Um dia fora do normal

Sabe daqueles dias que fogem do roteiro? Pois é! Levanta a mão aí quem não teve um (ou alguns) assim.Semana passada dei gargalhadas dobradas ao telefone com uma boa amiga lembrando um destes dias que já vão longe, mas que deixaram uma bem humorada lembrança em nós duas. 

Amanheceu naquele dia dos anos 80 e tais conforme todos os anteriores a ele.Rotina corrida de mãe e professora que liga o motorzinho bem cedinho e começa a acordar os filhos, a preparar o café da manhã, a apressar o banho das meninas, a levar os meninos pro chuveiro...olho no box, escovas nos cabelos,uniforme completo,todos à mesa tomando o desjejum enquanto ela corre pro chuveiro e se apronta pro trabalho, engole um copo de café com leite, verifica se todos pegaram suas mochilas, merendeiras e o que mais teriam de levar naquele dia e dá o sinal para o elevador.Garagem.Todos a bordo.Partir.

Já na rua percebe que a marquinha da gasolina está quase chegando na reserva, mas calcula que dará pra chegar no colégio e, se promete que na volta irá passar num posto pra abastecer.Toca pro colégio com a tropa.Não gosta de chegar atrasada.Até aqui tudo dentro do previsto.O ritual cumprido à risca dá sinais que o dia está todinho dentro do planejado.Chegada no pátio.Cada qual na sua fila.Ela se posta à frente de sua turma, dá e recebe um monte de beijinhos, pega  os primeiros pela mão e lá vai todo mundo pra sua sala de aula.Olha pros filhos nas outras fileiras e deseja boa aula.Começou a nova etapa do dia.Depois do recreio, em meio as atividades, foi interrompida pela coordenadora.Odiava isso e não era segredo pra ninguém, tanto que todas as colegas sabiam que só deveriam interromper sua aula se fosse por algo realmente sério.Bom, nesse dia, era.A coordenadora precisava levar ao pronto-socorro uma auxiliar que estava sentindo-se mal e vinha lhe pedir o carro emprestado.Imediatamente  pegou as chaves e documentos e lhe entregou desejando que tudo corresse bem.Só muito depois lembrou-se que havia pouca gasolina,mas como o hospital não ficava tão longe, despreocupou-se.

Na hora da saída, a colega avisou-lhe que o carro estava no estacionamento.Criançada disparada pelo pátio e os dela no meio da algazarra.Chamou um, mandou a filha chamar o irmão na quadra, juntou as mochilas no porta-malas e conferiu se todos já estavam dentro.Partiu.Ralhou com um, perguntou sobre a prova pra outra e foi seguindo o fluxo.Parada no cruzamento, esperava a abertura do sinal.Verde!O carro morreu.Liga, acelera e nada!Mortinho da silva.Ao olhar pro painel ficou roxa, acabara a gasolina.Vixe!

Querendo mostrar-se calma pra não assustar a criançada,saiu do carro fez sinal pro demais irem desviando e foi procurar o triângulo.Isto ao sol do meio-dia e meia numa avenida movimentada.Foi aí que surgiu do nada uma patrulhinha( fusquinha) municipal.Os dois guardas se aproximaram  e foram logo ajudando a empurrar o carro pro meio fio livrando o trânsito.Em seguida ofereceram carona pra casa.As crianças olhavam assustadas.Ela não teve dúvidas.Juntou todo mundo, mochilas, merendeiras, sacola de cadernos dos alunos,bolsa e traquitanas e espremeu-se com os filhos dentro da patrulhinha e saíram como sardinhas em lata rumando pra quadra.Chegaram na ruazinha do prédio ao mesmo tempo que a amiga que ficou assustadíssima ao vê-la saindo dum carro de policia com a filharada.Depois das explicações e agradecimentos aos dois gentis policiais, lá se foram prédio adentro às gargalhadas... quase as mesmas que na semana passada trouxeram esta  gostosa lembrança.Ainda bem que não foi um dia pra lamentar, foi apenas fora do rotina. 


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Imagem:sabetudo.com