segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

" O Jogo de Jogar Coisas Fora"

Compartilho com vcs um trecho do artigo da revista Bons Fluidos que ilustra bem o tema: Renovação.
È muitas das vezes neste ínicio de ano que nos dispomos a mexer em nossos guardados, dar uma arrumação nos armários, nos cômodos, na vida.
Os presentes ganhos no Natal são os incentivadores inocentes da ação e despertam em nós a sadia vontade de organizar os espaços, desfazer os velhos nós, limpar a poeira, enfeitar os vãos...
Se é saúdavel ao corpo só trará bem ao espírito.
Sem mais demoras, mãos à obra, pessoal!
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Texto • Ivonete Lucírio

Uma poesia de Manuel Bandeira, que virou música pelas mãos de Dorival Caymmi, conta a história de um rei que atirava coisas ao mar e pedia para que as sereias fossem buscá-las. Primeiro, foi um anel, que voltou intacto para seus dedos. Depois, foram grãos de arroz, resgatados um a um pelas sereias. Finalmente, ele jogou sua filha, as sereias se fizeram de rogadas, e a princesa morreu nas ondas. Talvez, o medo que temos de jogar coisas fora seja responsabilidade de um rei como esse morando dentro de nossa cabeça: ele jogava, mas queria a coisa de volta. Por fim, seu medo de colocar algo para fora e depois sentir falta realmente se concretizou.

Mas pense bem: será que você precisa mesmo de tudo o que acumula? Não seria bom se livrar de alguns anéis – desde que ficassem os dedos –, grãos de lembrança e algumas pessoas que não fazem mais parte da sua vida? Muitas vezes, só mantemos algo por não sabermos o que colocar no lugar. “Os objetos são vistos como uma extensão de nossa personalidade”, comenta o antropólogo Arthur Shaker, professor de meditação budista da Casa de Dharma, em São Paulo. “Abrir mão deles seria como abrir mão de si mesma.” Nesse sentido, cada objeto assume uma significação simbólica e, em algumas ocasiões, isso passa a ter mais força do que o objeto em si. Aquela fruteira velha é importante porque foi dela que seus filhos pegaram o alimento que os fez crescer. O mais velho gostava tanto das maçãs; o do meio, das bananas; e a caçula, das peras. Mas você continuará a ser a mãe amada mesmo se livrando da fruteira, pois pode nutrir seus filhos de sentimentos que independem de qualquer objeto. E isso vale para o parceiro, os amigos, a família.

Coisas demais atrapalham

Seja qual for a explicação para juntarmos coisas e sentimentos, a conclusão é que isso é ruim. Certas vezes, ao contrário de conferir identidade, objetos e pensamentos nos soterram em um monte de lixo e deixamos de ver quem realmente somos. No livro Jogue Fora 50 Coisas (ed. Ediouro), a especialista americana em motivação e organização Gail Blanke lembra uma história interessante. Assim que finalizou a estátua de Davi, alguém perguntou ao artista Michelangelo como ele soubera a forma de esculpir com tamanha perfeição essa figura humana. O escultor respondeu: “Davi sempre esteve ali no mármore. Simplesmente retirei tudo o que não era Davi”. Ao abandonar coisas que não têm mais valor ou utilidade, você estará seguindo os passos de Michelangelo. Ou seja, segundo a autora, sua essência realmente dará as caras, a partir do momento em que remover tudo o que você não é. Tanto quanto adquirir coisas, livrar-se delas também é uma questão de estilo. O que fica revela sua marca.

Desfazer-se do peso morto ainda abre espaço para a introspecção. Ambientes atulhados causam uma superexcitação. “A mente fica o tempo todo sendo arrastada pelo objeto e não descansa nunca”, descreve Arthur. Não é à toa que os mosteiros budistas, ambientes que convidam à meditação, são de decoração espartana. “Assim é possível olhar para dentro de si mesmo”, arremata.

Sem falar que viver tropeçando no que não serve acaba atravancando o fluxo de energia. “Toda casa tem uma energia que chamamos de chi”, explica Franco Guizzetti, consultor de feng shui, de São Paulo. “O chi não circula em ambientes atulhados, cheios de objetos, saturados. A energia fica estagnada”, completa ele. Essa regra vale também para coisas que ficam paradas durante muito tempo. Se não quer se livrar de algo, torne-o útil. É preciso ler os livros comprados, consertar o que está quebrado, tirar o aparelho de jantar de porcelana do armário. Não há razão para manter enfurnados objetos que você julga importantes. É você que faz um momento ser especial para merecê-los.

Por onde começar

O primeiro passo para liberar a área é, sem dúvida, estar disposta a isso. Não adianta separar coisas que, em poucos minutos, voltarão para o lugar de origem. Também não vale a pena sofrer demais. Se achar que ainda não é o momento de doar peças de alguém querido que faleceu, espere o momento certo para isso. Ou comece por outro canto, deixando o próprio guarda-roupa mais arejado. Quem sabe não se anima e vai encontrando energia para aquilo que atulha os sentimentos. “Jogar coisas fora pede coragem e manda uma mensagem para o mundo: quero me renovar”, diz Lana.

Tomada a decisão, vale uma dica prática de Gail Blanke em seu livro Jogue Fora 50 Coisas. Ela sugere pegar três sacos grandes de lixo e etiquetá-los: lixo (propriamente dito), doação e venda. O terceiro talvez não se encaixe bem por aqui, tem mais a ver com o costume americano de fazer bazar na própria casa. Mas, se achar que alguma coisa pode ser vendida, separe os três sacos. Quando algo entrar em algum deles, não pode mais sair. O segredo é passear com eles pelos vários cômodos e fazer com que se encham com tudo o que é inútil. Esse processo não precisa ser feito em um dia só. De repente, sentada no sofá, você enxerga um vaso quebradinho ali no canto da sala que só não foi para o lixo ainda por pura preguiça. Basta destiná-lo a um dos três sacos. Mas também não funciona deixar o acaso agir sozinho. A iniciativa é que leva a um resultado consistente.

“Precisamos nos desapegar do velho, dos automatismos, dos atalhos mentais que usamos por preguiça e que nos impedem de ter um novo olhar sobre tudo”, complementa Lana. “A decisão de pôr mãos à obra e reorganizar o espaço interno e externo tem um efeito transformador. Abre espaço para uma nova disposição, um novo jeito de se posicionar na vida”, diz. É um movimento de renovação não apenas do que está visível, mas, mais importante, do que está por dentro – do seu armário ou de você mesma.
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4 comentários:

  1. Oi Calu... Obrigada pela visita e coment.
    Eu li um pedaço de seu artigo agora... estou na fase de colocar coisas fora rs... Ainda tenho coisas de quando era pequena...............

    Beijo

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  2. Calu

    Tenho a "estranha mania" (como dizem!)de me desfazer de tudo que não é usado...
    Gosto de usar tudo que tenho: talheres, louças, roupas de cama e banho, toalhas de mesa...
    Penso que tudo que gosto e me faz feliz deve ser usado.

    Parodiando vc: beijos e abraços novinhos!!!
    Laurinha

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  3. É tão bom quando a gente consegue arrumar, se livrar das tralhas. De tempos em tempos eu faço isso mas, mesmo assim eu não consigo me livrar do excesso. Estou sempre jogando fora, passando adiante, mas parece que não tem fim...(rssss)
    Bjs.

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  4. Pois é , meninas, temos de nos exercitar constantemente nesse jogo. Com o hábito a gente acaba aprendendo, rsrsrs...
    È muito bom "vê-las por aqui".
    Bjkas,
    Calu

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