quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Calouro, um estreante penalizado











O assunto está na pauta da semana.O primeiro dia de escola é um rito de passagem marcadamente presente na vida de todos nós e dos nossos descendentes.Ao destacarmos os sentimentos que são aflorados nos pequenos e nas mamães  neste dia, muita gente resgatou lembranças.Algumas boas outras nem tanto assim, mas ninguém  que comentou ou participou da coletiva, se furtou a dar seu relato sobre esse marco de vida.

Com os pequenos, nós, mães e avós, temos várias histórias inesquecíveis que em sua maioria tem pinceladas engraçadas no roteiro, sem maiores dodóis.Só que este dia inaugural é o primeiro duma enorme sequência que se alongará por toda uma enorme parcela da vida de cada um, podendo ser tema de autobiografias e similares.Capítulos dedicados as diferentes fases da vida escolar darão o enredo para muitas histórias e, lamentavelmente nem todas com vivências felizes, como é o caso dos trotes nas universidades do país.

Basta buscarmos noticiários antigos e atuais para nos indignarmos com práticas humilhantes e inexplicáveis promovidas por veteranos (do quê?) ancorados nas mais esfarrapadas justificativas para tais atitudes. Respaldados pela conivência muda do corpo administrativo da instituição, co-autor dos absurdos que são impostos aos calouros, estes incivilizados extravasam seus recalques nos novos colegas submetendo-os às mais diferentes e humilhantes degradações, tendo chegado até a provocar a morte dum jovem, vítima desta prática ignóbil que em nada tem haver com diversão e sim com transgressão e agressão.

Considerado como rito de passagem, o trote tem origem nas primeiras universidades da Idade Média e nasceu com esta intenção marginadora, separatista, degradante imposta aos calouros de então, que para poderem assistir às aulas tinham as cabeças raspadas e as roupas queimadas sob justificativas da manutenção da higiene nos campi.Com o passar dos séculos as razões foram legitimando os abusos, atravessando fronteiras, oceanos e cá temos o que vemos.

Perfeito perfil dum primitivismo incompreensível em jovens que se aptam a graduar-se em profissionais que se querem dignos de respeito e confiança pelos cidadãos com os quais conviverão.Me custa crer que isto ainda se dê. Me pesa a angústia ao lembrar da euforia dos calouros chegando naquele que deveria ser seu  portal para a realização dos sonhos acalentados ao longo duma vida escolar e, tristemente constrangidos se depararem com trogloditas pernósticos, abusadores da integridade moral, feitores modernos travestidos de universitários veteranos autorizados por uma pseudo tradição que há muito transfigurou-se em prática terrorista.

Violência gera violência.Os agredidos de hoje, podem tornar-se os vingadores de amanhã perpetuando a impunidade e aumentando esta vergonhosa estatística.Verdade é, que algumas instituições já reconfiguraram o trote revertendo esta prática vergonhosa em atitudes solidárias, promotoras de ações coletivas em prol do bem-estar social.Isto sim é educativo.

Até quando o novo século assistirá práticas medievais serem aplicadas com aval das autoridades e dos mentores das instituições educacionais?






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Imagens: google/trotes
             

13 comentários:

  1. Os calouros, desde os primeiros até a universidade, devem ser bem recebidos e tratados com carinho, RESPEITO. E quanto aos trotes universitários, práticas que envergonham são tantas vezes cometidas. isso é um absurdo! Ainda bem muitas estão efetuando trotes solidários. Aqui em Poa, lembra no ano passado minha indignação quando num colégio( não universidade), uma moça foi atingida por ovos nos olhos e quase ficou cega, tendoi qeu se submeter às dores, faltas de aula, e tantos problemas mais...

    Cada uma!! beijos,tudo de bom e que vença o bom senso SEMPRE!! EDUCAÇÃO e RESPEITO!!! chica

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  2. Oi, Calú
    Aqui em Portugal, este tema que nos trazes para reflexão, também está na ordem do dia.
    Em meados de Dezembro, morreram 6 jovens universitários afogados numa praia onde se supõe que estavam a ser sujeitos a uma praxe (o mesmo que o trote).
    O caso está em Tribunal, mas foi preciso os Pais dos jovens moverem céus e terra para que se abrisse um inquérito!
    Houve um sobrevivente, colega deles, que era o "chefe" responsável pela praxe, que só falou ao tribunal passados 2 meses. Ele também foi apanhado na onda gigante, mas conseguiu salvar-se.
    Esta praxe era para os jovens entrarem para o "gang" (palavras minhas) dos futuros chefes de praxe.
    O caso está na "berra", mas tem havido muitos outros jovens assassinados em nome das Praxes Académicas e os colegas assassinos ficam impunes porque a Justiça não funciona e as Reitorias Universitárias calam e viram costas às suas responsabilidades. E nós somos tomados pela revolta mas não sabemos o que fazer...
    Um abraço da Bombom

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  3. Uma bela abordagem Calu, os trotes é uma maneira de humilhar como temos visto ainda pelas universidades com casos de arrepiar tal a perversidade aplicada.
    Ontem mesmo vi uma vizinha chegar em meio uma estranha mistura que queria parecer tinta mas tinha algo de gosmento verde e amarelo, junto dela dois colegas carregando suas coisas, bolsas, sandalias e roupas a mesma já estava de short curto.
    Os trotes do bem ainda são poucos.
    Os mesmos que as vezes estão nas movimentações berrando contra a violencia, são os mesmos que violenta estes calouros.

    Um lindo fim de semana Calu.
    Meu terno abraço amiga.
    Bju

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  4. Olá, querida Calu
    Meu netinho, em seu primeiro dia de aula, teve o seu tênis novinho pisoteado... isso que está na fase dos seis aninhos... Já imaginou quando for com 16 ou 17?
    Ótimo post onde ressalta que devemos acolher os que chegam com dignidade...
    Bjm fraterno

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  5. Tão bem abordado por vc o tema
    Ratifico com a indignação e indagações?
    Até quando?
    Falta o quê?

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  6. Algumas instituições Calu, mas deveriam ser todas a exigirem um trote solidário, um trote de acolhimento a quem chega.
    Triste saber que o mesmo se dá em Portugal...
    Até quando?

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  7. Olá Calu, como vai?
    Sempre pertinentes os seus artigos que aprecio imenso ler.
    Acabei de assistir na TV a mais uma reportagem de um assunto que tem levantado sérias reflexões e debates pelo facto de em meados de Dezembro passado seis jovens portugueses com seus trajes académicos terem sido levados por uma onda numa praia próxima de Lisboa durante a noite, havendo apenas um sobrevivente, e que se supõe estar relacionado com praxis. A Polícia Judiciária está procedendo a averiguações e tem sido muito complicado para as famílias dos jovens que faleceram. Aqui as praxes também são muito humilhantes (com honrosas excepções) e agora com este caso temos vindo a tomar conhecimento de muitas situações que vão muito mais alem do que seria o normal para acolher e integrar os novos colegas na Universidade! Vamos esperar que este caso em Portugal que infelizmente aconteceu e embora não provado contribua para praxes mais moderadas. O assunto está a ser reavaliado pelas entidades envolvidas - associações académicas, universidades e outros. Beijinhos e bom fim de semana. Ailime

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  8. Alguns são leves, mas tem muitos que são humilhantes e ridículos...Quando entrei na faculdade pensei nisso, mas nada aconteceu para minha alegria...
    Paz e bem

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  9. Oi Calu!
    Lamentável, abusivo e sem sentido!

    Abração
    Jan

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  10. Gostei da iniciativa Calu, também sou contra o trote violento ou humilhante. Acho que o trote deveria ser uma brincadeira gostosa para unir veteranos e calouros.
    Obrigada pelo comentário, fico feliz que tenha gostado da indicação do filme!
    Ótimo final de semana
    bjs

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  11. Oi, Calu!
    É lamentável que o ser humano ainda se renda a barbáries inclusive em momentos de festa. Estive em um trote de faculdade - onde conheci o amor da minha vida - e não houve nenhum tipo de violência, somente brincadeira. Não consigo compreender porque há pessoas que se divertem com abusos. Um abraço!

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  12. Amiga querida, você sempre abordando temas importantes e de interesse de todos, adoro este tipo de post.
    Pois é, uma humilhação descabida e, parece-me bastante machista, pois muitas meninas têm sido obrigadas a situações vergonhosas e descabidas. Aqui em nossa cidade, os novatos da UFF já andam de copinho nas mãos e todos pintados de cima a baixo neste calor do saara, dá muita pena de vê-los e, confesso, já dei no passado, moedinhas para ajudá-los, mas isso não serve pra nada, acho que só mesmo para a chopada no final do dia para os veteranos.
    Mas, hoje ouvi uma notícia boa sobre o assunto trote, ou seja, foi criado pelos veteranos de Direito da UFRJ um trote a que chamaram de "Trote Ecológico" e foram para o Campo de Santana, uma das lindas e abandonas áreas verdes do Rio para uma limpeza geral e tiraram entre 10 e 20 sacolas com mais de 300kgs de lixo, tinha até vaso sanitário velho e computador quebrado. Não é uma beleza isso?! Bem que poderiam fazer o mesmo em Niterói e limparem nosso lindo parque de São Bento.
    Mas acho pior ainda o trote dos veteranos de Medicina da UFRJ, pois submetem os novos a rasparem a cabeça e jogam tinta neles, quem não quiser participar tem que pagar multa de 40 ou 50 reais, Absurdo! O que será desses profissionais no futuro?
    Bem lembrado este assunto, gostei.
    beijos da serra que chove no momento levemente e que as plantinhas estão adorando.

    (A sister conseguiu quebrar o braço mais uma vez, agora na região da mão e do punho, Não tá mole a coisa, ela cai mais que manga madura e estou obrigando-a a usar a bengala na rua.)

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  13. Calu,seu texto está completo! Diz tudo que penso tb e algo deveria ser feito para evitar essa humilhação! Os garotos(as) estudam tanto pra entrar na Universidade e tem que passar por esse trote violento! Nem me fale! Minha filha sofreu ano passado quando entrou na faculdade! Bjs e bom domingo,

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!