas profundezas e ninguém vê o gado que nele pasta. O mar chama os homens e canta. Sua voz tem nome de sereia.
Ouviu Kublai-Kan o chamado da sereia na voz do vento? Ninguém sabe.
Dizem os pastores da planície que o viram prender as cordas de linho nas pontas da grande pipa de seda. Depois ergueu a pipa contra o vento e, abandonando com os pés o alto da muralha da sua fortaleza, deixou-se levar pela corda branca, último rei Mogul, longe no céu, lá onde ele tinge de mar.
Marina Colassanti
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Você já ouviu o vento que veio de longe?E as coisas que ele tem para contar,já ouviu?
Olá Calu
ResponderExcluirEu ouço sempre o vento assobiando em meus ouvidos...Eles me trazem notícias daquele que amo...
Bjos poetados
Laurinha
Amiga, estou em ritmo de Festas Juninas....
ResponderExcluirVenha me visitar e participar..
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Um beijo
Emilinha
Laurinha,
ResponderExcluirescutar segredos do vento é um dom que poucos sabem desfrutar.Continue a deixar que as brisas lhe soprem doçuras.
Bjoas,
Calu