segunda-feira, 15 de março de 2021

Entre o céu e o chão





"Há em mim um fascínio, meio inexplicável, por telhados. Gosto da visão das telhas arrumadinhas em ondas harmoniosas; ondulações jeitosas que emolduram as moradias, proteção e adorno adjetivando a construção. O telhado é o limite entre o chão e o céu..."

(Trecho: O Tempo na palma da mão/ minha autoria)



ACENDEM-SE AS LUZES 

( João José Cochofel)


Acendem-se as luzes 

nas ruas da cidade.

Ainda há claridade 

ao alto das cruzes

da igreja da praça

e para lá dos telhados

já meio esfumados

na mesma cor baça 

do casario velho

que recobre a encosta 

e mal entremostra

as cores de Botelho

sobranceiro à massa

fluida e movente

 das cordas de gente

 por onde perpassa

 um ar de alegria

que é do tempo quente

 e do andar contente

que no fim do dia

leva para casa

a paz das varandas

o álcool das locandas;

tanta vida rasa

minha semelhante.

Solidão povoada 

que a tarde cansada

suspende um instante

ao acender das luzes.

Em cada olhar uma rosa

de propósito formosa

para que a uses.




9 comentários:

  1. O meu elogio e aplauso pela criatividade e inspiração poética. Goistei mesmo muito do poema. Eu tenho um fetiche que não consigo concretizar: Colecionar notas de 500 euros. Ainda num uma consegui...,lol
    .
    Uma semana feliz
    Abraço … Cuide-se
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. O lindo olhar sobre os telhados nesta harmonia que encanta.
    A proteção e o caminho ordenado das aguas das chuvas, que
    vão formar lindas cachoeiras para os olhos mais sensíveis.
    Um poema lindo nesta travessia do dia que finda com uma rosa.
    Uma rosa para sua semana Calu.
    Meu carinhoso abraço amiga.

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  3. Maravilha, Calu! Tuas palavras lindas e a poesia bem escolhida. RTambém fgosto de telhados e daqui do alto vejo muitos...Linda semana!Beleza de flor! beijos, tudo de bom,chica

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  4. Oi Calu essa primeira foto parece um lugar que conheci, onde morava minha nona italiana. Lá em Capivari...Ah se eu conseguisse uma foto, te mostraria, sdss me deu.
    Que belo poema flui tão leve.
    Abraços amiga!

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  5. Ficou lindo este post cujo título também me encantou. Não conhecia este poemas. Uma rosa que levo e outra que deixo para você.
    Também sou admiradora de telhados.
    Bjs

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  6. Bom dia Calu,
    Também aprecio imenso os telhados e adorei sua prosa falando destes como limite entre o chão e o céu. Sublime.
    O poema é belíssimo, assim como as rosas.
    Um post magnífico tão ao seu jeito.
    Beijinhos e ótimo dia com saúde.
    Ailime

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  7. Nunca tinha olhado um telhado assim. Tão harmonioso em sua simetria. Tem por objetivo,proteger a casa da chuva,entre outros perigos.
    Fiquei fascinada com suas palavras em versos.

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  8. Adorei as suas palavras, Calu! Parece que os telhados nos devolvem alguma noção de ordem neste mundo... onde tanta coisa vemos desalinhada!...
    Formidável publicação, com tão assertivas reflexões... sobre o que vamos tendo oportunidade de observar... entre a terra e o chão!
    Beijinhos
    Ana

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
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