terça-feira, 21 de maio de 2013

O que diz a natureza




Uma das coisas que mais intrigava meus filhos quando pequenos eram as adivinhações do pai acerca do tempo.Tinha vez que ele contrariava a meteorologia  e quando os meninos perguntavam:__ Como é que vc sabe, pai? Ele respondia:__ Eu sou sertanejo.Sei ler o céu. Claro que, eu sorria  daquela lorota toda e tenho de admitir que  ás vezes ele até acertava, mas até hoje acho que era pura sorte, blefe de jogador.Quando estávamos de férias então, a criançada ficava em polvorosa já no café da manhã para saber se ia chover e o pai, todo pimpão, dava uma de sabichão e ia pra janela com o nariz pra cima dizendo que estava cheirando o ar e, as crianças quietinhas ficavam do lado esperando o boletim. Se ao longo do dia não se confirmasse a previsão caseira, ele dava um jeitinho de culpar algum fato inusitado, tipo: "a fumaça da chaminé da padaria atrapalhou meu olfato"(rs); e a meninada não perdoava. 

Brincadeiras à parte, meu marido me contou que quando trabalhava no interior de Pernambuco, conheceu um caboclo da terra, lá do agreste, que era infalível na previsão do tempo.Não errava uma. Era consultado tanto pela gente da cidade quanto pelos agricultores da região sobre as mudanças climáticas.Respeitadíssimo!Segundo sabia-se ele não fazia nenhuma mágica, apenas era arguto observador dos animais, principalmente de um pássaro chamado anum, que dá pistas sobre chuva ou seca na mudança de seus hábitos.

O homem da terra sabia ler o céu com sabedoria autodidata de quem conhece e ouve os seres da natureza que trazem em sua existência saberes imprescindíveis para a sobrevivência. Os chamados profetas da chuva, sertanejos que a partir da observação dos sinais da natureza são referências respeitadas pela comunidade científica representam uma tradição presente na vida no Nordeste brasileiro.

 Nós bichos do asfalto, perdemos há muito esta sensibilidade, a de olhar a natureza com olhos atentos e procurar ler nas entrelinhas os recados que nos chegam.Bobagem? Eu não acho.Sei de todas as facilidades que temos para estarmos a par do tempo, do trânsito, das calamidades, mas não me refiro só à estas situações, que são importantíssimas, é fato, porém me atenho as situações rotineiras de um dia  comum, no qual podemos nos desligar um pouco da zoeira da cidade e nos religarmos nos sons que a natureza nos traz, como: revoadas de pássaros, cantos de cigarras, vôos de borboletas...não falo romanticamente, mas sim, enfaticamente.

Experimente olhar pro céu em dia de chuva fina. Vc verá as aves planando na correnteza dos ventos. Com ventos fortes, os pássaros voam baixo e em bando. Muitos outros indícios de mudança do tempo são percebidos pelos animais e demonstrados em suas atitudes frente ao fenômeno.

Pessoalmente, me encanta descobrir estes códigos naturais que estão bem diante dos olhos, basta querer vê-los. 



" ... A sensação ( isto é, a percepção sensorial) nos diz que alguma coisa existe; o pensamento mostra-nos o que é esta coisa; o sentimento revela se ela é agradável ou não; e a intuição dir-nos-á de onde vem e para onde vai."  

(Jung) 

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Quem se lembra de ter ouvido:)

     ___ Gaivota em terra, tempestade no mar.
 ___Quando o sapo salta, chuva não falta. 
____ Trovão longe, chuva perto.
____ Névoa baixa, sol que racha.

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Imagem:pinterest(claire/tumblr) 

16 comentários:

  1. Boa noite Calu.
    Estranho parceira, eu, que me julgo tão "observador", com este seu post minha "moral" caiu por terra! ahahah!
    Eu não sou do tipo de observar muito a natureza e as "pequenas coisas que têm que se dar valor" que todo mundo fala. Acho que sou meio desligado, muito conectado (com a tecnologia) e com a mente que corre tanto, que acabo deixando muita coisa para trás.
    Mas acho que todo mundo já conheceu um "meteorologista", seja na família ou na vizinhança. rs.
    Abraço e tenha uma boa quarta-feira.

    PS: Não lembro. É uma música ou o trecho de um poema?

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  2. O canto das cigarras... o comportamento dos cachorros quando vem tempestade... Por aqui, ainda consigo reparar na mudança de hábitos dos bichinhos, na mudança das estações! Lindo post, Calu! Bjs.

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  3. Muito legal te ler... Cada vez mais! E teu marido, dando uma de entendido para as crianças,rs... Mas é verdade, há tantos e tantos sons, tanto podemos ver e ouvir na natureza. Basta estar antenados pra isso. E é lindo! Essas frases abaixo, muitas se ouvem até hoje. Tive uma cachorra, bem vira-latas, um amor. Muito antes da chuva chegar, ela olhava para o céu e já tratava de recolher seus panos para dentro da garagem. Recolhia tuuuuuuuuuuuuudo que achava( até roupas do varal) Colocava lá pra ela e outras cachorras qda casa. Um amor! Era certo aquilo! beijos,na contagem final por aqui, coisa boa! chica

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  4. Cara mia Calu , come va.
    sono contenta di ritornare online;)
    belle foto.
    un abbraccio forte

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  5. Calu querida,
    Profundamente feliz e agradecida ao seu carinho e ás suas palavras tão suaves que vieram me afagar a alma em um momento delicado de minha vida...emoção semelhante à que senti ao receber o poema dedicado a mim por um aluno sensível e muito querido.
    Muito bom retornar ao convívio de amigos tão queridos,mesmo que aos pouquinhos...o poema foi o catalisador desta volta,prevista para junho ou julho.
    Aqui no meu recanto da serra,também tenho o hábito de observar a natureza...região de muita chuva nos torna observadores do céu e dos pássaros.
    O povo mais simples tem a sabedoria calcada na observação dos fenômenos da Natureza.

    Começando...com as do meu sogro,sábio e ferrenho observador da natureza:

    "Gado pastando no alto do morro, frente fria ou chuva forte"

    "De noitinha no inverno, horizonte avermelhado é que vai esfriar."

    "Céu azul e lua com halo, geada."

    Algumas da região:

    "Neblina na serra, chuva na terra. Cerração baixa, Sol que racha."

    "Pássaros cantando, tempo bom....pássaros quietos ou piando, mudança de tempo ou pressão baixa/frente fria chegando"

    "Boi mugindo muito, mudnaça de tempo." pressão baixa ou chegada de frente fria/chuva.

    De Pescaria

    "Nuvem em forma de rabo-de-galo são ventos fortes com a entrada de frente fria"

    "Os predadores abrem a boca, dias antes da entrada de uma frente fria que fica por dias."

    E assim vou me despedindo à moda de meu sogro:"tarde"...
    Bjsssssss,
    Leninha




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  6. Pois é,entrarmos em comunhão com a natureza, pois foi assim que a espécie humana sobreviveu. Atenção aos sinais..., as utilidades... , belezas que a natureza nos proporciona.
    bjs

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  7. Oi, Calu!!
    Boas lembranças as que seu marido deixou. Você ainda pergunta para ele se vai chover?
    Sempre tive uma ligação estreita com a atmosfera, aguçada com a prática de esportes com vela. Quando estou em casa, mesmo sem sair ao vento, sei que vai chover por que o vento sudoeste faz bater as portas desse lado da casa.
    Você me fez lembrar que a minha mãe rezava a Oração de Santa Bárbara nos dias de tempestade e quando queria que a chuva fosse embora, colocava presa no varal, uma peça branca que nunca tinha sido usada. A chuva passava... Será que a minha mãe também mangava de nós?
    Beijus,

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  8. Boa noite Calu
    Vim te trazer o meu abraço pelo dia de hoje. E como é gostoso dar um abraço em alguém que a gente admira. Feliz dia do abraço!
    Gracita

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  9. Adorei o post Calu! Eu costumo observar a natureza e adoro olhar o céu ao amanhecer e ao entardecer, é lindo demais! Mas sou péssima em previsões meteorológicas, não acerto uma! hahaha
    Minha avó materna sempre dizia que para acalmar a tempestade bastava queimar palma benta ou fazer uma cruz de sal no chão do quintal ou jogar sabão em cima do telhado, já ouviu falar disso? Eu cresci ouvindo isso e acreditava piamente nas coisas que ela falava, rs. Na minha adolescência, tinha um senhor que previa chuva tds as vezes que sentia dores do joelho e td vez que eu ia pra escola minha mãe me fazia levar sombrinha e eu não gostava pq fazia mt volume na bolsa e tds as vezes eu queria perguntar para o "Chispa" era o apelido do senhor que previa chuva, se ele estava com dores no joelho, haha, ai que saudade dessa época...
    Bjssss Calu e uma linda quinta pra vc! :)
    www.viveraprendendo.com

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  10. Oi Calu
    Vc escrevendo esse post, parecia que nós estávamos conversando, foi muito gostoso te ler! Eu sei exatamente como é a reação das crianças ao pai, vc já vivenciou isso, e eu estou vivenciando, é um momento único em nossas vidas, e as viagens nos proporcionam um momento em família muito especial!
    Quanto ao tempo, minha mãe tem um sapinho do tempo, ele não falha, quando ele começa a "cantar" é porque vai chover kkkkkk, e não é que ele acerta kkkk. Adorei o post querida!
    Bjos.

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  11. Olá querida Calu.
    Que lindo seu texto sobre profecia climática e percepção sensorial.
    Menina, estamos em sintonia, compartilhei hoje um filme que tem tudo a ver com essa maneira natural de viver.
    Beijo no seu coração.
    Rute

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  12. Que beleza de texto, Calu!
    Teu marido deve entender muito bem sobre essas coisas e digo-lhe que o meu também é desses que tem bom olfato e sente cheiro de tudo. O meu tem mania de dizer que foi, noutra encarnação, bandeirante. rsss Gosta de dar seus pitacos sobre o tempo e suas mudanças.
    Realmente, perdemos nossas percepções originais, como os animais irracionais. Estamos completamente inseridos no contexto urbano e cada vez mais usando menos nossos sentidos.
    Pergunta pra ele se vai fazer tempo bom no final de semana, preciso de um solzinho pra aquecer o peito. rsss
    beijinhos cariocas


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  13. Olá Calu
    Nossa amiga que lembranças boas, eu acho que cada um tem uma historia para contar sobre suas previsões. Legal seu marido, uma ótima maneira de prender a atenção das crianças, elas ficam maravilhadas e vai ser uma lembrança para o resto da vida, lembro bem pouco do meu pai. Meus avós eram feras para prever chuva, meu avô era índio e tinha um conhecimento sobre os efeitos da natureza, lembro que detestava um passarinho que chamávamos de Quero-Quero pois fazia um som parecido com o nome, ele chamava a chuva e era certo de chuva quando eles faziam muito barulho. Quando queríamos que parasse a chuva destruíamos ninhos de formiga e o sol aparecia. Era incrível como tudo parecia real e ficávamos admirados. A natureza e conhecimento dos mais velhos me fascinava e ainda me fascina.
    Eu acho que a vida era mais simples, mais bela e tranquila. Lindo post, lindas imagens.
    Beijos e uma linda sexta feira.

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  14. Bom dia,Calu!!!

    Meu vô era um excelente observador da natureza! E sempre acertava!rs
    Tive que sorrir lendo seu texto, como são lindos estes momentos, né?!Quando se é criança temos um mundo a parte, e mesmo que, às vezes, sejamos bem espertas, não acreditando em tudo o que nos dizem...rs, ainda assim é mágico!
    Beijos e meu carinho!!

    *Consegui o livro que me indicaste do Bruno Bettelheim (estava certinho!),sobre a psicanálise nos contos de fadas! Estou gostando! Obrigada!!!

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  15. Calu,muito legal sua postagem e precisamos voltar ás nossas origens e procurar observar mais a natureza,que sempre tem todas as respostas!bjs,

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  16. Olá Calu adorei o seu texto! Fez-me lembrar o meu avô que também nos informava se chovia ou não! Naquele tempo era para orientar as regas nos campos:))!Penso que era através da lua que ele se orientava. Os meus primeiros treze anos foram em contacto com a natureza! A terra, o sol, as estrelas, as flores e o rio...E mais tarde o mar! Uma memorável escola que transmitimos aos nossos filhos. Ainda hoje sempre que posso saio para a rua e procuro lugares menos poluídos para apreciar e respirar ar puro. Um beijinho e bom domingo. Ailime

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!