terça-feira, 27 de junho de 2017

Marcas do dia-a-dia




(*)


Eu não era assim, desconfiada. Quando foi que essa faceta se infiltrou na brecha aberta entre um pensamento e outro, não sei mesmo, mas, me deparei com essa borda pendente na bainha de escolhas simples e rotineiras.Fui despertando pro enxerto ao ligar pro mercado pedindo alguns produtos a domicílio; insisto na expressão.Nada contra certos anglicismos adotados, mas às vezes gosto de ser do contra.

Pois, então, fiz a listinha, peguei o telefone e fui ditando pra atendente o que precisava na ocasião, ao que em muitos ítens era interrompida por ela com ao menos três opções de marcas referentes.Claro, que eu tinha de perguntar o preço de cada uma citada e além disso, a dosagem em gramas. Verdadeira investigação pelo melhor oferecimento e, o que era uma simples lista de poucos produtos de mercado se transformou numa apurada pesquisa de produtos variados.

Levei bom tempo nesse diálogo tenso, quase uma entrevista do censo. Até cheguei a esperar que ela me perguntasse se eu tinha geladeira em casa, quantas televisões, de quantas polegadas...


O que deveria ser uma economia de tempo, virou uma perda lamentável do mesmo.Enfim, ao chegarmos nas anotações finais, me perguntei se esta prestação de serviço não teria mais intenções interligadas, tipo: memorizarmos as marcas fortes do mercado, conhecermos novas marcas dos produtos que consumimos, sermos habilmente convencidos a mudarmos de marcas preferidas e, coisas tais.

Não é de hoje que somos induzidos, manipulados pelas diferentes mídias que  agigantam suas presas sobre nossas vidas, costumes, hábitos e interesses.É só dar um Google que se acha uma variedade enorme de filmes sobre o tema.Semana passada assisti ao " O Círculo", com Emma Watson e Tom Hanks, abordando a predadora conexão ilimitada interligando de, emails a buscas, pesquisas e compras na web, o que desenha um perfil de cada usuário(a) em suas preferências e possíveis novos consumos. Assunto sabido, porém longe de estar ultrapassado. Quanto mais se torna usual e corriqueiro mais perigoso se apresenta.

Só pra confirmar a longevidade do fato, lembro da eterna Elis cantando " Comunicação":

" Só tomava chá, quase que forçado vou tomar café..."



(*) imagem do Mercado Livre





17 comentários:

  1. Calu, gosto de te ler e sempre encontro coisas legais pra ler, pensar... Fiquei imaginando essa lista de compras que no final, mais irrita e seria melhor ir pessoalmente,rs...Seria mais rápido, ainda mais se fosse eu que tenho rodinhas nos pés,rs...

    E, realmente tudo está tri ligado e interligado. Por exemplo, a cada pesquisa que faço de lugares legais pra viajar, onde entro, aparecem as "ofertas"...Incrível. Nossa privacidade é ZERO! um beijo tuuuuuuuuuudo de bom,chica

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  2. Nossa Calu, que perigo estamos vivendo, manipulação de todos os lados!
    Vou assistir a esse filme.
    Bjs

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  3. Ui ui, Calu!!
    O pior é que é verdade... e sofremos com nossos próprios questionamentos. Não há mais espaço para a inocência pura.

    BJK
    JAN

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  4. Uma crônica que nos é muito familiar. Como não desconfiarmos, em tudo comprovamos segundas e terceiras intenções. Como não sermos manipulados??? Tudo isto é preocupante e invasivo. bjs

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  5. Olá Calu querida.
    Ainda não é muito comum essa entrega ao domicílio, aqui em Portugal. Na verdade, eu gosto de fazer as minhas compras, cheirar a fruta, ver que iogurtes estão em promoção, é uma espécie de terapia não ocupar a mente com nada mais complicado do que prazos de validade e as novidades de produtos biológicos.
    Somos todos influenciados, claro que sim. Os anúncios que aparecem nas minhas redes sociais são quase todos relacionados com viagens. Nada de surpreendente. Precisamos desenvolver um filtro, para lidar com tudo isso.
    Beber café quando o queremos é um chá?? Ninguém merece.
    Beijinho, um doce restinho de semana
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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  6. Texto muito interessante, que nos leva a refletir sobre a agressividade da mídia e o quanto temos que nos conscientizarmos sobre a problemática do consumismo.

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  7. Oi, Calu, como vai? Muito interessante seu texto... há algumas semanas li um livro chamado "Marketing e Arquétipos", que revela alguns dos artifícios usados pela mídia para induzir ao consumismo, como símbolos irresistíveis escondidos em letras de logomarca, músicas estimuladoras de fundo quase imperceptíveis em trilhas de produtos, é mesmo impressionante como há estudos para fomentar o estímulo ao consumismo. Tenho muito interesse em assistir esse filme, obrigada por colocar seu parecer.
    Abraços!

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  8. Olá Calu, boa noite!
    Gostei de ler o teu texto, é atual, um assunto muito sério.
    E fico pensando, quando não existir mais dinheiro em espécie, as operações sendo realizadas por um aplicativo no celular... é penso que não vai demorar muito. Então, tudo o que adquirimos, seja uma garrafa de água, haverá um registro ou até mesmo um cadastro.
    Sobre o filme eu fiquei interessada.
    Um beijinho e ótima semana.

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  9. Calu:
    Interessante seu texto e colocações.
    O Google registra TUDO, e claro, nos move em direção ao que parecer ser de nosso interesse...
    E assim nossas preferências ficam expostas e acessíveis ao mercado, que se aproveita disso para estimular ainda mais o consumo...
    Bjokas.:
    Sil

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  10. Olá Calu,
    Fico me perguntando se não teria sido mais rápido ir direto ao local buscar o que precisava, kkk, Eu detesto ter que responder certos "interrogatórios", agora mesmo, preciso fazer algumas ligações para uma pesquisa para troca de operadora de internet, estou há horas enrolando, pois sei que vou ficar muito tempo respondendo várias perguntas bem chatinhas e ouvindo eles me oferecerem o melhor para eles.
    Vou procurar o filme por aqui.
    Grande beijo

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  11. Calu
    e quando a atendente não sabe escrever e fica soletrando cada palavrinha ?
    rs rs
    amei o seu texto e suas ponderações.
    Uma outra forma de fazer seus pedidos seria o delivery , é uma opção
    É bem detalhado, rápido .
    A música da Elis, diz tudo. É assim ,mesmo,nos empurram o que querem e
    entram no nosso cérebro com as propagandas
    Sobre o filme, ótima dica.

    bjs


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  12. Boa tarde Calu.
    Que bela cronica de um acontecido com critica e analise perfeita sobre privacidade e manipulação. Somos manipulados sim depois que a interação de informações se tornou viável pelo avanço da informatica. Se voce pesquisar um produto numa loja via Google ou outro motor de pesquisa já estará a entrar no seu banco de dados e assim pode aparecer na sua tela propostas comerciais sobre aquele produto e suas variações como promoções também.É possível boquear estes assaltos à nossa maquina com as configurações, mas é certo que voltam depois de novas pesquisas.
    Gostei de sua Lista com este olhar critico e sábio.
    Meu terno abraço
    Bju de paz amiga e que sua semana esteja leve e alegre.

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  13. Boa tarde Calu, um texto muito bom tão ao seu jeito bem especial.
    Posso imaginar como deve ter sido bem aborrecido todo esse tempo que gastou para fazer a sua encomenda.
    Na verdade actualmente somos invadidos por publicidade por todas as formas e feitios;) e a nossa privacidade está cada vez mais ameaçada. A publicidade quase que se nos cola. Nos media, por telefone e até no PC depois das mais variadas pesquisas somos confrontados com anúncios ligados aos nossos gostos. Confesso que esta situação me é bastante desconfortável.
    Tempos modernos...
    Beijinhos,
    Ailime

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  14. Bom dia Calu, é mesmo irritante essas atendentes que querem nos empurrar marcas ou outros produtos dos quais não temos o mínimo interesse de obtê-los. Querem a todo custo nos manipular ao seu bel prazer. Amei a crônica que expressa fielmente a realidade em que vivemos. Beijos.

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  15. Também me pego a desconfiar de tudo, neste nosso mundinho governado pelo consumo e pelos interesses A cada dia que passa mais tenho vontade de me exilar em uma rocinha, longe de tudo isto...ah, eu "quero uma casa no campo...".
    Um beijo, minha querida Calu!

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  16. Olá minha querida! O mundo moderno,a globalização,a informatização e a Internet vou um avanço fantástico. Mas,como tudo tem o positivo e negativo,ficamos escravos desta modernidade.Mesmo eu que moro no Campo,campo moderno,pois se trata da Europa,surpreendo quando vou a padaria ou a farmacia pois tudo fica registado e deixamos de ser gente para ser códigos e números. Boa semana,beijinhos

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  17. Sinto falta de respirar inocência. Parece que chegamos no tempo em que há uma segunda intenção, algo por trás, em tudo. Claro que isso sempre existiu, mas antes uma "chinela" havaiana era só a chinela de tira azul. Agora de chinelo vamos ao frigorífico, às siglas, JBS, à presidência da república. Cansativo isso... Gostaria de entrar num mercadinho pequeno, tudo a granel, embrulhado em papel pardo, sem marcas, sem logos...
    Beijo!

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!