terça-feira, 16 de maio de 2017

Entre pais e filhos







Correndo os olhos pelas notícias dos jornais me deparei com o artigo do Mário Sérgio Cortella, intitulado:" Os pais esquecem que a família não é uma democracia"; dado lido e imediatamente reconhecido. Num zás-trás( como dizia minha avó) revi e ouvi nitidamente meu marido falando com as filhas adolescentes indignadas ante a permissão negada pelo pai pra algum plano mirabolante.

Era um tal de choramingos e justificativas entre suspiros lamentosos de cortar o coração. O meu já vivia laminado, mas na frente delas eu ajudava a minimizar o clima. Depois, entre quatro paredes, ia ponderando com o maridão a validade da negativa se assim me parecesse justo.

Sabemos quão fina é a linha que tece as relações pessoais entre as gerações e o quanto é difícil calcular a elasticidade segura pra ambos os lados.Com duas filhas adolescentes e dois garotos, na mesma casa, os interesses se divergiam na maior parte do tempo. Nos dividíamos, eu e o pai, pra atendermos a todos e trago comigo a certeza de que fizemos o que achávamos mais certo e seguro pra filharada, mas vá explicar isso pra adolescentes borbulhantes... é discurso longo, ponderação comprida, justificativas embasadas até que ante a resistência vitimizadora das duas, o pai declarava:
___ Isto aqui é uma democracia, eu que mando!

Claro, que eu disfarçava o riso pra não perder a solenidade,mas no fundo sabia que lá vinham horas de consolo e muita saliva.A mais velha entrava dentro do armário de roupas, que era enorme, não sei até hoje como não despencou uma prateleira na cabeça dela.A mais nova se trancava no banheiro pra chorar dizendo-se um ET na vida.E entre lamúrias e choros salvaram-se todos.

Hoje, adultos e, pais e mães, vão sentindo o quanto é grande a tarefa de educar bem os filhos para a vida, tentando formá-los e informá-los sobre si próprios e o mundo que os espera.Tarefa hercúlea, mas possível. 






12 comentários:

  1. Tive que rir dessa democracia onde quem mandava era ele,rs Imagino quantas cenas! Era bem assim! E hoje está diferente, porém acho que andam faltando Nãos e limites! Serão mais tarde cobrados! Sempre lindo te ler! bjs, chica

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  2. Educar, de fato, requer muita sensibilidade para poder se perceber a melhor maneira de faz-lo.
    Um abraço. Élys.

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  3. Boa tarde, Calu
    Sim, educar é uma tarefa difícil.
    Tenho certeza de que fizemos o nosso melhor e agora estamos colhendo bons frutos.
    As broncas valeram a pena...rs
    Continuação de uma ótima semana para tí
    Beijinhos de
    Verena e Bichinhos.

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  4. Educar, ação complexa. Mas penso que cada um tenta fazer o seu melhor, apesar de sabermos que muitas vezes alguns são super protetores e outros desligados. No meu caso, meu pai me seguia para onde eu ia, mas só até eu alcançar minha independência e firmar naquilo que considerava melhor; eles (mãe e pai) não atinavam que a forma de lidavam com as filhas precisavam ir se alterando de acordo com cada etapa.

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  5. Oi Calu,
    Adorei ler seu relato, sinto-me irmanada na árdua tarefa de criar filhos...
    Concordo plenamente que família não é democracia. Tem momentos em que a palavra dos pais tem que prevalecer, para o próprio bem dos filhos.
    Bjs

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  6. Bem difícil essa tarefa... aqui educamos cinco, sempre do mesmo jeito, tudo igual...mas como os cinco dedos das mãos não são iguais, tiveram personalidades e gênios bem diferentes, três se deram super bem na vida, outros dois batem cabeça... todos educados e com as mesmas oportunidades!

    Eles fizeram as escolhas...e quando adultos nem podemos opinar, difícil aceitarem!
    bj

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  7. Uma boa tarde Calu.
    Interessante esta afirmativa em contradição com o politicamente correto e que bom que podia ser assim. Como sei desta democracia e como agradeço esta democracia.Ter filhos e prepara-los para o mundo é mesmo uma tarefa complexa e precisa muito desta participação uniforme dos dois. Via na minha mãe esta figura da negociadora naquela família patriarcal dos anos 50 e 60. E hoje quando vejo alguma coisa muito avançada penso como meu pai resistiria sem um ataque cardíaco,rsrs.
    Ter os filhos criados é um presente principalmente neste mundo de hoje de todas as facilidades e complexidade.
    Perfeito texto para uma reflexão da responsabilidade dos pais e compreensão dos filhos.
    Um feliz fim de semana com paz e alegria.
    Bjs de paz amiga.

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  8. Boa tarde Calu,
    Um artigo maravilhoso escrito com o seu habitual humor muito fino.
    Educar crianças e para mais na adolescência não é nada fácil.
    Não há democracia que resista:)).
    A foto é lindíssima.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Ailime

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  9. Olá, querida amiga Calu!
    A gente dá tudo pros filhos e um dia vê o resultado...
    O amor gera milagres e nossos erros no alvo, Deus corrige...
    Bjm fraternal

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  10. Eu amo o Cortella, sempre escreve ótimos textos.
    Preferi abster-me da maternidade por causa de tantos pormenores que ela envolve.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com

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  11. Querida Calu, pois é que já usei várias vezes uma expressão variante dessa, mas com objetivo idêntico. Digo, por vezes, ao Pedrinho "deves pensar que vives numa democracia". Porque, com o pai ausente no estrangeiro, sou eu que faço sempre o papel do polícia mau. Ele até à data ainda não me perguntou o que é isso de viver em democracia, pelo que acredito que entendeu a mensagem, apesar da tenra idade.
    Educar não é fácil mesmo.

    Beijinho, um lindo domingo
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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  12. Realmente, é muito difícil educar, preparar crianças e adolescentes para a vida, para o mundo, sobretudo no meu caso, que não tenho filhos, mas duas sobrinhas do coração estão sob minha responsabilidade de segunda a sexta. É osso, rsrsrsrs, mas vamos em frente driblando os desafios que surgem. Beijos carinhosos, Lúcia!

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!