Levei um baita susto ontem quando estava lendo recostada ao sofá e de repente um baque surdo na janela ao lado me sacudiu;um pequeno passarinho se chocou contra o vidro da janela. Levantei num pulo e corri desembalada pra fora seguida pelo meu labrador e a tempo de socorrer o pequenino em cima do parapeito externo, ainda meio tonto pelo baque, mas vivo.Com uma das mãos afastava o afoito caçador de quatro patas enquanto corria com o passarinho na palma da outra mão em direção à pia mais próxima.Coloquei-o debaixo dum filetinho d'água ( ainda bem que havia água,tchs) para reanimá-lo.O pequenino foi se recompondo e logo se agitou sacudindo as asinhas pra voar rápido dali, lugar de certos perigos pra ele.Aconchegado entre minhas mãos, fomos pro jardim e lá o coloquei no cantinho do muro debaixo do pé de acerola e ele num bater de asas frenético alcançou os galhos mais altos e voou pra longe.
Demorei uns instantes ali parada acompanhando seu vôo e dos demais moradores dos ares locais imaginando como teria sido esta região muitas décadas atrás, quase inabitada por humanos, paraíso intocado, natureza pulsante e livre de ameaças estranhas.Como deve ter sido e ainda deve ser, difícil para os "donos do lugar" verem suas áreas tomadas por esta espécie estranha e predadora, nós, os humanos; modificadores do natural, apropriadores autocentrados, invasores...e todos os demais adjetivos relacionados não darão conta do tamanho da destruição por nós provocada.Estão aí as evidências, tanto locais, quanto globais pra confirmar a nossa mea-culpa. Há, sem dúvida, hoje em dia, intensas ações para minimizar estes efeitos, porém, sabe-se que o trabalho de décadas está ainda no começo e muito há para ser feito em prol do planeta e das espécies.Notícias diárias de abusos e depredações confirmam que os esforços precisam abranger todas as áreas do conhecimento/ação a começar pela educação alinhada numa visão holística.
Meu labrador aproximou-se devagarinho e deitou-se aos meus pés, gesto típico dele.Convivemos muito bem com uma população diversificada de passarinhos,em total harmonia.Ele nem se importa que venham beber sua água ou posar sobre o teto de sua casa, mas só não permite que entrem dentro da minha.Vira bicho!De resto, os voadores fazem pouso lá por fora, onde querem.Alguns nem tão bem-vindos assim, feito marimbondos, abelhas e outros espécimes que eu nunca havia visto antes de morar aqui.Me considero privilegiada por isso.Cuido do meu quinhão e colaboro com os arredores, quando possível, torcendo para que mais e mais humanos se reconheçam como parte da natureza e não como proprietários dela.Quanto à mim, acho que não devo limpar demais os vidros das janelas(rsrsrs...)
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" Quem virá bater à porta?
Numa porta aberta se entra
Numa porta fechada, um antro.
O mundo bate do outro lado da minha porta."
(Albert-Birot apud Bachelard)
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" Quem virá bater à porta?
Numa porta aberta se entra
Numa porta fechada, um antro.
O mundo bate do outro lado da minha porta."
(Albert-Birot apud Bachelard)
Ah Calu! Consegui distrair o teu labrador e entrei nesse teu jardim onde os passarinhos voam e se chocam com a janela. O mundo que bate lá fora nem sempre é o que queríamos ver, mas quando ele se mostra em formas tão lindas a gente fica pensando que ele é como desejamos. Ainda que seja só ao redor de um pé de acerola.
ResponderExcluirBeijos e bom dia neste Verão tão quente, mas tão lindo, que tem nos dado dias de um azul sem fim.
Rssssss...Parar de limpar os vidros.Assim eles não batem...Que lindo te ler e imaginar a cena, a princípio de susto, depois de ternura! E o teu amigo labrador tem a carinha e índole boa e protetora!1 bjs praianos, tuuuuuuuuudo de bom,chica
ResponderExcluirAdorei o seu texto. Senti-me lá também, ajudando o passarinho a voar para longe...
ResponderExcluirBeijos e um Excelente Ano.
Lita
Olá Calu adorei o seu texto pela sensibilidade enorme e respeito pelos animais que um dia sentiram o seu habitat invadido por nós!
ResponderExcluirPor vezes e falo por mim nem pensamos muito nisso!
Nós também não apreciamos que devassem nossos espaços e vamos assim como a Calu tratar e respeitar esses bichinhos como bem merecem
O seu labrador é bem lindo e claro, cumpre fielmente a função dele.
Beijinhos.
Ailime
(Vamos estar sempre atentos aos batimentos do lado de lá;)
Ufa! Ainda bem que você conseguiu ser mais rápida que o "caçador"! Aqui os pobres passarinhos (normalmente pardais) não tem a mesma sorte... tenho uma basset que não perdoa "os intrusos" que vem beber água no bebedouro dela... os filhotes sempre acabam na boca dela! Ô dó! Bjks Tetê
ResponderExcluirPrivilégio mesmo!
ResponderExcluirNossa Calu, eu não teria esta ideia de um filetinho de água para reanimar o bichinho. E tudo ficou bem.
Muito comportado o teu labrador. O meu pequeno york passa as manhãs correndo atrás dos passarinhos que pousam por aqui. Ainda bem que não é um gato.
Beijo e sempre porta aberta e vidros nem tão limpos!
Oi Calu!
ResponderExcluirMeu 'cachorrão' é um boxer ENORME, amigo de borboletas e passarinhos... mas os 'pequenos' pegam mesmo!!! Será que é por ficarem dentro de casa?
Pus tela nas janelas, pra evitar a entrada deles...
Eu me sinto parte da natureza e procuro respeitá-la e meus vidros não são invisíveis! ;-)
Abração
Jan
Oi Calu! Saudades... Aconteceu comigo um caso parecido, não foi na janela, um beija-flor se enrolou numa roupa colorida que estava colocando na máquina de lavar, depois foi para janela de vidro e esbarrou, agasalhei nas minhas mãos e soltei no quintal. A sua narrativa é docemente poética. Eu estava trabalhando e o cachorro do meu lado era um arteiro vira-lata rsrsrsrs.
ResponderExcluirBella, tenha um anos maravilhoso com muita saúde e belos textos e poesia para nos inspirar....
Bjosssssssss
Calu
ResponderExcluirBela crônica que nos traz seu cotidiano e reflexão sobre nós, humanos e a natureza.
bjs
Amiga, este teu companheiro peludoviski é muito bonito e bonzinho mesmo viu! Se fosse aquela minha gata safada, a Cici, o pobrezinho não teria escapado, pois ela sobe nas árvores, pinheiros altos, eu levo até susto com aquela danada.
ResponderExcluirEntão, nós, realmente, invadimos o habitat natural desses animaizinhos, somos predadores natos esta é a verdade.
Por falar em abusos, soube da ponte que vai do nada para lugar nenhum e que fica aqui pertinho, em Maricá, você está sabendo deste absurdo que o tal Quaquá vai reinaugurar neste dia 16/jan.? Os ambientalistas já declararam que isto será um crime ambiental praticado pela Prefeitura, mas eles não tão nem aí, escavaram a margem da lagoa que poderá secar com o tempo todo o sistema lagunar que está situado acima do nível do mar.
Realmente, aos poucos o ser humano está destruindo à sua volta, mas continuemos com nosso trabalho de beija-flores.
um beijinho carioca, calorento.
Oi, Calu!
ResponderExcluirTalvez o passarinho estivesse interessado mesmo, é em suas leituras, visto que a intenção era adentrar a sua casa ... aqui eles ficam de briga consigo mesmos ao redor do vidro retrovisor dos carros: achincalham, bicam, fazem tudo para o outro eu desaparecer!
Beijos.
Olá, querida Calu
ResponderExcluirGosto tanto de labrador.. gostei de ver o seu... Lindo!!!
Tudo me faz saudade ao coração...minha filha esteve aqui e cuidou das janelas do apto... ficaram limpinhas...
Tomara não seja impedimento para que o 'mundo' entre, inadvertidamente!!!
Bjm fraterno
Momento de emoção e beleza de sensibilidade.
ResponderExcluirLindo estar neste convívio com os alados e cantantes.
Que bom que foi só um erro de calculo do alado e pode retornar à liberdade de bater as asas.
Carinhoso abraço Calu.
Olá parceira! Bom dia.
ResponderExcluirCoincidentemente também tenho uma labrador, porém, ao contrário do seu, ela é cruel com os pássaros e qualquer "intruso" que ouse entrar em seu "habitat". rsrsrs.
Também já tomei um susto igual ao seu, de um pássaro chocar contra a porta de vidro da sala da casa do meu pai e do mesmo modo, ele não se feriu, não sei como, visto que o baque foi forte.
Tal como você, eu curto muito estar junto a natureza, embora seja adepto ao urbanismo, devo reconhecer que precisamos destes lugares para "recarregarmos" as baterias, descansarmos a cabeça para poder retornar a vida cotidiana com mais equilíbrio.
Abraço!
Olá, Calu,
ResponderExcluir...vocês moram num lugar privilegiado, e o o jeito carinhoso com que trata os animais que aparecem é um dos motivos que levam à aproximação dos bichinhos , pois sei que quando eles nem sentem medo , aparecem perto da casa.
Sim, estamos ocupando o espaço que antes era só deles. A zona urbana vai se expandindo e ocupando espaços naturais e, quando encontram alimentos, se estabelecem, mas, infelizmente, não são todos os ANIMAIS humanos que agem com respeito e preocupação...
O Labrador é lindo...o meu é um Shih Tzu , o Happy, tão pequenino e frágil,que ao escutar o barulho na janela, ele iria correr ...para baixo da cama...
agradeço, obrigado,bela noite de sexta, belos dias, beijos
Oi Calu, aqui em casa, tive que colocar um 'X" de fita crepe no meio de cada vidro. Foi o jeito que encontrei para os passarinhos não se baterem. Mas, assim mesmo, hoje de manhã cedo, quando abri a casa para trocar o ar - sou viciada em ar condicionado, rsrsrs - uma andorinha entrou. Isso vive acontecendo por aqui. É que moro em zona rural, num lugar privilegiado, onde tem muitos pássaros. Convivemos com "asas" e "patas" todo o santo dia. E a gente cuida e não os maltrata e tem comida 'de graça', rsrsrs, então eles estão sempre por aqui. E os dogs não fazem nada... cada um cuida de sua vida. Tenho 23 dogs, jovens e idosos. Os mais velhinhos já se foram. E assim vamos indo... claro, às vezes dá uns imbróglios, rsrsrs, coisas da 'selva', rsrsrs. Amei o teu post! Um bom domingo, amiga.
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