sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Dentro de nós, um mar









Faltam apenas dez páginas para eu chegar ao final do romance que me enlaçou nestes últimos quinze dias, no final das contas a ziquizira me prendeu em casa me possibilitando mergulhar profundamente nas leituras; coisa boa!Este romance me caiu em mãos ao meio dum passeio semanal na livraria.Como nunca havia lido nada desta autora portuguesa, resolvi trazê-lo para aumentar a pilha dos "esperantes da vez" e me surpreendi com os rumos dados à trama bem tecida entre as personagens ambientadas na atualidade, vivendo as exigências e as angústias da vida moderna em contraponto às emoções.

Controlei minha curiosidade em saber qual será a decisão de Rosa, frente aquele amor egoísta que a deixa refém dum sentimento mesquinho, em segundo plano na vida do homem que a mantém enredada na paixão e disso tira proveito desmedido sem o mínimo respeito aos sentimentos dela.Usa-a como e quando lhe provém, atraindo-a e afastando-a conforme suas vontades sem no entanto permitir que ela corte estes laços sufocantes que os mantém amantes há anos.

Em meio a muitas idas e vindas, pergunta-se como pode uma mulher moderna, independente, artista, deixar-se subtrair desse jeito rendendo-se a um amor nocivo que lhe nega o direito de ser e viver plenamente? Quantas "Rosas" ainda existem, iludidas por promessas vãs, por paixões-minuto unilaterais que alimentam vazios n'alma? Quantas mulheres se deixam cegar pelo cenário que criam e vendam-se para a realidade que grita à sua volta inutilmente? Quantas permitem que seus sentimentos sejam vilipendiados consecutivamente e não conseguem mudar este estado aviltante?

São muitas, bem o sabemos, mas nem por isso aceita-se que tal situação seja apenas fruto de más escolhas.Ao meu ver, outros fundamentos da história de vida acabam por influenciar tais atitudes destrutivas, mas não irreversíveis e, quando "a personagem" roda a baiana, sacode a poeira e dá a volta por cima, a gente vibra, bate palmas e festeja como se tratasse duma parente, amiga, irmã de quem gostamos muito.

Há inúmeros exemplos de casos assim, pela literatura, filmografia e afins.Ontem mesmo, relaxando em frente á televisão revi pela enésima vez a comediazinha romântica: "O amor não tira férias", onde uma publicitária inglesa vive uma paixão dessas e como não suporta mais o conflito pessoal, sai de férias para Los Angeles, onde a distância e novos amigos lhe favorecem a reflexão sobre tudo, libertando-a; e eu embora sabendo o desfecho, vibro com esta cena, como espero fazer com Rosa no desfecho do livro.Em breve saberei se vou festejar ou lamentar, mas com certeza já celebro o romance de Inês Pedrosa," Dentro de ti, ver o mar."  




" Rosa percebeu que o resto da sua vida seria isto: acomodar-se à agenda de Gabriel, preencher os espaços em branco da sua vida.Com se tivesse uma folha excel muito organizada onde tudo se encaixava: os filhos, a família, a livraria, e ela___ a diversão controlada, uma espécie de montanha-russa que lhe assegurava a quota da loucura, o toque de sal que lhe faltava[...]" 








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10 comentários:

  1. Ola Calu
    Verdade,varias Rosas ainda existem e vivem perdidas,sem norte,presas a um abismo
    e sem rumo,se submetendo a uma vida mediocre,mas cada uma com sua historia e nem todas
    tem coragem de mudar e ter uma atitude.Deve ser mesmo um espetaculo o livro.
    Feliz final de semana querida,beijinhos

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  2. Olá, Calu!!

    Nossa, fiquei louca de vontade de ler!!!
    Minha professora emprestou-me um livro desta mesma autora que estas lendo,e adorei!!
    "Fazes-me Falta- Inês Pedrosa" um livro surpreendente com dois narradores ele e ela( narram por vezes a mesma cena, mas cada um com seu ponto de vista. E o final...bah! Totalmente inesperado e surpreendente!!
    Emocione-me com cada capítulo.

    Beijos, querida Calu!!! Tudo de bom pra ti!

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  3. Há males que vem para o bem, ficar de ziquizira às vezes nos proporciona dar uma paradinha em tudo de corrida da vida e voltar-se pra dentro, ouvindo e lendo, coisas boas de se fazer em momentos assim, eu bem sei.
    Quanto ao tema, também acho tão estranho nos dias de hoje uma mulher se deixar submeter à paixões destrutivas, podemos contar até com terapias ou livros de auto-ajuda, né mesmo?
    Eu vou dar um crédito pra mocinha então, acho que ao final do livro ela vai virar a mesa e se colocar firme, vamos ver!
    um beijo grande carioca



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  4. Oi Calu!
    Talvez a escritora portuguesa conheça algo sobre mim...
    ;-)

    Abração
    Jan

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  5. Olá!Bom dia,Calu,
    Estimo as melhoras, rapidamente, logo e já!
    ... ainda não li nenhum livro da Inês Pedrosa" e , sinceramente, me lembro se assisti uma vez o "O amor não tira férias",
    ... pelo seu relato, o papel da mulher perante um amor nocivo, assim como toda a hipocrisia da sociedade que a rodeia. Nesse processo de questionamento, a literatura assume esse papel de denúncia a que não nos satisfaz. É uma forma de reagirmos à insatisfação. A literatura permite nos fazer que outras pessoas percebam fatos que já notamos, mas que talvez não lhes estejam muito claros para muitas Rosas...
    Boa continuação na leitura, mas fique bem,cuide se bem!
    Agradeço!
    Bom final de semana!
    Beijos

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  6. Uma ziquizira que rendeu boa leitura e ainda nos fez conhecer um pouco desse livro! Parece bom,tomara o final assim também!beijos,lindo fds!chica

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  7. Olá, querida amiga Calu
    Também gosto quando tenho pane por aqui na net pois ponho minhas leituras todas em dia... rs...
    Quando estivemos juntas na Livraria nesta semana pude ver o seu encanto real por livros... Que maravilha!!
    Me perco pra presentear pois não gosto de oferecer o que não conheço (o que leio antes)...
    Vc me ajudou numa lembrança pra amiga... rs...
    Sobre o romance e os eu contexto, é ótimo quando nos livramos da autopiedade e 'rodamos a baiana' ... fazemos tudo ao nosso redor vibrar... rs...
    Vale muito a pena dar a volta por cima de certas situações desalentadoras e arrastadas!!!
    Bjm de paz e bem

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  8. Obrigada pela partilha. São muitas mulheres que vivem neste lugar. Li um livro chamado a outra, bem interessante para ampliarmos o olhar sobre esta forma de escolha de viver "a parte".
    Cuide-se.
    bjs

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  9. Oi, Calu!
    Eu já tive também gratas surpresas com livros comprados meio ao sabor do acaso. Ainda hoje eu conversava com minha filha sobre isso... todas as pessoas que aceitam essa situação, de alguma forma, estão se subtraindo. Ver as coisas com um pouco de distância pode permitir que a personagem reveja sua situação, e tome uma atitude. Um abraço!

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  10. Eu desejo sorte a essa protagonista, que ela consiga se libertar dessa prisão alto imposta! Eu desejo sorte a mim que eu possa me encontrar com essa autora... porque já percebi que ela sabe expressar com o é ser mulher e carregar todas essas fragilidades emocionais que nos fazem navegar em relações assim, complicadas e exaustivas.

    E Calu, como é bom te ler!!!

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!