segunda-feira, 5 de março de 2012

Pé de pato, mangalô, três vezes


Noite alta, lua cheia, amarelona lá no céu. Quem não se assombra com aquele queijão redondo a boiar no firmamento? Nas descobertas da infância , esta era uma das mais visadas e quando a gente apontava o dedo para dizer onde estava o dragão de São Jorge, ouvia o ralho d'avó:___ abaixa esse dedo menina, senão vai criar verrugas nele!

Crescemos, pelo menos eu, em meio a superstições, crendices,tradições populares que longe de causarem algum desconforto, ajudaram a explicar um pouco esse mundo vasto mundo que nossa imaginação infantil desenhava. E as avós, sempre elas, como anjos protetores, nos cercavam de cuidados correspondentes à sabedoria popular, às suas crenças e ricos saberes adquiridos na vida.

Quem não teve seu breve de figa presinho na lapela da blusa? E no caminho de casa para escola ter contornado pela frente a escada posta no passeio, pelas mãos prudentes da avó?

Manga com leite é um veneno, afirmava, uma conhecida havia morrido nessas circunstâncias. Bater na madeira três vezes anula qualquer palavra indesejável. Se achar um trevo de quatro folhas, guarde-o para atrair a boa sorte e nunca durma numa cama voltada para a porta do quarto, pois afugenta dali quem a usou, assim como dar lenços de mão como presentes, perde-se de vista o/a presenteada.

Em tempos de chuvarada constante, é só chamar a criança da casa,desenhar um sol no chão e pedi-la para repetir três vezes:__ Vem sol, que te dou o meu lençol!! A chuva vai embora rapidinho( que não nos saiba os pagés que tem tanto trabalho pra fazer chover no sertão-rs).

Em dia de aniversário, ao ganhar os presentes dos convidados, abri-los diante da pessoa que o deu, agradecer e colocá-los depois sobre sua cama bem arrumadinhos sem esquecer de embolar o papel no qual vieram e jogá-lo pra baixo da cama, garantindo assim muitos presentes no ano seguinte( puro interesse-rs).

A lista continua, é só mexer no baú das memórias que vai "encontrar panos para as mangas" e coisas do "arco da velha" para "dourar a pípula" de quem acha que respeitar uma superstiçãozinha aqui outra ali é ser "maria-vai-com-as-outras". 
E então, quem se habilita?
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“As lendas são a poesia do povo;
elas correm de tribo em tribo,
de lar em lar, como a história doméstica das idéias e dos fatos;
como o pão bento da instrução familiar... mas o povo crê,
e não convém destruir as fábulas do povo...
Este cultivo dos mitos, não é, talvez,
o guardar laborioso das verdades eternas?” 

Machado de Assis 
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1000imagens.com

7 comentários:

  1. Sobre a manga, não sabia, mas do pêssego sim...hilário que as minhas tias falavam na campanha...Tirar as verrugas, roubar o pano da cozinha de uma pessoas, benzer com os ossinhos que encontravamos no campo e saia todas!!!Não deixar o gato preto atravessar na frente...Na sexta-feira santa não podia beber leite, pentear os cabelos e varrer a casa...hahahaha e a gente tomava banho na Sanga e os cabelos duros sem pentear...
    Paz e bem

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  2. A mim foi passado que apontar estrelas é que dava verrugas! Ah, mas o mais amedrontador para mim eram os chinelos virados que faziam a mãe morrer! Cada uma que se inventa, né? Tudo para que não deixássemos nossos chinelos espalhados pela casa, que esperteza a delas!
    Bjssssssssssssss, quérida!

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  3. Lindo lembrar disso tudo...Crendices que nunca fizeram mal,né?
    Lembrei da melancia com uva que não se podia misturar pois empedrarias no estômago,srsr Tantas coisas!!

    Adorei! beijos,chica

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  4. Muito bom Calu fazer esta viagem nas minhas supertições em Minas e interior a coisa era bem danadinha mesmo.Morria de medo de passar debaixo de arco-iris,rsrs.Nunca contava estrelas com as pontas dos dedos.Hoje bem entendo que elas nos freavam um pouco e não nos deixavam morrer cedo.Manga com leite e milho verde era defundo certo.Na quaresma que mais sofria com tantos freios,supertições e contos de arrepiar.
    Eita tempo bão amiga!
    Um abração carinhoso.
    Beijo de luz nos seus dias de paz e alegria.

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  5. Bom dia,Calu!!

    Voltei a infância lendo seu post!!!rsrsr
    Além das superstições, minha vó tinha uma explicação infalível para todas as nossas perguntas! Quando perguntávamos qualquer coisa, e ela não sabia responder, ela nos dizia:"É coisa dos antigos."E isso encerrava qualquer assunto!!!rsrsr
    Sempre que perdíamos um dente, jogávamos pra cima da casa...(confesso que até hoje não sei porque!!rsrsr mas era coisa dos antigos...)
    E quando nascia uma menina, assim que caia o umbigo,enteravam-no ao pé de uma roseira(diziam que deixava o umbigo da menina mais bonito!rsr).O meu foi enterrado numa, não tenho nada a reclamar!!!rsrsrs
    Que bom recordar!É impossível não sorrir,né?!

    *Por enquanto está tudo tranquilo na faculdade, tenho um livro para ler, e alguns para consultar.Mas está tudo ótimo!!rsrs
    Beijos minha querida!!!!

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  6. Calu,vieram tantas lembranças legais de infancia agora!...rss...muito legal o seu texto,resgatando essas crendices antigas!bjs,

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  7. Oi Calu, eu também fui criada em meio a superstições.
    Hoje "no creo en las brujas, pero que las hai... las hai" (não se a escrita está correta ;-))).

    BEIJÃO
    JAN

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