sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A casa Amarela




( Casa Amarela - Van Gogh)


Ontem feriado, dia mais lento restrito da ruideza comum nas ruas da cidade. Aqui e ali alguns serviços funcionando.Já sabida disto saí e, ao dobrar a esquina achei movimentação diferente.Algumas pessoas paradas na calçada sustentando suas sacolas de mercado, olhos atentos ao outro lado onde maquinário pesado e homens atarefados se dedicavam à tarefa de demolição.

A casa amarela, de grandes janelas, chapisco frontal, portão gradeado, telhado estendido por sobre o avarandado que chegava aos degraus da entrada.Aspecto simpático, cor vibrante, ali quase ao meio daquela rua, mostrando seu frontão "galhardeiro" com registro da construção: 1928.

Quase um século e, com certeza, muitas vidas por ali passaram; muitos risos, alguns choros, festas, aniversários, celebrações, vidas palpitando, histórias acontecendo, quase um livro em tijolos e pinturas atravessando décadas até ontem, quando exibia naquela manhã uma ferida grotesca na lateral esquerda de sua parede deixando à mostra o quarto de alguém, vazio de objetos, mas cheio de recordações.

 Arrancaram-lhe o bonito portão, feriam-lhe os degraus, absolutamente resolutos no trabalho de demolição.

Olhei para as pessoas que, como eu, pararam por instantes diante da cena.Creio que nossos pensamentos convergiam num mesmo sentimento lamentoso.__É só mais uma casa que dará lugar a um prédio, dirá alguém. O antigo dando espaço à modernidade. Só isto!

Não só, mas na realidade, isto. Aos meus olhos e aos do casal, senhor e senhora, próximos a mim, que fitavam consternados a destruição da casa amarela, um turbilhão descompassava o peito no ritmo das marretadas. 

~~**~~ 


Obs: Há um link novo direcionando para uma rápida pesquisa no post: Divulgação__ grupo p/novos escritores.
Passe lá!

9 comentários:

  1. Puxa,Calu! Escreveste t'ao bem, deu pra entrar na tua cabeça e sentir contigo a tristeza, melancolia de ver algo assim ser demolido com marretadas...Triste cena e tanto se passou ali dentro..Agora vira pó...Restam lembranças! bjs, chica, ótimo fds!

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  2. Boa tarde, querida amga Calu!
    Demolição combina com descaso, muitas vezes, é pena que seja assim! Prefiro reformas e restaurações... soa bem melhor ao meu coração também e ainda não levamos marretadas dolorosas... o novo se faz acontecer...
    Seja feliz e abençoada!
    Bjm de paz e bem

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  3. Como é triste Calu presenciar estas demolições. Senti este pesar aqui no Ingá diante de situações com esta. Lamentável. Bjs

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  4. Ah... Calu, isso está acontecendo em todo lugar...
    Acho tão triste, imagino a luta para construir uma casa e mantê-la por tanto tempo, quantas histórias...
    E num piscar de olhos, tudo no chão!
    Acredito que casas muito antigas deveriam ser protegidas por lei como patrimônio histórico. O crescimento desenfreado movido por interesses econômicos, deixa a cidade sem alma.
    Ótima semana
    Bjs

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  5. É uma tristeza ver uma casa ou parte de uma casa sendo demolida é como se as recordações, os fatos ali vividos fossem, também, nos escombros da demolição.
    Beijos e uma semana feliz!

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  6. Que triste !
    detalhaste muito bem a cena ! [
    transeuntes assustados e nada podem fazer !
    Mais uma que se vai. Um edifício lindo e moderno substituirá !
    Aqui em nossa rua, também foi assim. Uma linda casa antiga cedeu seu lugar para o novo.
    Só que a obra foi embargada e por anos só vemos uma caixa de água redonda e azul a enfeiar o que antes era bonito.

    bjs

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  7. Boa noite Calu,
    Um escrito muito belo.
    É uma nostalgia enorme assistir a demolição de casas com tanta história.
    Um prazer ler o que escreve com tanta elevação.
    Beijinhos,
    Ailime

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  8. Olá Calu! Realmente é triste essas demolições. Uma história importante que tentam apagar. Abraços, fica na paz.

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  9. Ás vezes, fica-se com a sensação de que o presente se apresenta impiedosamente... desvalorizando/esquecendo o passado... quando demolições assim ocorrem... e quando não há passado... parece que o presente não tem sustentabilidade...
    Aqui onde moro... também tudo se transfigurou aceleradamente nos últimos anos... por isso, senti ... o sentir das suas palavras...
    Beijinhos
    Ana

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